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O que fazer quando acabam as cartas?

O que devemos esperar de um sistema postal se as pessoas pararem de enviar cartas (ok, ninguém mais envia cartas!), propagandas, revistas e outros documentos físicos? Se você é o gestor de um sistema de envio postal, você já está pensando nisso (correios de vários países e empresas de entregas expressas de documentos). Na Nova Zelândia, já estão pensando nisso (New Zeland Herald, 9/jun/2010). Algumas opções que estão considerando incluem: (1) fazer entregas de cartas dia sim, dia não; (2) acabar com entregas aos sábados; (3) aumentar os preços; (4) desenvolver um sistema de dois níveis – o nível premium custaria mais caro mas seria entregue antes; e (5) usar o correio eletrônico para fazer o correio tradicional mais eficiente.

Uma redução no volume total não seria um problema se o serviço postal estivesse acima do volume necessário para atingir a eficiência máxima. Aparentemente, o sistema postal da Nova Zelândia não está neste nível e portanto um decréscimo no volume vai fazer cair ainda mais a eficiência. Considerando que a Nova Zelândia tem aproximadamente 4 milhões de pessoas espalhadas entre duas grandes ilhas, isto nem é uma surpresa. Mas há razões para acreditar que isto seja um problema até mesmo para países maiores e mais densamente povoados (como o Brasil) – entregar de porta em porta é um trabalho que requer um processo intensivo, assim se as casas não recebem cartas em cada entrega isto significa que o número de quilômetros dirigidos por unidade de carta aumenta (reparem como este é um indicador de desempenho importante para este serviço).

Vamos considerar algumas das sugestões colocadas acima:

o que fazer quando acabam as cartas(1) Entregar dia sim, dia não? Que bagunça para os clientes! Digamos que a regra é receber as cartas nos dias pares, mas não nos ímpares, além é óbvio dos feriados. Então você recebe cartas em algumas terças-feiras, mas não em outras, dependendo se a terça-feira em questão é par ou ímpar. Digamos que ainda assim os clientes consigam acompanhar este sistema, ele ainda não ajuda muito no quesito eficiência. É possível contratar pessoas para trabalhar de segunda a sexta, mas trabalhar dia sim dia não é complicado.

(2) Acabar com entregas aos sábados até soa como um bom ponto de partida. Não é uma redução drástica na capacidade e este é um dia natural para ser cancelado. Talvez até ajude com a eficiência das segundas e das sextas-feiras, mas provavelmente não ajuda muito nas entregas de terça a quinta.

(3) Aumentar os preços é uma solução óbvia mas é claro que ela levará a reduções ainda maiores no volume. Alguém aí consegue imaginar um efeito espiral que vai terminar com a extinção do correio físico?

(4) Um sistema de dois níveis de preços? Acredito que isso já exista. E ainda assim não é claro como isso pode ajudar na questão do volume que já é baixo o suficiente.

(5) Acabar com as entregas nas casas, manter as cartas em uma central e notificar as pessoas via email quando elas receberem algo. De certo modo, isso já existe… na Nova Zelândia! Algumas pessoas caminham uns 500m até uma central onde ficam as caixas de correspondência das pessoas daquele bairro. Em outras palavras, ao invés de entregar as cartas nas casas de cada pessoa, entrega-se um monte de cartas perto da casa de cada pessoa. Os ganhos potenciais podem ser significativos sem diminuir muito a qualidade do serviço. Comparado ao aumento dos preços, esta opção é um concorrente bem sério.

Você teria outras ideias para aumentar a eficiência sem diminuir a qualidade (e sem aumentar o preço)?

Baseado no texto “What to do when there is no snail mail?” de Gerard Cachon e Christian Terwiesch, publicado no blog Matching Supply with Demand. Tradução e adaptação feitas por Leandro Callegari Coelho e autorizadas pelos autores exclusivamente para o Logística Descomplicada.

Por Leandro Callegari Coelho

Leandro C. Coelho, Ph.D., é Professor de Logística e Gestão da Cadeia de Suprimentos na Université Laval, Québec, Canadá.

4 respostas em “O que fazer quando acabam as cartas?”

Existem muitos pontos a se considerar, a internet ainda não é tão acessível assim, até mesmo em grandes centros é possível encontrar pessoas que nunca usaram um e-mail para se corresponder, se por um lado eu uso a internet para enviar correspondência inviabilizando a atividade fim de uma agencia postal, por outro lado eu compro vários produtos online que necessitam ser entregues por correspondência, sem contar que o preço de lojas online é muito mais em conta. Acredito que as empresas deveriam se adaptar a esta tendência, pois é cada vez mais comum comprar pela internet.

A solução proposta pelo Mario José também seria viável, porem existem entregas que tem dia marcado para serem entregues, se a zona D precisar de um pacote na segunda mas só receba na quinta haverá confusão.

Acredito que o sistema central (exemplo 5) de entregas tem um bom funcionamento, mas pode ser melhorado, exemplo: Devera existir a possibilidade de uma entrega a domicilio, caso o cliente esteja impossibilitado de retirar a correspondência na central, sendo cobrada uma pequena taxa de entrega de acordo com as características do pacote. Como a distancia media é de 500 metros entre central e cliente, as entregas poderiam ser feitas a pé, bicicleta, motocicleta ou carro de acordo com volume e taxa cobrada.

Dividiria em zonas e cada uma receberia em um dia da semana. Ex zona A todas as segundas e assim sucessivamente, b, c , d,e, sábados trabalho interno para um melhor separação e organização. Criação de um grupo para as cartas padronizadas que com um preço maior entregaria todos os dias da semana, não a pé mas motorizado na própria residência, porque com a internet em plena ascencão não é preciso um correio tão atuante como antes muitas coisas as pessoas hoje resolvem direto pela internet.

Os correios vao passar a fazer cada vez mais, entregas de pequenos volumes, como já fazem, para suprir e queda no colume de correspondencias, Isto sustenta o custo de manter a operação diária e acaba participando de um nicho de negócio que futuramente será o seu principal.

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