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Por que o comércio já tem produtos de Natal?

Com a passagem do Dia das Crianças, o próximo grande feriado festivo para o comércio é certamente o Natal. É um pouco cedo, pois faltam mais de 2 meses para que o bom velhinho venha nos entregar presentes, mas pode ser um bom negócio, tanto para os consumidores quanto para os lojistas.

natalGrande parte dos produtos de Natal sofrem do mesmo mal dos produtos perecíveis. E aqui não falo apenas de frutas, legumes e derivados de leite. São também perecíveis jornais, revistas, sangue e moda. Muitos produtos natalinos não tem nenhum valor passada a noite do dia 25. Quem vai comprar uma árvore de Natal no dia 26? Luzinhas piscantes? Decorações? E o que dizer dos brinquedos e presentes. Enquanto o preço deles certamente cai a partir do dia 26, as crianças querem seus presentes entregues na hora certa, afinal eles se comportaram o ano inteiro e o bom velhinho vai visitá-las.

Mas e a logística das vendas do Natal? As cadeias de suprimentos que alimentam as vendas natalinas tem situações críticas e específicas, como ocorre nas festas temáticas (dia dos namorados, dia dos pais, dia das mães, dia das crianças…).

1. Os produtos destas festas são altamente sazonais. Muitas lojas de departamento tem um espaço dedicado apenas para itens sazonais. Essas seções de itens sazonais tem um giro de produtos que segue o calendário das festas: Natal, ano novo, carnaval, etc. Ocorre que depois do dia das crianças, o próximo grande evento é realmente o Natal. Então, vale mais a pena colocar produtos natalinos agora, do que deixar as prateleiras vazias.

2. As lojas de departamento ajudam os consumidores a se prepararem para o Natal. As decorações, árvores, pisca-pisca, meias e bengalas são compradas e instaladas muitas semanas antes da chegada do papai Noel.

3. Como são produtos sazonais, muitos consumidores preferem comprar cedo, para não correr o risco que seu produto preferido acabe.

Para ajudar, no Brasil muitas pessoas começam a utilizar o 13o salário adiantado e fazem as compras aos poucos nos cartões de crédito, o que contribui para o mercado natalino antecipado.

Finalmente, vale lembrar que a logística não tem culpa pelas musiquinhas que as lojas insistem em tocar nessa época…

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Gestão Logística

Como a economia pode mudar sua vida

Já sabemos que a macroeconomia e suas variáveis, como a taxa de juros, inflação, desemprego e tantas outras, pesam sobre nossas decisões, nossas frustrações e realizações. Uma relação que muitas vezes parece injusta, pois a economia depende de nós enquanto nós dependemos dela.

economiaA microeconomia, aquela que reflete nossas ações e omissões de forma individual, vem sendo desprezada diante da grande atenção que a macroeconomia nos vem tomando. Afinal, qual brasileiro hoje não está preocupado com o andamento da economia do país?

A verdade é que muitos brasileiros continuarão sofrendo por não terem uma disciplina escolar voltada à organização econômica – algo que é defendido por muitos – para aprender a tocar a vida de forma planejada. E como uma fração faz parte de um todo, esse conhecimento muito contribuiria para uma macroeconomia mais fortalecida e consciente.

Um controle econômico precisa essencialmente de planejamento e disciplina para se alcançar as realizações financeiras. Há quem diga que a disciplina é mais importante do que o dinheiro, pois se for pouco com disciplina pode dobrar, mas se for muito sem disciplina vai acabar.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgou pesquisa apontando que 90% dos brasileiros têm dificuldades para quitar dívidas. A crise contribui, é claro, mas essas dificuldades também são significativas quando a economia é favorável, pois a maioria dos brasileiros sempre teve dificuldades para controlar suas finanças pessoais. Segundo o SPC (Sistema de Proteção ao Crédito), só em 2015, 3,4 milhões de pessoas foram negativadas no sistema. O número de brasileiros com dívidas em atraso chegou a 58 milhões no primeiro trimestre de 2016. Isso representa quase 40% da população entre 18 e 95 anos. E o pior é que, segundo uma pesquisa da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), os números foram agravados por dívidas de serviços essenciais, como água e energia elétrica. É obvio que o aumento do desemprego que se abateu sobre mais de 11 milhões de brasileiros, e que ainda cresce de acordo com últimos levantamentos, agrava tais números, porém, será que se estivéssemos individualmente preparados para turbulências em nossa economia teríamos números tão expressivos?

