Quando conversava sobre a necessidade da aplicação do óbvio na Administração e do uso da Curva ABC, me martelava a cabeça a Matriz GUT, também aplicada para priorizar ações, só que sob a ótica da “Gravidade”, da “Urgência” e da “Tendência”; como era óbvia a utilidade de seu emprego e, mesmo sendo tão simples, por que ainda é tão pouco utilizada na Logística?
Não pretendo entrar em detalhes de sua construção que é descrita em vários outros artigos. Minha intenção aqui é incentivar o uso deste tipo de ferramenta bem conhecida, mas ignorada no nosso dia a dia apesar da sua abrangência e facilidade de aplicação. Como dizia um antigo chefe: “é fácil, fácil, não requer prática, nem sequer habilidade”.
Por falar em abrangência, a título de elucubração, proporia até uma nova matriz onde GUT corresponderia a “Gasto”, “Utilidade” e “Tempo”, ou melhor ainda, uma matriz GUTGUT, onde fossem atribuídos pesos a cada um de seus seis fatores. Neste caso, embora pudéssemos ter na relação uma das propostas com maior peso em gravidade ou maior urgência ou ainda maior tendência de piorar; uma outra, que demandasse pequeno custo e curto tempo de aplicação e/ou fosse de muita utilidade (talvez até pré-requisito para outras ações), possivelmente, com base na análise ponderada geral, seria então a prioritária.
Existem ainda diversos outros fatores que podem ser relevantes, tais como: “Governabilidade”, “Impacto” e “Oportunidade” (GIO), passíveis de consideração e não presentes nas matrizes citadas anteriormente. Nossa governabilidade sobre as ações, a avaliação de que grau o momento é oportuno e a percepção do nível do impacto (positivo ou negativo) sobre cada stakeholder podem ser decisivas para a escolha das opções.
Chamo a atenção que tenho tomado o cuidado para não usar os termos: “problema” e “solução”, uma vez que a aplicação deste tipo de matriz, não se restringe a priorizar rol de problemas ou rol de soluções, pois tem uso significativo, não só no MASP e como complementar à análise das 5 Forças de Porter e Matriz SWOT, no suporte à formulação de estratégias, mas também, na definição e priorização de propostas de projetos e de investimentos. Sendo neste último caso, utilizada com frequência a Matriz BASICO (Benefícios para organização; Abrangência de pessoas beneficiadas; Satisfação interna, Investimento necessários, Clientes efeitos percebidos e Operacionalidade da ação), semelhante na construção e nos objetivos da nossa matriz que já poderia estar sendo chamada de GUTGUTGIO. (OBS: não resisto em sugerir uma olhada nos métodos NGT; CPS; QFD; TRIZ e Matriz Pugh, voltados para Serviços – projetos e processos).
Retomando o foco, é fundamental definirmos fatores e parâmetros indicados em conformidade com os nossos objetivos e, a partir daí, relacionar os problemas ou soluções ou projetos etc., atribuindo pesos maiores correspondentes àqueles fatores mais críticos ou significativos à nossa realidade, formando uma matriz que, quantificada, propiciará a avaliação com maior clareza e objetividade.
Finalmente, insisto na necessidade da aplicação cotidiana das técnicas consagradas de gestão, neste caso, adaptando e utilizando efetivamente uma ferramenta que nos auxiliará de forma sistematizada e ponderada (em toda extensão do seu significado) na tomada de decisão. Vamos exercitar esta prática, crie suas matrizes! A falta de tempo é desculpa dos que o perdem por falta de método (Albert Einstein).
Por: Wilson W. A. D’Ávila – Administrador com especialização em Gestão da Qualidade.