Há quase 20 anos, um ministro, em conversa informal com um entrevistador nos bastidores de um programa de TV, sem saber que o diálogo estava sendo reproduzido em rede nacional, fez uma confissão indiscreta: a de que o governo alardeava as boas notícias e tratava de esconder as más. Ao que parece, essa prática ainda é habitual e adotada em larga escala.
Basta ver que, depois do fiasco das previsões do ano passado, a equipe econômica do atual governo decidiu, neste ano, abandonar a salutar prática de fazer previsões e estabelecer metas. Uma das metas abandonadas foi a de exportações, que vinha sendo divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) desde 2003. Obviamente, essa decisão foi tomada porque ficou explícita a impossibilidade de se cumprir qualquer meta que viesse a ser definida, ainda que modesta. E metas não cumpridas, além de dar motivo para críticas, acabam por causar impactos negativos na credibilidade da política econômica.
É de lembrar que, no ano passado, a meta de exportações anunciada em janeiro era de US$ 264 bilhões, mas que, antes mesmo de julho, já havia sido deixada de lado porque estava claro que não seria alcançada. E, portanto, não seria possível repetir o espetáculo de 2004, quando até um contêiner foi colocado na Esplanada dos Ministérios para comemorar o recorde de US$ 100 bilhões nas exportações.
Hoje, o que se vê é o produto nacional perder espaço no mercado mundial. E por quê? Ora, esse é o resultado de uma política de comércio exterior que nunca se preocupou em abrir mercados; pelo contrário, reduziu o espaço de que o País desfrutava. Basta lembrar que o comércio com os EUA foi reduzido a menos da metade do que era até o governo anterior.
Isso se deu porque o governo tem insistentemente negligenciado acordos regionais ou bilaterais de liberalização de comércio, aferrando-se ao Mercosul que, se já foi um tratado que oferecia boas perspectivas, hoje só contribui para atravancar as negociações com outras nações e blocos. Preso a uma visão míope que privilegia o protecionismo com excessivas barreiras técnicas e pouca ou nenhuma abertura tarifária, o Brasil não participa de nenhum outro grande acordo de livre comércio.
Ainda agora Chile, Colômbia, México e Peru, dentro da Aliança para o Pacífico, decidiram pela isenção total de tarifas para 90% dos produtos que comercializam entre si. Além disso, o grupo está direcionado para aproveitar as oportunidades de comércio abertas pelos EUA em sua estratégia para o Pacífico.
Sem espaço para colocar seus manufaturados, o Brasil vale-se apenas do vigor do seu agronegócio, vendendo também insumos e matérias-primas, para manter um superávit comercial que vem diminuindo a olhos vistos por conta da crise. Para este ano, o Banco Central prevê um superávit de US$ 15 bilhões, mas já se fala em US$ 5 bilhões. Quer dizer, em 2014, certamente, o BC não fará previsão nenhuma.
5 respostas em “Metas e fiascos”
Essa matéria e o comentário do Genis Lopes logo abaixo, me fizeram lembrar que o Brasil é um grande exportador de minério de ferro (se não é o maior) e quando estava num estaleiro em Niterói, onde a sonda que eu embarcava passava por reforma, havia também a construção de navios da Petrobras. Todo o metal processado na fabricação era importado da China. E eu me pergunto: por que não beneficiar esse minério e fabricar, por exemplo, chapas de aço para os cascos dos navios aqui mesmo no Brasil???
Nos estaleiros onde as obras de construção das novas plataformas e navios ocorrem, essas chapas ainda são Made in China fabricadas com minério verde e amarelo.
No meu entender o Brasil eh um grande cabide de empregos eleitorais, quem assume q posicao de ministro de portos ou negocios internacionais sao meros parceiros lobistas que nao conhecem do assunto mas tem “rabo preso” com alguem na politica. O texto reglete uma realidade e pra mim o Brasil vai sumir do mapa ecomomico muito em breve… O ultimo que sair apaga a luz
Este artigo mais parece feito por importadores do que por alguém que
realmente se importe pelo nosso país, moro aqui no sul e vejo de perto a
atual situação, analizem e tomem suas conclusões: Montanhas e montanhas
de granito, pedras de mármore, carvão e pedras mistas saem em estado
bruto para o exterior (a baixos preços por que está no estado bruto)
(danificando nossas rodovias e nossa natureza) dando renda somente para a
riqueza de alguns prefeitos que liberam a extração e alguns poucos
laranjas que se dizem empresários/ mais ao norte não muda muito,
desmatamentos desnecessários para produção de: grãos e madeira no estado
bruto enriquecem alguns poucos deputados e empresários, enquanto o país
tem uma moradia de baixa qualidade, estamos exportanto a madeira,
pedras, cimento e até ouro, além de fornecer carne suína e bovina em
grandes quantidades (estragam ainda mais a natureza) em grande escala e
traz poucas riquezas a alguns que no final acabam investindo esse
dinheiro lá fora e o Brasil cada dia mais pobre, não beneficia a materia
prima não agrega valor ao produto, gasta as frotas e rodovias com
material pesado ao invéz de entregar pouco por mais valor, entrega mais
por menos valor! Entrega ouro em troca de espelhos como os índios e
depois querem ser respeitados!
Precisamos criar uma cultura exportadora neste nosso país. A falta de informação ainda é
um grande obstáculo para que os empresários se lancem no mercado externo. Não podemos apenas culpar a falta de infraestrutura, burocracia ou peso dos impostos como entraves para a exportação. Precisamos multiplicar o conhecimento e desenvolver uma nova geração de profissionais para que possamos fazer a diferença a favor dos interesses econômicos do nosso país.
Parabéns pelo artigo.
Sds,
Mário Lopes – IBSolutions
Infelizmente nao e somente nas metas de exportaçoes que assistimos a total falta de planejamento que presenciamos no Brasil, podemos incluir nessa relaçao a se a falta de vontade politica de realizar a tao necessaria reforma tributaria e a total ineficiencia do governo brasileiro em retornar a sociedade os tributos que pagamos, como o saudoso Joelmir Beting dizia: “um dos dois devem estar errado, o Brasil ou o mundo”.