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A corrupção nos transportes

O que você e os setores perdem com essa prática

Nos últimos dias, mais um escândalo de corrupção veio minar, ainda mais, as estruturas do já deficiente Ministério dos Transportes. Não cabe aqui citar os já conhecidos nomes nem detalhar as tão noticiadas ações de corrupção tão praticadas nessas divisões. Cabe apenas mencionar que o antigo DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagens), atual DNIT (Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes) foi extinto devido às sérias e comprovadas ações de corrupção. O que se repete, com maior intensidade e monta no DNIT. Qual será o próximo nome para que continuemos a sofrer com esse câncer da corrupção que mata nosso desenvolvimento?

O DNIT se lamentou há pouco tempo que seu orçamento seria insuficiente para tantas necessidades que nossas rodovias apresentam. De R$ 9 bi chegaríamos aos R$ 30 bi anuais nos próximos oito anos para que fossem atendidas as necessidades básicas. Não precisa fazer muita conta para sabermos que, só nos últimos dez anos, as verbas seriam suficientes para duplicar os trechos mais importantes das BR’s, deixar perfeitamente trafegável os demais trechos implantados e ainda sobraria para as implantações tão necessárias ao escoamento de cargas, hoje limitado pela pouca ou muita corrupção. Sabe o que é pior? Quantas vidas se perderam devido a essa corrupção tão presente nas estradas de todo o nosso Brasil?

Não adianta mais mudar de nome. Tem que mudar de atitude. Um setor tão vital ao crescimento econômico do País não pode ser administrado com esses fins interesseiros, seja politicamente ou de forma pessoal. Sabemos que isso é de difícil erradicação, mas como fazer se é de extrema necessidade?

corrupção nos transportes - DNITQuanto mais impostos são pagos (só nesse ano superaremos em mais de 13% o ano passado) se percebe o uso danoso contrário ao curso do desenvolvimento de que tanto necessitamos. Só no ano passado, em seis meses, uma única modalidade de corrupção (sim, são muitas modalidades) desviou mais de R$ 780 milhões. Suponhamos aplicar a regra de três na atual situação com o plano orçamentário em R$ 30 bi. Chegaríamos aos R$ 2,6 bi desviados ao ano. Repito: só nessa modalidade. Daria para diminuir significativamente o custo de manutenção de frotas, o estresse nas roteirizações, o tempo e a qualidade nos ciclos de abastecimento e, o mais importante, os acidentes de cargas e passeios que, com frequência, ceifam vidas.

Com estradas em melhores condições elevaríamos o PIB (Produto Interno Bruto) tornando o País mais rico e elevaríamos a taxa de crescimento anual em cerca de um quarto percentual. Mais empregos e melhores perspectivas de vida e de mercado numa tradução simples.

Os frequentes escândalos são mais danosos do que imaginamos. Eles não só freiam o desenvolvimento como nos privam de soluções, muitas vezes simples. Isso parece estar tão incorporado ao nosso sistema que somos incapazes de mensurar nosso crescimento sem essa mazela. Não é difícil saber que ganharíamos muito em qualidade de vida já que nosso trabalho e vida pessoal seriam muito mais fáceis de administrar. Talvez a incapacidade de lidarmos com isso nos leve a incorporar, de forma tão natural, à nossa rotina. Um grande erro.

Não há como crescer sem uma boa infra-estrutura de transportes. O atual governo sabe disso e vive um momento delicado. Nós sabemos disso e pouco se pode fazer. Nossos concorrentes sabem disso e têm mais facilidades em competir conosco – e ganhar. O preço é alto. E, pior, isso desencadeia várias atitudes, as quais abordarei futuramente, como a corrupção dentro de outros segmentos e uma em especial: a corrupção dentro da logística.

Mas para que possamos discutir esses assuntos delicados, precisamos saber de onde vem e como acontece isso. Por mais assediado que seja um determinado setor, a corrupção não nasce nele. Nasce numa pessoa que espalha a obtenção de vantagens e, impunemente, planta essa facilidade na intenção de alguém sem ética e sem moral.

