Por: Aline Regina Santos
Este documento foi desenvolvido tendo por base três papers relacionados ao conceito e aplicação da SCM. O primeiro a ser apresentado traz o conceito de SCM próximo ao de logística. O segundo, enfatiza o escopo mais amplo da SCM, com destaque para o uso da tecnologia da informação; e o terceiro traz a aplicação de sistemas de SCM. Para complementar o assunto, são resgatadas outras definições sobre SCM, tendo por base diversos autores. Ao final, são tecidos comentários sobre o conceito de SCM e suas características.
Antes de comentar sobre os papers que nortearam o desenvolvimento deste trabalho, cabe explicar rapidamente do que se trata a cadeia de suprimentos. Todo o produto ou bem físico que adquirimos chega em nossas mãos pela existência de uma cadeia de suprimentos, que inicia no fornecedor inicial de matérias-primas e termina em nossas mãos, consumidores finais. Por exemplo, para comprar um suco de laranja em caixa no supermercado, é necessário que se tenha plantado laranjas, que estas tenham sido coletas e depois processadas na forma de suco, que o suco tenha sido embalado, transportado e finalmente distribuído nas redes de varejo (mercadinhos, supermercados) onde encontramos o produto. Esta seqüência de ações é conhecida por cadeia de suprimentos e envolve diversos participantes: desde a fábrica que processa o suco de laranja, até o produtor agrícola, a empresa que realiza o transporte, armazenagem, as redes atacadistas e varejistas e demais participantes.
Para Ganeshan e Harrisson (1995) o gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM) trata-se de uma rede de facilidades e opções de distribuição, que tem por objetivo executar funções de compra de materiais, transformar matérias-primas em produtos acabados e semi-acabados, e distribuir estes produtos aos consumidores. Neste sentido, a SCM tem como principais decisões àquelas relacionadas à localização das fábricas, das unidades produtivas, dos centros de distribuição e armazéns, ou seja, da localização da sua rede. Além, decisões de produção, entre elas o que produzir, quais fábricas produzir, ligação dos fornecedores às fábricas e das fábricas aos CDs, também estão no escopo da SCM. Decisões de estoque (gerenciamento, armazéns, estratégia de estoques) e de transporte (modais, trade-offs) também figuram entre aquelas relacionadas a SCM.
Com abordagem diferente, Metz (1998) acredita ser a SCM um processo orientado, com abordagem integrada, para compra, produção e entrega de produtos e serviços aos consumidores. Este processo inclui fornecedores de diversas camadas, operações internas, operações comerciais, atacado/ varejo e consumidores finais. Ainda, abrange a gestão de materiais, de informações e fluxos afins. Para Metz (1995) este processo integrado só é possível mediante o uso de tecnologia da informação, considerada fundamental para o desenvolvimento da SCM. A tecnologia, segundo o autor, deve ser aplicada também a manufatura e transportes, para que se seja possível a integração dos participantes e processos da cadeia.
Stiles (s.d.) comenta sobre os sistemas de SCM, que para o autor representam o “guarda-chuva” que abrange toda a cadeia de suprimentos. Assim, um sistema de SCM deve abranger a gestão de todos os processos de uma cadeia da suprimentos, desde a compra de matérias-primas até o transporte e distribuição para os consumidores.
De acordo com os conceitos apresentados, observa-se uma certa incongruência principalmente entre o primeiro e segundo autores. De acordo com o primeiro, a SCM assemelha-se com os processos logísticos. Já para o segundo, a SCM assume caráter de integração entre participantes e processos. A seguir, apresenta-se o posicionamento de outros autores sobre o assunto.
Ballou (2001) tem visão aproximada a de Ganeshan e Harrisson (1995), ao afirmar que o Gerenciamento da Logística Empresarial é sinônimo de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. Para o autor, a SCM nada mais é do que um conjunto de atividades logísticas repetidas ao longo da cadeia de suprimentos.
De forma diferente, Novaes (2001) acredita ser a SCM uma integração dos processos industriais e comerciais, partindo do consumidor final e indo até os fornecedores iniciais, gerando produtos serviços e informações que agreguem valor para o cliente. Percebe-se que esta definição assemelha-se mais aquela proposta por Metz (1998).
Corrobora Christopher (1992) ao dizer que a SCM trata-se de uma rede de organizações, através de ligações nos dois sentidos, dos diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços que são colocados nas mãos do consumidor final.
