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Carreira Logística

Caminhando no deserto

Ao longo da vida todos passam por desertos. Os momentos difíceis nos campos profissional e pessoal geralmente nos ensinam muito e nos preparam para outros desafios. Talvez sem esses desertos não pudéssemos perceber por quantos jardins já passamos também. E nada tem a ver se você é forte ou fraco, rico ou pobre, homem ou mulher… Os desertos são mesmo a melhor maneira de sabermos do que somos feitos: quanto se pode ainda caminhar, quanto sol ainda se pode suportar e quanta sede você ainda poderá resistir até deixar a areia causticante para trás. Os desertos são inevitáveis na caminhada de qualquer pessoa. O que se diferencia mesmo é a forma com que se escolhe caminhar por eles.

Com a crise no Brasil, muitos estão passando por desertos mais longos e mais quentes. A forma com que somos apresentados a eles pode ser das mais diversas possíveis: uma crise financeira, um relacionamento, incertezas da profissão, um caminho escolhido, uma decisão não tomada… Os desertos sempre estarão nos convidando a atravessá-los e, na maioria das vezes, não dependem de nosso “sim”.

Típico dos seres humanos, damos total preferência aos jardins e evitamos os desertos de todas as maneiras possíveis. Nada mais normal. O que realmente não é normal é esquentarmos ainda mais o sol e a areia, jogar a reserva de água fora e caminhar em círculos alongando nossa travessia com lamentações e/ou inércia.

À noite, a temperatura cai drasticamente e nos vemos sozinhos, desamparados e com muito frio. Cruzar os desertos sozinhos é uma opção que temos, mas podemos ter sim, companhia que nos conforte no frio e sirva como apoio na caminhada diária. Assim existe uma chance maior de encontrar um oásis ou até mesmo abreviar significativamente a jornada ao encontrar nossa fase de jardim com a ajuda daqueles que querem nosso bem.

Há quem defenda que nossa vida, na verdade, é um grande deserto e os oásis pelo caminho são os momentos felizes que a vida reserva àqueles que sabem compreender e explorar essa imensa área. Talvez seja assim mesmo. O fato é que não se pode evitá-lo a vida toda, e que bom que ele não passe a vida toda para dar as caras! Muitos que caminham em seus desertos tardiamente não suportam o calor do dia ou o frio da noite. Temos que estar treinados para sermos fortes.

Implacáveis desertos a que estamos sujeitos… Impiedosamente ensinam os fracos que se preocupam mais em encontrar uma sombra do que a saída para uma nova terra; premiam os capacitados com belos oásis ou com abreviações de jornadas, mas fazem questão de se mostrarem sempre bem próximos e mais ameaçadores, testando nossa inventividade em cada situação.

Somos inteligentes suficientemente para suportar qualquer deserto. Desistir não condiz com nossa natureza. Fomos feitos para encarar desertos, assim como os desertos foram feitos para nos tornar fortes. Só precisamos ter cuidado com o que queremos. Muita água pode se transformar em oceanos e aí podemos realmente morrer, pois fomos feitos para desertos.

Esses desertos nos trazem muitos presentes bons também. A maioria personifica-se e passa a caminhar conosco, mas precisamos também caminhar em seus desertos. Essas pessoas podem nos guiar, podem ser nuvens para abrandar o calor do Sol e um cobertor à noite. Porém, se nos enganarmos, elas podem tomar nossa última reserva de água. A cautela é sempre recomendável ao escolher tais companhias, pois há muitos que conseguem transformar um deserto em jardim ali, na sua frente, enquanto outros transformam um jardim no deserto mais árido que possa existir. Mesmo que o deserto não facilite muito, nosso sucesso está em identificá-las, valorizá-las ou em só lhes dar “bom dia”, se for esse o caso.

Que este Natal seja um refrigério para seu dia e um cobertor para sua noite. Se seus desertos estiverem mais implacáveis em 2017 lembre-se de que você também estará bem mais forte.

Saúde e sucesso a todos!

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Gestão Logística

Por que empresas fecham após uma crise?

O fim de uma crise pode trazer falsas sensações para empresas cujas contas estão em desequilíbrio. Aquela coisa do “passou!” ou aquela do “agora vamos que vamos!” não acontecerá se não houve um bom planejamento, controle e o ganho de muito conhecimento nesse período. São muitas as empresas que fecham as portas durante uma crise por falta de “jogo de cintura”, mas também são muitas as que fecham após as turbulências, pois o mercado recupera seu ritmo bem mais rápido do que aquelas que não se prepararam para a retomada da economia.