Há poucos dias percorri mais de dois mil quilômetros em rodovias federais. Foi o suficiente para ver a precariedade, acidentes fatais e pessoas alheias a tudo isso. Já não se fala dessas dificuldades. A vida segue. Mesmo que esse assunto seja chato e repetitivo, não podemos parar de abordá-lo. Não podemos nos convencer de que isso é normal. Quero me convencer de que podemos mudar isso para que eu possa continuar fazendo a minha parte – um pequeno, porém existente, pedaço de um todo.

Responda a essa pergunta: O que seria diferente na sua vida se as estradas fossem melhores?

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O discreto lobisomem – 30 de junho é dia do caminhoneiro

A Logística é dotada de uma união paradoxal entre a glória e a precariedade, entre o brinde e a “pancada”, entre o homem e o Lobisomem… Lobisomem [?!…]

Em meus artigos venho chamando atenção aos pontos críticos do nosso mercado, às soluções que despontam e apontam para o nosso sucesso com o crescimento reconhecido por todos que fazem, buscam e precisam da Logística para suas atividades diárias. É comum que, às vezes, seja necessária certa dureza nas palavras, mas não é meu intento mostrar a seriedade do mercado traduzida num franzir de testa. O bom humor é fundamental em qualquer profissão. Sem banalizar o problema, é claro.

fila de caminhões

Esse sucesso da Logística não seria possível sem a importante participação dos nossos irmãos caminhoneiros. Eu poderia citar mil fatos que, muitos deles, passaram despercebidos no contexto do sucesso em cada entrega, cada dia. Mas, sabendo dos sacrifícios inerentes a essa profissão, proponho seguirmos uma linha diferente. Eu os convido a resgatar algumas lembranças de fatos que lhes proporcionaram essa experiência de aflição e alívio traduzido por um sorriso mostrando que a Logística, em especial o setor operacional, é capaz de nos levar aos dois extremos nos mostrando o momento certo para tudo. A Logística não nos arranca só os cabelos, também nos arranca risos. Tardios, às vezes, pois no momento, o fato exige solução.

Ninguém me proporcionou esse aprendizado da mistura do choro e do riso como o Lobisomem: Um caminhoneiro com seus 65 anos, prestativo e detentor de um jeito simples e direto de cativar pela boa intenção e de amedrontar com sua barba estilo terrorista, suas sobrancelhas de taturanas e suas orelhas peludas que lhe renderam esse apelido, o qual ele faz questão de usar. O conheci no mercado do asfalto, repleto de precariedades. Logo soube de outro apelido que, desse ele não gostava: Ruim-de-ré. E de sua indignação com alguns Postos de Fiscalização. Era multado e até retido por não se submeter aos apelos da “cervejinha”. Tudo era feito com tanta naturalidade que, por várias vezes, era liberado em meio a risos como no dia em que lhe foi pedido um “cafezinho” para ajudar no dia difícil e ele, com naturalidade, pegou sua garrafa térmica, colocou café num copo e ainda perguntou se estava servido de uma bolachinha. Diferente do dia em que voltava com a placa do caminhão enlameada e, para não ser multado, perguntou se um cafezinho resolveria. Ao ouvir o “sim, pode ser”, desceu do caminhão com sua velha garrafa térmica e começou a limpeza da placa… O resultado foi muita dor de cabeça para a transportadora.

Experimentou também, o reconhecimento do Prefeito de uma pequena cidade que montou palanque para inaugurar o início das obras com asfalto sem o asfalto, pois a aprovação do crédito da Empreiteira havia demorado. Quem chega como herói em meio ao constrangimento do Prefeito e partidários? O Lobisomem! Até aí, nada de extraordinário. Até que o Prefeito em meio ao seu alívio e gratidão, o convida a subir no palanque para lhe prestar uma homenagem […]. Teria corrido tudo bem se ele não tivesse pedido o microfone para falar “umas poucas palavras”. Teria sido evitado se o Prefeito, ainda anestesiado pelo alívio, não lhe tivesse atendido: “Obrigado pelas palmas!” – Disse ele, e foi logo emendando as palavras: “Meu povo dessa pequena cidade! Vocês não tinham asfalto e agora vão ter! O Prefeito do ano passado só roubava e não dava nada a ninguém. Com esse aqui o buraco é mais embaixo! Aliás, vai tapar tudo o que é buraco! Sua filha deve ter orgulho do pai […] que não se mete com empresário, ‘tudo ladrão’ daqui que só quer o dinheiro de vocês! Ele vai fazer escola, colégio, estrada e botar tudo no prumo!”

