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O aumento da Classe C, economia e inadimplência

Em maio de 2011, quando publicamos o artigo As classes sociais e a desigualdade no Brasil, a Classe C brasileira contava com 101 milhões de pessoas. Com o aumento do valor do salário mínimo, aliado ao aumento da procura de mão de obra mais especializada, e com a escassez de mão de obra qualificada, o salário pago aos trabalhadores qualificados teve um ganho real, fazendo assim com que mais famílias subissem de classe.

distribuição de renda brasileira - classes sociaisHoje a Classe C brasileira representa um contingente de 105,4 milhões de pessoas, ou 55% da população, contra 53% em maio.

Um recente estudo divulgado pela FGV revela que o encolhimento das classes D e E, que em 1992 representavam 62% da população, também seguiu a mesma velocidade. Em 2003, 54% dos brasileiros eram pobres. Hoje, somadas, as classes D e E representam 33% dos 191,4 milhões de brasileiros.

Mesmo assim, a desigualdade no país ainda é expressiva. Enquanto 22,5 milhões de pessoas estão no topo da pirâmide social, 24,6 milhões de brasileiros ainda ocupam a classe E, ou seja, vivem com renda familiar mensal de até R$ 751,00.A maioria dos integrantes da classe E também está abaixo da linha da pobreza extrema definida pelo governo federal. São 16,2 milhões de pessoas vivendo com até R$ 70 mensais.

A FGV baseou os seus cálculos pelos critérios adotado pelo IBGE, para a divisão das classes sociais, que é a renda familiar mensal (base 4 pessoas). Estão na classe E as famílias com renda de até R$ 751. Na classe D figuram as famílias que recebem entre R$ 751 e R$ 1.200 por mês. A classe C é composta de famílias com renda entre R$ 1.200 e R$ 5.174. Já a classe B inclui pessoas com renda familiar entre R$ 5.174 e R$ 6.745. Qualquer família que ganhe mais do que isso por mês é considerada classe A pelo IBGE.

Em pesquisa do Cetelem (instituição financeira integrante do grupo francês BNP Paribas), no ano de 2010, os brasileiros gastaram em média, mensalmente, R$ 165,00 a mais que no ano de 2009.A pesquisa indica ainda que o brasileiro está otimista. Cerca de 60% dos entrevistados espera mais crescimento em 2011, 53% mais consumo e 52% mais crédito.

Segundo o levantamento, 79% dos pesquisados pretendem economizar mais em 2011, mas 48% também pretendem gastar mais neste ano, com destaque para itens como bens para casa, móveis, decoração e entretenimento. Por outro lado, apenas 26% dos entrevistados comparam as taxas de juros, antes de escolher onde vão realizar suas compras através de financiamento.

Com as vendas em alta, o comércio varejista brasileiro mantém otimismo mesmo com o aumento na inadimplência. Apesar do elevado grau de endividamento dos brasileiros, que atingiu recorde nos últimos dois anos, o comércio varejista parece ainda não estar com o sinal amarelo.

Empresas varejistas, como Casas Bahia, Magazine Luiza, Marisa e C&A já começam a procurar seus clientes inadimplentes para sanar atrasos e fazer com que essas mesmas pessoas estejam livres para efetuar novas compras, apontam os analistas.

A inadimplência de Pessoas Físicas afeta o caixa das empresas e faz também aumentar a inadimplência de Pessoas Jurídicas. Segundo dados do Serasa, de maio de 2011, na comparação com 2010, a inadimplência das pessoas jurídicas cresceu 23,6%.

Segundo os economistas da Serasa Experian, os juros elevados e a desaceleração econômica decorrentes da política monetária restritiva para controle da inflação, os impactos do aumento dos preços e o crescimento na inadimplência do consumidor no caixa das empresas já afetam sua capacidade de pagamento.