Não deixa de ser algo muito natural no Ciclo da Economia, porém, é algo evitável ser surpreendido pela velocidade de seu mercado de atuação. A maior causa está em se focar no problema e não nas soluções. Temos um hábito mortal de olhar só para o problema e de lhe fornecer energias para que ele se agigante. Não deixa de ser um caminho necessário pensar em como superar uma crise, mas não se pode dispensar muito tempo nessa fase, pois o mais importante é como sua empresa estará ao final dela. Isso é de grande valia para novas ideias, novos modelos para o mercado e até para evitar grandes prejuízos.

Semana passada, pedi o que talvez possa ser minha última pizza num estabelecimento perto de onde moro. A qualidade caiu assustadoramente, embora o preço tenha se mantido. Em conversa com o proprietário, exercendo meu direito de consumidor ao reclamar da qualidade, vieram todas as palavras ligadas ao período difícil: matéria-prima mais cara, redução de custos, demissões, contas atrasadas… Opa! Tudo errado! Essas palavras fazem parte apenas daquela primeira parte citada: superar a crise. E quanto à parte principal de como estarei ao final da crise? Isso está diretamente ligada às outras perguntas para as quais se tem que saber as respostas de bate-pronto, como: aonde foram meus clientes? Quantos funcionários deverei contratar? Quanto devo pagá-los? Em quanto tempo conquistarei a qualidade plena?

Imagine-se de mãos atadas para trás enquanto vê o leite fervendo e subindo, subindo… Assim é sua empresa ao final de uma crise: seus clientes lhe abandonaram porque você abandonou sua qualidade e o bom serviço, seus melhores funcionários lhe abandonaram porque você não formou uma relação de parceria, e isso inclui bom relacionamento, pagamentos justos, reciclagens… E, para piorar, a mão-de-obra ficou escassa de uma hora para outra e agora você deverá pagar um salário mais alto do que seus antigos funcionários e qualificá-los sem nenhuma garantia de que não esteja perdendo tempo e ainda mais qualidade nos processos. E, com o leite prestes a derramar, ou você tem coragem para se virar e correr o risco de queimar as mãos ou ainda, antes do leite ferver, conseguir desatar suas mãos. Esta última e melhor opção é sinônimo de planejamento.

O problema é que a grande maioria pensa em soprar forte e apagar o fogo, sem se preocupar com os efeitos do gás que pode matar lentamente ou colocar tudo pelos ares em pouquíssimo tempo.

Voltando ao exemplo da pizzaria, vamos imaginar que, com a perda de qualidade, de cada 100 clientes, pelo menos 50 procurarão os concorrentes de imediato; com a redução dos custos e uma leve diminuição no preço final, mais 20 novos clientes surgirão fugindo de preços altos dos concorrentes. E se nesse momento a solução fosse a manutenção da qualidade? Ousar ainda é a melhor receita para gerar receita. E, mesmo com lucro zero, a pizzaria estará no mesmo eixo da qualidade, mantendo grande parte de seus clientes com o know-how para resgatar ou conquistar outros após essa fase de substitutibilidade. Caso opte mesmo em reduzir a qualidade, ao retomá-la, seus custos retornarão maiores que os anteriores, com o tempo contando, daqueles 50 clientes, 40 também a abandonará mais tarde e, com uma estrutura inchada, ela passará a ter aqueles 20 – os dos preços baixos e fieis só até acharem um preço menor – e mais uns 10 como base. Das duas uma: ou fecha ou se torna medíocre.

É muito importante saber que você precisou de dinheiro para construir sua marca e hoje é ela que lhe fornece o dinheiro, e este não paga qualquer dano a que ela seja submetida.

É mesmo um grande erro as empresas acharem que para a saída de uma crise a qualidade tenha que ser afetada. Isso está muito ligado à ganância ou ao desespero e não ao modelo de mercado ideal. Pensando pequeno, opta-se sempre em entregar o tesouro à concorrência ousada.