A Fecomércio (Federação do Comércio de São Paulo) levantou todas as dívidas dos brasileiros e a soma foi de R$ 803 bilhões, e o mais assustador é que desse valor, que já foi maior, só os juros representam R$ 320 bilhões. Ao mesmo tempo em que é assustador, não é surpresa que os juros representem o maior fator de um endividamento crescente, depois do desemprego, que também tira a renda do trabalhador que se vê acuado e sem meios para sanar suas dívidas.

Contudo, não se pode negar que a falta de controle orçamentário se sobrepõe a esses fatores já citados, pois segundo especialistas, ganhar R$ 1 mil e gastar R$ 1,2 mil é a principal fonte de endividamento do brasileiro. Até mesmo usando o exemplo da dívida pública do Brasil, não se pode gastar mais do que se arrecada. E o indivíduo que não controla seus gastos de acordo com seu salário, que não se informa sobre os juros que está pagando, que contrata empréstimos sem planejamento e que não faz um controle detalhado de suas dívidas fixas e variáveis, corre sérios riscos de cair em um poço sem fundo.

Repito que planejamento e disciplina são essenciais. Se não estiver disposto a abrir mão de algumas coisas, de nada adiantará buscar controlar seu orçamento pessoal. Um bom começo é saber quanto custa uma hora real de seu trabalho (seu salário líquido dividido por 220) e comparar com o preço de algo cujo valor deverá ser dividido pelo valor de sua hora trabalhada. Se você ganha R$ 2.500,00 (já descontadas as taxas), por exemplo, uma camiseta de R$ 80,00 lhe custará 7 horas de seu trabalho; ou substituir aquele celular por outro de R$ 1.200,00 lhe custará mais de 105 horas de trabalho (mais de 13 dias de trabalho); ou ainda um simples lanchinho (refrigerante + sanduíche) pode lhe custar uma ou duas horas de seu trabalho. Vale a pena trabalhar horas por algo que talvez possa viver sem? É só uma questão de valorizar seu esforço, seu tempo e seu dinheiro lhe dando a dimensão do quanto realmente lhe custa algo, essencial ou não.

Você é quem está no controle de seus gastos. Economize e proteja seu futuro, renegocie dívidas sem adquirir outras maiores, informe-se sobre as muitas faces dos controles de suas finanças, pois a economia que lhe gera problemas também lhe traz soluções. Você e ela podem ter uma relação de sucesso.

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Mercosul ou voo solo?

Não se pode deixar de reconhecer que os resultados alcançados pelo Mercosul em seus 24 anos de existência foram significativos, mas isso não quer dizer que o Brasil tem de ficar atrelado a esse acordo indefinidamente. Por isso, é preciso que o governo avalie muito bem a situação à que chegou o bloco e tome as decisões que se afigurem como as melhores para o País. O que se lê até mesmo em editoriais de grandes jornais é que o Mercosul impediria os seus sócios de firmar acordos isoladamente, mas esse entendimento começa a ser flexibilizado. A ideia que fica é que esse possível impedimento estava sendo usado apenas como uma desculpa esfarrapada para justificar o injustificável, ou seja, a ineficiência da diplomacia para fechar acordos com outros países ou blocos.

brasil argentinaSe o Mercosul impedisse que seus parceiros fechassem tratados isoladamente, a Argentina não teria firmado recentemente 15 acordos com a China que vão permitir aos chineses investir em obras de infraestrutura naquele país, recebendo em troca facilidades para vender equipamentos. Além disso, os chineses vão fornecer linhas de crédito, valendo-se de um acordo de swap (permuta) do yuan em relação ao peso para evitar uma futura alta nos juros. Não é preciso ser muito atilado para se concluir que esses acordos são contrários ao espírito do Mercosul e aos interesses brasileiros, especialmente dos exportadores de manufaturados.

