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Demanda Logística Previsão Transportes

Prevendo o movimento das lojas a partir dos céus

Ter uma boa previsão do tráfego numa loja é uma parte importante para se estabelecer quantos funcionários devem estar em serviço. Isto é ainda mais importante quando o sucesso do negócio depende do atendimento de um consultor na loja. Mas como uma loja consegue criar uma boa previsão do número de clientes? De acordo com uma matéria sobre a Lowe’s (loja de materiais de construção e reformas) publicada na BusinessWeek, uma solução é usar imagens de satélite!

estacionamentoA Lowe’s afirmou que tem avaliado o tráfego em suas quase 1900 lojas através de imagens de satélite de seus estacionamentos. Com base nessas imagens, a Lowe’s consegue estimar quantos clientes estarão nas lojas a cada hora do dia. Além disso, a empresa também cruzou os dados de suas previsões com o número de transações efetuadas nas lojas para saber quantos clientes foram embora sem realizar nenhuma compra.

As imagens de satélite tem sido muito úteis para que a Lowe’s gerencie sua força de trabalho, agendando equipes de consultores para estarem disponíveis quando as vagas de estacionamento começam a ficar escassas.

Este é um uso curioso das imagens do espaço, e me pergunto se não é um exagero tecnológico. Existem várias tecnologias que os varejistas podem usar para contar quantas pessoas entram por suas portas. Estas vão desde simples olhos eletrônicos que contam quantas vezes um feixe de luz foi cruzado nas portas, a sistemas avançados de vídeo que podem distinguir adultos de crianças.

Existem algumas razões que justificam a escolha da Lowe’s pelos satélites. Primeiro, eles geralmente têm várias entradas para a loja, e o movimento de pessoas que passam por portas diferentes pode dar uma contagem falsamente elevada. Em segundo lugar, seu layout em formato de armazém pode dificultar o uso de sistemas de vídeo. Finalmente, e talvez mais interessante, as imagens de satélite podem dar-lhes mais detalhes.

A Lowe’s atende dois segmentos distintos – profissionais (ou seja, empreiteiros e carpinteiros) e amadores (ou seja, proprietários e amantes do faça você mesmo). Para um contador de tráfego, todos eles têm a mesma aparência, mas do céu eles não. Um estacionamento de pick ups e vans sugere os profissinoais estão comprando enquanto minivans e carros de passeio seriam um indício de uma multidão de faça-você-mesmo. Na medida em que os nichos precisam de diferentes serviços (ou tem diferentes expectativas de serviço), as imagens de satélite podem permitir agendamento de mais refinado do que simples contagem de corpos.

Baseado no texto “Forecasting store traffic from the sky” de Martin A. Lariviere, publicado no blog The Operations Room. Tradução e adaptação feitas por Leandro Callegari Coelho e autorizadas pelos autores exclusivamente para o Logística Descomplicada.

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Demanda Gestão Logística

Furando a fila legalmente

Quanto você pagaria para furar a fila em um parquet de diversões? No Universal Studios Hollywood, um estúdio de gravação de filmes e parque temático, algumas pessoas estão dispostas a abrir as carteiras!

file espera parqueCom a estratificação da sociedade cada vez mais evidente nos Estados Unidos, os parques temáticos juntam-se às companhias aéreas, shows da Broadway e planos de saúde para adotar um modelo hierárquico similar, com acesso especial e regalias para aqueles que estão dispostos a pagar uma grana extra.

Agora, a Universal Studios Hollywood entrou nesse novo “mercado”. Ela introduziu bilhetes V.I.P. que custam $ 299 e vem com estacionamento com manobrista, café da manhã em um restaurante de luxo, acesso especial aos camarins da Universal, almoço chique, e a possibilidade de furar quantas filas quiser.

O que a Universal fez foi atualizar seu passe V.I.P. existente, e aumentou o preço em 50%. Eles perceberam que o antigo, que não incluía as refeições e outras regalias estava vendendo demais.

Então, por que mudar? Acontece que criar um serviço premium é muito barato e traz muita receita. Basta contratar alguns guias, encontrar espaço para um restaurante que ofereça café da manhã e pagar alguém para estacionar os carros. Isso é muito mais barato que construir uma nova montanha-russa.

No entanto, existe a preocupação de que esses passes VIPs acabem com o aspecto igualitários das filas nos parques, onde ricos e pobres esperam juntos, igualitariamente, pelo mesmo serviço. Há outros pontos interessantes nessa questão. Um executivo disse que não iria aos parques se não fosse pelos passes VIP. Isso mostra que o passe VIP aumenta a clientela, ao invés de separar os clientes já existentes. Se os compradores do passe VIP são pessoas que já frequentariam o parque de qualquer maneira, menos mal. Mas se são clientes extras, isso coloca em cheque a capacidade do parque de lidar com mais clientes. E os prejudicados são aqueles que ficaram para trás na fila.

Então, o problema para a Universal é identificar o risco de perder tantos clientes de baixa prioridade em função de quantos passes VIP vender. Vamos às contas. Um ingresso básico custa US $ 80, mas não inclui o almoço, estacionamento, etc. É fácil imaginar que o cliente do ingresso básico vai gastar em torno de U$ 100 no total. Além disso, o pacote VIP pode incluir guloseimas suficiente para que os clientes não gastem muito mais no parque. Isso implicaria que cada VIP vale três clientes regulares. Mas isso não pode ser totalmente justo se alguns clientes regulares decidissem visitar o parque outras vezes para aproveitar melhor as atrações, já que perderam algum tempo na fila. Se os clientes regulares são mais propensos a visitar várias vezes, o valor de um cliente VIP pode não ser tão alto quanto parece.

Outro ponto é que a Disney não tem um programa semelhante. A Disney oferece passeios VIP na Disney World, mas eles custam pelo menos US $ 315 por hora, com um mínimo de seis horas. Então, você está gastando quase dois mil e não recebe as vantagens como almoço e estacionamento gratuitos. Assim, na maioria das vezes, a Disney está optando por uma abordagem mais igualitária para filas. Como isso se dá no longo prazo? Supondo-se que o os visitantes gostam tanto das diversões da Disney quanto da Universal, os clientes estão escolhendo principalmente com base no tempo de espera (essa pode ser uma grande hipótese, longe da realidade), a Disney deve ser atrair os clientes mais pacientes, enquanto Universal recebe uma clientela impaciente. Não está claro sobre qual grupo seria mais rentável servir. Talvez o tempo irá dizer.

Baseado no texto “Jumping theme park lines” de Martin A. Lariviere, publicado no blog The Operations Room. Tradução e adaptação feitas por Leandro C. Coelho e autorizadas pelos autores exclusivamente para o Logística Descomplicada.

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Comércio Exterior - COMEX Transportes

Os desafios do Porto de Santos

Se tudo correr bem, até o final de 2013, a capacidade de movimentação do Porto de Santos estará quase triplicada, ou seja, sairá dos atuais 3,3 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) para 8 milhões de TEUs  por ano. Essa marca equivalerá a toda capacidade de movimentação que os demais portos do País reunidos terão também a essa época. Isso será possível porque, naquela data, todos os terminais hoje em construção estarão prontos para funcionar.

É de lembrar, porém, que esses terminais estão sendo construídos por empresas privadas e que, se o País ainda estivesse atrelado à mentalidade estatizante que imperou até 1993, quando foi promulgada a Lei de Modernização dos Portos (Lei nº 8630), o Porto de Santos estaria passando por uma fase de caos completo ou teria sido descartado como o foram os tradicionais portos do Recife e do Rio de Janeiro.

Mas não se pode imaginar que, a partir de 2014, uma nova etapa vai se abrir para o Porto de Santos. Pelo contrário. O que preocupa é que, com a capacidade de movimentação aumentada e com a atracação de meganavios, em função do alargamento do canal de navegação para 220 metros e o seu aprofundamento para 15 metros, haverá maiores exigências de sua infraestrutura.

Como se sabe, a questão da infraestrutura é responsabilidade do poder público. E, se hoje os congestionamentos na Via Anchieta e ruas de acesso ao porto são constantes, em razão de gargalos na operação portuária, é de imaginar que, a partir de 2014, as dificuldades para o escoamento dos produtos serão ainda maiores. Até porque as obras públicas nunca acompanham o ritmo dos investimentos privados.

Mas não é só. Recentemente, o governador Geraldo Alckmin recebeu para sanção uma proposta de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), aprovada pelo Conselho de Meio Ambiente (Consema), que define as áreas que poderão receber novos terminais, especialmente nas ilhas Barnabé e Bagres, terrenos da área continental de Santos e nas margens do Canal de Piaçaguera, que dá acesso à zona portuária de Cubatão. Sem contar a possibilidade de construção de terminais em Praia Grande de São Sebastião.

Tudo isso se prevê pensando que, em uma década, o Porto de Santos poderá ter um déficit de 75 milhões de toneladas em sua capacidade de movimentação de granéis sólidos e líquidos, se pouco ou nada for feito nesse segmento. Esse déficit, obviamente, afetará também a movimentação de contêineres que hoje majoritariamente são carregados em cima de caminhões – apenas 1% dos contêineres e 10% dos granéis são conduzidos por via ferroviária. Além disso, a expectativa é que o Trecho Norte do Rodoanel seja concluído até novembro de 2014, o que significa que maior número de caminhões seguirá rumo ao Porto.

Portanto, diante desse quadro, só há uma saída: a ampliação da participação do modal ferroviário para pelo menos 25%, o que significa solucionar o atual gargalo na transposição da Serra do Mar. Além disso, é preciso concluir o Ferroanel, que funcionará como complemento do Rodoanel. Com o Ferroanel, será possível também retirar o tráfego ferroviário do centro da cidade de São Paulo e oferecer maior flexibilidade de horário e velocidade ao sistema.

O que se espera é que essas obras ganhem maior vitalidade e sinalizem para a iniciativa privada que vale a pena continuar a investir no Porto de Santos. Até porque a atividade portuária é planejada com 20 anos de antecedência. E ninguém costuma dar salto no escuro.

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Demanda Gestão

Gerenciando a capacidade em UTIs

Gerenciar o “fluxo de pacientes” é um dos aspectos mais desafiadores de qualquer unidade tratamento de saúde. Seja um hospital ou uma clínica, existe uma capacidade limitada de recursos mas aparentemente uma demanda interminável de pacientes, dos quais pelo menos uma parcela precisa de tratamento imediamente. Gerenciar a capacidade é então é uma tarefa crítica. Fazer este acompanhamento criterioso é ainda mais importante quando estamos falando das Unidades de Terapia Intensiva (UTI). As UTIs são feitas para tratar os pacientes mais doentes e é lá que qualquer hospital gasta muito dinheiro, muito rápido.

Um hospital que realiza a tarefa de gerenciar sua UTI muito bem é o Montefiore Medical Center, em Nova Iorque. O Wall Street Journal traçou o perfil muito interessante do que eles fazem (Critical (Re)thinking, 26/Mar/2011).

Gerenciar o fluxo de pacientes que entram e saem dos 78 leitos para tratamento médico e cirúrgico de adultos da UTI, e prever quem mais poderá precisar de um tratamento de alto nível de cuidados em qualquer dia requer um gerenciamento de precisão. Muitos hospitais não conseguem fazer isso eficientemente, mas o Montefiore faz – graças às inovações de Vladimir Kvetan, diretor de medicina de tratamento intensivo, ao longo da última década.

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Demanda Gestão Logística

Um apagão de táxis às 4 da tarde?

Na semana passada os leitores votaram no site (no final da matéria sobre como tirar um passageiro de um avião) e escolheram ler sobre táxis nesta semana. Vote no final desta matéria sobre seu assunto preferido para a semana que vem!

apagão de taxisAparentemente é difícil encontrar um táxi entre 4 e 5 da tarde em Manhattan, Nova Iorque. Por quê? Porque este é o horário em que muitos táxis (os carros) trocam de motoristas. Por esta razão, este é um problema fascinante de gerenciamento de capacidade.

A primeira surpresa é que um número enorme de táxis são usados 24 horas por dia em dois turnos de 12 horas. Realmente, Nova Iorque nunca dorme.

Então, temos dois turnos de 12 horas e obviamente um motorista só pode fazer um desses turnos – é preciso escolher uma hora e local para trocar de motorista. O local é muito provavelmente uma garagem no bairo Queens (costumava ser em Manhattan, mas o aluguel ficou muito caro então se mudaram para o Queens). O horário, você já pode imaginar, seria durante um período de pouca demanda. Ou ainda poderia ser dividido de maneira que os ganhos dos dois motoristas fosse equilibrado (e levando em consideração que dirigir de dia é melhor do que dirigir a noite). Leve estas duas coisas em consideração e aparentemente às 4 da tarde é um bom momento para trocar os motoristas. Um deles pega o rush da manhã, o outro o rush da tarde.

O resultado, segundo o New York Times (NYT, 11/jan/11) é um amontoado de táxis vazios às 4 da tarde.

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Logística Transportes

Tipos de caminhões (tamanhos e capacidades)

tamanhos e tipos de caminhõesNesta matéria vamos apresentar os diferentes tipos de caminhões, suas especificações e capacidades, começando pelos pequenos veículos urbanos de carga, utilizado dentro de centros urbanos, até os grandes caminhões articulados que encontramos em rodovias, utilizados para transporte de grandes quantidades de carga por longas distâncias.

O CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito) limita o peso máximo por eixo que pode ser carregado pelos veículos. Este limite deve-se ao fato que quanto maior a força que os pneus aplicam sobre a camada de asfalto, maior será a degradação deste asfalto. Assim, os caminhões podem levar muito peso, desde que ele esteja distribuído por vários eixos (maior número de rodas para distribuir o peso da carga).

Confira os tipos de caminhões e algumas especificações:

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Logística

Logística de classe mundial – parte 2

Esta matéria será dividida em duas partes:

Parte 1: Pesquisas preliminares para identificar fatores e características históricas que levaram ao desenvolvimento da logística de classe mundial.

Parte 2: Discussões sobre as qualidades de uma empresa com logística de classe mundial e conclusões.

Texto de autoria de Neimar Follmann e Douglas Hörner

1 – GENERALIZAÇÃO

Elaborar e melhor entender os aspectos fundamentais de uma performance logística superior.

A partir do modelo elaborado na pesquisa da Liderança da Vantagem Logística, desenvolveu-se outro com base nos dados das pesquisas e entrevistas. E este é o que demonstra os quatro pontos chave necessários para que se alcance um nível logístico de classe mundial.

Este modelo destaca quatro competências: