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Petrobras: por trás de Pasadena

Mais um desastre econômico no Brasil vem afetar, não só o já deficiente mercado logístico de combustíveis, como a confiabilidade nos negócios da Petrobras conduzidos de forma desastrosa e interesseira.

petrobras pasadenaA compra de uma refinaria em Pasadena, no estado do Texas (EUA), por quase US$ 1,19 bi quando esta valia pouco mais de US$ 42 milhões, é mais uma razão para sermos o 13º país com o combustível fóssil mais caro do mundo e, considerando nossas reservas de petróleo, termos a gasolina mais cara do mundo entre os principais países produtores, mesmo com uma mistura (hoje de 25%) de álcool para “reduzir” os custos. Mas, o que realmente está por trás de um negócio mal conduzido como esse? Quais os impactos logísticos/econômicos?

Apesar de nos chocarmos com a corrupção praticada na Petrobras, não só com esse caso de Pasadena como com a refinaria de Pernambuco (Abreu e Lima) que, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), a obra orçada em US$ 2 bi saltou para US$ 18 bi (são mais R$ 36,5 bilhões de diferença), essas manobras comerciais indicam que há algo monstruoso crescendo nesse mercado para ir além de propinas milionárias.

Em setembro de 2010 a Petrobras celebrou a maior capitalização realizada no mundo. Foram R$ 120 bi injetados no caixa com a emissão de mais de quatro bilhões de ações. Só no primeiro ano, investidores amargaram perdas na casa de 20%. Em 2012 consolidou-se a compra dos outros 50% da refinaria em Pasadena, detidos por um conglomerado de empresas belgas, após uma disputa judicial que custou mais US$ 171 milhões. O Conselho da Petrobras, que tinha à frente a hoje presidente Dilma Rousseff, aprovou o arrendamento dos primeiros 50% da refinaria em 2006 e, anos depois, alegou não ter conhecimento de cláusulas contratuais que obrigaria a Petrobras garantir lucro de 6,9% à empresa belga Astra Oil Company e nem da obrigação em pagar pela outra metade em caso de divergências entre as partes. Contudo, em 2007, o mesmo Conselho aprovou a compra de uma refinaria no Japão com cláusulas idênticas ao contrato de Pasadena.

Não há dúvidas de que os problemas de infraestrutura no Brasil vão além das tentativas de garantir o abastecimento no país. Alguns devem se perguntar sobre a razão de comprar refinarias estrangeiras, mas as razões são as mesmas que levaram a Petrobras vender quase metade de suas reservas de petróleo da camada pré-sal: insuficiência estrutural para extrair, refinar e atender a demanda nacional. Na verdade, a razão, além da corrupção que está por trás dessas ações desastrosas, tem a ver com a desvalorização de um patrimônio nacional na busca futura de uma negociação de uma empresa que tanto foi motivo de orgulho para os brasileiros – razão não menos corrupta do que as citadas e de tantas outras “varridas para baixo do tapete”.

Talvez estejamos nos preocupando à-toa? Não se observarmos que o setor de telecomunicações, não menos importante para o país, foi conduzido da mesma forma e hoje sabemos como está. Nada de ser a favor ou contra privatizações desde que sejam proveitosas para o Brasil e não negociadas de forma a enriquecer A ou B. A forma de desapego pela estatal plantada aos poucos nos brasileiros conduz a negócios sujos que se escondem na nossa ideia de que é “apenas” ingerência de capital ou mais uma da corrupção que permeia nossa velha política.

Há anos a Petrobras vem “nadando contra a correnteza” sem o real conhecimento da maioria dos brasileiros. São ações sem lucros, rebaixamentos da credibilidade para investimentos, negócios mal conduzidos – pelo menos para o povo brasileiro – e desvalorização patrimonial mesmo com os investimentos e projetos tocados pela empresa. O patrimônio que era de quase R$ 500 bilhões, hoje vale menos de R$ 200 bilhões. Infelizmente, o pré-sal não será suficiente para reverter esse quadro, pois o intuito verdadeiro é de que não seja mesmo.