Diante do impasse, cabe ressaltar o trabalho de Lummus, Krumwiede e Vokurka (2001) sobre relacionamento entre Logística e SCM. Os autores pesquisaram empresários de grandes empresas (Fortune 500), com o intuito de saber como era definida cadeia de suprimento, logística, e como ambas se relacionavam. Os resultados apontaram confusões entre os termos, porém uma predominância de posições que afirmaram ser a logística uma série de processos que possibilita o fluxo de materiais; Além, entrevistados afirmaram que a logística está geralmente associada a uma empresa, embora faça conexão entre fornecedores e empresa, e empresa e consumidor. Já a SCM assume um escopo mais amplo, incluindo os fluxos logísticos, desde o fornecedor inicial até o consumidor final.
Conclusões
Conforme o apresentado, acredito que a Logística e SCM são conceitos diferentes. Enquanto a primeira está relacionada com uma série de processos que possibilita o fluxo de materiais e informações do ponto de origem ao ponto de consumo, a SCM trata da integração, de maneira estratégica, desde o fornecedor inicial até o consumidor final, com o objetivo de agregar valor a todos os participantes da cadeia, com destaque para o consumidor final.
Observa-se neste ponto, que a logística traz em relevância processos tais como transportes, distribuição física, gestão de estoques e de armazéns, processamento de informações, bem como a gestão integrada destes processos, ao passo que a SCM engloba processos logísticos, porém o enfoque está na integração de processos e participantes da cadeia, assumindo desta forma, um caráter mais estratégico.
8 respostas em “Definições e Conceitos de Supply Chain Management (definição e conceito de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos)”
E preciso ter um bom sistema de ERP para auxiliar nesse processo, mais lembrando que tudo que e bem implantado e bem colhido então os processos iniciais são imprescindível para que haja um retorno endependente se é a longo prazo.
BOA.
Apesar de quase novidade, a logistica ainda é considerada um curso dispensavel, haja vista que a administração já engloba tais conceitos logisticos, no entanto é necessario que se contiunue investindo na ideia especifica deste modulo, pois a importancia da logistica em nossas vidas vem desde muito e vai pelo infinito, mudando dia-a-dia,por conta da mudança de cenários e o efeito globalização, quem não se ater a logistica, ficará de fora ou as margens do processo da sustentabiliade.
O maior problema de a especialização em logística é que na maioria das vezes os administradores das empresas, não enxergam está função como crítica e que dependa de mão de obra especializada. Indicam pessoas incompetentes para a gestão da área, levando em consideração apenas a questão confiança. Resumindo: É o setor da empresa destinado para a classificação de puxa-sacos de plantão.
Entendo o ponto de vista seu André, mas na condição de Administrador (pessoa formada em Administração), acredito que esse administrador que você citou, talvez seja alguem formado em outras áreas, que não seja Administração, pois uma pessoa formada em Administração sabe que não se deve brincar – ainda mais nos dias de hoje- com o dinheiro e as pessoas (sejam elas naturais ou juridicas).
Na condição de professor da área, assim como de outras, mas vou falar somente dessa – logistica- sempre digo aos meus alunos que a logistica é como o sistema circulatorio do corpo humano. Precisa ser integrado com as outras partes desse corpo: nivel estratégico (cabeça), gerencial (tronco, composto de: coração (financeiro), pulmão (administrativo), etc) e operacional (pernas, pés, braços e mãos).
Veja que digo que a logistica precisa ser integrada e não estar integrada, pois o ser, não admite passagens no tempo e espaço, ou é ou não é.
Conheço muitos que se formam em outras áreas (engenharias, medicina, geografia, ou nem se formam) mas resolvem fazer algum curso (MBA ou especialização) em gestão ou mais especifico (logistica, RH, finanças, etc).
Acredito que sua critica, se deve ao fato de que você esperava por alguma promoção (de operacional para gerencial ou de gerencial para coordenação, ou direção, etc) na referida área da logistica, onde trabalha, e não foi vislumbrado. Acredito que tenha sido isso, se não foi, peço desculpas pelo meu erro, e torço que encontre o sucesso. abs
Exelente conclusão Leandro…
[…] também duas excelentes matérias de conceitução de logística e de supply chain management além do Glossário […]
[…] duas matérias sobre conceitos e definições de logística e gestão da cadeia de suprimentos (este e este). Hoje veremos um pouco mais da partes de custos, com o controle financeiro do desempenho […]