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Quando a corrida por metas se torna vã

Venho tendo conhecimento de verdadeiras caçadas em busca de metas que beiram o absurdo. Tudo bem que as pessoas motivadas são capazes de “desenhar uma vaca e tirar cinco litros de leite desta”, mas só motivação não basta. Ela, a motivação, jamais será páreo contra a lógica das coisas. Não conseguirei comprar algo que custa dez por cinco, a não ser que eu me capacite para negociar, planeje um bom financiamento ou invista bem antes da compra.

metasO fato é que muitas empresas estão esperando isso das pessoas e o resultado é que a compra é feita e o produto adquirido passa a ser uma enorme dor de cabeça e, muitas vezes, a própria falência.

Na nossa área de Logística, especificamente no setor de transportes, com os aumentos sucessivos do combustível, pneus, peças e serviços – sem contar com impostos, reajustes salariais e encargos – como bater metas sem o necessário aumento do valor do frete? Simples: sacrificando pessoas e equipamentos e diminuindo a qualidade na prestação dos serviços.

Novas rotas e financiamentos bem estudados são medidas paliativas que logo sucumbirão à situação se não se buscar uma eficiência dos processos que envolvem maiores custos até a busca dos detalhes.

Vejo empresas com excelentes estruturas oferecendo “tênis caríssimos” para que seus funcionários possam correr 100 quilômetros em 10 minutos. Logicamente não conseguirão e, pior que isso, irão enxergar como pressão absoluta e não como uma “motivação maestrada”; além disso, os “tênis” não precisavam ser tão caros já que um concorrente conseguiu superá-las em 10% com um investimento menor, porém bem mais lúcido.

É verdade que as empresas exigem um pouco mais daquilo que cada um pode dar e isso é muito bom para o desenvolvimento profissional. Mas, metas cheias de ilusões podem atrapalhar, e muito, a evolução financeira de uma empresa por correr o risco de contar com o que está no futuro e de desmotivar suas equipes por elas saberem que a empresa sabe que são metas inatingíveis.

Não podemos deixar de mencionar aquelas que cobram sem oferecer qualquer ferramenta para o alcance das metas. E isso é mais comum do que pensamos. São “mendigos” que sonham em casar com uma modelo internacional.

Analise suas metas e veja:

– Se o tempo para atingi-la é coerente com a velocidade do mercado.

– Se o investimento total será coberto com a diferença entre o normal e o plus. O ideal é sempre que o investimento para a nova meta já esteja coberto pelo lucro das metas anteriores. Isso é crescimento sustentável.

– Se a motivação leva à qualificação ou se o contrário. Geralmente, a qualificação produz entusiasmo e a motivação o otimismo. Opte pelo entusiasmo.

– Se as energias estão direcionadas para os processos críticos e nomeie as prioridades. Use os métodos adequados para cada processo para não “tomar um comprimido para dor de cabeça esperando que resolva as dores de barriga”.

– Seja criterioso no avanço da sua meta. Um passo de cada vez. Saiba que, se não concluiu determinada etapa, você poderá ter de voltar para concluí-la. Se esse passo não compromete os demais ele nem precisaria estar no projeto.

Em cada fase se faz necessária uma análise, por isso não há uma única receita para atingir o sucesso. Essa caminhada é muito dinâmica. Exige conhecimento, aplicação, disciplina e coerência. Exigir o inatingível sem a noção disso é “nadar no seco” e, sabendo é correr os riscos de despencar com os rendimentos das equipes por não comprarem as ideias.

Bom senso acima da ambição e valorização das qualidades do quadro de pessoal, trabalhando os pontos fracos, são meios eficientes para o começo de um bom projeto de metas. Lembre-se: só “viaje na maionese” se esse for o seu produto.

Por Marcos Aurélio da Costa

Foi Coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

8 respostas em “Quando a corrida por metas se torna vã”

Acredito que o processo de estudo e definição de metas é mais importante do que normalmente pensamos, pois é fundamental analisar tudo que é necessário para atingir a meta (estrutura, capacitação da equipe, equipamento etc.) antes de determina-la, do contrario iremos criar metas inatingíveis e ocasionar o descrédito da equipe quanto elas

Definições de metas top down são importantes para levar a empresa aos padrões de mercado e resultado esperado pelos investidores, mas se considerarmos também uma definição bottom up também consideraremos os recursos e estruturas necessárias e a situação atual.

Prezados leitores,
Agradeço a participação e as palavras bem empregadas do Ígor, Flávio, Cleder… É isso mesmo.
Saúde e sucesso a todos.

trabalho na fabrica de ração,o carregamento é feito de forma ,muito dolorosa, temos que jogar os sacos de raçao de 25 k de uma plataforma de ferro, de um metro e meio do chão,os sacos ficão muito pesados depois de meia hora.como posso melhorar o carregamento ,para que as pessoas trabalhem com qualidade de vida.

Prezado Alessandro Costa,
Sem ver seu ambiente de trabalho posso afirmar que há muitas soluções aplicáveis, mas caberá ao setor a escolha da melhor. Primeiramente, é necessário um estudo ergonômico para viabilizar um investimento num método de trabalho que garanta uma maior produtividade com melhor qualidade e, principalmente, sem riscos de lesões. A empresa deve se atentar para isso, pois os afastamentos não são interessantes pra ninguém.
O uso de uma “mesa de rolagem” pode ser interessante, assim como algo que use a força da gravidade a favor.

Saúde e sucesso.

corridas por metas é igual discurso político, vc tem que convencer o patrão o cliente satisfeito e o insatisfeito. porém acabamos igual aos políticos em época de campanha, muitas promessas e poucas atitudes.

O problema também é estrutural, fora da empresa, no país, e que reflete internamente. Carga tributária injusta, leis trabalhistas inflexíveis, inflação crescente, parque industrial obsoleto, portos saturados, desprezo pelos modais de transportes mais rentáveis e a China. Some-se a isso o planejamento operacional e financeiro anual onde sempre se acrescenta metas inatingíveis, pois o acionista assim o quer. Hierarquicamente vai descendo e atinge as equipes operacionais que se vêm motivadas no 1º semestre, mas diante dos resultados negativos, arrefecem e jogam a toalha. Não é fácil para ninguém, porém para tudo há limite.

Você trabalha em uma empresa, faz o melhor se motiva atinge as metas e depois a mesma empresa inventa uma tal crise internacional,manda vc embora(demite) e depois fala em respeito com os seus colaboradores.

Trabalhei em uma empresa que não fornecia as condições básicas de estrutura e meios para realizar as tarefas necessárias , o mantra era : Se vira ! .Me virei pedindo demissão .

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