Já não se vê a abertura para empresas estrangeiras como uma boa estratégia para contornar nossos inúmeros e sérios problemas logísticos. Na verdade, nossos problemas de infraestrutura são oportunos. A situação toda reforça ainda mais a opinião de alguns parlamentares que defendem a necessidade de privatização abrindo mão de mais um segmento: o mais forte para a economia do país. Talvez estejamos à mercê da outra face da corrupção: aquela que, não satisfeita em ganhar com a venda dos “ovos de ouro”, anseia por vender a “galinha”. Já vimos essa história antes[…]

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Logística Transportes

Desperdício de dinheiro no setor logístico

O Brasil parece não aprender a lição. Estamos diante de um cenário crítico no que se refere a investimentos em infraestrutura de transportes. Meu Deus! A maioria de nós sabe da importância desses investimentos para o crescimento do Brasil e para a dignidade e qualidade de vida dos brasileiros, mas aquela minoria que detém o poder e o usa em favorecimento da corrupção para, com ela, mudar sua própria vida, vem ignorando até o dinheiro – aquele dinheiro que os Tribunais de Contas exercem fiscalização ferrenha e não dão tantas chances para aquelas “embolsadinhas” básicas.

investimento pelo raloEm 2013, quando mais precisávamos desses investimentos, não só pela Copa do Mundo, mas pelo nosso passado de poucos caraminguás destinados à manutenção e implantações de rodovias – embora eu acredite que os investimentos em modais que diminuam o custo do frete sejam tão importantes quanto rodovias que, hoje, são o passado de muitos países que desenvolveram suas ferrovias e hidrovias para competir no mercado global – o que se investiu foi muito aquém da necessidade do país. O ano foi marcado pelo efeito daquelas denúncias, prisões, demissões e afastamentos, em 2012, de funcionários do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), inclusive da Superintendência, e de algumas empreiteiras acusadas de associação à corrupção. Com isso, o Tribunal de contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF) ficaram de olho nos custos das obras espalhadas pelo país diminuindo as possibilidades de desvios e, assim, o interesse pela realização dos projetos – até os já licitados.

Fácil entender, difícil aceitar que um país que sofre tanto com a deficiência logística possa desperdiçar tempo e dinheiro que beneficiaria a economia por não ter uma fiscalização eficiente e, quando feita, vem travar e arrastar os processos por um longo período além do necessário. Aliás, é mesmo complicado que o Órgão que devia fiscalizar compartilhe da mesma corrupção que deveria combater.

A verdade é que não foi utilizada NEM A METADE do orçamento destinado às obras de rodovias em 2013; e mais: em 2012 foram utilizados quase 700 milhões a mais do que 2013 cujo orçamento aprovado seria praticamente o dobro de 2012. Veja os números, segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI):

– 2012: Mais de R$ 7 bilhões foram utilizados.

– 2013: R$ 13,2 bilhões aprovados pelo Congresso Nacional. Apenas R$ 6,3 bilhões foram utilizados até o início de novembro (48% do orçado para o ano).

A maior obra de 2013 seria na BR 101, na divisa de Santa Catarina com Rio Grande do Sul, cujo orçamento autorizado foi de R$ 423,5 milhões, mas só R$ 89,9 milhões foram pagos efetivamente. Outro trecho na BR 116, Porto Alegre/Pelotas, de R$ 363 milhões foram utilizados apenas R$ 66,5 milhões. O próprio DNIT que previa um investimento de R$ 252,4 milhões para estudos, projetos e planejamento de infraestrutura de transportes, dinheiro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), só utilizou pouco mais de R$ 37 milhões. Ainda assim, planejamento muito caro para tão pouca eficiência […].

Para piorar, algumas obras em andamento serão pagas com o orçamento de 2014. Os chamados “valores empenhados” que serão feitos neste ano, por obras iniciadas em 2013, serão pagos com recursos previstos para 2014, pois os orçamentos não são cumulativos.

O governo disse: – Taí o dinheiro! As empreiteiras disseram: – Oba! Os Tribunais de Contas disseram: – Estamos de olho! O DNIT disse: – “Sujou!” E a Logística ficou como aquele milionário que morreu no deserto com o bolso cheio de dinheiro para comprar água.

Esgotaram assim, as desculpas dos órgãos “responsáveis” pela infraestrutura do país: falta de tempo, clima (com cheias e secas), reviradas políticas… Mas, a mais utilizada, sem dúvidas, sempre foi a falta de dinheiro. E agora, o que falta-nos ouvir em meio ao descaso com que é tratado o setor logístico no Brasil?