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Gestão Gestão da Cadeia de Suprimentos Logística Supply Chain Management

Logística ainda é o melhor remédio contra crise

O aumento dos juros americanos atormenta o Brasil e demais países emergentes. Não é para menos, já que muitos investidores que ainda aguardavam a retomada total da economia americana, protegidos pelas altas taxas de juros no Brasil, retornam para um sistema mais seguro. Combinando com a desaceleração da economia chinesa, nossa maior parceira, e o rebaixamento da credibilidade do país diante da economia mundial, configura uma receita explosiva onde não faltam os demais ingredientes: crise política, desvalorização da moeda, aumento do desemprego com consequente queda na produção e perda de competitividade.

logistica criseHistoricamente, após a Segunda Guerra Mundial, vimos países se reerguerem apostando no que tinham de melhor para corrigir seus pontos fracos e despontarem como grandes economias tecnologicamente avançadas detentoras de um invejável poder de competitividade. Exemplos como a própria Alemanha e Japão enriqueceram iniciativas de tantos outros que obtiveram sucesso após crises ameaçadoras.

Se tratando de Brasil, o que poderíamos destacar como pontos fortes e fracos que nos auxiliassem na desconstrução da atual crise? Economicamente, uma palavra só revela o que temos de bom e o que temos de deficiência: logística. O problema é que temos várias outras deficiências na saúde, na educação, na segurança e na honestidade política que nos impedem de pensar, planejar e agir com precisão para sermos uma das três maiores economias do mundo.

Acontece que a Logística no Brasil sempre ficou em segundo ou terceiro plano. Prova disso é que primeiro se fabricou o carro no Brasil, na década de 30, e só depois, nas décadas de 40 e de 50, se passou a investir em rodovias. Hoje se estima que o país possua uma frota de mais de 82,5 milhões de veículos motorizados e mais da metade (46 milhões) é de automóveis. As estradas nem de longe acompanharam esse desenvolvimento, tanto que hoje o país possui menos de 204 mil km de rodovias asfaltadas numa malha de 1,36 milhão de km, e quase 130 mil km ainda estão no papel. E, diferente do que muitos pensam, essa prática se repete da distribuição de energia ao agronegócio, de toda a cadeia de suprimentos à logística reversa que, infelizmente, se arrasta na busca por alternativas.

Os números do modal rodoviário são mais expressivos devido ao seu percentual dentro da matriz logística, o qual alguns especialistas defendem estar na casa dos 70%, o que, a meu ver, representa um pouco mais que isso já que os demais modais necessitam do rodoviário no início e/ou ao final de suas atividades de transporte. Está aqui uma das maiores consequências da falta de planejamento logístico, pois o Brasil possui uma geografia altamente favorável à Logística: rios com ótima navegabilidade e portos estrategicamente localizados.

O desenvolvimento do transporte ferroviário parece cada vez mais distante mesmo com o aumento constante na injeção de capital no PIB por esse modal. Com uma infraestrutura do tempo do Império, as perdas são substanciais, principalmente devido aos quatro tipos de bitolas que predominam a malha férrea impossibilitando uma integração dos pouco mais de 30 mil km de rede.

Considerando que dois terços dos custos de quaisquer produtos são custos logísticos, o Brasil perde 13% do PIB (Produto Interno Bruto) devido às deficiências logísticas. Considerando ainda que o PIB de 2014 foi de R$ 5,521 trilhões, estamos falando de uma perda de quase R$ 718 milhões e, numa conta maluca, poderíamos dizer que sem tais deficiências, a Logística poderia somar cerca de R$ 1,8 trilhão ao PIB só com aquele velho argumento de que “ajuda quem não atrapalha”.

Será mesmo que sentiríamos impactos de crises internas e mundiais se tivéssemos uma logística mais competitiva? Estaríamos com índices ínfimos de desenvolvimento econômico se nossa logística fosse bem planejada e executada com seriedade?

O PIL (Programa de Investimento em Logística) de 2015, sobre o qual já discorri, foi esquecido em meio aos escândalos de corrupção. Mergulhados numa apatia política, amargamos uma situação cuja solução aponta para corrigirmos a forma com que tratamos nossa logística há décadas. Sabendo que isso levará um bom tempo, o momento de corrigir está passando. Não temos mais como esperar que chova, que percamos mais mercado, que a consciência política frutifique ou que nos atolemos em nossa própria incompetência… Temos urgência! Ou nossas ações não passarão de “voos de galinhas” nos deixando apenas um tempo para lamúrias enquanto sobrevivemos antes de “virar canja” no mercado.

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Logística

A hora de pagar a conta

Só se fala em crise. Assim como tudo tem seus altos e baixos, a economia do Brasil não fugiria à regra. Mas, o que há de diferente nessa crise? Como nossa logística está reagindo a esse período – que só está no começo – e em qual setor deixará suas marcas? A verdade é que, com a falta de atenção, ela pode trazer consequências catastróficas para todos os segmentos da economia. Para alguns, consequências passageiras, para outros determinantes.

brasil criseO Programa de Investimento em Logística (PIL), cujo valor total será de R$ 198,45 bi provindos de investimentos privados e financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do qual já tratamos aqui e que nos leva a acreditar que está mais numa ordem de sobrevivência política do que propriamente numa abertura para as tão sonhadas soluções logísticas, já que a maioria dos projetos não saiu do papel no plano anterior divulgado em 2012, veio tarde demais. O momento realmente é para investimentos. Contudo, com a retração da economia, não precisamos de muito para entender que com a baixa na cadeia produtiva, um país que funciona como arrecadador não disporá de orçamentos para suas intenções. Da mesma forma, o pilar do PIL, os investimentos privados, segue a mesma lógica.

O que realmente não dá para entender é o nosso despreparo diante de uma situação previsível como esta. Previsível por quê? Ora, imaginemos que recebemos um cartão de crédito com um limite razoável e que aquele bem que tanto almejávamos agora está acessível. Comprá-lo parece inevitável. O saldo ainda dá para outras coisinhas e o momento deve ser bem aproveitado, afinal temos uma renda e merecemos usufruir daquilo que antes estávamos privados… A hora de pagar a conta chegou e a renda parece não estar compatível com o débito. Isso é o que está acontecendo com o Brasil. Simplesmente chegou a hora de pagar a conta.

Desde 2008, com a acentuada crise americana e depois a europeia, o Brasil vinha recebendo injeções financeiras de investidores que fugiam dos perigos previsíveis dos mercados estrangeiros. Passados esses perigos previsíveis, esses investimentos foram embora e nos deixaram com uma falsa sensação de poder. Não há dúvidas de que o país se beneficiou com a situação. Porém, como um grande e suculento tomate que não foi colhido na hora certa, os investimentos não foram bem aproveitados, pois encontraram uma infraestrutura atrasada e insuficiente que não permitiu que a cadeia produtiva encontrasse uma maior e melhor forma sustentável para fomentar todos os segmentos da cadeia econômica. Resultado? O tomate só despertou os olhos ávidos da corrupção que pensou estar diante de algo diferente, jamais visto na história do país e que, se antes era retirada uma fatia, agora podem ser retiradas duas que não farão falta… Mas, fez! E o tomate não se sustentou no ramo e veio ao chão para ser atacado pelas outras pragas que o aguardavam.

Da mesma forma que buscamos equilibrar nossas contas, o Brasil tem que fazer o mesmo para voltar a gerar oportunidades. É só uma questão de proporção. Também dependemos de políticas públicas acertadas para que continuemos com chances de quitar nossas dívidas para depois voltarmos a comprar e continuarmos crescendo.

Parece que não entendemos que não há nada de graça no mercado. Mesmo quando o “grátis” está em letras garrafais. Se não pudermos adquirir só o que é grátis separadamente – o que nunca se pode – estaremos pagando no que venha atrelado. Nos deixamos levar por facilidades além da nossa capacidade financeira e, como dito, se tudo é uma questão de proporção, temos aquela TV a mais para colocar no quarto enquanto o país gasta com uma política energética incapaz de suprir tanta demanda, ou obtivemos mais um carro enquanto o Brasil insiste em gastar US$ 5 bi com caças suecos. Tudo o que ficou foi o trauma de termos perdido mais uma chance por não aproveitamos o momento de forma consciente e planejada. Pode ser pior se acharmos que ainda somos os donos da bola.

Surpreendidos com a fatura, passamos a entender que a economia funciona de forma sistemática onde se deve comprar e produzir. Passamos a fase das compras e temos que nos organizar para voltar a produzir ao mesmo tempo em que pagamos a conta. Como? São muitas as respostas.

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Logística

O grande negócio do caos

Sem dúvidas, uma crise é uma grande oportunidade para crescimento. O aprendizado deixado por essas situações é determinante para a manutenção de um negócio que precisa ser bem conduzido, pois toda crise passa e começa outra num diferente segmento. Como um grande carrossel, o mercado oferece ferramentas para todos os setores, mas lembra: o que está em alta hoje pode ser o fracasso de amanhã.

oportunidadeUm grande exemplo dessa má condução é a crise imobiliária: o Brasil precisando de mais moradias, incentivou investimentos no setor da construção; puxou então, os preços dos materiais devido à procura; absorveu toda a mão-de-obra e submeteu o objetivo principal às falhas secundárias provindas das deficiências que o setor não conhecia. Não havia nenhum levantamento que apontasse a capacidade da mão-de-obra. Simplesmente, o preço do imóvel decolou, faltou mão-de-obra, construtoras comprometeram seus cronogramas ou até faliram, e o resultado final foi a insatisfação de muitos consumidores que ainda lutam na justiça para que seus direitos sejam respeitados.

Na verdade, podemos dizer que experimentamos dois tipos de crises: a crise natural, que sobrevem do curso do mercado em evolução, e a crise construída que, geralmente, é aquela resultante da falta de iniciativa pública e da oferta de direitos básicos negados pelo Estado. Essa é uma crise que destrói o que chamamos de “crescimento sustentável”, pois mesmo tendo que contar com outras áreas, os lucros são concentrados num segmento e torna outros “escravos” de suas regras, poderes e ritmos.

Há décadas vivemos crises construídas, mas foi na última que elas mais se acentuaram e comprometem diretamente a qualidade de vida dos brasileiros. São crises com efeitos agudos sobre a sociedade e que em nada representam oportunidades de crescimento para todos que desenvolvem suas atividades nesses meios. E são meios essenciais para o país os que mais interessam:

– A crise na educação: Essa deficiência, muito antiga, é o principal fator que prejudica o Brasil. Com ela e por ela, temos uma banalização do ensino que, de baixa qualidade, não prepara os alunos para o mercado como deveria e, paralelo a isso, desestimula o corpo docente do qual esse preparo depende. Do ano 2000 para cá, as instituições de ensino superior passaram de pouco mais de mil para quase duas mil e quinhentas – 90% são particulares – ao mesmo tempo em que o salário dos professores defasou 43%. Há casos em que o salário desses profissionais, essenciais para o desenvolvimento do país, caiu até 60%, configurando um negócio altamente lucrativo para aqueles que exploram essa crise, pois os alunos, mesmo não bem preparados, pagam caro. Em 2014, o setor movimentará mais de R$ 72 bi.

– A crise na saúde: Hoje os planos de saúde determinam “quem vive e quem morre” em meio àqueles que tentam se livrar das maiores chances de morte na saúde pública. Não só escolhem os clientes como negam direitos aos escolhidos. Com quase 50 milhões de brasileiros contratantes, quase ¼ da população, o lucro líquido desse setor alcança R$ 1,5 bilhão por trimestre. Só em 2013 o lucro do setor cresceu 25% contrastando com os ganhos salariais dos profissionais.

Podemos incluir também a crise na segurança e no transporte de pessoas e produtos. Podemos citar crises com lucros antecipados – aquelas onde se colhe antes de plantar – que, visando unicamente o lucro, não se investe em infraestrutura e na renovação de recursos, como o abastecimento de água e oferta de energia. Podemos entender o porquê de termos uma logística pouco desenvolvida se olharmos para o monopólio dos combustíveis. Podemos entender o péssimo serviço das operadoras de telefonia que vendem linhas num sistema insuficiente e precário, e só é assim porque seus lucros independem disso, criando uma situação de “aprisionamento comercial”.

Enfim, todas são crises que oferecem lucros exorbitantes e unilaterais não são favoráveis ao Brasil, pois a conta é sempre paga pelo consumidor final, que sofre duas vezes: pela negação de um direito e pela exploração em decorrência. Esses grupos que exploram essas crises não fomentam outros como se pode pensar. Na verdade, eles estão imunes às crises naturais do mercado, pois estão acima das necessidades e da fiscalização daquele que se vale destes para cobrir suas deficiências: o poder público.

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Gestão Logística

Resolução de problemas em logística

O GRANDE PASSO PARA A SOLUÇÃO DE UM PROBLEMA É OBTER SUA CONCISÃO E CLAREZA.

Em princípio, considero tão importante e óbvia a afirmação acima que não deveria escrever mais nada para não ofuscar seu brilho. “Um problema sem solução é um problema mal colocado” (Ralph Emerson). Acabei me contentando apenas com a caixa alta, de modo a acrescentar mais alguma coisa que entendo pertinente.

resolucao problemasAcho que a primeira vez que ouvi orientação semelhante, ainda estava no primeiro grau e a professora a pronunciou com severa ênfase, embora naquela época nossos “problemas” se apresentassem de forma relativamente clara. Bem mais tarde, em treinamento com o Prof. Falconi, ao analisar causas e efeitos, é que comecei a entender melhor aquela antiga preocupação e arrisco observar que ao formularmos corretamente um problema, metade dele estará resolvida. Lembro que em PNL, um problema é caracterizado por questionamento, especificidade e contextualização.

Existem casos clássicos de problemas equivocados na raiz. Um bem conhecido é o da necessidade de aumentar a frota de uma empresa que já não esta atendendo a demanda de entregas, e saber se seria correta a expectativa do investimento ser compensador com melhor resultado financeiro. Após seguidos “Por que?” (4 ou 5) e redefinir o problema trabalhando com dados e fatos, a conclusão é que a frota atual estava subutilizada e, com alterações de processos, se atenderia às novas necessidades com menores custos e melhor nível de serviço, surpreendendo positivamente os clientes (aproveitando, sugiro ver: milk-run, cross-docking, consolidação LTL,TMS e transit-point).

Outras situações dizem respeito à desconstrução de tradicionais trade-offs, como o dos Custos de Estoque X Custos de Compras (principalmente nos órgãos públicos com a adoção do Registro de Preços, colocando em desuso o Lote Econômico de Compra); Custos de Estoque X Custos de Falta (com a formação de clusters industriais e estoques consignados); Amplitude X Profundidade da Comunicação (uso da Internet) e Qualidade X Preços (aplicação de diversas técnicas que associam melhora da qualidade com redução de custos). Até nas estratégias genéricas competitivas prevalece a busca de composições conciliadoras. (veja também: JIT, kanban, line-feeding, VMI, ECR, reposição contínua, mass customization e gerenciamento de riscos na cadeia de suprimentos).

Voltando ao nosso tema, o desagradável num problema é ser sempre relativo e sem opção de solução imediata ideal (até porque, se não o fosse, já não seria um problema). Um determinado problema não é o mesmo para duas pessoas nem em dois momentos. Variam os pontos de vista, os focos, os ruídos, os bloqueios, o pré-conceito, a intenção, o conhecimento, a habilidade, a atitude, a experiência e diversos outros fatores que influenciam a perspectiva e na forma de lidar com quaisquer questões.

Atenção! Diante de um problema, não decidir, via de regra, é a pior das decisões.

Com base nos compêndios filosóficos matemáticos, para ser um bom solucionador de problemas é necessário possuir um pensamento livre, crítico e sistemático, aliado a um significativo grau de intuição (ou feeling) fruto de experiências tanto genéricas quanto específicas, além de contar com informações confiáveis. Desta forma, podemos concluir que a maneira de melhor atendermos essas premissas é agir com criatividade, através de método e com auxílio de um grupo diversificado de pessoas motivadas.

Quanto às metodologias, temos o consagrado MASP (Método de Análise e Solução de Problemas) que segue o conceito do Ciclo PDCA e, também na linha do PDCA, o DMAIC (do SEIS SIGMA), com enfoque mais estratégico e que vai à busca dos problemas; ambos normalmente utilizados por grupos (CCQ, NGT, Task Force etc.). Não é nosso foco descreve-las. São abordagens clássicas e bem robustas, já dissecadas em outros artigos. O objetivo aqui é chamar a atenção para a flexibilidade de adaptação e oportunidade de aplicação habitual.

Vale ressaltar que nessas duas ferramentas, os seus três primeiros passos (dentro do PDCA correspondentes ao Planejamento) são dedicados à caracterização do “problema” que, em Gestão da Qualidade, é definível como algo que vem acarretando ou pode trazer um resultado não conforme ou indesejável. Nesta fase é fundamental para confiabilidade das informações e envolvimento das pessoas uma “atitude gemba gembutsu” (estar e ver no local) e, muito importante para posterior priorização e escolha das opções, levar em consideração a regra: ”alto impacto e baixa complexidade”, sempre bem oportuna.

