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Gestão da Cadeia de Suprimentos Logística Supply Chain Management

A cadeia de suprimentos na logística

Não faz muito tempo que os conceitos sobre Cadeia de Suprimentos (Supply Chain) foram introduzidos no ambiente de ensino. Embora suas primeiras e tímidas percepções datem, mais ou menos, de 1950, quando a Logística foi introduzida como ciência administrativa, o assunto está em constante evolução e conhecer seus processos mais complexos dota as atividades logístico-empresariais de excelentes chances para o alcance do sucesso tão perseguido pelas organizações.

O profissional que detiver tais conhecimentos será extremamente valorizado no mercado devido a sua capacidade de ofertar soluções para as organizações, integrando-as com todas as suas funções vitais, com as expectativas dos clientes e com outras empresas através do planejamento e do controle dos fluxos da cadeia, garantindo não apenas baixos custos, mas atividades sequenciais melhoradas que garantam o nível de serviço e que agregue valor com cada decisão tomada.

Enfim, o que é Cadeia de Suprimentos?

É o conjunto das atividades que integram os canais de aquisição, produção, armazenamento e distribuição, utilizando serviços, materiais e informações presentes em cada etapa.

Essas etapas assumem necessidades naturais de se interligarem para que toda a cadeia flua sem danos às atividades subsequentes. Por isso precisam ser planejadas e controladas para que o resultado final de suas operações venha agregar valor para os clientes finais, através de reduções dos custos e do tempo de cada ciclo sem a perda da eficiência.

Os canais de distribuição

A distribuição é vista, também, como uma cadeia na qual se destacam as matrizes do transporte e suas atividades lidam essencialmente com a movimentação. Ocorrendo entre cada par de etapas da Cadeia de Suprimentos, é fator-chave na questão dos custos. Por isso e por se entender que os suprimentos contemplam as atividades de produção e se estendem até o atendimento do consumidor final, a rede de distribuição possui um papel importantíssimo na Cadeia de Suprimentos, com seus complexos planejamentos e controles sendo realizados também por gestões específicas, quase que de forma independente.

Políticas básicas da Cadeia de Suprimentos

– Manter o foco na satisfação dos consumidores;

– Estratégias voltadas para a conquista e a manutenção de clientes finais;

– Gerenciar de maneira eficiente e eficaz todas as atividades ligadas à continuidade do fluxo, desde o processamento dos pedidos dos clientes até a entrega.

Planejamento e controle da Cadeia de Suprimentos

As possibilidades de uma empresa atender seus clientes são os principais objetivos buscados no planejamento da Cadeia de Suprimentos. Através da integração dos processos logísticos exigidos para o entendimento entre oferta e demanda, entre fornecimento e produção, entre armazenagem e distribuição e entre o conceito do cliente sobre o atendimento realizado e as reais ações adotadas pelo fornecedor para resolver seus problemas, alicerça-se uma boa gestão. Os benefícios obtidos por meio de técnicas de gestão bem aplicadas são percebidos por todas as partes envolvidas ao longo da cadeia.

O controle sobre toda a cadeia, principalmente fora da empresa, é fundamental para a gestão. Os dois pontos que mais contribuem para a dificuldade de planejamento estão voltados às atividades terceirizadas e às questões sazonais de consumo, mesmo que estas representem apenas uma pequena alteração, já podem ser suficientes para comprometer custos, espaço físico e tempo no ciclo dos processos se não acompanhados e reprogramados quando necessários.

As técnicas utilizadas na gestão podem variar de importância de acordo com o mercado de atuação, ou se em cadeias mais curtas ou mais longas, mas suas razões estarão sempre voltadas a minimizar as distorções entre os pedidos para os fornecedores e os pedidos dos compradores. À diferença dessas variâncias dá-se o nome de Efeito Forrester ou Efeito Chicote.

No LD você encontrará muito mais sobre este e outros assuntos. Boa pesquisa!

 

Este texto foi revisado por Cíntia Revisa!

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Gestão da Cadeia de Suprimentos Logística Supply Chain Management Transportes

História e evolução da logística

Para entendermos o conceito de logística e seu impacto na competitividade das empresas, precisamos entender a história e a evolução da gestão logística. Essa gestão inclui não apenas o fluxo de materiais, mas muitas outras funções logísticas que veremos em detalhes neste post.

História da industrialização

A primeira revolução industrial foi também a primeira revolução da logística. Em 1765, James Watt cria a máquina a vapor, que permite a produção em massa. Antes, cada produto era feito individualmente, à mão. Agora, os produtos eram feitos por máquinas que substituíram os trabalhadores, com um ritmo de produção muito maior.

Logo em seguida, em 1801, Eli Whitney introduz o conceito de peças intercambiáveis, o que permite uma segunda mudança importante na montagem dos produtos: a produção de armas, relógios, máquinas de costura e outras passaram a ser produzidas em grandes volumes, ao invés de serem customizadas.

No entanto, nesta época, o grande problema era a distribuição dos produtos. Já éramos capazes de produzir em massa, mas ainda não podíamos distribuir em massa. Isso mudou com a segunda revolução industrial: grandes inovações em transportes e comunicações (trens, navios e o telégrafo).

O início do século passado viu algumas das últimas grandes revoluções na produção, com Taylor fazendo a divisão minuciosa do trabalho, e Ford criando as linhas de produção móveis (linhas de produção já existiam antes, mas os trabalhadores se moviam; agora, o produto vem até o trabalhador, ditando um ritmo de produção imposto pela linha).

Economia atual

Com a globalização, multinacionais estão presentes e oferecem seus produtos em vários mercados do mundo. Inovação é a palavra de ordem, e se antes os clientes compravam o que estava disponível à eles, hoje os consumidores impõe seus desejos por maior valor agregado. Eles querem o produto certo, na hora certa, no preço justo, no local desejado, e com a qualidade desejada. Como balancear essa equação? Com uma ótima gestão de operações e logística.

Com isso, o papel da logística é claramente, muito maior que apenas distribuição. Passa desde a compra de matérias-primas, gestão de estoques, gestão da produção, controle de operações (estocagem, qualidade, distribuição e transporte), gestão da demanda (previsão) e planejamento de longo prazo (localização de usinas, gestão de projetos).

Cadeia de suprimentos

Uma cadeia de suprimentos é composta por uma rede de fornecedores, distribuidores, centros de distribuição, varejistas, etc, que visam transformar e entregar os produtos aos clientes.

Hoje em dia, este conceito é revisto, pois isso não é mais suficiente. Os clientes não querem apenas os produtos. Eles querem a garantia de que os serviços serão adequados. Isso inclui a certeza de que práticas ambientalmente corretas foram utilizadas, e que técnicas de reciclagem sejam postas a disposição. É a sociedade influenciando as empresas com a logística reversa.

Mas isso é assunto pra outro post!

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Da logística ao supply chain management

Frequentemente tenho me deparado com uma confusão a cerca dos termos mais comuns na gestão logística, então resolvi escrever um pouco sobre o assunto…

Talvez a maior confusão esteja associada à infraestrutura. É recorrente ouvirmos o termo logística confundido com infraestrutura, isto é, quando temos falta de recurso como no caso de rodovias em condições precárias, filas em portos, aeroportos, e ouvimos alguém dizendo que temos um problema de logística, quando na verdade o que temos é um problema para logística, que é quem tem a responsabilidade por planejar, implementar e controlar o fluxo eficaz e ao menor custo dos materiais de e para uma empresa, incluindo as informações relacionadas, com propósito de atender as necessidades dos clientes.

supply chain management logistica conceito e definiçãoA evolução da logística parte dos anos 1970 quando não havia coordenação entre as várias funções entendidas como logística, especificamente com introdução da gestão da distribuição física e transportes, mas ainda com cada função comprometida exclusivamente a atingir sua própria meta organizacional.

Nos anos 1980, começa-se a ouvir uma transformação para a integração das funções, o que no Brasil ganhou mais impulso nos anos 1990, já que nos anos 1980 além de uma situação econômica desfavorável a grande preocupação dos empresários estava relacionada com a inflação, então a dedicação maior estava associada aos aspectos econômico-financeiros e não de cunho operacional.

