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Qual a relação entre o tráfico de drogas e a logística?

Na semana passada os leitores votaram no site (no final da matéria sobre o gerenciamento de uma frota de táxis) e escolheram ler sobre o tráfico de drogas nesta semana. Confira a matéria escolhida!

logística e o tráfico de drogasA analogia do título deste artigo parece um pouco estranha, mas como veremos nos próximos parágrafos, há uma relação entre a logística e a gestão da cadeia de suprimentos com o tráfico de drogas.

A logística e a gestão da cadeia de suprimentos visam conhecer e melhorar o fluxo de produtos e as relações entre os diferentes elos de uma cadeia produtiva, desde os fornecedores de matérias-primas até os consumidores finais. Veja um artigo sobre o que é a logística e a cadeia de suprimentos.

Com o tráfico de drogas, a situação não é muito diferente, apesar de tratar-se de um produto ilegal:

As plantações fornecem as matérias-primas, e estas normalmente não estão próximas dos grandes centros consumidores, assim como os fornecedores de matéras-primas normalmente não encontram-se junto dos grandes centros urbanos para os produtos legais.

A matéria-prima precisa então ser transportada até uma fábrica ou produtor, para que seja transformada no produto final, em grande quantidade. Este produto precisa novamente ser transportado até os distribuidores ou “chefes do tráfico”. Estes distribuirão a droga no varejo, para os pequenos vendedores, assim como também acontece com um produto normal.

Os consumidores, individualmente, procuram estes pontos de venda do produto, onde o compram em pequenas quantidades, fazem o pagamento, e o dinheiro fará o ciclo inverso, retornando aos elos superiores da cadeia de suprimentos.

Portanto, o fluxo do produto e das operações para um produto normal e para a droga passa pelas mesmas operações logísticas, mesmo que os traficantes não tenham estudado a gestão de sua cadeia de suprimentos.

O combate ao tráfico

Coloque-se no lugar do governo (através do Ministério Público, órgão reguladores, polícia, etc) e imagine que você queira tirar um produto do mercado. Vamos dar o exemplo de um produto altamente regulamento, como os medicamentos. Eventualmente acontece de um medicamento ter sua venda proibida. O que o governo faz? Pune o cidadão que vai até a farmácia e procura pelo medicamento? Não, ele obriga o fabricante a retirá-lo de circulação.

Assim, para que um produto saia do mercado é preciso atacar os elos superiores da cadeia de suprimentos, pois ações junto aos distribuidores ou consumidores finais são ineficientes. É preciso que o produto nunca chegue até estes elementos.

Desta forma, para combater o tráfico de drogas é preciso “matar o mal pela raiz”, evitando que o produto chegue às grandes cidades, e esta é uma guerra que se faz junto aos fabricantes, que como vimos anteriormente, normalmente estão longe do consumo.

* O autor deste texto é contra a legalização das drogas e este texto não é, de forma alguma, uma apologia ao uso de qualquer substância ilícita

* Este texto é fruto do contato e sugestão de matéria do leitor Matheus Ferreira Soares da Silva, estudante da Faculdade de Tecnologia de Guaratinguetá, que gentilmente disponibilizou um rascunho sobre o tema

Por Leandro Callegari Coelho

Leandro C. Coelho, Ph.D., é Professor de Logística e Gestão da Cadeia de Suprimentos na Université Laval, Québec, Canadá.

12 respostas em “Qual a relação entre o tráfico de drogas e a logística?”

Parabéns pelo artigo, ultimamente, como professor de Logística, tenho trabalhado esse tema como forma de alertar os alunos e ao mesmo tempo desenvolver um pensamento sistêmico em relação ao estudo da Cadeia de Suprimentos, neste caso, aguçado através da investigação do mercado ilícito e as etapas que o contemplam.

muito bom o artigo, estamos preparando um tcc sobre o tema e achei muito interessante, sae puderem colocar mais artigos sobre o tema de trafoco e logistica agradecemos até porque o site foicará em nosso tcc e servir´s de consulta para demais alunos. obrigada

laianega@live.com

Espero o comentário sobre a logística reversa também…

Com relação a matéria, meus sinceros parabéns por ter abordado o assunto de uma forma tão natural. Semana retrasada estavamos a discutir isso na sala de aula e entramos e termos mais "análicos" do assunto.

Como por exemplo provavelmente eles devem usar um sistema de milk run com rotas já demarcadas mas que tendem a ser "variadas" devido o GRIS ser de extremo rigor.

A promoção do produto é outro X da questão, os canais de distribuições muita das vezes excluem a escala fabricante , atacadista e varejista , passa a se ter relações diretas com mini frabicantes e usuários finais.

O sistema de picking há de ser apurado, e a acuricidade provavelmente minima, pois o produto por mais que seja "puxado" há de ser empurrado para se manter um estoque minimo. A unitização é fácil e provavelmente padrão, a cubagem contem um fator interessante pois as embalagens podem variar de tamanho.

Realmente por mais que seja um "assunto" polêmico , você para e correlacionar você chega a conclusão de que sem a logística Beira mar não seria quem ele é hahaha.

Os canais da distribuição da droga com certeza passam por vista grossa das autoridades, porem seria necessária uma ação efetiva na fonte, que geralmente é em outro país. Seria uma saída eficaz reforçar o patrulhamento nas fronteiras???

parabens para FERNANDINHO BEIRA MAR que mesmo preso comanda a cadeia de suprimentos da droga dentro de um presídio de segurança máxima li á reportagem na revista veja e achei um absurdo uma passoa ter tanta liberdade mesmo estando preso.

Matheus, parabéns pela matéria..

e como comentou Alexandre. Será impossível acabar com esse mal pela raiz pois os principais interessados são os que fazem parte da cúpula governamental, nas estradas só são apreendidos os que não pagam o suposto café aos rodoviários( não são todos temos ainda militares, civis etc corretos). E de 500 kg apreendidos quantos são incinerados? (Normalmente nem a metade. Demais voltam para as ruas.)

Voltando aos cabeças da cúpula, esses não irão legalizar e muitos menos deixar acabar esse mal que são suas fontes de renda fácil.

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