Depois de arrancarem o microfone das mãos dele, não foi só convidado a descer do palanque como a deixar a cidade sob escolta para nunca mais voltar. Acho que não apanhou porque falou algumas verdades. Mas se soubesse que era o segundo mandato do Prefeito, que a jovem que o abraçava era sua atual esposa, e não filha, e que o maior empresário da cidade era o próprio Prefeito, talvez tivesse ficado para o jantar.

Dirigir. Era só o que deveria ter feito. O mesmo que lhe pedi quando, por falta de opção, devido às exigências de uma prefeitura que envolvia uma série de fatores, tive que enviá-lo. Era o único disponível. Carga urgente devido problemas com o cliente. Expliquei três vezes: “Chegar discretamente, descarregar e voltar”. Reforcei. Ele repetiu: “Discreto e rápido. ‘Pó’ deixar!” Imagine, diante de tudo, se o Lobisomem sabia o que era ser discreto… Ao chegar, manobrando o caminhão, derrubou parte do muro da Usina da prefeitura, discutiu com o engenheiro, deu um banho de emulsão asfáltica no operador e foi preso. 700 quilômetros para eu ir treinando a minha persuasão para contornar tudo. Só não pude contornar sua demissão. Seria injusto com a empresa mantê-lo. Embora justificasse, furioso, alegando que teriam lhe chamado de Ruim-de-ré…

Hoje, o “figura” quer ser político e está aposentado. E o mercado viveu feliz para sempre.

Acredito que podemos aprender com tudo. Até com isso. Até com o Lobisomem. Não colocar nossos projetos em risco é nossa única preocupação. E, às vezes, esquecemos que somos mais fortes que isso, responsavelmente. Vamos perdendo nossa capacidade de compreender que para viver também é necessário conviver. A reciprocidade no bom trato é vital. Não se pode abandonar a escolha de extrair lições. Se quero outro Lobisomem na minha operação? NÃO. Mas devo saber lidar com os “Xuxas”, “Bodes-cheirosos”, “Patos-roucos”, “Andrés”, “Fernandos”… Lidar com seres humanos. Não lembramos muito disso quando a carga é urgente.

Minha homenagem a todos os caminhoneiros que, graças a Deus, parecem e não se parecem como o Lobisomem. Carregam consigo suas histórias, suas dificuldades, seus sucessos… Mas, acima de tudo, existem! Alguns que não se dignificam e a maioria que dignifica sua missão, como em outras profissões. Mas, nessa está o tempero do sacrifício ao levar um país sobre rodas e, mesmo assim, seus direitos são desrespeitados com a falta de qualidade das rodovias, com a jornada de trabalho e, muitas vezes, são desrespeitados como seres humanos. Nosso reconhecimento e nosso muito obrigado.

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Roubo de cargas – um problema de todos

 

Há muitos e muitos anos lidamos com essa imposição da violência que assola o Brasil e o mundo. Muitos não param para pensar o quanto ela nos custa devido sua presença constante em nossa rotina. Ela, a violência, custa caro, muito caro.

Não seria exagero calcular que, assim como os impostos, o preço do carro que você dirige teve e tem um percentual para a violência, o computador que você usa agora teve seu preço acrescido em torno de 15% ou até mais, a depender do tipo e local onde se encontra, devido ao perigo, puro e simples, do roubo de cargas. Imagine que até no pãozinho o custo da violência está presente. Como se não bastasse pagarmos por ela, ainda temos que suportar as diversas mazelas que nos traz.

roubo de carga no transporte rodoviárioEsse valor cobrado pela violência sobre o nosso consumo vem do seu efeito sobre a logística, na forma do roubo de cargas e da violência no trânsito, os chamados “sinistros”. Assim como no ano de 2009, com mais de 13.500 ocorrências de roubo de cargas e R$ 1 bi em prejuízos em todo o País, em 2010 seguiram crescendo. Só os empresários paulistanos amargaram um prejuízo direto de R$ 280 milhões e, nos primeiros levantamentos de 2011, já se registrou R$ 70 milhões em mais de 1.800 ocorrências. Do total no Brasil, 53% das ocorrências são registradas no estado de São Paulo, com maior incidência nas rodovias Régis Bittencourt (BR-116) e Anhanguera, e 21% no Rio de Janeiro. O foco dos bandidos se volta às cargas com alimentos, eletroeletrônicos e medicamentos, mas não se restringe a esses produtos.

