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A queda na educação brasileira

Esse é um assunto sobre o qual gostaria de abordar somente a parte boa. Porém, nessa enxurrada de ações negativas que envolvem nossa educação e, consequentemente, nossa Logística e todas as áreas e profissões que dela dependem, não se encontra alento para tanta tristeza. Dói bastante ver como é conduzida a educação em nosso país.

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou neste mês os números do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (o Pisa, na sigla em inglês). A prova ocorre a cada três anos e é realizada em 70 países, 35 membros da OCDE e 35 parceiros, pontuando três áreas: ciências, leitura e matemática, dando ênfase em ciências nesta edição.

No Brasil, a prova é de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e foi realizada em 841 escolas particulares e do ensino público (federal, estadual e municipal), contanto com a colaboração de 23.141 alunos, 73% na faixa dos 15 anos de idade.

O Brasil se colocou em 63º em ciências, 59º em leitura e em 66º colocado em matemática. Cingapura foi o primeiro em todas as áreas entre os 70 participantes. A parte mais triste é que sempre ficamos abaixo da média nas seis edições, desde o ano 2000, e nossa maior evolução no decorrer dos anos foi em matemática que, nesta edição, recuou se tornando a pior matéria entre as três, das quais as outras duas (ciências e leitura) também pioraram.

Um indicador chama atenção para as provas que, em suma, são classificadas em níveis de 1 ao 6, exigindo o nível 2 para um perfil básico de conhecimentos e habilidades que são essenciais, não só em sala de aula, mas para a vida com todas as questões que envolvam oportunidades; mais da metade de nossos estudantes ficaram abaixo do nível 2 nas três áreas: ciências com 56,6%, leitura com 50,99% e matemática com 70,25%.

Diferentemente do que muitos pensam, o ensino na esfera federal obteve melhor pontuação do que o ensino privado em todas as áreas testadas. A diferença está mesmo quando comparamos as esferas públicas. Assim, o ensino federal ficou em primeiro, depois vem o ensino privado, e aí começa uma queda acentuada para o ensino na esfera do estado e piora bastante na esfera municipal.

Os países mais bem colocados, como: Cingapura, Japão, Estônia, Finlândia, China, Canadá e Irlanda, não por coincidência, são reconhecidos internacionalmente pela extrema valorização da figura do professor. Lá, um professor tem ascensão profissional e um prestígio social que não se vê em outros países que, na sua maioria, não respeita e não valoriza a profissão, colhendo posteriormente frutos semelhantes aos quais estamos colhendo no Brasil.

Há que se trabalhar, e trabalhar pesado, para mudar esse cenário que também passa pela falta de qualificação do professor. Pesquisas dão conta que muitos não estão preparados para os novos desafios do ensino. Isso, é claro, também passa pela questão da desvalorização da profissão que vem ficando, ano após ano, menos atraente financeiramente e oferecendo riscos à saúde e à segurança desses profissionais como nunca se viu. Professores afastados por pânico de lecionar, muitos devido às agressões em sala de aula, configura o fundo do poço. Absurdo!

A divulgação desses números nos choca por estarmos vivendo períodos cada vez mais difíceis para a colocação ou recolocação no mercado de trabalho, expostos aos problemas de saúde pública que nos deixam acuados como nos deixam aqueles que optam pela violência e por métodos nada convencionas. Sei que muitos podem dizer que isso não é falta de educação, mas falta de caráter. Na verdade nunca saberemos ao certo, pois tudo está atrelado às questões de oportunidades e as melhores sempre serão ofertadas pela educação.

Choca também por esses números serem do início de 2015, pois há demora na consolidação, e como tivemos dois anos bem difíceis, inclusive este 2016 com cortes vigorosos no orçamento para a educação para o próximo ano, não há muita esperança de que hoje sejam melhores. Queira Deus que eu esteja muito enganado.

Por Marcos Aurélio da Costa

Foi Coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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