Ainda apegado a uma estratégia que considera a Argentina parceira fundamental e sócia privilegiada, em função do mercado que representa para os manufaturados, o governo tem assimilado essa e outras afrontas, como medidas burocráticas que têm restringido a entrada dos produtos nacionais na nação vizinha. E, assim, perdido um tempo que poderá ser fatal para os interesses do País, resultado de divergências entre os sócios do Mercosul em relação a um acordo com a União Europeia (UE).

Ora, se, depois de 15 anos de negociações infrutíferas, não há possibilidade de o Mercosul avançar unido para um tratado com a UE, então que o Brasil busque um acordo individual com os europeus. Isso não significaria o fim do Mercosul, até porque, além da proximidade geográfica, as economias dos parceiros sul-americanos são complementares. Tanto o Brasil precisa do mercado argentino para colocar seus produtos como a Argentina necessita do mercado brasileiro.

Como UE e EUA estão para concluir um tratado amplo sobre comércio e investimento, o que se prevê é uma redução do espaço para países que não tenham acordos semelhantes com esses dois mercados que são os maiores do planeta. Como hoje o Brasil é responsável por 37% do comércio entre a América Latina e a UE, perder esse espaço pode ser catastrófico numa situação já difícil como a que o País atravessa.

Portanto, o Brasil, seguindo o exemplo da Argentina, poderia encetar um voo solo em direção à UE, o que estaria mais em sintonia com os
interesses de um país que, por sua economia mais diversificada, difere bastante da de seus parceiros sul-americanos. Basta ver que a
indústria brasileira, apesar de todas as turbulências, ainda se mantém em pé, enquanto o parque fabril argentino está praticamente destruído depois da desvairada política kirchnerista.

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Brasil – EUA: a retomada

Os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que, desde 2009, o Brasil importa mais do que exporta para os EUA, o que é um contrassenso, pois, diante do maior mercado importador do mundo, o normal seria que a balança da nação norte-americana fosse deficitária em relação ao parceiro. Eis os números: em 2009, o déficit do Brasil foi de US$ 4,4 bilhões; em 2010, de US$ 7,7 bilhões; em 2011, de US$ 8,1 bilhões; em 2012, de US$ 5,6 bilhões; em 2013, de US$ 11,4 bilhões; e em 2014, de US$ 7,9 bilhões.

br eua relacaoEssa relação desigual, no entanto, está com os dias contados, pois, ao que parece, os EUA deverão voltar a ser o principal destino das exportações brasileiras, senão em 2015, pelo menos em 2016 ou 2017. Ou seja, em breve, os EUA deverão recuperar a liderança perdida para a China em 2009, o que deverá acontecer não só em função do crescimento da economia norte-americana e da desvalorização do real como da queda nas cotações das commodities agrícolas e minerais.

O crescimento da China não apresenta o fôlego de antes e não necessita tanto de matérias-primas. O resultado está na queda de 35% que tiveram os embarques com destino ao país asiático. Esse não é bom sinal, pois o ideal seria que o Brasil aumentasse o volume de vendas para os EUA de produtos semimanufaturados e manufaturados, sem deixar de vender commodities para a China nos níveis dos últimos anos.

É de se notar que aqueles produtos são aqueles de maior valor agregado e que, por isso mesmo, geram mais empregos e reativam o mercado doméstico. Sem contar que estão menos sujeitos às oscilações de preços. Portanto, é de se comemorar essa retomada das vendas de produtos industriais para os EUA que, aliás, em 2014, superaram a Argentina, tornando-se o principal destino de exportações de manufaturados do Brasil, com embarques de US$ 15,1 bilhões.

Hoje, segundo a Funcex, os manufaturados respondem por 54% dos embarques para os EUA, os semimanufaturados por 21% e os básicos por 25%. Mas é de se lembrar que, desde 2006, o petróleo é o maior item na pauta de exportações para os EUA. Em 2014, as vendas do produto chegaram a US$ 3,4 bilhões e representaram 12,6% dos embarques. Mas, em seguida, vieram produtos manufaturados, como os de ferro e aço (US$ 2,2 bilhões), aviões (US$ 1,93 bilhão) e motores e turbinas para aviões (US$ 1,57 bilhão).