Na busca pela diminuição dessas ocorrências, as transportadoras, sem direito à escolha, têm um custo de 15%, em média, voltado à escolta e equipamentos de segurança – Já foi explicado no início quem paga esse valor. É muito. Mas, o que fazer? Os bandidos possuem equipamentos de bloqueio de sinal onde neutralizam a ação da segurança. Não temem a escolta armada porque possuem armamento mais pesado e, às vezes, estão disfarçados de policiais nos acessos às capitais. E o Estado, que deve proteger o comércio e o cidadão? Afinal, os impostos também se baseiam em serviços essenciais. O problema é que absorvemos essas ações da violência e compomos nossa rotina. O problema virou fator de cálculo na hora de compor um preço – “Deixe-me ver… 48% de impostos… 15% para a violência…” Está errado. Isso não pode ser tratado com naturalidade. Estamos falando da vida de motoristas, em especial. Se pagar por isso já é um absurdo, que dirá o custo de uma vida humana.

As ações da polícia visam à inibição dessa prática. É bem sabido que o crime se atualiza constantemente. As modalidades vão emprestando seus recursos a outras à medida que o combate se intensifica. Em São Paulo, a patrulha aérea das ruas começa indicar um paliativo. É claro que é impossível zerar esse tipo de ocorrência [Eu também acabo de trazer isso para minha rotina real]. Mas, ações sempre terão que ser tomadas e atualizadas. Os bandidos são os únicos que deveriam estar acuados. Esse combate deveria se intensificar aos receptadores também. Esses roubos só acontecem porque a carga já possui um destino. O comércio formal é o destino da grande maioria delas.

As empresas voltadas ao transporte de cargas também têm um papel importantíssimo, tanto no aprimoramento de suas operações quanto no treinamento de seu pessoal, em especial, motoristas para rever certos hábitos. Eles correm perigo e continuam atraídos à falta de atenção e de estratégia conjunta com a base operacional. É quase uma estratégia de guerra. Claro, reagir nunca. Mas, as cargas não são roubadas apenas por seu conteúdo, muitas o são por seu comportamento.

Com isso, concluo que a violência é a única coisa que existe no mundo em que não há um só indivíduo que sofra efeitos indiretos. Ela é de efeito direto em todas as pessoas, sem exceção alguma. Se ela não lhe rouba o carro, sua bolsa ou carteira, lhe rouba qualidade de vida. E só nos resta combatê-la fora da normalidade. Trazê-la à normalidade é admitir que não há solução.

 

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Logística

Logística: arte ou ciência?

 

Tenho me aprofundado em pesquisas na área da logística para compor minhas colunas, meus artigos, temperar minhas palestras e agregar valores à profissão na qual me dedico com um interesse ímpar e com um grande amor – como deveriam ser exercidas todas as profissões. Confesso que quanto mais pesquiso, mais me envolvo nessa maravilhosa possibilidade de enxergar melhor a importância dos atributos logísticos para soluções contemporâneas e futuras.

logística: arte ou ciênciaDiante disso, me chegam comentários, ora classificando a logística como ciência, ora como algo ainda mais profundo. Sem a intenção de colocar-me no sublime papel de educador ou mesmo contextualizar a logística, considero importante a absorção desses sentimentos e conhecimentos, os quais abordei também em “A logística em sua essência” para facilitar o cumprimento de tarefas e a fluidez de novas ideias. Compreender as diferenças entre suas características pessoais e as ações que elas refletem no mercado é o segredo para um “casamento” de sucesso. Muitas boas ideias nascem na arte e morrem na ciência.

Entendendo, resumidamente, a arte é uma expressão humana e a ciência é um sistema de conhecimentos lógicos. Se pudermos transformar esses dois substantivos em verbos vamos aproximar a arte (sentir, criar e fazer) da ciência (estudar, conhecer e evoluir).