No período 1990 – 2000 surge um novo fator no ambiente empresarial, o bug do milênio que motivou as empresas a atualizarem seus sistemas integrados (ERP) para aqueles Y-2000 compatíveis e a possibilidade de integração entre os sistemas empresariais, resumindo, a logística trata da integração intra-empresarial e o gerenciamento da cadeia de abastecimento (supply chain management – SCM) da integração inter-empresarial.

O sistema abrangente da SCM aumenta o âmbito, incluindo fornecedores e clientes, nos diversos níveis (dos fornecedores dos fornecedores até os clientes dos clientes) com a coordenação, com vistas a racionalização/otimização, do fluxo de materiais e informações desde a aquisição das matérias-primas até  o consumo do produto acabado.

Os objetivos do Supply Chain Management (SCM) são para eliminar redundâncias, e reduzir o tempo de ciclo e inventários de forma a fornecer melhores serviços aos clientes ao menor custo.

O foco deslocou-se do compartilhamento do paradigma de market share para o paradigma do cliente, onde o objetivo é criar “valor do cliente”, levando ao aumento da lucratividade das empresas, o valor do acionista, e vantagem competitiva sustentável no longo prazo.

Logística envolve a obtenção da fonte certa, do produto certo, na quantidade certa e na qualidade certa, no lugar certo e na hora certa, para o cliente certo ao preço certo. A cadeia de abastecimento consiste dos fornecedores, a varejista e os clientes finais, ou consumidores.

O propósito de uma rede integrada em uma cadeia de abastecimento é atender os pedidos dos clientes através da geração de valor entre as funções, que incluem:

–        Suprimentos;

–        PPCP – planejamento, programação e controle da produção;

–        Gestão de estoques;

–        Processamento de pedidos;

–        Movimentação e Armazenagem (hoje denominadas intralogística, termo criado pela Deutsche Messe responsável pela CeMAT);

–        Transporte;

–        Gestão da informação.

Logística é um fator-chave de colaboração e integração da cadeia. Melhorar o desempenho neste campo permite que as cadeias de abastecimento aumentem significativamente a sua eficiência e contribui na criação de valor e inovações em diversas áreas.

Neste contexto, uma tarefa importante é encontrar estruturas e abordagens que permitam todos os tipos de gestão de desempenho em logística e cadeias de abastecimento para um melhor atendimento das necessidades do cliente.

Gestão da cadeia de abastecimento é uma abordagem inter-função incluindo o gerenciamento do transporte das matérias-primas, aspectos do processamento interno de materiais em produtos acabados, e o movimento das mercadorias até o consumidor final.

Como as organizações se esforçam para se concentrarem nas suas competências essenciais (core competences) e buscando maior flexibilidade, reduzem sua propriedade das fontes de matérias-primas e canais de distribuição. Estas funções são cada vez mais terceirizadas para outras entidades que possam desempenhar melhor as atividades ao menor custo ou de forma mais eficaz.

O efeito é aumentar o número de organizações envolvidas na satisfação do cliente, reduzindo o poder de gestão das operações logísticas diárias.

Menos poder e mais parceiros levou a criação dos conceitos de supply chain management. O propósito da gestão da cadeia de abastecimento é melhorar a confiabilidade e a colaboração entre parceiros da cadeia de abastecimento, melhorando assim a visibilidade dos estoques e da velocidade de movimento dos materiais. Há quatro áreas de decisão importantes na gestão da cadeia de abastecimento:

  1. Localização
  2. Produção
  3. Inventário
  4. Transporte (distribuição)

E há muitos elementos estratégicos e operacionais em cada uma dessas áreas de decisão.

Distinção entre Logística e Supply Chain Management (SCM)

Na literatura, logística e Supply Chain Management (SCM) são muitas vezes usados ​​como sinônimos, embora haja uma sutil diferença entre os dois.

Supply Chain Management (SCM) é mais estratégica na sua natureza enquanto que a logística é mais orientada para as operações. Enquanto Supply Chain Management (SCM) lida mais com as ligações na cadeia, contratos e relacionamentos, seleção de fornecedores, informações e fluxos financeiros além de fluxos de materiais, criando novas instalações, tais como fábricas, armazéns e centros de distribuição, e questões mais amplas, tais como economia, sociedade, governo e meio ambiente, o escopo da logística é mais ou menos confinado ao trabalho de rotina de transporte e armazenagem de mercadorias.