Até o começo deste século XXI, o mercado norte-americano respondia por 24% das vendas brasileiras, mas, em 2014, ficou com 12%. Isso significa que há muito que fazer para se recuperar o terreno perdido. Ainda bem que o governo brasileiro, no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, parece que aprendeu com a sabedoria chinesa que negócios são negócios.

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A vitória na OMC e seus desdobramentos

Não há dúvida que a eleição do diplomata Roberto Azevêdo para a direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) foi a maior vitória de um governo brasileiro na área de comércio exterior. E que, em função desse êxito, até certo ponto inesperado, nunca como agora o País reúne condições para alavancar a sua participação no comércio global, hoje limitada a 1,3% do que se vende e compra no planeta.

brasilObviamente, Azevêdo não foi alçado ao cargo para defender exclusivamente os interesses brasileiros, mas, acima de tudo, para atuar como magistrado na busca de soluções conciliatórias para conflitos comerciais entre os países-membros. Mas a sua presença no posto dá automaticamente ao Brasil o status de player importante no comércio internacional. Cabe agora ao governo saber tirar proveito da situação favorável na OMC para destravar negociações que vinham prejudicando o País.

É o caso da Rodada Doha, pela qual o Brasil muito lutou no último governo, ao lado da União Europeia, mas que foi abandonada pela política externa da presidente Dilma Rousseff em 2012, ao aumentar as tarifas de uma centena de produtos. É de lembrar que, em 2008, houve uma última e desesperada tentativa de garantir o êxito da Rodada Doha, que foi abortada por EUA, Índia e China. O curioso é que, em 2013, o representante brasileiro teve contra si a força política dos EUA e da União Europeia e o apoio da China, Índia, Rússia e outras nações emergentes.

Por que a estratégia mudou? O que se imagina é que o governo chegou à conclusão que a indústria brasileira perdeu sua competitividade, o que significa que o País perdeu também a capacidade de negociar acordos. Como se sabe, para se chegar a acordos comerciais, é preciso fazer concessões. E hoje não há como fazer concessões em setores que mal se sustentam em pé. É por isso que o governo também não tem hesitado em fazer uso de mecanismos de defesa comercial quando cabíveis. E se mostra atento a práticas ilegais que prejudiquem a indústria nacional.

A estratégia de Azevêdo em trabalhar para que a China ocupe uma das quatro vice-presidências da OMC é compreensível, até porque certamente fez parte do acordo costurado nos bastidores de Genebra para a sua eleição. O que o Brasil precisa é analisar com cautela o aprofundamento dessa parceria, tendo em vista o interesse nacional. Faz sentido vender recursos naturais para a China não só para equilibrar a balança comercial como para desenvolver a economia. Mas os interesses estratégicos do País precisam ser protegidos. Tampouco o Brasil pode correr o risco de vir a ser reduzido a uma posição de neocolônia da China ou de qualquer outra potência.

Para tanto, precisa aproveitar as facilidades que a vitória na OMC pode abrir para fazer crescer o seu comércio externo, se não com acordos com outras nações e blocos, ao menos com uma presença maior em feiras. E esse crescimento tem que se dar principalmente pela venda de produtos manufaturados.

Ao mesmo tempo, o governo necessita estimular a participação de micro e pequenas empresas no comércio exterior a partir de financiamentos do BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (CEF). Hoje, essa participação em exportações está ao redor de 3,5%, enquanto a média mundial é 60%.

Além disso, é preciso estabelecer um plano que preveja facilidades para a importação de máquinas e equipamentos destinados à renovação do parque industrial. Por fim, o Brasil não pode se descuidar das vendas para a União Europeia e para os EUA, o que não é incompatível com a busca de mercados alternativos para os produtos nacionais.

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Comércio exterior: novos rumos

Apesar da crise econômica global, não se pode dizer que o comércio exterior do Brasil está em crise. Há problemas, é verdade, como a queda acentuada nas exportações do agronegócio, que vinha sendo responsável pela esmagadora maioria das vendas externas, seguido pelo setor de minérios, mas ainda há tempo para se iniciar uma recuperação.

Também é certo que entre os Brics, grupo do qual faz parte ao lado de Rússia, Índia e China, o Brasil é o que tem tido neste ano um crescimento menos significativo. Sem contar que o comércio exterior brasileiro continua residual, ou seja, em 2011, as exportações nacionais representaram 1,44% das vendas mundiais, enquanto as importações ficaram em 1,29%, o que equivale a uma corrente de comércio de 1,33%.

A pouca representatividade brasileira pode ser avaliada por outros números: enquanto o comércio exterior da China representa 50% do Produto Interno Bruto (PIB) daquele país, o brasileiro equivale a 20% do PIB nacional. Mais: enquanto a China dobra o seu crescimento econômico a cada período de sete anos, o Brasil o faz apenas a cada sete décadas.

Apesar de tudo isso, não se pode dizer que o comércio exterior do País não tenha crescido. Afinal, triplicou na primeira década do século XXI, saindo de US$ 111 bilhões em 2000 para US$ 482 bilhões em 2011. Sem contar que a olho nu é possível constatar os efeitos desse crescimento no Porto de Santos, responsável por 32% da movimentação do comércio exterior brasileiro.

Ali estão em fase de conclusão os terminais da BTP e da Embraport que, dotados de portêineres e transtêineires post panamax, movimentarão juntos a partir de 2013 mais de 3,2 milhões de TEUs – unidade equivalente  um contêiner de 20 pés – e 3,4 milhões de metros cúbicos de granel líquido, além de granel sólido. Em Guarujá, até o final de 2013, entrará em operação o Aeroporto Civil Metropolitano da Baixada Santista. E estão em licitação pelo governo do Estado obras que deverão eliminar o gargalo no trevo de Cubatão que hoje tumultua a circulação de caminhões entre a via Anchieta e os terminais de Guarujá.

Para que esse ímpeto de crescimento não se arrefeça, é urgente que o governo federal tome medidas para aumentar a presença de produtos de maior valor agregado nas vendas brasileiras, o que passa pela adoção de políticas de desoneração e incentivo. Só assim será possível restabelecer equilíbrio na pauta de exportações e preparar o País para uma possível redução nas vendas de produtos primários para a China, em função da desaceleração da economia mundial.

Antes de tudo, porém, será necessário reduzir a atual carga tributária – a maior do mundo em termos relativos –, além de reverter uma taxa de juros que alcança níveis escorchantes.

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Escolher bem os parceiros comerciais

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) indicam que, em janeiro, os EUA voltaram a ocupar o primeiro lugar entre os países que recebem produtos brasileiros, com um total de R$ 2,3 bilhões, superando a China, que comprou US$ 1,8 bilhão. Esse é um fato a comemorar, ainda que exista um flagrante desequilíbrio na balança Brasil-EUA que precisa ser corrigido.

De fato, em 2011, os EUA venderam US$ 33,9 bilhões em produtos para o Brasil, que conseguiu exportar apenas US$ 25,8 bilhões para o mercado norte-americano, o que produziu um déficit de US$ 8,1 bilhões. Esse é um motivo de preocupação porque, afinal, o Brasil é um das raras nações que deram aos EUA a oportunidade de obter um superávit comercial.

Maior mercado do planeta, os EUA costumam comprar fora quase tudo o que a sua grande sociedade consumista precisa, assumindo déficits comerciais com praticamente o resto do mundo. Isso significa que o Brasil, oitavo maior parceiro comercial dos EUA, só conseguiu essa “proeza” porque, nos últimos anos, embalado por uma política terceiromundista, o seu governo entendeu que precisava reduzir o grau de dependência em relação ao gigante do Norte, vendendo mais para países emergentes.

Ora, uma coisa nada tem a ver com a outra, pois o Brasil poderia ter aumentado suas vendas para mercados alternativos, sem deixar de vender mais para os EUA. Isso deixa claro que o País não investiu tanto quanto deveria em feiras e outras atividades de promoção comercial em solo norte-americano.

Superada essa visão estrábica, o atual governo parece que descobriu que está na hora de usar mais a Embaixada e os consulados do Brasil nos EUA para promover os produtos nacionais, pois é assim que age o nosso principal parceiro em solo brasileiro. É de lembrar que o governo estadunidense deu mostras de estar mais interessado no emergente mercado brasileiro do que o governo brasileiro no mercado norte-americano.

Basta ver que, além de atrair empresas brasileiras para que montem fábricas nos EUA e criem empregos para os seus cidadãos, o governo norte-americano abriu os olhos para a poderosa classe média brasileira, oferecendo facilidades para os turistas que desejam conhecer as delícias da Disneyworld e outras atrações.

Aproveitando esse despertar, o governo brasileiro, além de superar o contencioso aberto em relação aos aviões da Embraer, precisa aprofundar as relações comerciais com os EUA, grande comprador não só de produtos manufaturados de alto conteúdo tecnológico como de produtos químicos, ferro-liga, petróleo em bruto e café em grão. Isso não significa deixar de lado a China, país que só se interessa por produtos primários, como minério de ferro e soja.

Com essa nação, é preciso alcançar um relacionamento mais equilibrado, que supere a concorrência desleal e predatória de seus produtos manufaturados, especialmente no ramo de calçados, que vem colocando a indústria nacional em xeque. Escolher bem os parceiros comerciais é fundamental para construirmos o País que queremos.

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Logística, marketing e consumo consciente

O marketing existe desde que o homem fez a sua primeira transação comercial. A capacidade de agregar valor aos produtos, que é chamada pelos mais velhos de “tino para negócios”, é a prova de que marketing e comércio nasceram juntos. Porém, é inegável que o poder do marketing só se mostra definitivamente para o mundo a partir da Revolução Industrial. O excedente gerado pela produção em massa precisava ser escoado, o que foi possível a partir do uso das ferramentas de marketing.

Falar em escoar a produção automaticamente aproxima marketing de logística. Com mais produtos disponíveis, se tornava obrigatório incrementar os processos de distribuição. Estudar e sistematizar a melhor forma de fazer o produto chegar ao consumidor era a “bola da vez”.

logística marketing consumo conscienceNo entanto, esse desespero por produzir mais, em larga escala, teve um preço. E ele foi muito alto. Já consumimos 25% a mais dos recursos naturais que o planeta tem condições de nos ofertar. E em menos de 50 anos serão necessários dois planetas Terra para atender às nossas necessidades de água, energia e alimentos. E assim surge um dilema – produzir mais, ou esgotar as chances de sobrevivência?

O tempo passou. Viramos a página da disputa por qualidade. E hoje, não escolhemos comprar produtos e serviços pela sua qualidade (ou falta dela!). Compramos marcas, de acordo com a percepção construída ao longo do tempo. Podemos nunca ter usado um produto de uma determinada marca, e isso não impede que tenhamos uma opinião sobre aquele fabricante e sua linha de produtos. E é por isso que hoje tantas empresas se aventuram no campo da responsabilidade ambiental.

Estudos comprovam que o consumidor contemporâneo já aponta preferências por produtos ecologicamente e socialmente corretos. O dilema entre consumir muito e consumir de forma consciente tende a diminuir nas próximas décadas, o que abre novas perspectivas para o marketing. Se antes o bom era produzir e vender muito, agora a tendência é produzir cada vez melhor para se garantir uma relação cada vez mais duradoura entre produto e consumidor. Será que é um mero acaso que algumas empresas já estejam trabalhando a life warranty? Victorinox (a dos famosos canivetes suíços), Kingstom (quem não conhece os pendrives dessa marca?) e Nordweg (importante fabricante de pastas e bolsas) são exemplos de indústrias que já trabalham com garantia permanente. É um novo olhar sobre o relacionamento com o cliente.

Produzir de forma sustentável, produtos que proporcionem uma relação cada vez mais duradoura com o consumidor virou meta de qualquer empresa. Isso garante sustentabilidade, produtos de alta qualidade e satisfação do consumidor. Interessante reforçar que produzir de forma sustentável envolve também a logística! A partir da ideia da cadeia de suprimentos sustentável, podemos pensar em um processo logístico correto do ponto de vista ambiental, justo na ótica social e que seja rentável economicamente. Esse “tripé” garante uma cadeia de suprimentos sustentável e um perfeito alinhamento com a produção gerida de forma responsável.

Certamente os processos logísticos passam a assumir outras atribuições importantes, extrapolando os limites da tradicional logística direta. A primeira novidade no processo logístico está diretamente ligada a life warranty. Nesse caso, serviços como assistência técnica, atendimento ao cliente, reposição, troca precisam ser ágeis e alinhados com o atributo da qualidade que carregam esses produtos. Assim, a percepção do consumidor, construída a partir de uma relação tão duradoura, não correria riscos de ser comprometida por possíveis falhas nesses serviços. Dessa forma, os serviços estariam agregando mais valor a esses tangíveis. Com relacionamentos mais duradouros, a logística precisa se adaptar e esse novo modelo de consumo de longo prazo, com respostas rápidas, certeiras, dentro dos prazos.

Outra atribuição fundamental da área de logística em tempos de relacionamentos duradouros está diretamente ligada ao gerenciamento do fluxo de materiais. De forma primária é muito comum pensar a logística como a gestão de fluxos de materiais desde o ponto de compra da matéria prima até o seu ponto de venda do produto acabado. Porém, nos esquecemos que existe também um fluxo reverso, que deve estar atento para o gerenciamento do caminho e dos destinos de produtos e embalagens depois que saem do local onde são consumidos, retornando para o seu ponto de origem. É a chamada logística reversa.

Assim, se forma um ciclo onde ganham o meio ambiente, o comércio e o consumidor. E o marketing poderá explorar, no sentido mais positivo da palavra, a força de marcas e produtos. De uma vez por todas, o grande público passará a entender que marketing não é pirotecnia nem ferramenta para convencer os consumidores a comprarem algo que não desejem. E as pessoas irão internalizar que ferramentas de marketing são utilizadas para construir e manter relacionamentos.

Por Heitor Ferrari Marback:  administrador, mestre em administração estratégica e especialista em marketing. Tem experiência com consultoria e gestão de marketing. Na área pública atuou com planejamento e comunicação governamental. Professor Assistente da Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC.

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Leitura Recomendada

Gerenciando negócios internacionais

livro gestão de negócios internacionaisNa gestão de negócios internacionais, apenas os conhecimentos técnicos em logística, transportes e comércio exterior não são suficientes para garantir o sucesso da operação. Questões de ordem econômico-financeira, jurídicas, marketing, comunicação e até mesmo diferenças entre as culturas dos países podem influenciar e definir (positiva ou negativamente) no desenrolar do negócio.

Pensando nisso, e complementando o sorteio do livro sobre Logística Internacional que ocorrerá no dia 11/fevereiro (inscreva-se, ainda é tempo!) hoje a indicação de leitura é para o livro Introdução à Gestão de Negócios Internacionais.

O livro foi escrito com base na experiência de diversos professores em programas de graduação e pós-graduação e visa ser um instrumento introdutório para esta ampla área do conhecimento, abordando temas que normalmente não são estudados em conjunto, mas que podem ser o diferencial do sucesso do negócio.

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Logística

Movimento dos portos brasileiros

logística portuáriaComplementando a recente matéria Logística portuária – os portos mais movimentados do Brasil e do mundo veremos hoje o movimento em TEU dos 14 maiores portos do Brasil e a comparação da movimentação de cargas de 2008 e 2009, com os efeitos da crise econômica e o desaquecimento do comércio global.

A atividade empresarial nos 20 maiores portos de contêiner na América Latina e no Caribe caiu 6,8 % em 2009. Quase todos os portos sofreram baixas no comércio por causa da crise econômica global, segundo um recente ranking dos portos, elaborado pela Comissão Econômica para América Latina e no Caribe.