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Desempenho Logística

Os avanços da linha de montagem – de 1913 até os dias de hoje

A linha de montagem móvel foi a mais simples das invenções, nascida da necessidade de atender à demanda explosiva de automóveis nos Estados Unidos no início do século 20.

linha de montagemE enquanto ela completou 100 anos este mês , ela permanece como parte integrante do progresso da indústria automobilística como foi nos dias de Henry Ford.

A linha de montagem é um ballet industrial em constante evolução dos trabalhadores e robôs que montam os nossos carros. E as grandes montadoras, como a Ford Motor Company, estão descobrindo que a montagem de vários modelos na mesma linha é a chave para o sucesso no mercado global altamente competitivo.

Atualizar a linha de montagem é uma grande parte da “One Ford”, uma estratégia corporativa que tem ajudado a segunda maior fabricante de automóveis dos EUA a liderar a recente recuperação da indústria automobilística americana.

“Há provavelmente muito poucas invenções na indústria automobilística que já completaram 100 anos e que ainda estão aqui hoje”, disse John Fleming , vice-presidente executivo de manufatura global da Ford.

Muita coisa mudou na indústria desde que Ford instalou a primeira linha de montagem na rudimentar fábrica do Modelo T da sua empresa em Highland Park, Michigan, em outubro de 1913.

Mas fabricantes de automóveis do mundo todo usam essencialmente o mesmo método básico de produção em massa, transformando um chassis de um automóvel numa extremidade da linha em um carro completo na outra ponta.

No início, a linha de montagem foi um passo fundamental para assegurar que os mesmos processos fossem repetidos várias vezes para a fabricação de um modelo específico de alta qualidade. Agora, a linha de montagem moderna produz uma grande variedade de veículos que são praticamente customizados para consumidores globais.

“Você está sempre se perguntando como organizar melhor o trabalho dentro de uma fábrica de veículos para ser mais eficiente”, disse Fleming.

Para alcançar a alta eficiência, a Ford se desfez de algumas divisões (como a Mercury) , vendeu as marcas de luxo (Volvo , Jaguar e Land Rover), e simplificou sua linha de produtos. Ao fazer isso, ela pode se concentrar na construção de carros como os subcompactos Fiesta e Focus sedan em fábricas na América do Norte, América do Sul, Ásia e Europa para os clientes em cada uma dessas regiões.

Mas esses modelos mais vendidos não teriam êxito sem montadoras que usassem as mesmas técnicas, seja nos Estados Unidos, Alemanha, China ou em qualquer outro lugar do mundo.

A Ford passa por um dos seus maiores programas de expansão, com fábricas na China, Índia, Rússia e Tailândia. A base do plano é o seu esforço contínuo para inovar e melhorar a linha de montagem simples de 100 anos atrás, e replicá-la em diversos mercados em crescimento.

Tecnologias avançadas de manufatura da empresa incluem menor custo, e processos mais rápidos que reduzem o tempo necessário para a produção de peças de chapa de metal. Outas tecnologias também usam desenhos tridimensionais para criar protótipos de componentes que podem ser testados em dias ao invés de meses.

Na linha, os novos sistemas robóticos utilizados no processo de montagem final pode detectar até mesmo os mais minúsculos pontinhos de sujeira e evitar imperfeições na pintura que desfiguram a superfície de um carro novinho em folha.

Os avanços são uma amostra da vontade implacável da montadora em fabricar carros melhores – e um lembrete de que um dos provérbios favoritos de Henry Ford ainda se aplica no mundo de hoje . “Nada é particularmente difícil”, ele disse, “se você dividi-lo em pequenas tarefas.”

 

Baseado no texto “100 years down the line”, do The New York Times.

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Gestão Logística

Linha de montagem da Ford: parabéns por seus 100 anos

Poucas inovações em termos de gestão tem suas origens claramente definidas, mas a linha de montagem é uma exceção. Há 100 anos, em 7 de outubro de 1913, a linha de montagem da Ford em Highland Park, Michigan, EUA, a Ford revolucionava o mundo e operava a primeira linha de montagem. O texto a seguir foi retirado do site internacional da montadora, e descreve sua visão dos fatos.

linha de montagem fordQuando Henry Ford começou a construir carros no início dos anos 1900, a melhor tecnologia disponível em termos de fabricação eram carrocerias entregues por carruagens puxadas à cavalo, com várias equipes de trabalhadores montando os carros apoiados em cavaletes. As equipes se movimentavam de uma estação de trabalho para a próxima, fazendo sua parte da montagem enquanto os carros tomavam forma em cima dos cavaletes. A chegada das matérias-primas era sincronizada, mas atrasos eram frequentes, causando um grande acúmulo de funcionários competindo por espaços, o que acarretava atrasos na produção. Felizmente, para o futuro de toda a indústria automobilística, estas práticas arcaicas viveram seu fim naquele 7 de outubro de 1913.