No entanto, pode-se perceber que a logística é o núcleo de Supply Chain Management (SCM), se a logística falhar, toda a cadeia se rompe.

* Por Edson Carillo (edson.carillo@connexxion.com.br) – Engenheiro de Produção Mecânico, com MBA em Administração Industrial e Especialização em gestão Executiva pela St. John’s University (The Peter J. Tobin College of Business). Mais de 20 anos de experiência em supply chain management – logística. É Diretor Executivo da Connexxion do Brasil | Supply Chain Engineering, consultor e instrutor nas áreas de operações (SCM e Manufatura). É Professor de MBA-FGV nas disciplinas de Operações e Serviços, co-autor de diversos livros. É Vice Presidente do ILOG – Instituto LOGWEB e Diretor da ASLOG. Foi presidente do Instituto Imam, engenheiro industrial da Indústrias Alimentícias Kibon e engenheiro pesquisador na Cia Ultragaz.

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Da Logística Integrada à Gestão da Cadeia de Suprimentos

Durante o período pós-guerra, muitas áreas da pesquisa em gestão de operações e engenharia industrial se desenvolveram de maneira muito acelerada e independentes umas das outras. No entanto, um dos aspectos essenciais da logística é seu papel de integração e coordenação entre fornecimento, produção, estocagem, consumo, transportes, etc. Assim, no final dos anos 60, uma nova visão contrapôs esta abordagem analítica e individual de cada uma destas partes. Trata-se da visão sistêmica, ou visão integrada.

da logística integrada à gestão da cadeia de suprimentosA logística integrada se propõe a estudar os sistemas complexos de maneira global, de forma que as relações existentes entre as diferentes partes sejam consideradas, e não se tente otimizar uma parte em detrimento do todo. Na área de logística, esta visão abriu espaço para o planejamento integrado, e este à análise do custo total, que embora pareça muito simples hoje em dia, foi um grande salto para o estudo da logística há 50 anos.

A análise do custo total leva em consideração todos os custos que serão incorridos com uma decisão. Por exemplo, pode-se transportar alguns produtos com aviões (pagando muito caro pelo transporte), mas reduz-se o lead time e assim diminui-se o nível de estoque, economizando neste último ponto. Se o custo total for mais baixo com o uso de aviões, então a situação é vantajosa.

Com esta integração, apareceu o conceito de gestão da cadeia de suprimentos, no início dos anos 80. Este novo conceito visava levar em consideração não apenas as integrações das atividades logísticas de uma empresa, mas também as integrações com seus parceiros de fornecimento e de consumo (acima e abaixo na cadeia de suprimentos). Esta gestão integrada pode ser vista também como uma extensão natural de diversas filosofias de redução de desperdícios (como o Just in Time e a qualidade total). A gestão integrada da cadeia de suprimentos também visa eliminar desperdícios, garantir um alinhamento mais afinado das decisões e uma melhor coordenação dos fluxos de produtos e de informações entre os diferentes elos de uma rede logística.

Diante dos diversos problemas de planejamento observados na logística, os tomadores de decisão se vêem frequentemente com um problema muito maior do que sua capacidade de raciocínio. A quantidade de ligações e a complexidade delas tornam as decisões muito difíceis: para um fabricante, por exemplo, como escolher entre a melhor localização para a fábrica, para os depósitos, as capacidades deles, os melhores modos de transporte, os bons níveis de estoques?

Todas estas decisões são claramente ligadas entre elas e deve-se encontrar uma maneira de tomar uma decisão que leve em consideração todas essas variáveis. As soluções com auxílio da matemática e informática são naturais, e assim, podemos dizer que a pesquisa operacional permite aplicar a abordagem sistêmica ao integrar todos os aspectos de um problema num mesmo modelo de decisão.

No entanto, é inútil tentar conceber um modelo muito completo se os dados necessários para alimentá-lo não são disponíveis ou se o modelo não pode ser resolvido , mesmo com os melhores métodos e computadores (ainda é o caso hoje em dia para muitos problemas).

A partir do final dos anos 80, vimos que os computadores estavam mais presentes nas empresas, os dados podiam ser obtidos de maneira sistemática e confiável, e softwares mais potentes e amigáveis combinavam modelos mais realistas e algoritmos mais desenvolvidos. Com isso, a logística e o transporte foram as áreas onde a pesquisa operacional teve mais sucesso. O resultado disso é evidente, mas é assunto para outra matéria.

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Do conceito de logística à logística empresarial

Na matéria O que é logística você conheceu melhor a definição e as atribuições da nossa área. Agora entenda como este conceito evoluiu desde seu nascimento até a logística empresarial.

O transporte e a estocagem são tão velhos quanto o próprio comércio. A logística como a conhecemos, por outro lado, teve suas origens junto aos militares. Ainda no século XIX a logística no contexto militar era definida como a arte prática de movimentar exércitos.

Apesar do papel central junto aos exércitos, a logística demorou mais para entrar no mundo empresarial. Foi graças ao motor a vapor (século XVIII) e principalmente às redes ferroviárias (século XIX) que o transporte passou a cobrir uma distância considerável em pouco tempo, o que tornou possível movimentar de maneira barata os bens de consumo por milhares de quilômetros. Depois, com a linha de montagem (da qual o carro Ford T é um exemplo célebre) foi possível organizar melhor uma rede de suprimentos para atender às demandas específicas. A produção em massa estimulou a pesquisa em outras áreas, como nos problemas de gestão. Dois destes problemas são o Lote Econômico de Compras e o Lote Econômico de Produção, estudados naquela época mas que são atuais ainda hoje.

evolução e conceito da logística empresarialA logística industrial cresceu durante o século XX. Naquela época, ainda falava-se em “distribuição física”, um assunto que era ligado tanto ao marketing quanto à logística. Imagine que já era importante para gerenciar a distribuição de produtos agrícolas, uma vez que os centros urbanos distanciavam-se cada vez mais dos locais de produção de alimentos. Muito falava-se sobre os custos logísticos, mas ninguém discutia a relação entre eles (custos de armazenagem, de estoques, de transportes…). Pouco entendia-se desta relação, pois faltavam ferramentas quantitativas para analisar as questões que ligavam cada um destes custos. Esta situação mudaria logo, mais uma vez graças aos militares.

Pouco antes da Segunda Guerra Mundial, um grupo multidisciplinar se formou na Inglaterra para desenvolver os radares. Este grupo de pesquisadores fazia uma “pesquisa sobre as operações”, que serviu para ajudar os aliados a planejar os ataques contra os submarinos alemães, proteger os navios e aumentar a precisão dos bombardeios. Essa “pesquisa sobre as operações” era o início da pesquisa operacional.

De maneira geral, a pesquisa operacional consiste na aplicação de métodos científicos para resolver problemas de decisão complexos baseando-se na gestão de sistemas de grande porte. Após o fim da guerra, os esforços para a melhoria da logística militar por meio da pesquisa operacional estavam bem avançados. Foi neste contexto que George B. Dantzig desenvolveu o método simplex que permite resolver de maneira eficaz programas lineares e que é a base de muitos algoritmos de otimização utilizados até hoje (como por exemplo a ferramenta Solver que existe dentro do MS Excel). Na mesma época, o primeiro computador digital de uso geral entrava em funcionamento – o ENIAC – que foi logo seguido pelo SEAC, que resolvia em um dia problemas de aproximadamente 75 variáveis e 50 restrições, algo bem modesto quando comparado aos milhões de variáveis e restrições que compõem os modelos que resolvemos frequentemente hoje em dia.

Durante os anos 50, começaram os estudos sobre como as ferramentas e técnicas militares poderiam ajudar o mundo empresarial. Na logística, foram logo identificados vários problemas que poderiam ser resolvidos com auxílio da pesquisa operacional. A localização de armazéns e de centros de distribuições, o planejamento de transportes, a gestão dos estoques, a previsão da demanda e muitos outros problemas ligados ao fornecimento, à produção e à distribuição eram semelhantes aos problemas resolvidos no contexto militar.

Com a chegada dos computadores nas empresas, foi possível acumular informações sobre a produção, o nível de estoques e a movimentação entre diferentes instalações, armazéns e pontos de venda. Durante os anos 60 apareceram os primeiros sistemas informatizados de planejamento de necessidades de materiais (MRP na sigla em inglês).

Alguns já viam uma revolução que levaria ao tratamento automatizado dos problemas de decisão com apoio de ferramentas quantitativas. Este entusiasmo, apesar de ter fundamento, era um pouco prematuro. Os computadores daquela época, apesar do tamanho, tinham capacidade de processamento bastante limitada. Além disso, os sistemas desenvolvidos eram bons individualmente (como para a gestão de estoques, para o transporte ou para a localização de novas instalações), mas falhavam por não considerar as relações entre cada parte do grande sistema empresarial. Mas isso é assunto para o próximo artigo!

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O que é logística?

Em muitas matérias aqui do site abordamos os mais diferentes aspectos da logística, mas poucas vezes paramos para pensar o que é a própria logística e que tipos de problemas da vida real das empresas ela pode resolver.

A logística é hoje uma arte e uma ciência, dedicada a fazer o que for preciso para entregar os produtos certos, no local adequado, no tempo certo. A origem da palavra logística vem do grego e significa habilidades de cálculo e de raciocínio lógico. Portanto, fazendo as contas certas e agindo de maneira lógica e inteligente, a logística entrega os produtos de maneira eficiente, envolvendo muito mais que o transporte.

evolução da logísticaNesta matéria você encontrará uma evolução histórica da logística. A utilização de técnicas quantitativas (ao contrário das técnicas qualitativas e opinativas) aumentou muito ao longo dos últimos 20 anos graças à maior disponibilidade dos dados, da potência dos computadores e da possibilidade de modelos e algoritmos tratarem os problemas reais com velocidade e realismo suficientes. Isto é particularmente válido na logística, onde encontramos um número muito grande de problemas de decisão complexos e quantificáveis que se portam bem junto a modelos matemáticos e à otimização. Você verá como estas ferramentas ajudam as empresas a reduzir seus cursos e a melhorar a qualidade de seus serviços.

Antes disso, precisamos entender o que é a logística e por que ela existe. Pela definição a logística faz o gerenciamento do fluxo de produtos, desde os pontos de fornecimento até os pontos de consumo, visando satisfazer a demanda dos clientes ao menor custo possível. Assim, a logística existe pois vemos uma separação espacial e temporal entre produção e consumo. Se pudéssemos produzir tudo o que quiséssemos no momento e local exato do consumo, não haveria necessidade de transportar e estocar estes produtos. A logística agrupa todas as atividades ligadas à posse e movimentação dos produtos nas organizações: previsão da demanda, gestão de estoques, transportes, armazenagem, design de redes de distribuição, etc.

A logística é uma fonte de custos importante para muitas empresas: o transporte, a armazenagem e o custo dos estoques representam normalmente mais de 10% do custo de um produto e esta proporção pode chegar facilmente a 30% em alguns setores, como na alimentação. Para os clientes, a logística faz parte da criação de valor ao tornar os produtos disponíveis no local e momento desejados para o consumo.

Com a globalização e o crescimento do comércio eletrônico, a logística tem um papel cada vez mais importante para muitas empresas, tanto na área da produção de bens quanto para os serviços. Ela está presente o tempo todo nas sociedades modernas, mas assim como outras áreas de suporte, normalmente ela só aparece para o grande público quando há um problema. Foi o caso, por exemplo,  em dezembro de 2010 quando uma falta do produto que faz o degelo das asas dos aviões causou o cancelamento de inúmeros vôos logo antes do Natal, em Paris na França. Ao mesmo tempo, a UPS, que possui uma rede logística de classe mundial e uma grande frota de aviões de carga, entregava quase um milhão de encomendas por hora ao redor do mundo.

Para algumas empresas, a logística não representa apenas uma fonte de vantagem competitiva – ela representa a razão de ser da empresa.

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Logística: arte ou ciência?

 

Tenho me aprofundado em pesquisas na área da logística para compor minhas colunas, meus artigos, temperar minhas palestras e agregar valores à profissão na qual me dedico com um interesse ímpar e com um grande amor – como deveriam ser exercidas todas as profissões. Confesso que quanto mais pesquiso, mais me envolvo nessa maravilhosa possibilidade de enxergar melhor a importância dos atributos logísticos para soluções contemporâneas e futuras.

logística: arte ou ciênciaDiante disso, me chegam comentários, ora classificando a logística como ciência, ora como algo ainda mais profundo. Sem a intenção de colocar-me no sublime papel de educador ou mesmo contextualizar a logística, considero importante a absorção desses sentimentos e conhecimentos, os quais abordei também em “A logística em sua essência” para facilitar o cumprimento de tarefas e a fluidez de novas ideias. Compreender as diferenças entre suas características pessoais e as ações que elas refletem no mercado é o segredo para um “casamento” de sucesso. Muitas boas ideias nascem na arte e morrem na ciência.

Entendendo, resumidamente, a arte é uma expressão humana e a ciência é um sistema de conhecimentos lógicos. Se pudermos transformar esses dois substantivos em verbos vamos aproximar a arte (sentir, criar e fazer) da ciência (estudar, conhecer e evoluir).

Não há como negar que a arte precisa aflorar para dar consistência à ciência. Precisamos sentir, primeiramente. É aquele instinto, aquele planejamento… Afinal, somos preenchidos por sentimentos que, no mercado, algumas empresas sobrevivem deles enquanto outras desconhecem ou desprezam. No pessoal e no profissional, quando conduzidos da forma correta, são eles que nos movimentam, nos mantém motivados e nos são vitais à evolução.

A logística é holística. Ou seja, é própria do universo e sintetiza unidades em totalidades organizadas. Ela surge da simples necessidade de existir em nossas vidas. Dessa forma, podemos classificá-la como uma arte que complementa a ciência. Ela está entre as poucas profissões que necessitam extremamente dessa união.

Tenho visto muitos conceitos sobre logística e fico com dó dos alunos diante da necessidade de absorver quatro, cinco ou mais linhas sobre modelos que definem a logística. Em uma de minhas palestras, assumindo a necessidade de ser arte antes de ser ciência, defino a logística como “a arte de suprir com soluções todas as atividades de uma organização”. Simples e ao mesmo tempo complexa quando nos voltamos ao sentido de cada palavra. Experimente ver no “Aurélio” os significados de arte, suprir, solução, atividade e organização.

Com isso não venho afirmar que entrar no campo da logística é para um grupo seleto, pois na verdade, a necessidade já existe dentro de cada um e o desenvolvimento disso sim, lhe torna, com efeito, um privilegiado. Ou ultrapassar limites sem esquecer a ética, diminuir custos dentro de um cenário sem estrutura e apresentar soluções quando já era enxergado o fim, não é um privilégio?

Quando se percebe que a logística é uma necessidade do ser humano, não se consegue entender empresas que desprezam esse campo e perdem, e fecham, por não conseguirem enxergar que são a totalidade de um grande capital humano e, dessa forma, não valorizar e não desenvolver a arte da logística na essência de seus processos é negar sua formação e desprezar sua razão maior.

Com certeza, podemos afirmar que a logística tem sua representatividade no mercado afetada pela incapacidade crescente de se entender e de se respeitar os seres humanos e da cruel associação entre lucro e atendimento de necessidades. O lucro é uma consequência do atendimento das necessidades humanas e não uma razão. Estamos, há muito tempo, nos focando nas consequências e não nas razões. Disso, extraímos alguns questionamentos: Quanto tempo se perdeu por não apoiar um sistema logístico com uma melhor infraestrutura? Quanto se deixou de se desenvolver devido ao desprezo pela logística? Quanto perde o planeta pela demora da conscientização da nova e boa logística reversa?