Não há como negar que a arte precisa aflorar para dar consistência à ciência. Precisamos sentir, primeiramente. É aquele instinto, aquele planejamento… Afinal, somos preenchidos por sentimentos que, no mercado, algumas empresas sobrevivem deles enquanto outras desconhecem ou desprezam. No pessoal e no profissional, quando conduzidos da forma correta, são eles que nos movimentam, nos mantém motivados e nos são vitais à evolução.

A logística é holística. Ou seja, é própria do universo e sintetiza unidades em totalidades organizadas. Ela surge da simples necessidade de existir em nossas vidas. Dessa forma, podemos classificá-la como uma arte que complementa a ciência. Ela está entre as poucas profissões que necessitam extremamente dessa união.

Tenho visto muitos conceitos sobre logística e fico com dó dos alunos diante da necessidade de absorver quatro, cinco ou mais linhas sobre modelos que definem a logística. Em uma de minhas palestras, assumindo a necessidade de ser arte antes de ser ciência, defino a logística como “a arte de suprir com soluções todas as atividades de uma organização”. Simples e ao mesmo tempo complexa quando nos voltamos ao sentido de cada palavra. Experimente ver no “Aurélio” os significados de arte, suprir, solução, atividade e organização.

Com isso não venho afirmar que entrar no campo da logística é para um grupo seleto, pois na verdade, a necessidade já existe dentro de cada um e o desenvolvimento disso sim, lhe torna, com efeito, um privilegiado. Ou ultrapassar limites sem esquecer a ética, diminuir custos dentro de um cenário sem estrutura e apresentar soluções quando já era enxergado o fim, não é um privilégio?

Quando se percebe que a logística é uma necessidade do ser humano, não se consegue entender empresas que desprezam esse campo e perdem, e fecham, por não conseguirem enxergar que são a totalidade de um grande capital humano e, dessa forma, não valorizar e não desenvolver a arte da logística na essência de seus processos é negar sua formação e desprezar sua razão maior.

Com certeza, podemos afirmar que a logística tem sua representatividade no mercado afetada pela incapacidade crescente de se entender e de se respeitar os seres humanos e da cruel associação entre lucro e atendimento de necessidades. O lucro é uma consequência do atendimento das necessidades humanas e não uma razão. Estamos, há muito tempo, nos focando nas consequências e não nas razões. Disso, extraímos alguns questionamentos: Quanto tempo se perdeu por não apoiar um sistema logístico com uma melhor infraestrutura? Quanto se deixou de se desenvolver devido ao desprezo pela logística? Quanto perde o planeta pela demora da conscientização da nova e boa logística reversa?

Se enxergarmos a logística só como uma ciência ela não convencerá o planeta de que seus estudos apontam soluções para a diminuição de custos sustentavelmente. O mundo sabe e sente, há muito tempo, que a preservação do planeta está ligada a uma série de métodos e procedimentos de responsabilidade de todos e pouco vem sendo feito para estagnar essa situação. Enxergar a logística também como uma arte representa o impulso natural do ser humano para a real necessidade que nos obriga às mudanças. A logística é o melhor instrumento para isso. Por isso precisamos de profissionais que a sinta como uma arte e a desenvolva como ciência.

Portanto, você participa da logística ao vê-la como ciência e se envolve ao vê-la como arte. Como já dito, ambas as formas são necessárias, pois uma complementa a outra: A arte produz ideias e a ciência as viabiliza emprestando seus conhecimentos.

Boas ideias logísticas para você.

 

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Logística Transportes

Logística de produtos asfálticos

Por aqui começa o modal rodoviário

 

Tenho certeza que após essa leitura você verá o asfalto em que trafega de uma maneira diferente. A maioria das pessoas não faz ideia da história, da logística e engenharia envolvidas nesse processo cujas pesquisas avançam se contrapondo à situação do mercado atual, não pela demanda, pois em 2010 a retirada foi recorde alcançando cerca de 3 milhões de toneladas no Brasil, mas pela situação de um mercado de lucro difícil já que o asfalto representa apenas 1% do faturamento obtido no refino do petróleo bruto.