Naquele dia, uma equipe da empresa criou a primeira linha de montagem na fábrica de Highland Park. Os engenheiros construíram um sistema (rudimentar) num espaço vazio da fábrica: um guincho e uma corda esticada pelo chão. Neste dia, 140 funcionários-montadores ficaram parados ao longo da linha de montagem de 45 metros de comprimento, e eles instalaram suas partes da montagem no chassis do veículo enquanto ele era puxado pela fábrica através do guincho. O tempo de fabricação despencou de 12 homens-hora no sistema tradicional para menos de três. Em janeiro de 1914, a corda e guincho foram substituídos por uma correia.

Ao trazer o trabalho até os montadores, os engenheiros da Ford conseguiram diminuir as diferenças nos ritmos de trabalho. Eles diminuíram a velocidade dos empregados mais rápidos, mas forçaram os mais lentos a trabalhar um pouco mais rápido.

O resultado da produção em massa foram imediatos e grandiosos. Em 1912, a Ford havia produzido 82.388 unidades do modelo T, e o preço de venda era US$ 600. Já em 1916, a produção do Ford T aumentou para 585.388, e o preço despencou para US$ 360.

 

Baseado no texto “Happy 100th Birthday, Ford Assembly Line!” de Martin A. Lariviere, publicado no blog The Operations Room. Tradução e adaptação feitas por Leandro Callegari Coelho e autorizadas pelos autores exclusivamente para o Logística Descomplicada.

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Geral Transportes

Organização das placas de identificação de veículos

No Brasil, as cores das placas são regulamentadas por resoluções do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e servem para identificar os diversos tipos de veículos.

placasQuem nunca cruzou com algum veículo com placa de carro de cor diferente daquela que está acostumado a ver, diferente das costumeiras placas cinzas com letras e números pretos ou as placas vermelhas com letras e números brancos ao andar em alguma estrada no Brasil, seja ela municipal, estadual ou federal?

As novas placas dos automóveis brasileiros, na cor cinza com 3 letras e 4 números,  começaram a ser adotadas em 1990, em substituição as antigas placas amarelas com 2 letras e 4 números. O primeiro estado a adotar as novas placas foi o Paraná.

Quando um veículo é vendido para outro estado, é trocada somente a plaqueta de identificação da cidade e estado, pois a placa em si é como uma identidade do veículo, ela não é mais trocada.

No Brasil circulam carros com placas branca, cinza, vermelha, preta, verde e azul.

Você sabe o que cada uma delas quer dizer?

Vamos decifrar as placas e suas cores:

 

placa-preto-cinza-particularPlaca com texto preto e fundo cinza: esta é a placa mais comum, encontrada nos veículos particulares.

 

 

placa-branco-vermelho-aluguelPlaca com texto branco e fundo vermelho: esta é a placa usada em caminhões, ônibus, taxis. São os veículos de aluguel.

 

 

placa-vermelho-branco-aprendizadoPlaca com com texto vermelho e fundo branco: esta placa é usada em veículos de autoescolas.

 

 

placa-branco-preto-colecaoPlaca com texto cinza e fundo preto: esta placa é usada em veículos de colecionadores, com mais de 30 anos e em excelente estado de conservação.

 

 

placa-preto-branco-oficialPlaca com texto preto e fundo branco: esta placa é usada em carros oficiais (governos, polícias, Corpo de Bombeiros).

 

 

placa-branco-verde-testePlaca com texto branco e fundo verde: esta placa é usada em carros de testes em oficinas mecânicas ou concessionárias..

 

 

placa-branco-azul-diplomaticoPlaca com texto branco e fundo azul claro: esta placa é usada para Corpo Diplomático. Ela tem letras e números brancos em fundo azul, e difere das demais placas em circulação por apresentar somente duas letras.

 

 

placa-branco-azul-fabricantePlaca com texto branco e fundo azul escuro: esta placa é usada por montadoras para verificação de desempenho em carros em testes antes do lançamento. Elas tem letras e números brancos e fundo azul. Note que é de um azul mais forte que as placas do Corpo Diplomático.

 

 

placa-dourado-preto-governoPlaca com texto dourado e fundo preto: esta placa é usada por carros oficiais de governadores, prefeitos, presidente da Assembleia Legislativa, presidentes de Câmaras, presidentes de Tribunais e outros. O fundo é preto e os caracteres alfanuméricos dourados. As placas possuem o Brasão do Estado ou do Município coloridos.