Se enxergarmos a logística só como uma ciência ela não convencerá o planeta de que seus estudos apontam soluções para a diminuição de custos sustentavelmente. O mundo sabe e sente, há muito tempo, que a preservação do planeta está ligada a uma série de métodos e procedimentos de responsabilidade de todos e pouco vem sendo feito para estagnar essa situação. Enxergar a logística também como uma arte representa o impulso natural do ser humano para a real necessidade que nos obriga às mudanças. A logística é o melhor instrumento para isso. Por isso precisamos de profissionais que a sinta como uma arte e a desenvolva como ciência.

Portanto, você participa da logística ao vê-la como ciência e se envolve ao vê-la como arte. Como já dito, ambas as formas são necessárias, pois uma complementa a outra: A arte produz ideias e a ciência as viabiliza emprestando seus conhecimentos.

Boas ideias logísticas para você.

 

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Tendências em Gestão de Cadeia de Suprimentos

Há pouco tempo vimos um panorama de tendências da logística para 2010, que você pode conferir novamente lendo as opiniões de diferentes profissionais e pesquisadores: a minha, a do colaborador Neimar Follmann, a do Luiz Paiva, e a do Rogério Barrionuevo.

Vimos também duas excelentes matérias de conceitução de logística e de supply chain management além do Glossário Descomplicado.

Agora chegou a hora de vermos um pouco sobre as tendências da gestão de cadeias de suprimentos.

Por Aline Regina Santos e João Eugênio Cavallazzi

A implementação do conceito de SCM é bastante complexa e demorada, e jamais seria exequível sem o apoio das TI. O SCM pode ser implementado utilizando um pacote genérico de ERP, integrando os vários processos e atividades internas e externas à empresa, contudo o planejamento e otimização da cadeia, no ERP fica muito aquém das expectativas. Para diminuir  esta deficiência existente nos sistemas ERP, surgiram então as aplicações APS ouAdvanced Planning & Schedulling System, a denominação genérica para uma geração de softwares de otimização de toda a cadeia de fornecimento, que envolve desde o planejamento da procura, produção e distribuição, possibilitando conectar as decisões logísticas e geri-las de maneira integrada.

Cresce nas empresas a percepção de que os desafios futuros da SCM estarão relacionados às pressões crescentes para entregar melhores produtos a custos mais baixos, com maior velocidade e em mercados customizados. As principais características de mercado que as empresas estão enfrentando no novo ambiente globalizado são:

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Glossário Descomplicado

O Logística Descomplicada inovou e criou o Glossário Descomplicado, uma nova página onde você encontrará definições e conceituação de alguns termos utilizados em logística.

O Glossário Descomplicado é uma página em constante contrução, isto é, ele vai crescer e se atualizar com o tempo. Se você tem alguma dúvida de um termo ou gostaria de sugerir alguma palavra para constar no nosso glossário, entre em contato!

Conheça já e deixe sua opinião.

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Leitura Recomendada

Gestão da Cadeia de Suprimentos Integrada à Tecnologia da Informação

Gestão da cadeia de suprimentos integrada à tecnologia de informaçãoA dica de leitura de hoje é o livro Gestão da Cadeia de Suprimentos Integrada à Tecnologia da Informação de autoria de Carlos Francisco Simoes Gomes e Priscilla Cristina Cabral Ribeiro. Este livro aborda a questão do gerenciamento eficiente e da vantagem competitiva das empresas mediante o uso da logística e do comércio eletrônico.

Sua edição ocorre em um momento cujo cenário econômico privilegia a conjugação dos fatores tempo, qualidade e eficiência como crucial na gestão de empresas e maximização de seus resultados.

De forma articulada, os autores apresentam o histórico do surgimento da logística na área militar e sua evolução e inserção no mundo empresarial, discorrendo sobre cadeira de suprimentos, tecnologia e sistema de informação na logística, criptografia e certificação digital no correio eletrônico, entre outros. Apêndices sobre análise de investimentos, matemática financeira, conceitos básicos de pesquisa operacional, competitividade e etcnologia de informação, e estudos de caso ilustrando situações práticas enriquecem ainda mais esta obra.

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E lembre-se:

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As recomendações serão de todas as áreas abordadas no blog, começando por logística mas passando por qualidade, estatística aplicada e métodos de gestão.

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