Para uma melhor compreensão, se faz necessária uma breve história sobre o asfalto que é, sem dúvida, um dos mais antigos materiais utilizados pelo homem: Escavações arqueológicas dão conta de que a Mesopotâmia já utilizava o asfalto natural derivado do carvão, o alcatrão, como aglutinante em trabalhos de alvenarias e construções de estradas. Os egípcios utilizavam-no em trabalhos de mumificações. Segundo citações bíblicas, foi utilizado também como impermeabilizante na Arca de Noé.

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Carreira Logística

Déficit tecnológico – o Brasil está em perigo

 

O mercado brasileiro não fala em outra coisa que não seja aquecimento e falta de qualificação. Diante disso, surge o chamado “déficit tecnológico” percebido com estudos desse mercado e causado, principalmente, pela falta de qualificação e de direção nos investimentos voltados à tecnologia.

Hoje, a quantidade de produtos com alguma tecnologia que importamos é bem maior do que a quantidade que exportamos. Isso é déficit tecnológico. Com o avanço das economias mundiais, especialmente a chinesa, isso vem se acentuando e nos preocupando, pois até 2007, pouco se falava sobre essa relação econômica e sobre as consequências de um efeito dessa natureza na “independência comercial” do Brasil.

déficit tecnológico - o brasil em perigoInfelizmente, pela deficiência do nosso sistema educacional, pela crise da qualificação profissional do nosso País e pelas concessões às empresas estrangeiras que se instalam no Brasil com acordos que contemplam, única e exclusivamente, a relação impostos/empregos e não o acesso e transferência de conhecimentos tecnológicos, o déficit tecnológico é uma realidade assustadora que cresce 20% ao ano. Em 2011 vamos chegar aos US$ 100 bilhões. Isso significa que num futuro não muito distante, duas ou três décadas, a continuar essa situação, o Brasil se tornará um país revendedor de tecnologia. E isso não se deve à falta de investimentos. No primeiro trimestre desse ano, recebemos 17,5 bilhões em investimentos estrangeiros. O problema está na condução desses investimentos e na falta de clareza nos acordos e concessões.

As empresas que têm a tecnologia como base de seus processos produtivos, vêm importando, cada vez mais pelo custo tecnológico, módulos de seus produtos onde fica para o Brasil apenas a função de montar e comercializar. Ou seja, não há transferências de tecnologia e só montamos aquilo que vem pronto (modulado) geralmente da matriz ou de outro país com processos tecnológicos mais desenvolvidos e, por isso, mais enxutos. E isso não é prática apenas de empresas estrangeiras. As empresas nacionais, de grande e de médio porte, se utilizam das importações de módulos com componentes, antes desenvolvidos aqui, para seus processos com menor custo e maior praticidade. A intenção é clara: competitividade. Mas a cada dia, importamos mais máquinas, motores e placas eletrônicas e demitimos profissionais do desenvolvimento e produção de válvulas, transistores e outra série de componentes. O mercado mundial está em constante transformação e o Brasil precisa acompanhá-lo com as “turbinas” ligadas.

O que se observa é que essa preocupação com essas transferências de tecnologia se dá em contratos esporádicos dependendo do valor, como no caso da compra dos aviões de caça para a Força Aérea do Brasil. Claro que vamos aprender, mas muitos países já invejam a Embraer pela sua excelência na produção de aviões comerciais e executivos. Precisamos sustentar isso para vários outros segmentos. Quanto aos outros contratos para instalação, como já dito, o fator maior da moeda de troca é o emprego. O que não digo que não seja necessário, mas tolhe a criatividade do brasileiro além de não ser isso que dê segurança econômica às pessoas, pelo contrário, quando empresas assim deixam países, a única coisa que deixam é o desemprego, mas quando se deixa conhecimento se deixam alternativas para desenvolvimento.

O Brasil de estudos e pesquisas tecnológicas é o que atenua essa situação. Mas ele não reverte essa situação por si só. Essa área da tecnologia, ainda muito forte, condiciona seu crescimento à visão do que é crescer com sustentabilidade. O conhecimento tecnológico é a peça fundamental para isso e estamos colocando-o em rico achando que o que dominamos será suficiente para nos trazer segurança comercial. Já não o é. Isso só se reverterá com programas de qualificação e valorização dos profissionais inovadores, pois há muito exportamos esses profissionais para o sucesso em outros países. Precisamos de investimentos sérios que tenham a visão de que o desenvolvimento sustenta a produção e não o contrário.

