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Professor: a importância sem o valor

Algumas coisas incomodam os brasileiros que querem um país melhor: são questões acerca do Código Penal, da distribuição de renda, da carga tributária… Porém, nada se compara à necessidade de uma renovação do modelo educacional que, há muito tempo, promove a falta de respeito, em todos os aspectos, com aqueles que são essenciais para o alcance dessas e tantas outras mudanças obtidas através da educação: os professores.

professorQue me perdoem os movimentos que atuam no Brasil na busca de espaço – que é um direito – na sociedade, na redução da violência, no combate à discriminação e muitos outros que têm seus valores reconhecidos para a construção de uma sociedade com justiça e igualdade. São legítimos e necessários, mas enquanto não dermos o devido valor à educação com todos os seus elementos fundamentais à solidez de nossas conquistas, viveremos com a ilusão de vitória numa batalha de uma guerra perdida.

A atual situação não comporta mais os discursos rasos de políticos e intelectuais, nem as promessas em palanques que se valem da educação como moeda em eleições. Nossos professores estão sendo humilhados e agredidos em escolas públicas e particulares! Chega de homenagens írritas no dia 15 de outubro! O que precisamos mesmo é de uma solução.

De onde virá a solução? Da admiração com a estrutura em outros países ou da indignação ao vermos que nossas escolas públicas não têm água, energia elétrica, banheiros, merenda, cadeiras, livros e até paredes? A solução começa no respeito às pessoas e ao nosso futuro. Virá de uma política que não nos enxergue apenas enquanto apertamos um botão e daquela que não nos prive dos meios necessários para o nosso preparo ao apertá-lo. Virá da decisão de irmos a essa política e cobrá-la já que não vem até nós para nos ouvir. Acima de tudo, virá da certeza de que começa comigo, pois o inteiro só será bom se a minha fração também for.

A solução que buscamos é entregar a educação de nossos filhos integralmente a um professor para que nos sobre mais tempo. Tempo para quê? Para ir ao colégio repreender o professor que repreendeu meu filho? Incoerências que encorajam os alunos a enfrentar desrespeitosamente seus professores. Numa ação perigosa de alunos, pais e do poder público, muitos professores estão preferindo a omissão para continuar sobrevivendo. Às vezes, até confundimos com despreparos também presentes, pois alguns não têm vocação, mas na maioria das vezes é desespero mesmo.

É impossível compreender a desvalorização de um professor cujas demais profissões passam por suas orientações. Um professor não se lembra de todos os alunos, mas todos os alunos carregam consigo seus professores. É uma pena que a política seja vista como ferramenta de autoridade e não como serviço ao público e que, para isso, promova um verdadeiro massacre dessa profissão tão nobre e tão necessária para um país com tantos recursos e tão carente de soluções. Se o interesse é mesmo manter o povo aprisionado, dominado pelo cerceamento do direito ao conhecimento em troca de direitos concedidos como “favores”, está dando certo.

Órgãos como o Ministério da Educação e Cultura (MEC), que distribui livros com erros grosseiros, é detentor de um papel frio, quase inexistente, na oferta de condições dignas para os professores e no avanço do nível da educação. Os professores estão sozinhos e de mãos atadas.

Em 2014, o piso salarial da categoria foi fixado em R$ 1.697,37 para 40 horas semanais. Na realidade, alguns estados (AL, RO, BA, AC e CE) e muitos dos 5.570 municípios brasileiros não pagam o mínimo estabelecido aos professores. Já vimos casos de salários de R$ 200,00, pois alguns municípios não podem desativar por completo o ensino. E alguns ainda procuram respostas para a má colocação do Brasil nos rankings da educação […]

As mudanças, rápidas e sólidas, têm que vir com salários justos, melhores condições de trabalho, respeito e gratificações que motivem a manutenção da qualidade do ensino através da qualificação contínua dos professores. Mudanças para que não os vejamos afastados e desassistidos devido às agressões, estresse ou desempregados feito “ouro jogado às ruas”. Mudanças para não ouvirmos tantos desaconselhamentos quando alguém quiser seguir a profissão. Mudanças para acreditarmos que os professores ainda poderão abrir as portas para um novo caminho idealizado por aqueles que sabem que a educação é a saída. A única saída.