 

 

placa veiculo presidencialPlaca presidencial: esta placa com letras douradas com fundo verde e amarelo, em bronze, é utilizada somente pela Presidência da República, pela Vice-Presidência, pelos presidentes do Senado, pelos da Câmara, pelos ministros, pela Advocacia Geral da União e pela Procuradoria Geral.

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Logística Transportes

Um novo jeito de caminhar

Com o setor automobilístico global em desaceleração, os olhos dos players de todo o mundo se voltam para o Brasil. Nem poderia ser diferente, afinal somos um porto atraente para os navios estrangeiros atracarem por aqui com seus carros recheados de conteúdo e preço competitivo: país continental, predominantemente rodoviário, economia emergente e um enorme mercado potencial de consumo de veículos esperando para ser explorado.

É notória a invasão positiva e crescente de outros competidores em curso em nosso mercado. E a pergunta que não quer calar é: o que estamos fazendo enquanto alguém consegue ser competitivo mesmo pagando 35% de imposto de importação?

eficienciaO Brasil não é competitivo, todos reconhecem isso. As entidades representativas da cadeia automotiva têm feito o que podem na tentativa de convencer o governo a repensar a carga tributária sobre o automóvel e a atividade produtiva. Pesam, ainda, na cesta básica da indústria automobilística os insumos, as taxas, o custo da mão de obra; sem falar na valorização do real perante o dólar que expõe nossa fragilidade na competição internacional.

Para a engenharia, a resposta a essa equação pode ser tão simples quanto são complexos os caminhos para a competitividade nesses novos tempos. Há trabalho a fazer na manufatura brasileira de veículos. Essa questão passa por treinamento e capacitação da mão de obra, revisão da tecnologia aplicada, máquinas mais eficientes e tantas outras coisas. Se quisermos ser mais competitivos que os chineses, não podemos ir pelo custo da mão de obra deles, mas verificar a eficiência com que aplicamos nossos recursos humanos.

Sim, o caminho é conhecido; novo é o jeito de caminhar. Trabalhar com metas anuais fixas de produtividade apenas para conquistar objetivos e dar a tarefa por cumprida já não basta para o salto competitivo que queremos dar. Buscar a referência em cada um dos requisitos da produção excelente é o ponto de partida. Quanto custa por dia a unidade produzida na planta mais eficiente do mundo? Qual a parcela representativa para cada item – água, energia elétrica, taxa de refugo, horas extras no total dessa conta?

Trabalhar na engenharia eficiente, atrás de robustez e qualidade para uma manufatura atualizada com as demandas do mercado, é a nossa parte. Nossos custos operacionais são altos e aí deve estar o maior foco da nossa estratégia. Acredito que o trabalho mais analítico das nossas operações é capaz de levar os times a se concentrarem mais nos resultados do que nos índices.

Estamos sendo desafiados pelos competidores globais. A hora de mexermos nessa massa é agora, pensar e agir como um País de custo elevado e mergulhar na análise da situação. Somos inovadores, dominamos a tecnologia; o Brasil tem condições e vontade de crescer em competitividade. Só precisamos desafiar os nossos times de trabalho, porque o desafio é o combustível para alcançarmos os nossos objetivos.

Por Vagner Galeote – Presidente da SAE BRASIL

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Desempenho Gestão Logística

Inovação é a arma para a guerra da competitividade

O mercado automobilístico brasileiro é bastante dinâmico e o País ocupa hoje a quarta posição de maior mercado mundial do setor. Não é à toa. Ainda em 2014, devemos chegar a 4 milhões de veículos produzidos, e para os próximos anos, a previsão é que o Brasil continue a apresentar crescimento interno atrativo não só para as indústrias instaladas aqui, mas também para outros players. No entanto, para a indústria nacional não perder competitividade em médio prazo, é preciso avançar rápido no quesito inovação.

inovação competitividadeAs oportunidades se apresentam, não só no mercado interno, mas no desenvolvimento de soluções que possam atender as necessidades de outros países. Isso porque, apesar de cada mercado ter suas próprias características, os limites entre eles ficam cada vez mais tênues, e o gosto do consumidor se aproxima em função da globalização.

Neste sentido, as necessidades mundiais se traduzem em carros mais confortáveis, leves e menores, e com grande performance, características estas que atendem à questão da melhor mobilidade urbana. Isso sem falar que a indústria, diante de uma exigência do mercado, busca respostas para aumentar a eficiência do veículo, reduzir o consumo e oferecer soluções mais amigáveis do ponto de vista energético e ecológico.

Então, a engenharia brasileira tem um campo fértil pela frente para desenvolvimento de soluções inovadoras. Na motorização, por exemplo, há uma forte tendência para a eletrificação do powertrain, visto hoje como uma das soluções neste sentido. No entanto, pelo menos aqui no Brasil, os veículos elétricos ainda atenderão apenas um nicho específico de mercado no médio prazo e a maior parte da frota de automóveis continuará a ser produzida com os motores a combustão.