 

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Geral Logística

Brasil 2014: com ou sem emoção?

“Com ou sem emoção?”. É uma pergunta feita antes de um passeio de buggy pelas dunas das praias nordestinas. Quando se responde “com emoção”, o cérebro deve estar preparado para receber a visita do estômago e vice-versa. O pior é que diante de uma situação que ainda não foi experimentada, você tem que tomar uma decisão rápida entre não se arriscar e fazer um passeio “pouco divertido” ou se arriscar e se entregar, perigosamente, mesmo com a perícia do motorista local, ao sabor da adrenalina.

Nos negócios não deveria ser bem assim. Mesmo com a presença desses componentes de riscos e emoções, poderíamos ter mais tempo para nossas decisões se respeitássemos mais os prazos dos nossos planejamentos. Tanto já se comprovou que quando deixamos para a última hora a qualidade e os custos ficam comprometidos, mas essa falha ainda tem raízes fortes em pessoas e empresas. Então, como evitar riscos desnecessários, prazos e orçamentos estourados e a dúvida do alcance do objetivo? Simples. Conhecer para planejar bem. Manter-se cercado de informações, de variáveis e invariáveis, temperado com a vontade de fazer – e fazer bem feito.

As opiniões dos brasileiros divergem sobre a Copa da FIFA de 2014. Alguns acham um gasto desnecessário de uma verba com um aproveitamento melhor na saúde, segurança e infraestrutura. Isso na verdade, está dentro de uma descrença quanto ao uso correto do dinheiro público. Não é à toa. A FIFA e a CBF haviam divulgado um orçamento inicial de R$ 11 bi, agora são R$ 23 bi, mas segundo os últimos levantamentos, esse valor só atenderá obras nos aeroportos. O gasto real para a realização desse evento não é certo como é certa a variação desses valores até o último dia. Certa também, é a mudança na trajetória de responsabilidades envolvendo esse orçamento que, no lançamento da campanha, tinha sua maior fonte nos investimentos privados, o que não é verdade. Segundo o TCU (Tribunal de Contas da União) os investimentos da Caixa, BNDES e Infraero somarão 98,5% do total.

Vários outros problemas vêm rondando essa celeuma como o último estudo divulgado num telejornal sobre as reais capacidades dos nossos aeroportos. Segundo esses levantamentos, essas obras de ampliação já seriam necessárias simplesmente devido ao aumento de 21% do mercado doméstico em 2010 com um recorde de 155 milhões de passageiros. Essas obras de infraestrutura deveriam ser, no mínimo, duas vezes maior do que a previsão atual.

Com o “ensaio” do PAN 2007, realizado no Rio, onde o orçamento de R$ 386 mi passou para quase R$ 5 bi e com apenas 5% da infraestrutura absorvida após um ano, aprendemos que planejar não é simplesmente querer. Temos tudo para fazer diferente. Se o Japão devolve aos usuários um aeroporto e rodovias um mês após um tsunami devastador, o Brasil também pode cumprir com um calendário assumido perante o mundo de realizar o evento (agora) em 3 anos. O que falta? O grande princípio básico: PDCA. Obras estruturais vitais espalhadas pelos estados que sediarão o Mundial ainda não foram, sequer, para o papel quase 4 anos após a eleição.

Também se sustenta que essa estrutura irá compor boa parte do projeto para as Olimpíadas de 2016 no Rio. Não precisa entender muito de esportes para saber que a estrutura, com exceção das obras de acesso, de uma olimpíada é bem diferente de uma copa do mundo. O futebol olímpico já necessitaria de uma estrutura similar local. E as outras modalidades com suas delegações que totalizam milhares de componentes? Para isso, o dossiê da candidatura apresentada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) contemplava um orçamento de R$ 28,6 bi. Esse orçamento está sendo revisto e já se estima superar os R$ 100 bi. Quanto ao tempo para estruturação? Só se sabe que o Rio terá apenas 2 anos para as obras, pois dificilmente os governos trabalharão simultaneamente com as obras dos dois eventos por questões de mão-de-obra, processos licitatórios e características dos eventos. Algumas bem compreensíveis já que não se pode, em 2014, trazer turistas de todo o mundo para um canteiro de obras, mas o planejamento já teria que estar afiadíssimo.

