Em busca de processos mais verdes
Não há como negar a crescente atenção dada ao meio ambiente, aquecimento global e responsabilidade ambiental. Espera-se que as empresas façam sua parte para diminuir as emissões de carbono, e os olhos dos consumidores estão voltados a isto. Logo, não é mais uma opção promover processos ecologicamente responsáveis: agora é obrigação.
No entanto, isto não significa que as empresas precisam gastar mais para atender a esta nova demanda. Pelo contrário, é possível lucrar mais com isto.
Pesquisas indicam que pelo menos 75% dos consumidores afirmam que suas decisões de compras são influenciadas pela reputação ecológica da empresa, e que até 80% estariam dispostos a pagar um pouco mais caro por um produto ecologicamente correto. Já se foi o tempo em que os consumidores apenas pensavam no assunto, hoje eles já pagam por isso. Vejamos dois exemplos.
Não muito difundida no Brasil, a prática de vender sacolas reutilizáveis em supermercados é comum em países mais desenvolvidos e o apoio popular é imenso, uma vez que as sacolinhas plásticas são cobradas (5 ou 10 centavos) na maioria dos mercados que oferecem a embalagem reutilizável. Os clientes pagam para levar uma sacola maior, mais forte, com propaganda do mercado (e normalmente com preço subsidiado), mas ficam com a consciência tranqüila e criam um tipo de vínculo com o mercado.
Para processos produtivos, obter certificações é uma forma de poder confirmar e anunciar seus avanços neste quesito. Assim como o discutido ISO 9000 representa um conjunto de normas técnicas de gestão de qualidade, a área da gestão ambiental conta com a série ISO 14000: desde os básicos sistemas de gestão ambiental (ISO 14001) até sistemas de avaliação de desempenho ambiental (ISO 14031) e para a análise do ciclo de vida (série ISO 14040). Existe também o padrão para auditoria desses sistemas de gestão ambiental (ISO 19011). Qual destes a sua cadeia de suprimentos possui?
Benefícios imediatos que sua empresa obterá com as certificações:
• Melhoria na confiança de clientes, investidores e a comunidade em geral demonstrando compromso.
• Melhoria no controle de custos através da conservação de matérias-primas e energia.
• Redução do risco de incidentes cujo resultado é a confiabilidade e, conseqüentemente, a redução dos custos de apólices e seguros.
Logisticamente falando, normalmente o processo mais poluidor é o transporte; no Brasil isto é ainda mais acentuado, haja vista a predominância de transporte viário, a frota nem sempre renovada, e as más condições da maioria das estradas. Se não for viável mudar o modal de transporte, pode-se fazer com que o transporte de caminhão torne-se mais eficiente: é preciso pensar green desde o design, por exemplo projetando o produto para ser transportado desmontado, em peças que ocupem menos volume.
No entanto, é possível mexer em todos os setores da cadeia produtiva:
– no setor de compras: incentivando e escolhendo os fornecedores que compartilhem as mesmas idéias de respeito ao meio ambiente (e à vontade dos clientes);
– logística de entrada: escolhendo o transportador, fazendo a consolidação, manuseando adequadamente os materiais;
– produção: gestão de estoques adequada, escolha correta da embalagem (forma, tamanho, quantidade);
– logística de saída: fazer novamente a consolidação, escolha do transportador, do modal utilizado, do tamanho dos lotes, freqüência, estoques;
– marketing: escolha do nível de serviço (especialmente para os casos de VMI – vendor managed inventory) e dos parceiros;
– pós-venda: serviço de logística reversa, gestão de peças de reposição.
Assim pensando, se a empresa desde o inicio da cadeia produtiva escolher fornecedores que respeitem o meio ambiente, passando pela logística de entrada, a produção, a logística de saída, o marketing e principalmente o pós-venda, certamente colocará seus produtos na vanguarda dos que agregam valores através de processos de redução do impacto ao meio ambiente.
A sua cadeia pode ser do tipo reativa, aquela que está começando a tratar estas questões, e ainda não emprega muito esforço para melhorar; pode ser pró-ativa, aquela que prepara novos produtos pensando desde o design em processos ecologicamente corretos; ou ainda, pode estar na vanguarda e ser do tipo que agrega valor através de processos verdes, reduzindo o impacto no meio ambiente através de ações estratégicas. O que não pode é estar inerte à esta questão.
Mesmo sendo pequenos passos rumo à processos verdes, são significativos ao diminuir consumo de energia e emissão de gases que contribuem ao efeito estufa.
É essencial buscar serviços, produtos e processos ambientalmente sustentáveis. A fim de facilitar o movimento em direção a processos logísticos ecologicamente corretos, veja sete etapas para iniciar o movimento e manter-se no rumo certo.
1. Localize-se: onde se gasta mais energia? Quais os processos que emitem mais carbono? Não se pode avaliar o que não se conhece, por isso, identifique o estado atual da cadeia de suprimentos, para ter em mente as mudanças possíveis.
2. Planeje-se: uma vez estudado o terreno, crie metas. Pode ser mudar parte do processo ou mesmo o produto, pois estendendo a vida útil do mesmo, geraremos menos lixo no futuro. Isto pode começar, por exemplo, desde o design dos produtos sendo orientado para este fim, caso ele faça parte das metas estabelecidas.
3. Nomeie um responsável: alguém precisa ser responsável por acompanhar e quantificar os impactos das ações. Sem isto, ninguém será responsável, e ninguém poderá ser cobrado.
4. Comunique: todos precisam saber dos passos anteriores, das gerências ao chão de fábrica. Quais serão as metas a serem atingidas, quais os indicadores utilizados, e principalmente, como chegar lá.
5. Seja visto: não somente exija que seu fornecedor seja mais sustentável, mas mostre o que você faz. Agindo pró ativamente você aumenta as expectativas e pode melhorar sensivelmente os indicadores definidos anteriormente. Por exemplo, inicie planos de reciclagem ou de retorno dos produtos utilizados (sejam produtos finais ou aqueles utilizados no processo).
6. Acompanhe: esteja atento às regulamentações, pois elas podem limitar seu mercado uma vez que diferem de país para país, e alguns estados têm leis próprias a este respeito. Por outro lado, se você pode afirmar que seu processo obedece a rigorosos limites impostos por diferentes agências, isto é um excelente marketing a seu favor.
7. Atualize-se: processos, tecnologias, materiais estão sempre mudando e com certeza haverá algo melhor para ser adotado. A participação em congressos e leitura de textos especializados ajuda nesta etapa, bem como o benchmarking que é uma ferramenta importante nesta etapa. Lembre-se que o benchmarking não consiste em apenas buscar uma referência ou a melhor prática, mas também em lhe conduzir à um desempenho superior.
Saiba que com certificações é possível a negociação de créditos no Mercado de Carbono. Sua cadeia de suprimentos pode ganhar em três frentes: ajuda o meio ambiente, conquista e encanta clientes com a política ecologicamente correta, e ainda ganha mais dinheiro vendendo possíveis créditos de carbono.
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2 respostas em “Responsabilidade ambiental – função de todos”
O artigo mostra de forma claro o que realmente esta acontecendo no mercado. Que são as empresas buscando desenvolvimento ecologicamente saudável de tal forma a atender as exigências do mercado consumidor, este a cada dia mais exigente quando se trata de meio ambiente. Muito bom, parabéns!
O artigo é escrito de forma suscinta e num linguajar acessível, e aborda de forma clara aquilo que tem tirado o sono de muitos governantes que é a Responsabilidade Social, Aquecimento Global e Meio Ambiente.