De janeiro a maio, as dívidas com bancos tiveram valor médio de R$ 5.049,81, o que representou 5,8% de aumento ante o mesmo período de 2010. Os títulos protestados, por sua vez, compuseram, nos cinco primeiros meses do ano, valor médio de R$ 1.723,59, resultando em 7,0% de elevação, na comparação com o acumulado de janeiro a maio de 2010.  Por fim,  cheques sem fundos apresentaram, de janeiro a maio deste ano,  valor médio de R$ 2.058,15, ou 2,7% de crescimento, na relação com os cinco primeiros meses de 2010.

Apesar da informação alarmante, o Brasil continua se destacando no consumo em comparação a outros países. Para o analista Fábio Pina da Fecomércio, a inadimplência faz parte da evolução do consumidor, que está mudando de classe e experimentando produtos que antes não comprava.

Para o presidente do SindLojas (Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia), Paulo Motta, o consumo da classe C é uma referência para a economia. “  A classe C hoje é o termômetro de compra, não só no varejo, mas na área de viagens, hotéis. Mas se o consumidor não tiver consciência de adquirir aquilo que tem capacidade de liquidar, gera uma inadimplência tão alta como a que estamos começando a vivenciar e tira do mercado consumidores importantes para  manter o varejo ativo”.

Para conter a crescente inadimplência que está se instalando na Classe C, ou os lojistas passam a reduzir o número de parcelas no financiamento, ou a reduzir o crédito, ou a bolha estará formada e em breve teremos uma  classe C endividada e sem crédito no mercado e empresas com créditos a receber e sem poder honrar seus compromissos por atrasos dos consumidores, ocasionado pela facilidade na obtenção do crédito.

 

Fontes: Folha, Globo, Panorama Brasil

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Colaborações

Nova classe média tem maioria feminina, branca e com mais de 25 anos

Um perfil elaborado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República revela que a nova classe média brasileira, formada por 95 milhões de pessoas, tem a maioria feminina (51%) e branca (52%) e é predominantemente adulta, com mais de 25 anos (63%).

Os dados são da Pesquisa de Amostra Domiciliar (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) antes do Censo 2010, e agora recompilados pela SAE para estabelecer o perfil da classe C – que, na última década, teve o ingresso de 31 milhões de pessoas e tornou o estrato social mais volumoso. A renda familiar da classe média varia de R$ 1 mil a R$ 4 mil mensais.

mulheres na classe médiaO perfil da nova classe média é tema do seminário que o governo promove nesta segunda-feira (8/8), em Brasília, para estabelecer novas políticas sociais para o segmento.

Segundo os dados, a nova classe média é majoritariamente urbana (89%) e, em sua maioria, está em três regiões brasileiras: Sul (61%), Sudeste (59%) e Centro-Oeste (56%). O percentual da população nesse estrato social é maior em cidades de pequeno porte (45%), com menos de 100 mil habitantes, do que em regiões metropolitanas (32%) e em cidades de médio porte (23%).

Os dados educacionais revelam que 99% das crianças e adolescentes (7 a 14 anos) da classe média frequentam a escola. A proporção é a mesma que a da classe alta. A frequência escolar nas faixas etárias mais velhas é, no entanto, comparativamente menor. Na classe alta, 95% dos jovens de 15 a 17 anos e 54% dos adultos de 18 a 24 anos frequentam escola; enquanto, na classe emergente, os percentuais caem para 87% e 28%, respectivamente.

Apesar do perfil escolar mais baixo, a SAE afirma que a classe C tem buscado incrementar a formação escolar. Segundo o secretário executivo da SAE, Roger Leal, o total de anos dedicados ao estudo é maior que no passado, e a classe C tende a se beneficiar da melhoria da qualidade no ensino. Para ele, é natural a junção entre um acesso mais amplo à educação e um espaço maior no mercado de trabalho.

Conforme a SAE, seis em cada 10 pessoas da classe C estão empregadas. A maioria dessas tem registro formal (42% com carteira assinada e 11% como funcionário público); 19% trabalham sem registro; outros19% trabalham por conta própria; 3% são empregadores; e 6% não são remunerados. O perfil de formalização da classe C (53%) está acima da média nacional (47%), mas, na classe alta, o índice de formalização é maior, 59%.

“O fato de a pessoa chegar à classe média, de ter tido um incremento do rendimento, experimentado alguma ascensão social, não significa dizer que houve formalização do emprego”, pondera Leal, ao destacar que não há uma relação rigorosa entre a melhoria da qualidade de vida e a legalização do vínculo empregatício. “Isso não quer dizer que o combate à pobreza gere formalização do emprego.”

Ainda conforme os dados compilados da Pnad 2009, três quartos da classe C moram em casa própria, sendo 99% dos domicílios de alvenaria ou madeira emparelhada; com forro ou cobertura de laje, telhado ou madeira emparelhada. Os dados analisados pela SAE serão publicados no site www.sae.gov.br/novaclassemedia.

Fonte: Agência Brasil
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Colaborações

Mais de 40% dos alunos das universidades federais são das classes C, D e E

Cerca de 43% dos estudantes das universidades federais são das classes C, D e E. O percentual de alunos de baixa renda é maior nas instituições de ensino das regiões Norte (69%) e Nordeste (52%) e menor no Sul (33%). É o que mostra pesquisa da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que será lançada hoje (3), sobre o perfil dos estudantes das universidades federais.

educação superior brasil classes C D EPara a Andifes, o resultado do estudo, que teve como base 22 mil alunos de cursos presenciais, desmistifica a ideia de que a maioria dos estudantes das federais é de famílias ricas. Os dados mostram, entretanto, que o percentual de alunos das classes mais baixas permaneceu estável em relação a outras pesquisas feitas pela entidade em 1997 e 2003.

Segundo o presidente da Andifes, João Luiz Martins, as políticas afirmativas e a expansão das vagas nas federais mudaram consideravelmente o perfil do estudante. A associação avalia que se não houvesse as políticas afirmativas, o atendimento aos alunos de baixa renda nessas instituições teria diminuído no período.

Martins destaca que se forem considerados os estudantes com renda familiar até cinco salários mínimos (R$ 2.550), o percentual nesse grupo chega a 67%. Esse é o público que deveria ser atendido – em menor ou maior grau – por políticas de assistência estudantil. A entidade defende um aumento dos recursos para garantir a permanência do aluno de baixa renda na universidade. “Em uma família com renda até cinco salários mínimos, com três ou quatro dependentes, a fixação do estudante  na universidade é um problema sério”, diz Martins, que é reitor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).

O estudo identifica que 2,5% dos alunos moram em residência estudantil. Cerca de 15% são beneficiários de programas que custeiam total ou parcialmente a alimentação e um em cada dez recebe bolsa de permanência.

Dificuldade de se manter

Vânia Silva, 26 anos, ex-aluna do curso de pedagogia da Universidade de Brasília (UnB), contou, ao longo de toda a graduação, com bolsas e outros tipos de auxílio. No primeiro semestre, a ajuda era de R$ 130, insuficiente para os gastos com alimentação, transporte e materiais. Ela participou de projetos de pesquisa e extensão na universidade para aumentar o benefício e conseguiu moradia na Casa do Estudante. Mas  viu colegas desistirem do curso porque não tinham condições de se manter.

“Para quem quer ter um bom desempenho acadêmico, o auxílio é muito pequeno. Esse dinheiro eu deveria gastar em livros ou em viagens para participar de encontros de pesquisadores, mas usava para custear minhas necessidades básicas”, conta. Hoje, ela é aluna de pós-graduação e a bolsa que recebe continua sendo insuficiente para os objetivos que pretende alcançar. “Já tive trabalhos inscritos até em congressos internacionais, mas com essa verba não dá para bancar uma viagem”, diz.

Os reitores destacam que a inclusão dos estudantes das famílias mais pobres não é a mesma em todos os cursos. Áreas mais concorridas como medicina, direito e as engenharias ainda recebem poucos alunos com esse perfil. Cerca de 12% das matrículas nas federais são trancadas pelos alunos e, para a associação, a evasão está relacionada em grande parte à questão financeira.

“Em outras parte do mundo, a preocupação do reitor é com a qualidade do ensino e com a pesquisa. Mas aqui, além de se preocupar com um bom ensino, ele também tem que se preocupar com a questão social”, compara Álvaro Prata, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Para 2012, a Andifes reivindicou ao Ministério da Educação (MEC) que dobre os recursos destinados à assistência estudantil. A previsão é que a verba seja ampliada dos atuais R$ 413 milhões para R$ 520 milhões, segundo a entidade. “Com a política de cotas e a expansão da UnB para as cidades satélites, houve um aumento muito grande da necessidade de políticas de assistência estudantil. Mas isso é secundário para o governo e a própria administração da universidade. Muitas vezes, eles acham que têm que trabalhar para ter mais sala de aula e laboratório, mas não há o restaurante universitário”, observa a representante do Diretório Central dos Estudantes da UnB, Mel Gallo.

Fonte: Amanda Cieglinksi, da Agência Brasil

 

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A ascensão da Classe C – classes sociais no Brasil

 

Existe uma atualização desta matéria em As classes sociais e a desigualdade no Brasil

distribuição de renda brasileira - classes sociaisHá algum tempo publiquei aqui no Logística Descomplicada a matéria O Brasil, suas classes sociais e a implicação na economia, e citei que com base em dados de 2008, a classificação de renda para a determinação das classes sociais, segungo a ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa), estava assim dividida levando em consideração a Renda Total Familiar (por mês), considerando uma família de 4 pessoas:

– A1 com renda familiar acima de R$ 38.933,88

– A2 com renda até R$ 38.933,88

– B1 com renda de até R$ 26.254,92

– B2 com renda familiar até 13.917,44

– C1 com renda familiar até R$ 8.050,68

– C2 com renda de até 4.778,12

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O crescimento da classe C: mudanças no mercado consumidor e desafios para a cadeia de abastecimento

Confira este texto sobre os novos desafios que os gestores de cadeias de suprimentos enfrentam com o aumento da classe C e sua demanda, escrito por Israel S. Grüdtner, M.Sc.*

Desde meados da década de 1990, mudanças na economia brasileira, resultantes principalmente do Plano Real, elevaram a renda dos brasileiros, aumentando substancialmente a classe C, definida como aquela cuja renda familiar mensal varia entre R$1.065,00 e R$4.591,00 (Fundação Getúlio Vargas – FGV). Nos últimos sete anos, esta camada da população teve aumento superior a 40% em sua renda familiar, injetando mais de R$100 bilhões na economia.

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA – apresentado no fim de outubro de 2009 mostra que, em 3 anos, 18,5 milhões de brasileiros – mais de 10% da população do país – mudaram de classe social. Isso significa que há uma parcela maior da população em condições de consumir produtos, sejam: microcomputadores, aparelhos de micro-ondas, automóveis, leite longa vida, amaciante de roupas, tintura para cabelo, entre muitos outros.

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Para especialista, nova classe C ignora sustentabilidade

Confira abaixo entrevista do professor e sócio da consultoria de comportamento do consumidor InSearch Fábio Mariano, concedida para a Folha. Por Ricardo Mioto.

Mais da metade dos brasileiros já fazem parte da classe C, que engloba famílias com rendas mensais entre R$ 1.000 e R$ 4.500, aproximadamente.

Em seis anos, 20 milhões subiram para esta faixa –e o fluxo continua. É gente descobrindo como é bom consumir, mas que não se preocupa muito com o planeta, diz Fábio Mariano.

FOLHA – A classe C pensa em consumo responsável ou só quer preço?
FÁBIO MARIANO – Ninguém se importa só com o preço. A classe C, por exemplo, vai ver quanto os eletrodomésticos consomem de energia. Mas porque ela está preocupada com a carteira, não com o mundo.