As soluções deixadas por esses eventos são valiosíssimas a exemplo dos países que já os sediaram. A tecnologia e infraestrutura incorporadas desenvolvem regiões inteiras somadas às experiências adquiridas por profissionais dos mais diversos segmentos. Não podemos esquecer que a razão desses eventos é o desenvolvimento do país, da cultura e do povo. A educação e segurança são postas à prova. A capacidade de gestão logística é a condução desse sucesso. No entanto, é vital que haja clareza nessas intenções e firmeza nos orçamentos. Já imaginou se as empresas adequassem seus orçamentos tantas vezes e tão significativamente antes do objetivo final? O processo de desenvolvimento do Brasil está “varrendo” os amadores dos mercados. Agora é hora de profissionalismo e seriedade. É hora de grandes desafios e grandes conquistas.

Não há dúvidas de que, bem administrado, esse evento irá “coroar” a ascensão do Brasil. Mas é necessário que o País perca esse hábito de deixar tudo para a última hora. Isso não funciona com um evento nessa magnitude. Isso é contra os princípios logísticos que tanto buscamos consolidar através de planos e soluções. O setor de logística não pode perder essa oportunidade ímpar de se firmar ainda mais na oferta de um grande diferencial em implantações e execuções ampliando sua capacidade de inovar. Temos a chance de transformar a Copa de 2014 em Logística 2014 com a ascensão definitiva desse setor que será o “regente” desses eventos com todos os seus riscos e desafios.

O Brasil já aceitou o “passeio”. Eu não sei como vai ser. E você? Com ou sem emoção?


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Logística

A logística em sua essência

Tem que gostar do que faz para ter sucesso

 

Hoje presto consultoria no ramo de produtos asfálticos (um dos mais complexos e variáveis do mercado) e trago várias experiências no ambiente da logística, adquiridas em mais de uma década nas mais diversas ramificações, em que todas, levam a uma só raiz: Soluções logísticas. Contudo, é clara a minha necessidade de buscar me aperfeiçoar dentro desse mercado da logística em que são inúmeros os problemas e ainda poucas as alternativas de qualificação, mas extremamente promissor e detentor de um extenso pacote de soluções. A logística é uma fonte geradora de valores, sua falta é o desprezo pelos investimentos e seu erro é fonte de prejuízos.

Constantemente venho lendo artigos, acompanhando notícias e ouvindo definições sobre a logística. A Escola Técnica vem tentando inserir a essência da logística em todos os interessados, não só pelos seus profissionais como pela troca de experiências daqueles que atuam na área. Nessa essência, que intrinsecamente está a paixão pela área, devemos captar algo além do transporte, do modelo SCOR (Supply Chain Operations Reference) com “o produto certo, na hora certa…” Essa essência está além de um simples benchmarking ou de uma profissão em alta no mercado. Está além de uma cadeira na administração.

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Carreira

Falta de qualificação profissional: quem é o culpado?

Governos, empresas ou os próprios profissionais?

 

Outro dia, num telejornal, uma matéria abordou a falta de qualificação profissional no Brasil. Desta vez, por alguns instantes, o foco da matéria se desviou para a questão da educação. Mas, infelizmente, ainda não foi dessa vez que o tema foi abordado com a coragem que merece e logo o foco retornou à exploração simples da falta de profissionais qualificados para ocupar as vagas, agora não só do topo e do meio da pirâmide, como da base também, representada por lojas à procura de vendedores; empresas buscando operadores de máquinas específicas de produção e, não só não os encontrando, como desistindo de ocupar as vagas. Situação ilustrada de uma forma simples: de vinte candidatas a secretária que se apresentaram à vaga, restaram três e cada uma não atendia a um requisito dos três exigidos (curso, inglês e experiência).

Para uma solução verdadeira, não adianta abordar os problemas sem trabalhar as causas. Vejamos como cada um contribui para essa situação: