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Demanda Gestão Logística

Cerveja de plástico: se as bebidas viessem em garrafa PET, o preço seria menor

Veja também um vídeo sobre o processo de fabricação da cerveja

Por: InfoMoney*

garrafas pet e a relação com a cervejaSe as cervejas fossem envasadas em garrafas do tipo PET, o preço dessas bebidas seria muito menor para o consumidor, é o que afirma o presidente da Afrebras (Associação dos Fabricantes de Bebidas do Brasil), Fernando Rodrigues de Bairros.

“O processo interno dela [garrafa PET] é mais barato que o do vidro”, explica. O processo realmente é mais simples, já que o próprio fabricante tem a chance de desenvolver a embalagem tendo uma fôrma e um soprador de ar quente, o que reduziria o custo de produção.

Marcelo Cerqueira, presidente da Abradeg (Associação Brasileira de Degustadores de Cerveja), reitera que “as microcervejarias sofrem impactos com o efeito da escala produtiva, pois possuem, por exemplo, um maior custeio da operação e logística de distribuição, o que afeta o preço”.

Assim, para Fernando Bairros, o uso de garrafas PET seria o melhor caminho para que as microcervejarias – fábricas pequenas que utilizam o processo artesanal e cujos produtos não têm escala industrial – conseguissem espaço para crescer no Brasil. “Elas vão crescer com o aumento do consumo dos seus produtos. Porém, elas ficam limitadas a uma venda local e regional, e o uso das embalagens PET permitiria que alcançassem outros mercados”, destaca.

Espaço para crescer no mercado verde e amarelo
Para o mestre-cervejeiro formado pela escola Louvain-la-Neuve, na Bélgica, Paulo Schiaveto, essas fábricas têm muito espaço para crescer no Brasil. Ele explica que o volume de produção das cervejas artesanais brasileiras ainda é pequeno, apesar do crescimento intenso, representando cerca de 0,5% do mercado.

“Em países como os Estados Unidos, um mercado que apresentou, há 15 ou 20 anos, características semelhantes ao que acontece atualmente no Brasil, as micro e pequenas cervejarias respondem por um volume bem mais representativo, de mais de 5%”, revela Schiaveto.

Essa comparação entre o crescimento do Brasil com o que aconteceu nos Estados Unidos é muito comum e visto como uma tendência pelos especialistas. “O Brasil é como os Estados Unidos há alguns anos, tem um grande potencial de expansão”, analisa a bier sommelier Kathia Zanatta. “Repare e veja a quantidade de veículos de comunicação que abordam o tema hoje e há alguns anos, e você verá a evolução.”

Cilene Saorin, bier sommelier formada pela escola alemã Doemens Akademie assim como Kathia, também acredita que as microcervejarias vão crescer. Obervando o comportamento do consumidor, ela aponta quatro características que são importantes para essa expansão:

  1. Maior poder aquisitivo dos consumidores;
  2. Acesso às informações sobre as cervejas especiais;
  3. Amadurecimento gastronômico – normalmente vem depois dos 30 anos –, que abre portas para experiências diversificadas no paladar;
  4. E também de acordo com o gosto pessoal, quer dizer, a preferência de cada consumidor.

Vantagens oferecidas pelas cervejas artesanais
Kathia explica que no âmbito da legislação, não existe no Brasil uma definição para “cerveja artesanal”. Mas entende-se que elas são aquelas bebidas produzidas em pequenas cervejarias, que não têm automatização.

Para o mundo das cervejas artesanais e, especialmente, para seus consumidores, a diversidade de estilos e de produtos excelentes é o que de fato importa, acredita Paulo Schiaveto. “Essas bebidas oferecem a oportunidade para o degustador de realmente apreciar os aromas das principais matérias-primas, em especial maltes e lúpulos diferenciados, a um preço bastante acessível, pela qualidade que apresentam”, instiga o mestre-cervejeiro.

Uma experiência diferenciada é beber cerveja acomapanhada de chocolate. “Uma harmonização sugerida pela Abradeg é de uma cerveja estilo Porter com trufa de chocolate meio amargo. Uma combinação perfeita e inusitada para a maioria dos brasileiros”, sugere Marcelo Cerqueira.

“Essas cervejas possuem exatamente o diferencial de serem especiais por entregarem sabores, aromas e tradições diferenciadas, que agregam experiências gastronômicas ao consumidor de forma diferente das proporcionadas pelas cervejas mainstream, produzidas em grande escala”, compara Kathia.

*Por Fernanda de Moraes Bonadia do InfoMoney

Atualização sobre as latas de alumínio e o mercado cervejeiro

Por Valor Econômico

Cerveja ainda depende de lata importada

Terminou em 31 de dezembro o prazo para importar latas para embalar bebidas, pagando-se alíquota de 2%. Desde então, o imposto de importação voltou a 16%, patamar cobrado até maio de 2010, quando a Câmara de Comércio Exterior (Camex) determinou a redução. Mas a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas) vai pedir hoje à Camex, em uma reunião em Brasília, que estenda o benefício por mais três meses.

Os fabricantes de bebidas, principalmente a de cerveja, ainda sente um déficit no fornecimento de latinhas – estimado pela Abralatas em 800 milhões de unidades de janeiro a março. “Depois desses três meses, a indústria de latas nacional já deverá estar produzindo com a capacidade aumentada”, afirma o diretor executivo da Abralatas, Renault de Freitas Castro. “Mas por enquanto, ainda não há latas suficientes para suprir a demanda, principalmente da indústria de cerveja”, acrescenta ele.

A falta de latas é concentrada em cervejas por dois motivos: as cervejarias usam proporcionalmente mais latas que a indústria de refrigerantes e o crescimento de vendas da bebida vem sendo superior ao de outras, como sucos e bebidas carbonatadas (refrigerantes). No Brasil, as latas representam 30% das vendas de cerveja em volume. Essa fatia é de 10% para os refrigerantes. Em sucos, é ainda menor: mais de 95% do volume é vendido em embalagens acartonadas.

Conforme fontes do setor, as vendas de cerveja em 2010 tiveram um crescimento de 12% em volume em relação a 2009. Sucos e refrigerantes também venderam mais que em 2009, mas a alta não chega a 10%, conforme fontes ligadas aos fabricantes.

De maio a dezembro de 2010, segundo a Abralatas, foram importadas 1,1 bilhão de unidades. Pelo acordado com a Camex, a importação com imposto de 2% poderia ter chegado a 1,9 bilhão até dezembro. Essa diferença, de 800 milhões de latas, é que a Abralatas está pleiteando para ser feita até março. “Estamos otimistas em relação à prorrogação”, diz Castro.

Mas nem todos concordam. “Tudo isso é um “lobby” para beneficiar grandes empresas”, diz Fernando Bairros, presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), que representa produtores regionais. “Com o dólar em baixa, as empresas preferem trazer latas importadas, sai mais barato. E se for pagando menos impostos, melhor ainda para elas”, diz ele. As cervejarias não comentaram o assunto.

Por Leandro Callegari Coelho

Leandro C. Coelho, Ph.D., é Professor de Logística e Gestão da Cadeia de Suprimentos na Université Laval, Québec, Canadá.

11 respostas em “Cerveja de plástico: se as bebidas viessem em garrafa PET, o preço seria menor”

Concordo com o comentário abaixo o sabor afeta por estar embalado em garrafa plastica a conservação em geladeiras e friezes sera a mesma

Não tenho dúvidas que reduziria o custo logístico, mas a matéria não leva em consideração o sabor do produto. Principalmente quando se fala de cervejas artesanais, pois não podem nem ser servidas em copo de plástico.

As experiências que se tem ao ver, cheirar e beber a cerveja ficam prejudicadas, pois a embalagem de plástico muda (muito) o sabor da bebida.

O desafio fica para o mestre cervejeiro que conseguir um processo produtivo que permita um sabor agradável na embalagem PET.

Renan, você tem razão. O desafio é para todos os envolvidos. Criar essa cadeia produtiva que não está disponível hoje, criar e gerenciar a cadeia de logística reversa para reciclagem das embalagens plásticas e também alterar o processo produtivo como você citou. As oportunidades para redução estão por aí, é preciso correr atrás!

Não vejo o aumento do uso do plástico dos PETs como um problema, mas como DUAS oportunidades:

Uma para diminuicão dos custos de fabricação (da garrafa) e envasamento da bebida;

Outra pela enorme oportunidade para implantação de um sistema sério de logística reversa, que vai se beneficiar não apenas das novas PETs da cerveja mas da grande quantidade já disponível dos refrigerantes, água, etc.

Mudanças como estas estão aí esperando pelo futuro que certamente se encarregará de fazê-las virar realidade.

Temos que verificar se essa fabricação está de fato alicerçada no triple botton line, e se as partes interessadas e o público determinam o interesse pela idéia, pois as garrafas "pet" teriam que ter uma logística reversa? pelo fato do acúmulo dos resíduos ser monstruoso. Além do aumento do alcoolismo entre entre os adolescentes.

Nada sustentável?

Realmente nos dias de hoje seria inviável o uso de garrafas PET para cervejas, pois o consumo de cerveja no Brasil é muito alto. Mas com uma boa infra-estrtura de reciclagem isso seria possível, diminuiria o preço da cerveja, aumentando seu mercado. E para apreciadores de cerveja fugir um pouco dos produtos industrializados seria uma alternativa.

Boa noite, concerteza as garrafas pet reduziriam custos logísticos, mas, será que as empresas passariam estes menores preços aos consumidores, onde o mesmo sofre um marketing pesado todos os dias, e o povo para a cerveja não se importa com o preço, pois cada um tem uma marca de preferência.

Boa matéria, abraço …

Fábio

Bom, sem dúvidas o preço das cervejas diminuiria com a comercialização em garrafas PET, porém, o sistema de reciclagem teria de ser excepcionalmente eficiente, pois o volume gerado de garrafas faria a poluição que hoje em dia já é grande aumentar ainda mais. Com a comercialização em latas, a reciclagem é feita devido a lucratividade da venda do alumínio, o que não acontece nos dias atuais com as garrafas PET. Mais uma vez, uma excelente matéria.

Excelente artigo.

Todavia, vale ressaltar que atualmente, 53% das garrafas PET’s não são reaproveitadas, o vem despertado a preocupação de diversos ambientalistas e autoridades ligadas ao setor.

Além do problema com o descarte das unidades na natureza, especialistas chamam a atenção para o fato de hoje não haver responsabilidade jurídica sobre a destinação do material por parte de quem fabrica ou consome PETs.

Desta forma, é indispensável que sejam analisados tambem os custos envolvidos na logística reversa visando à sustentabilidade do processo.

Abraços.

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