Apesar do esforço do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) em passar a ideia de que o comércio exterior brasileiro segue em bom caminho, a verdade é que as perspectivas não se afiguram animadoras. Quem tem boa memória sabe que há dez anos a situação era significativamente melhor.
Na primeira década do século 21 e neste começo da segunda, o comércio global passou por mudanças drásticas que resultaram num estágio desfavorável para o Brasil, com a redução da participação dos produtos manufaturados na pauta de exportação e o predomínio das commodities. Como se sabe, os manufaturados são produtos de maior valor agregado que estimulam a criação de empregos, geram maiores salários e ajudam a ativar o mercado interno.
Com a crise financeira internacional, Estados Unidos e Europa abriram espaço para a Ásia, principalmente para a China, que se interessa praticamente por insumos básicos. Em função disso, o Brasil voltou a ser uma nação exportadora de produtos agrícolas e matéria-prima, tal como acontecia no século 19. E, assim, também em razão da manutenção do real excessivamente valorizado, passou a apresentar nas contas externas uma posição deficitária. Em 2012, esse déficit é da ordem de US$ 60 bilhões.
Onde vamos parar? Para que o País não chegue rapidamente ao pé da ladeira, é urgente não só adotar medidas para a criação de uma melhor infraestrutura logística, a exemplo daquelas anunciadas em agosto pelo governo, como enfrentar com maior empenho o chamado custo Brasil.
Em outras palavras: para aumentar a participação do Brasil no comércio global – hoje restrita a mísero 1% do total –, é necessário reduzir uma carga tributária exorbitante que contribui decisivamente para que o produto nacional se torne pouco competitivo, perdendo espaço no mercado internacional. Mais: a redução tributária ao mesmo tempo deve vir acompanhada de taxas de juros mais civilizadas e condizentes com a economia mundial. Estados Unidos, Japão e China, cujos governos fazem de tudo para que suas empresas conquistem o mercado externo, apresentam carga tributária que equivale a 70% da brasileira.
Obviamente, o governo não pode cair no caminho fácil do protecionismo porque esse é um mecanismo de mão dupla, que pode se reverter contra o País. A questão no Brasil é interna e, portanto, não adianta criar “inimigos” externos. Ou seja: a indústria brasileira precisa melhorar a sua competitividade, em vez de culpar as importações. Aliás, a criação de novas linhas de produção, principalmente para a fabricação de produtos de alto conteúdo tecnológico, exigirá a importação de equipamentos de última geração. Só a importação desse tipo de maquinário leva à modernização.
Para tanto, o governo precisa emitir sinais de que está mesmo disposto a aumentar a competitividade do produto nacional. Só assim o empresariado passará a acreditar na política oficial e irá fazer os investimentos que permitirão a ampla modernização do parque industrial e a conseqüente reversão do atual quadro, voltando os produtos de maior valor agregado a ocupar maior espaço na pauta de exportação.
3 respostas em “Para estimular a competitividade”
Muito imposto e nada de infraestrutura !
otimo artigo! Os governantes da nossa nação precisam ter coragem e reduzir a carga tributaria do país.
Esse é o Brasil que não é divulgado, a realidade é um pouquinho pior do que se apresenta, esse papo de redução de carga tributária, desde que eu me conheço por gente ouço isto, porém, não há interesse político para se fazer, assim como aumentar e melhorar nossa malha ferroviária, obviamente o lobby dos fabricantes de veículo fala mais alto.