Nesse segmento, o Brasil possui excelente tecnologia com a utilização do etanol e dos motores flex, que minimiza a dependência do petróleo – uma inovação da nossa engenharia e uma vantagem que o País deve aproveitar e investir ainda mais. Por isso mesmo, há ainda imensas oportunidades de se reduzir o consumo de petróleo apenas otimizando as plataformas atuais, pela redução da massa veicular e aumento da eficiência energética. Veja que campo interessante para se investir em inovação.

Economizar combustível e reduzir emissões vai além da questão da motorização e pode ser alcançado também com o desenvolvimento de tecnologias aplicadas a outros sistemas e componentes, além do desenvolvimento de materiais, como plástico, para reduzir a massa do veículo.

O cenário é propício. Apesar disso, uma pesquisa apresentada recentemente num simpósio da SAE BRASIL 2010 mostrou que o nível de investimentos em pesquisa e desenvolvimento pela indústria no Brasil está aquém do global. Nos fornecedores, por exemplo, é de 0,5% contra 3,1% globais, o que resulta em indisponibilidade de engenheiros, falta de tecnologia e poucas patentes.

A questão da mão de obra também é crucial, já que a qualificação é a chave para um futuro de sucesso. A formação profissional dos engenheiros deverá ser impulsionada e ser cada vez mais orientada à prática. Além disso, também é necessária maior internacionalização do engenheiro brasileiro, incentivo à troca de experiências, preparando-o ainda mais para inovar e enfrentar a concorrência que, futuramente, será mais acirrada.

Por outro lado, na guerra da competitividade, o Brasil tem demonstrado competência em outras questões. Além da tecnologia flex, reconhecida mundialmente, a indústria automobilística brasileira tem realizado inovações em curto prazo na questão das plataformas globais, com benefícios para os usuários de veículos. Trabalhar com plataformas deste tipo exige, naturalmente, intercâmbio intenso entre engenheiros brasileiros e colegas do exterior.

É fato que a concorrência acirrada estimula a demanda de projetos de produtos, mas para galgar ainda mais espaço no cenário mundial, e também no mercado interno, precisamos suprir algumas deficiências, como a questão da qualificação, custos elevados, problemas de logística, enfim, precisamos nos fortalecer e investir em pesquisa e desenvolvimento. Só assim daremos um grande salto em inovação e competitividade.

Por Egon Feichter – Presidente do Congresso SAE BRASIL 2010

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Logística Transportes

Novas tecnologias para resolução de novos conflitos da mobilidade

Assistimos nos dias de hoje uma verdadeira revolução tecnológica no setor da mobilidade. Este setor sempre se destacou pela introdução de inovações tanto na tecnologia do produto como nos métodos e processos de fabricação e distribuição.

A inovação surge sempre quando há conflitos a resolver. Por exemplo, Henry Ford queria popularizar a venda de automóveis no início do século XX. Porém a produção de veículos era extremamente artesanal, com componentes feitos individualmente para cada unidade produzida. Não havia padronização, nem mesmo um sistema logístico para distribuição de componentes e produtos. Surgiu então a linha de produção e a padronização de componentes, que permitiram uma drástica redução de preços e o veículo ficou ao alcance do público em uma escala jamais vista.

evolucao automoveisHoje temos uma diversidade de outros conflitos esperando solução. O aumento de renda das populações e o desejo por mobilidade fazem crescer as vendas de automóveis, causando pressão sobre a infraestrutura viária e sobre o consumo de combustíveis fósseis, além de um impacto ambiental e climático insustentável, com custos que influenciam toda a economia. A grande contradição é que o consumidor, que desejava liberdade e mobilidade plena, está preso nos congestionamentos e sonha com melhorias nos transportes públicos, malha viária, etc.

Essa e outras contradições que assistimos no setor da mobilidade exigem soluções inovadoras. Como as inovações tecnológicas irão mitigá-las? Temos diversas vertentes a considerar. Desde o próprio paradigma do transporte individual, no qual há cenários de micro veículos inteligentes para uma ou duas pessoas, que levariam os usuários a grandes terminais multimodais, até tecnologias específicas aplicadas à propulsão, transmissão e conforto dos veículos.

Vemos um grande desenvolvimento na área da propulsão elétrica, que pode ser elétrica pura, híbrida, híbrida “plug-in”, a célula de combustível. Projeções realizadas pela IEA (International Energy Agency) recomendam para 2050, que 50% dos veículos leves globais sejam híbridos e elétricos puros, medida que, aliada a alterações na geração de energia e incentivos governamentais, poderia reduzir a emissão de CO2 em 50%.

