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Gargalos infraestruturais do Brasil – os nós que precisam ser desatados – rodovias e portos

rodovia - infraestrutura deficienteinfraestrura portos do brasil e no mundoNa primeira parte deste estudo sobre os gargalos infraestruturais do Brasil – os nós que precisam ser desatados – você viu onde os investimentos precisam ser feitos para que o Brasil possa crescer sem medo de ter um apagão logístico e infraestrutural. Nesta segunda parte, os temas abordados serão as rodovias e os portos, dois modais por onde passam a grande maioria dos produtos e bens transportados no Brasil, e por onde fluem quase a totalidade das exportações brasileiras.

Começamos nossa análise pelas rodovias. Veja algumas análises já feitas aqui no Logística Descomplicada em Pesquisa Infraestrutura parte 2: rodovias brasileiras e em Infraestrutura das rodovias no Brasil. Quando o assunto são as estradas, começamos pecando pelo mais básico: falta pavimentação. Para mostrar a situação da maneira mais simples, quando comparamos os 4 membros do BRIC, o Brasil é o último, com 10x menos pavimentação das estradas do que o 2º lugar, a Índia. Acompanhe na tabela abaixo:

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Fonte: PricewaterhouseCoopers

Além disso, mesmo quando pavimentadas, as estradas estão em condições ruins. Como se não bastasse, ao transportar nossos produtos por longas distâncias estamos perdendo competitividade, pois em outros países as estradas não são usadas para este fim (usam hidrovias ou ferrovias). Para fazer um transporte de 1000 km (a distância entre Rio Verde, Goiás e o Porto de Paranaguá, Paraná) a bordo de caminhões custa no Brasil 75 dólares. A mesma distância utilizando hidrovias nos EUA custa apenas 18 dólares, de acordo com a Federação de Agricultura de Goiás.

O custo de manutenção dos caminhões também aumenta. No Brasil um amortecedor de caminhão dura, em média, 80 000 a 150 000 km. Em países desenvolvidos este número varia entre 150 000 e 200 000 km. Os pneus também sofrem com a buraqueira. Veja na tabela abaixo a durabilidade média dos pneus de caminhões no Brasil e em outros países.

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Fonte: IPEA

Saindo das estradas e indo para o mar, a situação dos portos não é diferente. Leia análises anteriores como Pesquisa Infraestrutura parte 1: portos brasileiros, Logística portuária – os portos mais movimentados do Brasil e do mundo e Movimento dos portos brasileiros. Encontramos ainda carência de investimentos sérios e uma enorme lacuna na produtividade e eficiência quando comparamos com o cenário externo.

No maior porto do Brasil, o Porto de Santos, um contêiner fica parado em média 17 dias enquanto a média mundial é de apenas 5 dias e na Suécia um contêiner aguarda apenas 2 dias. A produtividade e eficiência dos portos brasileiros também ficam abaixo dos grandes portos mundiais. Compare abaixo o Porto de Paranaguá (PR) e o Porto de Roterdã (Holanda):

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Fonte: autoridades portuárias de Paranaguá e de Roterdã

E os investimentos necessários identificados pelo IPEA estão muito diferentes daqueles previstos pelo conjunto de obras do PAC. O estudo do IPEA de 2008 “Portos Brasileiros: Diagnóstico e Perspectivas” identificou os principais gargalos do sistema portuário do Brasil e quanto investimento seria necessário para solucioná-los. Veja na tabela abaixo o quanto o IPEA diz que é necessário e quanto o governo promete investir por intermédio dos programas alocados no PAC de 2007 até 2011:

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Precisaremos cobrar dos governantes e até mesmo do setor privado para que todos estes nós sejam desatados, através de reformas, investimentos e obras.

Só assim o Brasil será um país do futuro, e não um país atrasado, preso em infraestruturas antigas e ultrapassadas.

Por Leandro Callegari Coelho

Leandro C. Coelho, Ph.D., é Professor de Logística e Gestão da Cadeia de Suprimentos na Université Laval, Québec, Canadá.

4 respostas em “Gargalos infraestruturais do Brasil – os nós que precisam ser desatados – rodovias e portos”

Com certeza é um grande desafio para a logística brasileira. Temos que por muitos pontos nos ís, começando pela currupção, onde, se disperça grande parte do dinheiro necessário para à melhoria desta infraestrutura desgastada e ineficiente que temos aqui. Sou um profissional da Logística e vejo como sendo enorme este problema e como vimos o quão distante estamos dos nosso concorrentes diretos. Necessitamos de reformas já….

Realmente o Brasil tem muito a melhorar.

Hoje está em estudos vários meios alternativos de movimentação no Brasil, não só o ferroviário e o rodoviário como temos visto ultimamente.

Apesar do "atraso" em diversas áreas, tenho notado um crescimento muito grande nas movimentações em termos de tecnologias e melhorias no processo.

Diversos portos estão sendo reformado ou ampliado, o investimento em modais vem crescendo a cada ano, sem falar nas novas tecnologias de meios de transportes ecologicamente corretos.

Realmente é dificil para o Brasil esta situação,mas não podemos perder a esperança acredito que com o desenvolvimento que estamos tendo deixaremos de ser um pais do futuro e passaremos ao presente.Mas é importante que todos nós nos mobilizassem para tais práticas como acontecem em outros países.

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