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Geral

Mudança começa com “M” de manifestação

O Brasil vive um forte momento em sua história democrática. As manifestações em várias cidades brasileiras apontam para um novo caminho político no País. Se vão trazer a consistência que se necessita não há como saber ainda. Uma coisa é certa: O povo sempre foi, em sua maioria, consciente dos desatinos políticos que lhe cerca – o contrário que muitos acham – a diferença agora vem do grito nas ruas, das manifestações que fazem valer o desejo por mudanças. E nenhuma mudança começa sem uma insatisfação, sem uma certeza de que, se a história ainda não chegou ao seu fim, pode ser-lhe dada um rumo diferente.

manifestacao brasilChamam atenção os cuidados com o vandalismo, com a violência e com o aproveitamento de partidos políticos. Realmente, alguma mudança só será alcançada se essas três coisas forem definitivamente afastadas. Nenhuma nação pode deixar fluir instintos sobre objetivos se quiser fazer a diferença.

Contudo, é necessário esclarecer que o povo assumiu uma luta a favor de mudanças e essas não param nas ruas. É essa persistência que irá determinar o sucesso. O fato de ir às ruas é muito importante, mas é só um dos muitos passos. A fiscalização é a palavra-chave. Ela que vai assegurar que não ocorram as falsas vitórias – aquelas que o povo acha que venceu e, na verdade, só está sendo enganado mais uma vez –. É o caso de algumas prefeituras acatarem a redução do valor da passagem de ônibus e, em contrapartida, aumentarem os subsídios ao sistema. Algumas já falam até em pedir ajuda financeira federal para tal, o que traria mais força à corrupção e a conta para o próprio povo.

Em muitos países a conta do transporte público é dividida em três partes quase iguais entre os poderes público e privado e o usuário. No Brasil, essa conta é absurdamente mal dividida: 20% para o governo, 10% para as empresas e 70% para os usuários. Injusto considerando ainda que os 20% do governo também são pagos pelos usuários e que esses pagam por um serviço de péssima qualidade.

Muitos dizem que tudo começou por causa do aumento de R$ 0,20. Seria realidade ou uma tentativa de desvalorizar o grito do povo? A verdade é que está sendo como das outras vezes: um grito nascido de estudantes brasileiros que, com seus desejos legítimos de mudanças, vem com o vigor da esperança que os mais velhos vão perdendo pelo caminho – Que bom saber hoje que eu estava certo quando era estudante: eu posso mudar o mundo!

Uma visão poética? Talvez. Mas, perdemos a capacidade de mudar as coisas quando perdemos a esperança e a poesia. Como disse: se mudanças vão vir, ainda é cedo. Mas, um sentimento trazido por esses jovens renasceu em muitos: A esperança poética da AÇÃO comum.

Tudo vai mais além de R$ 0,20. Vai até a destruição do “jeitinho brasileiro”. Vai desde o não furar de uma fila até uma condição melhor para competir no mercado de trabalho. Vem dizer a quem quiser ouvir que o Brasil não quer ser só o “país do futebol”. Vem dizer que a história “do pão e circo” não tem mais tanto efeito sobre o povo. Tanto que tudo se desenrola em pleno circo proporcionado pela FIFA e pelo poder público. Vem dizer que o povo não aceita Projetos que venham ferir seus direitos. Projetos como o que submete à aprovação do Congresso Nacional as decisões do Superior Tribunal de Justiça (STF) para que condenados por corrupção legislem contra os que os condenaram – São os próprios condenados os responsáveis pelos seus habeas corpus e pelas mudanças nas leis em benefício próprio –. Tudo vem dizer um “basta!” para muitas coisas erradas no Brasil. Qual o efeito? Ainda não se sabe. O que se sabe é que o efeito se consegue assim.

Para o sucesso se faz necessária a compreensão de que todos estam do mesmo lado: povo, empresas e forças militares. O “inimigo” é comum e difícil de ser combatido, pois está muito presente também nessas três partes: A corrupção.

Essas manifestações são, na verdade, “o brado retumbante” contra a saúde, segurança e educação de má qualidade. A melhor e mais autêntica forma do povo brasileiro dizer para quem quiser ouvir que “não foge à luta” e, cuidado! “Não estamos deitados eternamente em berço esplêndido”.

 

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Geral

O gigante de pedra

Num reino não muito distante, o povo admirava um soldado de pedra construído pelo rei e que ganhara vida sob os olhos arregalados dos que comentavam que agora estariam protegidos contra as ameaças de outros reinos. Eles pensavam nas maravilhosas possibilidades por agora estarem sob o domínio de um rei tão poderoso. Agora, o povo teria sucesso e até trabalharia bem menos, pois sem os inimigos que rondavam sua economia, as vantagens do trabalho que realizavam seriam usufruídas pelo próprio povo.

À medida que a admiração pelo soldado de pedra crescia, ele crescia junto. Não demorou para que todos o chamassem de “o gigante de pedra”. E quanto mais o povo o admirava maior ele ficava. Quão belo parecia aquele gigante imponente! Ele representava agora a aceitação do povo em trabalhar exclusivamente para o reino em troca de certas vantagens. Afinal, agora eles trabalhavam menos, estudavam menos e pareciam mais felizes com as facilidades diante de uma nova proposta de vida.

Com o passar dos tempos, o povo se deparou com algo que nunca havia experimentado: a fome. Enquanto isso, o rei esbanjava em festas e outras futilidades se encarregavam daqueles recursos que vinham de forma fácil e o gigante já não era tão admirado, pois era ele o cobrador e arrecadador desses recursos. Se o povo não o admirava tanto, o rei o tinha como seu principal e fiel colaborador e, por isso, ele continuava imponente.

Não demorou para que o povo constatasse que aquele gigante o levaria à ruína. Agora era necessário mais trabalho para que o que produzia, após a cobrança do gigante, sobrasse o suficiente para seu sustento. Parecia em vão. Quanto mais se trabalhava, mais necessidades passava! O povo, cada vez mais, participava menos do reino, pois sem os estudos que proporcionavam novas descobertas, esse reino descartava as mentes menos brilhantes, interessando-se apenas pelas mãos dessas pessoas e, para aqueles que compartilhavam dos sabores do reino, havia a proteção do gigante de pedra. O reino estava dividido.

O povo apelava para a bondade do gigante, mas ele arrasava vilarejos improdutivos. Apelava-se para sua sensibilidade em deixar um pouco de alimento para que aquelas pessoas pudessem, pelo menos, continuar a trabalhar para o rei. Mas logo perceberam que, se o gigante tinha coração, também era de pedra.

Eles agora se perguntavam o que fazer. Eram vítimas de suas escolhas e da admiração por aquele gigante que representava as vantagens de levar uma vida mais cômoda.

Planejaram uma emboscada que destruiria o gigante, mas como nem todos compareceram, alguns com medo, outros por acharem que não tinham nada a ver com isso, fizeram com que outros fossem para suas casas e, os que ficaram, foram pisados pelo gigante. Depois, tentaram explodi-lo. Acontece que no meio do povo havia muitos simpatizantes do gigante que avisaram ao rei em troca de umas moedas. Ninguém podia com aquele gigante.

O tempo foi passando e o povo, cada vez mais vítima, percebeu definitivamente que aquele gigante de pedra era uma vigorosa ferramenta do reino. Ou seja, já não adiantava combater somente o gigante. Enquanto a solução para muitos era que cada um tivesse seu próprio soldado de pedra e, com sua admiração, ele também se tornasse um gigante, outros pensaram no ponto fraco daquele sistema que devastava suas vidas. Concluíram que aquilo que o reino mais temia era a inteligência do povo, pois inteligente, ele não admiraria mais seu gigante e, pela falta de admiração, o gigante voltaria a ser um simples soldado de pedra, sem vida. Uma estátua.

Ora, não foi difícil perceber que aquele gigante havia trocado a educação e o trabalho por certas regalias concedidas àqueles que partilhavam dos seus propósitos. Logo, a forma de combatê-lo seria invertendo essa situação, largando o que ele oferecia e abraçando o que ele mais detestava.

Contudo, como o reino já estava dividido, muitos se aliaram ao gigante, outros construíram seu próprio soldado de pedra e anseiam por dar-lhe vida, outros deixaram de admirar o gigante de pedra que, agora, lhes parece menor e buscam, cada vez mais, formas de diminuí-lo, de exterminá-lo, mesmo ainda tarefa difícil enquanto houver outros que o admiram.

Acredite, essa estória passa a ser história em muitos casos, em muitas situações reais. É uma grande realidade no mundo, no Brasil e dentro de cada um de nós. Interprete-a como quiser. Não importa se o gigante de pedra é a corrupção, a falta de educação, as drogas, o desinteresse, a falta de respeito pelos outros, algo que você precisa vencer… Seja o que for não se encante, não o admire para que cresça a ponto de ficar indestrutível. Mesmo um gigante, tem seu ponto de partida. Nossa omissão deixa grande e forte aquilo que era pequeno e fraco. Analise seus pontos fracos e não se iluda com as facilidades oferecidas. Toda vitória é precedida de suor.

Que em 2012 deixemos de admirar os gigantes de pedra.

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Colaborações

Com denúncias, aumentam obras em situação preocupante no PAC

Após denúncias de desvio de verbas públicas no Ministério dos Transportes, em junho deste ano, aumentou a quantidade de obras em transportes monitoradas pela segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) em situação considerada preocupante pelo governo. Essas obras contemplam, principalmente, a construção, duplicação e recuperação de 135 rodovias, a expansão da malha ferroviária brasileira (com 29 obras), a construção, reforma e adequação de portos e aeroportos.

corrupção transportesDesde o último balanço do PAC 2, em julho deste ano, a quantidade de obras consideradas preocupantes subiu de 5% para 6%. Aumentou, também, o número de projetos acompanhados pelo governo que merecem atenção. Essas obras passaram de 11% no balanço divulgado em julho para 12% no segundo levantamento. Com isso, reduziu a quantidade de projetos em ritmo adequado, de 83% para 77%.

De acordo com o Ministério do Planejamento, isso acontece porque os projetos em rodovias e ferrovias – cujos contratos foram postos em suspeição após a crise no ministério – estão sendo reavaliados. Alguns tiveram os valores alterados pelo governo.

O governo ainda suspendeu 14 das 42 licitações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) – órgão envolvido em denúncias – que estavam em andamento. Outras 27 foram suspensas, das quais 14 devem ser retomadas ainda este ano. O órgão é responsável por obras em estradas e rodovias.

No caso das ferrovias, das oito licitações que estavam sendo feitas pela Valec – estatal que cuida da malha ferroviária brasileira -, metade foi revogada e a outra metade, suspensa por tempo indeterminado, com exceção de uma, que deverá ser retomada também este ano. A Valec também foi envolvida nas denúncias de fraude nas licitações. Em ambos os casos – DNIT e Valec – , as licitações sem previsão de retomada só devem ser publicadas no primeiro trimestre de 2012.

Entenda as denúncias

Em julho deste ano, o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento pediu demissão após denúncias de superfaturamento de obras na pasta e nos órgãos a ela vinculados -DNIT e Valec, principalmente. A crise envolvendo o ministério se agravou após denúncias de que o filho de Alfredo Nascimento havia enriquecido ilicitamente em razão da influência exercida pelo cargo do pai.

Por Luciana Cobucci, Portal Terra

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Logística Transportes

A corrupção nos transportes

O que você e os setores perdem com essa prática

Nos últimos dias, mais um escândalo de corrupção veio minar, ainda mais, as estruturas do já deficiente Ministério dos Transportes. Não cabe aqui citar os já conhecidos nomes nem detalhar as tão noticiadas ações de corrupção tão praticadas nessas divisões. Cabe apenas mencionar que o antigo DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagens), atual DNIT (Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes) foi extinto devido às sérias e comprovadas ações de corrupção. O que se repete, com maior intensidade e monta no DNIT. Qual será o próximo nome para que continuemos a sofrer com esse câncer da corrupção que mata nosso desenvolvimento?

O DNIT se lamentou há pouco tempo que seu orçamento seria insuficiente para tantas necessidades que nossas rodovias apresentam. De R$ 9 bi chegaríamos aos R$ 30 bi anuais nos próximos oito anos para que fossem atendidas as necessidades básicas. Não precisa fazer muita conta para sabermos que, só nos últimos dez anos, as verbas seriam suficientes para duplicar os trechos mais importantes das BR’s, deixar perfeitamente trafegável os demais trechos implantados e ainda sobraria para as implantações tão necessárias ao escoamento de cargas, hoje limitado pela pouca ou muita corrupção. Sabe o que é pior? Quantas vidas se perderam devido a essa corrupção tão presente nas estradas de todo o nosso Brasil?

Não adianta mais mudar de nome. Tem que mudar de atitude. Um setor tão vital ao crescimento econômico do País não pode ser administrado com esses fins interesseiros, seja politicamente ou de forma pessoal. Sabemos que isso é de difícil erradicação, mas como fazer se é de extrema necessidade?

corrupção nos transportes - DNITQuanto mais impostos são pagos (só nesse ano superaremos em mais de 13% o ano passado) se percebe o uso danoso contrário ao curso do desenvolvimento de que tanto necessitamos. Só no ano passado, em seis meses, uma única modalidade de corrupção (sim, são muitas modalidades) desviou mais de R$ 780 milhões. Suponhamos aplicar a regra de três na atual situação com o plano orçamentário em R$ 30 bi. Chegaríamos aos R$ 2,6 bi desviados ao ano. Repito: só nessa modalidade. Daria para diminuir significativamente o custo de manutenção de frotas, o estresse nas roteirizações, o tempo e a qualidade nos ciclos de abastecimento e, o mais importante, os acidentes de cargas e passeios que, com frequência, ceifam vidas.

Com estradas em melhores condições elevaríamos o PIB (Produto Interno Bruto) tornando o País mais rico e elevaríamos a taxa de crescimento anual em cerca de um quarto percentual. Mais empregos e melhores perspectivas de vida e de mercado numa tradução simples.

Os frequentes escândalos são mais danosos do que imaginamos. Eles não só freiam o desenvolvimento como nos privam de soluções, muitas vezes simples. Isso parece estar tão incorporado ao nosso sistema que somos incapazes de mensurar nosso crescimento sem essa mazela. Não é difícil saber que ganharíamos muito em qualidade de vida já que nosso trabalho e vida pessoal seriam muito mais fáceis de administrar. Talvez a incapacidade de lidarmos com isso nos leve a incorporar, de forma tão natural, à nossa rotina. Um grande erro.

Não há como crescer sem uma boa infra-estrutura de transportes. O atual governo sabe disso e vive um momento delicado. Nós sabemos disso e pouco se pode fazer. Nossos concorrentes sabem disso e têm mais facilidades em competir conosco – e ganhar. O preço é alto. E, pior, isso desencadeia várias atitudes, as quais abordarei futuramente, como a corrupção dentro de outros segmentos e uma em especial: a corrupção dentro da logística.

Mas para que possamos discutir esses assuntos delicados, precisamos saber de onde vem e como acontece isso. Por mais assediado que seja um determinado setor, a corrupção não nasce nele. Nasce numa pessoa que espalha a obtenção de vantagens e, impunemente, planta essa facilidade na intenção de alguém sem ética e sem moral.

Há poucos dias percorri mais de dois mil quilômetros em rodovias federais. Foi o suficiente para ver a precariedade, acidentes fatais e pessoas alheias a tudo isso. Já não se fala dessas dificuldades. A vida segue. Mesmo que esse assunto seja chato e repetitivo, não podemos parar de abordá-lo. Não podemos nos convencer de que isso é normal. Quero me convencer de que podemos mudar isso para que eu possa continuar fazendo a minha parte – um pequeno, porém existente, pedaço de um todo.

Responda a essa pergunta: O que seria diferente na sua vida se as estradas fossem melhores?

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Brasil, país do futuro?

*Por Bruno Sangali

De afirmação à dúvida. Por que o futuro do país demonstra tantas incertezas?

A década iniciou trazendo ao povo brasileiro ares de prosperidade. O país superou a crise, convive com uma economia estável. A inflação tão “temida” nos anos 90 assombrava o país com índices que passaram dos 800% em um ano! Em 2010 a média anual foi de 5,91%. Já a taxa de desemprego caiu pela metade nos últimos 9 anos onde atingimos 6,3%. O menor índice de nossa história. Enfim, tudo indica que “chegou a vez do Brasil”.

Então, quais são estas incertezas?  Como principal fator negativo, podemos destacar o atraso na infra-estrutura nacional. Não há boas perspectivas quanto a grandes investimentos nesta área para suprir a demanda pelo transporte nacional. O modal ferroviário, utilizado principalmente para o transporte de produtos pesados e de baixo valor agregado possui apenas 29.500 dos 52.000 km estabelecidos como necessários pela ANTF – Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários.  Outra possibilidade seria o melhor aproveitamento do transporte por hidrovias. Como vivemos em um país onde a costa marítima é extensa, possui-se rios com grande potencial para o transporte hidroviário, por que não usar este modal? Utilizamos apenas 10.000 dos 42.000 km das hidrovias existentes no Brasil!