Praticamente todas as grandes montadoras do mundo hoje já possuem veículos híbridos comercialmente disponíveis, e estratégias para veículos elétricos puros e mesmo a célula de combustível. Em paralelo, melhorias nos motores a combustão, para aumento da sua eficiência e aplicabilidade nos veículos híbridos também estão introduzidas. Essas melhorias também estão presentes nos sistemas de transmissão, como, por exemplo, os “start-stop” que permitem maior conforto ao dirigir e contribuem para a redução das emissões.

Por Jomar Napoleão – Chairman do Comitê e Veículos Leves do Congresso SAE BRASIL 2011

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Desempenho Geral Gestão Gestão da Cadeia de Suprimentos Logística Supply Chain Management

Montadoras enviam ao exterior US$ 5,58 bi: custo Brasil ou lucro Brasil?

A julgar pelos lucros que receberam, as matrizes de diversas montadoras de automóveis não tiveram do que reclamar de suas subsidiárias brasileiras em 2011. Os dados estão fresquinhos, foram divulgados pelo Banco Central na última terça-feira (24): a indústria automotiva no Brasil foi o setor que mais remeteu dinheiro ao exterior no ano passado, à frente até de bancos e empresas de telecomunicações, que ficaram com o segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Não se trata de números frívolos: foram os próprios fabricantes de veículos que registraram junto ao BC remessas de lucros e dividendos no total de US$ 5,58 bilhões, o maior valor de todos os tempos, equivalente a 19% de todas as operações desse tipo no ano no Brasil e 36% superior aos US$ 4,1 bilhões de 2010.

Não por acaso, as remessas recordistas de lucros e dividendos das montadoras instaladas no país aumentaram justamente no momento em que as matrizes mais sofrem nos mercados maduros de Europa e América do Norte, e por isso precisam sustentar seus resultados financeiros com o caixa das subsidiárias em países emergentes. O BC não publica a lista de empresas remetentes de dinheiro nem os valores individuais, muito menos as empresas informam qualquer dado sobre o tema, alegando que só divulgam balanços no exterior — mas lá também não se encontram os lucros recebidos de cada subsidiária; e assim tudo fica por isso mesmo.

US$ 5,6 bilhões – foi o valor total remetido às matrizes pelo setor automotivo em 2011, recorde histórico e maior montante em toda a economia do país

0,7% – foi o crescimento da produção de veículos no Brasil em 2011 ante 2010; o total chegou a 3,4 milhões de unidades no ano

36% – foi o crescimento dos valores remetidos ao exterior em 2011 ante 2010, apesar do pífio aumento na produção

US$ 1.647 – foi o valor enviado ao exterior a cada veículo produzido aqui, independentemente de marca, preço local e destino (Brasil ou exportação)

Nada contra o lucro, tudo contra esconder esses números como se fosse coisa ilegal. Não é. Contudo, é no mínimo desconfortável, tendo em vista que as montadoras, em maior ou menor grau, estão alinhadas ao discurso da falta de competitividade brasileira, que torna difícil a vida por aqui, e que por isso precisaria ser compensada com generosos incentivos fiscais e financiamento público de investimentos. Os dividendos remetidos mostram que a vida no Brasil pode ser complicada, mas também pode ser altamente lucrativa.

Conceito aloprado

É fato que existem problemas de competitividade. Por isso mesmo é surpreendente que, em ambiente tão adverso como pintam as montadoras, as remessas de lucros e dividendos tenham aumentado tanto.

Vale destacar que esses resultados foram conseguidos, em sua maioria, com a venda de carros que têm graus de sofisticação e conforto bastante inferiores em comparação com os modelos fabricados nos países de origem das empresas instaladas aqui, porque no Brasil o poder aquisitivo dos consumidores também é menor — ainda que esteja em ascensão. Em tese, são produtos menos rentáveis, que — para piorar — no Brasil recebem uma das maiores cargas tributárias do mundo para competir com a margem de lucro.

Cabe ressaltar, também, que a produção das fábricas brasileiras de veículos avançou muito pouco em 2011, apenas 0,7% sobre 2010 – ou seja, produziu-se quase o mesmo e, ainda assim, foi possível remeter muito mais lucro: US$ 1,5 bilhão a mais do que no exercício anterior.

Portanto, temos no Brasil um caso inusitado, digno de estudos acadêmicos ainda a serem feitos: fabricantes de veículos dizem enfrentar aqui custos altos de toda natureza, fazem produtos considerados de baixa rentabilidade, com alta incidência de impostos, a produção não avança — e, ainda assim, remetem lucros bilionários às matrizes.