Por Marcos Aurélio da Costa

Foi Coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

7 respostas em “Professor: a importância sem o valor”

Caro mestre Marcos Aurélio, o teu artigo me faz lembrar o tempo que professor era professor e aluno era aluno. Sem dúvida, o texto esclarece pontos da educação no Brasil que não passa de um sistema que diploma analfabetos. Sabemos que hoje aqui em São Paulo, qualquer aluno não pode ser retido na série e isto coloca o professor no descrédito. Outro fato importante é que o professor é conhecedor das causas sociais, políticas e econômicas o que de certa forma é uma trava na garganta de políticos. Parabéns pelo texto.
Prof. Edivaldo Rodrigues
Analista de Logística e Materiais

Professor Edivaldo Rodrigues,
Muito obrigado por suas palavras. Pessoas como você (professor) que carregam o futuro do país nas costas cansadas pelo peso da falta de reconhecimento dentro de um sistema que favorece o desrespeito, são dignas de aplausos. A você e demais colegas de profissão, o meu respeito e meu muito obrigado por não desistirem de nós.
Saúde e sucesso.

o problema é politico, qual filho de politico estuda em escola publica? a maioria dos professores precisa de bolsa do governo para se formar. a cultura Brasileira desvaloriza o profissional de educação. enquanto em cingapura o professor é homenagiado com honras de estado, como hérois. infelizmente aqui no Brasil o professor é visto como vilão.

Como sempre, um texto atual, correto, verdadeiro e que nos faz pensar como é que poderemos mudar o quadro em que vivemos. Época de eleição e o nível dos debates está longe de propostas concretas de mudanças na base do problema. Vemos promessas superficiais que chegam a irritar com tanta mesmice, promessas vazias, apenas eleitoreiras. De maneira concreta o que é que podemos fazer para ajudar a mudar os rumos da Educação no Brasil, pois daí resultará efetivamente uma mudança que tanto necessitamos. A educação é a base de tudo, valorizar e respeitar o Professor é essencial, urgente e acredito que em muitos casos, se não a maioria, ter um local digno, escolas limpas, organizadas já será uma grande motivação aos profissionais da Educação, não bastando apenas o salário maior, mas condições dignas aos professores e alunos. Saber que existem pessoas como você Marcos Aurélio, que expõe suas opiniões, me faz ter uma esperança maior que tem muita gente vendo os problemas e buscando mudanças. A união faz a força e tenho fé que quanto mais pessoas expondo problemas e apresentando soluções, fará com que as mudanças que o país NECESSITA, possa vir a acontecer. O importante é não se calar e continuar tentando a conscientização de todos nós. Estou com você e tem minha admiração e respeito. EDUCAÇÃO, EDUCAÇÃO, EDUCAÇÃO… A ÚNICA SOLUÇÃO!!!! AINDA HÁ TEMPO!!!

Prezado Jaílton,
Como bem disse, procuramos a conscientização acreditando que é um passo importantíssimo para a libertação das pessoas através do saber e que, só depois disso, poderemos alcançar metas, pessoais e sociais, que realmente tenham substancialidade.
Muito obrigado por suas palavras e continue nos acompanhando.
Saúde e sucesso.

EDUCAÇÃO, EDUCAÇÃO, EDUCAÇÃO… A ÚNICA SOLUÇÃO!!!! AINDA HÁ TEMPO!!!!! Mas o tempo está correndo, já se perdeu tempo demais, a mudança tem que ser agora, a hora é esta, não se pode mais esperar.

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