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O Futuro do Transporte de Cargas em um Mundo Plano

 

Conforme afirma Thomas L. Friedman em seu livro, o mundo é plano. Este mundo plano significa para empresas de transporte a necessidade de maior agilidade e mais flexibilidade, sem erros, em um contexto global, mesmo que sua ação seja regional. As fronteiras que ainda não caíram estão caindo, a concorrência realmente tornou-se mundial.

No livro O Mundo é Plano: uma breve história do século XXI, Thomas L. Friedman relata, com fatos, como o mundo havia derrubado suas fronteiras e quais os fatores contribuíram para isto. Mudança de regimes políticos, o advento da tecnologia e a colaboração entre empresas podem resumir o que está por trás deste mundo globalizado.

A UPS (United Parcel Service), empresa mundialmente conhecida do setor de transporte de encomendas, com sede nos Estados Unidos, ilustra como as empresas mais visionárias estão podendo se aproveitar do contexto formado a partir de uma grande difusão de tecnologias de comunicação e informação.

O papel da UPS, segundo Friedman, deixou de ser de uma transportadora e passou a ser de um elemento que possibilita a sincronia às cadeias de suprimentos, agora globais. Com a utilização das mais variadas tecnologias, esta empresa oferece serviços para empresas como a Toshiba. Não somente no transporte, mas até na assistência técnica de seus computadores.

Para que o usuário de um laptop, por exemplo, possa ter de volta a sua máquina no menor período de tempo possível, a UPS a conserta em seus próprios centros de distribuição, com uma equipe treinada pela própria Toshiba, sem que seja necessário enviar o computador até o início da cadeia. Desta forma, o cliente pode ter sua máquina de volta em menos de três dias, sem que a própria Toshiba necessite ter uma equipe em sua própria estrutura, o que reduz os custos para todos.

Além disso, a empresa gerencia pedidos, estoques, contas a receber, entre outros. Tudo com alta tecnologia, totalmente alinhados com a necessidade de seus clientes, grandes ou pequenos. Isto é, uma empresa de transporte precisa tornar-se agora uma empresa de logística. Por isto, vimos nos últimos anos, no Brasil, uma enxurrada de empresas oferecendo serviços logísticos sob a nomenclatura de operadores logísticos.

Ainda sobre o relato da UPS, o que mais chama atenção é o fato da empresa atuar como o elemento de confiança entre as duas partes que fazem o negócio. Enquanto estamos acostumados a negociar com nossas transportadoras a possibilidade de elas efetuarem a cobrança mediante a entrega e muitas vezes ouvirmos um “não” ou vermos problemas na execução desta tarefa, a empresa citada por Friedman faz este trabalho em uma escala global. Isto é, ao entregar o produto e acompanhar a conferência no outro lado do mundo, o entregador automaticamente efetua a cobrança. Desta forma, nem o exportador perde e nem o importador recebe um produto fora das especificações, sem a necessidade de usar cartas de créditos, comuns em atividades de exportação.

Isto tem um efeito muito positivo: pequenas empresas, que não teriam condições de desenvolver grandes e complexas cadeias de suprimentos, passam a competir em escala global, por existir um prestador de serviços oferecendo algumas atividades que demandariam por custos muito altos caso fossem executadas para pequenos volumes ou que exigiriam um nível de conhecimento fora do alcance de suas equipes.

Assim, se a concorrência entre as empresas de transporte ainda não se tornou globalizada, a de seus clientes provavelmente sim. E desta forma, o que é possível e necessário enxergar é a oportunidade existente para este setor, principalmente, na adoção de tecnologias que permitam a redução de custos dos clientes e o respectivo ganho de competitividade.

Tenho lido sobre questionamentos acerca da necessidade das empresas de transporte tornarem-se operadores logísticos (empresas que fazem o que a UPS faz, além do transporte). A grande questão é: as empresas de transporte comuns terão futuro se não oferecerem um maior valor agregado aos clientes?

Com certeza é necessário ir além do simples de transporte. E hoje a tecnologia nos permite isto e o mercado nos dá as oportunidades. Não há empresa que não queira reduzir seus estoques, agilizar o suprimento e a distribuição, que não necessite de mais informação e confiabilidade. E o setor de transporte pode contribuir muito para isto.

Por Neimar Follmann

É mestre em Engenharia de Produção com foco em Logística e Transportes, pela Universidade Federal de Santa Catarina. É formado em Administração e possui especialização em Métodos de Melhoria da Produtividade pela UTFPR. Possui experiência na gestão de frota, em empresas de transporte de cargas, e logística industrial, no ramo moveleiro. Cursa Doutorado em Engenharia de Produção na UFSC.

5 respostas em “O Futuro do Transporte de Cargas em um Mundo Plano”

Querendo ou não, o que será determinante para o sucesso de muitas organizações será a capacidade de oferecer serviços agregados. O exemplo acima me fez pensar mais além… Assiti um vídeo sobre o Porto Brasil no youtube, segue o link: http://www.youtube.com/watch?v=Azel8TVKmwY

É fato que caminhamos para uma nova geração de empresas invadoras e antenadas com tendências de mercado. Poderia até ser um "tiro no pé" como citado pelo colega Julio Cesar, mas será uma tendência muldial agregar valores e serviços diferenciados. Acredito que em nada tirou o foco da transportadora, pelo contrário, apenas uniu o desejo de oferecer outro serviço ao cliente. Se muitas organizações como a Toshiba enchergar esse exemplo, esperem logo no Brasil essa tendência tomar fôlego e copiarem a idéia. Principalmente no que refere-se a bens de consumo eletro-eletrônicos. No seguimento de telecomunicações muitas mudanças foram feitas nos últimos anos, por exemplo a LG, SONY ERICSSON. Eles não montam mais assistências em cidade, concetraram suas assistências e fecharam parcerias com os CORREIOS. Cada organização vai buscar melhores vantagens e diminuir custos. Principalmente diante a nossa deficiência de modais de transportes adequados no Brasil.

Boa noite Leandro.

Concordo com você de agregar valor ao serviço logístico. Esse exemplo da UPS foi muito bem exposto, pois foi uma forma visionária e até mesmo empreendedora dos gestores da transpostadora junto com o cliente Toshiba, entretanto fico preocupado com isso. O que seria um erro catastrófico é a perda do foco, pois a responsabilidade de transportar carga é muito grande e deixar isso de lado para dar suporte ao cliente só para satisfazer sua necessidade é dar um tiro no próprio pé.

Att.

Julio Cesar Batista

Caro Júlio,

Realmente o autor do texto, Neimar Follmann, foi muito feliz nas colocações.
Quando você fala do "tiro no pé", pensei comigo: "a UPS deve ter planejado muito bem a entrada neste mercado", e fiquei curioso para saber qual era a missão deles, aquilo que se propõem a fazer, pois esta assistência técnica está longe daquilo que eu achava que a UPS fazia. Fui até o site deles e descobri que a missão deles é contribuir para a cadeia de suprimentos global nas áreas de engenharia, tecnologia, finanças e design da cadeia de suprimentos.
Veja que abordagem ampla, e que está alinhada com o exemplo citado na matéria.

Obrigado por seu comentário.
Um abraço

Estou pesquisando sobre tipos de transportes modais, especificamene sobre o modal aéreo, gostaria se for possível, se tiver algum vídeo de avioes de cargas me de um retorno por email, eu agradeço muito.

ATT

Daiany

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