Além disso, ainda sobra algum para prometer investimentos combinados que já passam de US$ 26 bilhões nos próximos cinco anos, considerando somente os anúncios feitos até dezembro passado. Só lucros generosos — e financiamentos públicos idem — podem justificar a aplicação de tamanha fortuna para fazer no Brasil novos produtos e aumentar a capacidade de 18 fábricas de carros e nove de caminhões, além da construção de oito novas plantas de automóveis e seis de veículos comerciais pesados, elevando o número total de unidades de produção das atuais 24 para 38, com capacidade para fazer 6,5 milhões de unidades por ano a partir de 2015.

Por mais aloprado que o conceito pareça, é preciso reconhecer que “Custo Brasil” e “Lucro Brasil” são como irmãos siameses: andam grudados, um puxando o outro, mas sempre na mesma direção: para cima, no preço dos carros, relativamente altos em relação ao que oferecem.

Bom exemplo

O Brasil tem, sim, problemas de competitividade a enfrentar, mas por certo o lucro não está entre eles. Portanto, não há nenhuma justificativa para aumentá-los por meio das medidas de incentivo ao setor automotivo nacional (ou seria transnacional?), que estão em gestação no governo e podem ser anunciadas em fevereiro.

Muito pelo contrário: assim como o país deveria reduzir impostos sobre veículos, as montadoras deveriam dar o bom exemplo de diminuir lucros e incluir mais qualidade tecnológica nos modelos produzidos aqui.

Por Pedro Kutney: jornalista que publicou este artigo em Automotive Business

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Colaborações

De adiamento em adiamento

Depois de mais de uma década de promessas e adiamentos, as obras de construção do novo trecho de acesso da Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055) ao quilômetro 55 da Via Anchieta, em Cubatão, deverão ter início em março de 2012, com conclusão prevista para março de 2014. Foram tantos os adiamentos que o último provocou protestos dos moradores da região.

De qualquer modo, se não ocorrer nenhum atraso, esse já será um passo gigantesco para eliminar um grave problema logístico que afeta não só os moradores como as indústrias e demais empresas instaladas na área. Acontece que o governo do Estado continua a buscar soluções para reduzir os custos desse projeto da Ecovias, o que, se é perfeitamente justificável e até louvável, pode acarretar outros adiamentos.

construção rodovias atrasadasMas não é só. Conforme anúncio do governador Geraldo Alckmin feito a 14 de agosto, há previstos mais dois projetos de obras rodoviárias na Baixada Santista: a reformulação do viaduto 31 de Março e a implantação de faixas adicionais na Rodovia Cônego Domênico Rangoni, todos em trechos do município de Cubatão.

Além disso, para janeiro de 2013, está previsto o início da construção de mais um viaduto ligando o bairro do Jardim Casqueiro ao Centro de Cubatão, paralelamente ao atual viaduto 31 de Março, no quilômetro 59 da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, com previsão de conclusão para dezembro de 2013. Essa obra já deveria ter começado neste ano, mas, como se tornou rotina, teve seu início mais uma vez adiado.

O pior é que, com a remoção de famílias dos bairros-cotas, que estavam instaladas há décadas em área de proteção ambiental na Serra do Mar, para 3.800 unidades construídas pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) no Jardim Casqueiro, a previsão é que, a partir de 2012, a demanda de veículos no local seja duplicada ou até triplicada. Isso significa mais problemas viários à vista na área do polo petroquímico de Cubatão.

Já a implantação de faixas adicionais nos dois sentidos da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, entre os quilômetros 262 e 270, tem seu início agendado para março de 2012. É obra que igualmente já deveria ter sido iniciada e concluída, tal a gravidade dos problemas que ali são registrados, especialmente depois da abertura do Trecho Sul do Rodoanel em abril de 2010, que facilitou a descida de caminhões e carretas em direção ao Porto de Santos.

Outra obra que mereceria a caracterização de urgente é a construção da Rodovia Parelheiros-Itanhaém, que evitaria o acúmulo de veículos na parte da Baixada Santista do sistema Imigrantes –Anchieta. Acontece que essa é obra que ainda depende de negociações com a Funai, já que a rodovia passaria por terras que constituem reserva indígena.

Como se sabe, o sistema Imigrantes-Anchieta já vem operando com mais de 70% de sua capacidade, com um tráfego de 2.630 veículos por hora. Isso quer dizer que, em três anos, com a demanda prevista para o Porto de Santos, esses números estarão próximos de níveis críticos, com 85% de sua capacidade ocupada. Igual previsão faz-se para a Rodovia Cônego Domênico Rangoni na região da Usiminas e terminais de carga.

Tudo isso é resultado de anos de descaso com a infraestrutura logística. Chegou-se a um ponto em que, se o governo não agir a tempo, haverá uma trava no ritmo da movimentação de cargas no Porto de Santos e, em conseqüência, no desenvolvimento do País. Se assim for, o sonho de o Brasil se transformar na quinta potência econômica do planeta até o final desta década pode se desmanchar no ar.

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Comércio Exterior - COMEX Logística

O mercado automotivo brasileiro precisa ser protegido?

A notícia que mais frequentou o noticiário brasileiro nas últimas semanas, repercutindo inclusive no exterior, foi a medida de inequívoco protecionismo brasileiro aos carros importados.

De forma autoritária, o governo aumentou em 30 pontos percentuais a alíquota do Imposto sobre Produto Industrializado para os automóveis que não representem no seu custo, pelo menos de 65% em peças nacionais ou produzidas no Mercosul.

proteção mercado carrosA medida atingiu os carros estrangeiros, principalmente os sul-coreanos e chineses, que possuem entre 2% e 3% do mercado de veículos no Brasil, mantendo em condição mais benéfica  o mercado nacional e os comprados da Argentina e México.

As novas alíquotas variam de 37% (carros até 1.000 cilindradas) até 55% (para carros acima de 2.000 cilindradas) e atingem também segmentos importantes, que até então era isentos, como dos caminhões, que tiveram suas alíquotas fixadas em 30%.

Como resultado, as novas medidas obrigarão os empresários a reestruturarem seus processos produtivos de forma a atingir 65% de seu preço com componentes de origem nacional ou regional (Mercosul), além de investir em pesquisas e desenvolvimento, e cumprir pelo menos 6 dos 11 requisitos estabelecidos pelo governo (como montagem e estampagem no Brasil).

Em tempos de economia dita aquecida, fica a pergunta: Será que as montadoras instaladas no Brasil precisam dessa proteção?

Segundos fontes do governo, a produção nacional de veículos saltou de 278 mil em setembro 2010 para 325 mil em agosto 2011. Já venda de automóveis importados teve um acréscimo  de 55 mil para 73 mil veículos. Apesar do crescimento expressivo em números absolutos, essas importações representam apenas 18 mil veículos por mês/média,  6% do mercado nacional.

E mesmo com uma participação pouco expressiva no mercado doméstico, os veículos importados foram o alvo da medida governamental, sob o pretexto de proteger a indústria nacional como forma enfrentar a crise e proteger as montadoras já instaladas no país.

Mas para Abeiva (Associação das Empresas Importadoras de Veículos), as montadoras com fábricas no Brasil importam três vezes mais que aquelas que as importadoras independentes sem fábrica instalada no país.

E como um dos objetivos da medida era garantir os empregos no Brasil, é difícil entender os motivos da proteção para empresas que compram 3/4 de todos os carros importados no Brasil de países como Argentina e México, que oferecem vantagens tributárias expressivas.

Igualmente, a ideia divulgada pelo governo de proteger a indústria nacional do mercado de importados, não se sustenta e também pode ser um tiro pela culatra.

Para a associação que representa as empresas importadoras, esse retrocesso pode gerar consequências desastrosas, como o cancelamento dos investimentos previstos pelas montadoras chinesas, e levar o Brasil de volta a época em que a falta de concorrência resultava em veículos de baixa qualidade e pouca tecnologia.

Juridicamente, o aumento arbitrário e não previsto das alíquotas de IPI, além de ter sua constitucionalidade questionável, afeta tamém a imagem do Brasil junto a OMC.

Por outro lado, para a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) a medida vai fortalecer a indústria nacional, inclusive a indústria de autopeças, trazendo mais competitividade e emprego.  Será?

Segundo presidente do Sindipeças, a conta feita pelo governo quando definiu em 65% de conteúdo nacional, em 80% dos veículos produzidos no Brasil, resulta em um índice de nacionalização de apenas 20%. Isso porque o cálculo dos técnicos do governo será em cima do preço final do carro, não no número de peças ou dos custos.

Agora, se a medida não vai beneficiar o setor de autopeças, se coloca em risco os investimentos estrangeiros e o mercado de importados, que sempre foi demonizado pelo governo, representa apenas 6% do volume comercializado no país, por que aumentar o IPI em trinta pontos percentuais?

O salto nas vendas recentes dos importados e o lobby das quatro maiores montadoras do país parece ser a explicação. No acumulado de janeiro a agosto de 2011, as empresas que não possuem fábrica no Brasil aumentaram as suas importações em 112,4%.

Mas como o maior volume das importações de automóveis, cerca de 75%, são feitos pelas próprias montadoras instaladas no país, e portanto estão fora desse aumento, não resta dúvida que essa conta será paga pelo consumidor.

A medida de proteção não considerou o interesse dos brasileiros, que são os maiores beneficiados com a concorrência no mercado, principalmente após a entrada das marcas asiáticas que trouxeram veículos com melhores tecnologias, acabamento de qualidade e preços competitivos.

E sob o risco de voltarmos as “carroças”, fechamos as portas para a livre concorrência, e conseguimos garantir maiores lucros para as ‘nossas’ empresas e aumentar os tributos do governo.

Aos consumidores resta assistir a indústria nacional se beneficiar da proteção, aumentando seus preços e disponibilizando no mercado produtos de baixa qualidade e tecnologia defasada, afinal mercado sem livre concorrência serve para aumentar a rentabilidade dos protegidos.

Felizes os que viveram os bons e poucos anos de liberdade de escolha.

 

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Geral Logística

Entenda o Lucro Brasil e o Custo Brasil dos automóveis

Nos últimos dias, houve discussão e revolta em razão dos preços dos carros brasileiros em comparação ao exterior, principalmente de modelos semelhantes vendidos no México. Claro que a crítica mais fácil aponta para a ganância e o lucro fácil em nossas terras. No entanto, se deve exercitar um pouco de aritmética e procurar entender que a ineficiência de fatores produtivos em uma economia inclui implícitos como burocracia, cipoal legislativo, impostos invisíveis e corrupção.

entenda o lucro ou custo brasil automóveisAtentando apenas ao explícito, o Brasil se tornou um país caro com a política cambial que valoriza o real frente ao dólar. Qualquer um que viaje ao exterior sabe que do tênis ao quepe o preço é metade daqui. O real forte tem o grande mérito de escancarar as ineficiências brasileiras, ao contrário do passado de moeda fraca. Ao mesmo tempo o câmbio promove fortes distorções comparativas.

Indo mais longe, com ajuda da aritmética e do preço de um sanduíche: um automóvel compacto nos EUA custa 3.000 Big Macs; aqui, 1.500 Big Macs. Pode eleger o culpado que achar melhor entre o sanduíche muito caro ou o carro muito barato. Em 2003, um Fiat Mille custava US$ 4.821 e hoje, US$ 14.465. Para sorte do comprador, pagará em reais 54% mais (abaixo da inflação acumulada em oito anos). Já o preço em dólar triplicou, o que explica a dificuldade de exportar.

Mais importante, não dá para discutir o lucro sem saber o custo. Estudo mais recente da consultoria PriceWaterhouseCoopers, encomendada pela Anfavea, tomou a China como o país de referência. No México, o custo total de produção é 20% maior e no Brasil nada menos de 60%. Dessa forma, o País precisa acordar, pois fica difícil competir frente a esse abismo.

Para comparar preços em dólares no mercado doméstico mexicano é preciso cuidado. As vendas de veículos novos estão atrofiadas (apenas 800.000 unidades/ano, 80% menos que o Brasil) pela concorrência predatória de carros seminovos e usados dos Estados Unidos, mercado gigantesco e de impostos baixíssimos. O preço do usado segura o do novo, à custa de empregos na indústria. O próprio México tem carga fiscal bastante inferior, bem como todos os países vizinhos do Brasil. Para agravar, nos últimos cinco anos o real se valorizou 29% e o peso mexicano caiu 16%, ambos frente ao dólar.

MERCADOS DIFERENTES
Interessante como ninguém teve a ideia de confrontar com a Europa. Vende-se o Fox paranaense na Suíça, em francos, pelo equivalente a R$ 28.000 (sem rentabilidade, segundo a VW) contra R$ 38.000 aqui, no mesmo nível de equipamentos. A diferença é a carga fiscal, porém a tese aloprada do Lucro Brasil só permite exemplos do México ou da Argentina.

Por falar no país “hermano”, os compradores argentinos ganharam um bem humorado apelido nos tempos em que o Brasil fazia maxidesvalorizações de sua moeda. Eram os “Da-me dos” (“Levo dois”, em português), pois entravam nas lojas e de tão barato levavam duas unidades de tudo. Que pena não podermos ir ao México comprar dois carros pelo preço de um e exportar para o Brasil sem ônus fiscal.

Em resumo, com impostos e ineficiências brasileiras, temos o carro mais caro do mundo; com carga tributária justa e sem o Custo Brasil, a história seria outra.

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Por  Fernando Calmon: engenheiro, é jornalista especializado no setor automobilístico desde 1967, quando produziu e apresentou o programa “Grand Prix” na TV Tupi, no ar até 1980. Dirigiu a revista AutoEsporte por 12 anos e foi editor de automóveis das revistas O Cruzeiro e Manchete. Entre 1985 e 1994, produziu e apresentou o programa “Primeira Fila” em cinco redes de TV. A coluna Alta Roda, criada em 1999, é publicada semanalmente — na internet, é exclusiva de UOL Carros. Calmon também atua como consultor em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística, e como correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto.

Fonte: UOL Carros