Concluindo, podemos dizer que melhoramos nossa performance na solução de problemas à medida que, com método e em equipe, especificamos claramente suas causas (diagnóstico); elencamos um rol priorizado de opções; escolhemos e testamos as mais adequadas; obtemos aprovação e o patrocínio superior; treinamos e implantamos as medidas (corretivas ou preventivas) com determinação. “Sem tesão não há solução” (Roberto Freire). Acompanhamos, avaliamos, ajustamos e registramos; e, de novo, ciclicamente: acompanhamos, avaliamos, ajustamos e registramos. Como o equilibrista chinês de pratos sobre as varas que está sempre voltando para dar novo impulso em cada vara. Por um lado vivemos em constantes mudanças e, por outro, pode sempre existir resiliência estrutural nociva ao desenvolvimento implantado.

criseNão há segredo. É só método.

Este conhecido símbolo chinês para Crise, curiosamente formado por dois ideogramas correspondentes a Risco e Oportunidade, indica que, se nas Crises existem os Riscos, também estão lá as Oportunidades.

Porém, o mais interessante no nosso caso, é o ideograma de baixo – “Oportunidade”, que também é constituído por dois outros: Árvore (estrutura, organização) e Ação (atitude, realização). Logo, podemos inferir que conforme a sabedoria milenar chinesa, as Oportunidades estão nas Crises (ou problemas) e são identificadas e aproveitadas através da Ação Estruturada (ou com método).

Possuímos um capital intelectual imenso em nossas organizações. Como já havíamos comentado em texto anterior sobre Matriz GUT e equivalentes, devemos adaptar e utilizar essas ferramentas. Vamos trabalhar em equipe, fazendo mais uso de técnicas como o brainstorm, TGN (ou NGT), focus group e conceitos de clientes-fornecedores e comakership internos e externos. “Na vida, não existem soluções prontas. Existem forças em marcha: é preciso conduzi-las e, então, a elas seguem-se as soluções” (Antoine de Saint-Exupéry).

Por: Wilson W. A. D’Ávila – Administrador com formação em Marketing e especialização em Gestão da Qualidade

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Geral Gestão

Quem quer dinheiro?

Até seria engraçado se por trás dessa “brincadeira” não se escondesse um perigo tão grande para países como o Brasil devido à impressão de dinheiro como solução para crises.

Essa pergunta vem sendo feita constantemente pelo Banco Central Europeu aos bancos da Europa, em especial aos bancos espanhóis, ingleses e italianos. A última injeção de moeda nos ativos do Continente, divulgada há pouco dias, foi de 530 bilhões de euros. Com isso, desde o início de 2012, essa soma já ultrapassa 1trilhão de euros.

Não podemos esquecer que, no segundo semestre de 2011, os estados Unidos injetaram 600 bilhões de dólares em sua economia em uma só ação tão discutida no Parlamento. Estima-se que ações dessa natureza, tomadas por vários países, tenham injetado mais de 4,7 trilhões de dólares em “dinheiro fabricado” desde a crise de 2008.

Ora, a intenção é clara: fugir da crise com o incentivo ao consumo por meio de créditos concedidos aos grandes, médios e pequenos investidores. É um “dinheirinho” a mais para movimentar a economia, evitar recessões e diminuir os riscos de calotes destes países, fortalecendo assim, o chamado aos investimentos que movem as metas de desenvolvimento.

Que globalização que nada! Na hora do aperto é cada um por si e vai ao espaço essa história de fomentar países para o desenvolvimento geral. Economias importantes não funcionam assim.

Imagine se você extrapolasse suas dívidas do mês e pudesse imprimir um dinheirinho legítimo para sair do aperto […] Já pensou no efeito que isso poderia causar? Seu problema estaria resolvido e você desencadearia uma série de efeitos como, por exemplo, ter o dinheiro para comprar e não encontrar o objeto pretendido devido à procura ou até mesmo pela falta de mão-de-obra, pois, como você, todos praticariam a mesma ação. Queimar neurônios para quê? Melhor imprimir dinheiro do que usar de criatividade para combater uma crise que, verdade seja dita, se iniciou por práticas similares.

O impacto na economia mundial é gigantesco. Isso porque não se sabe como esse dinheiro vai ser usado pelos bancos. Sabe-se que 20% desse valor é usado para os chamados “colchões de segurança” – aquela engorda de reservas para garantir a vida financeira do banco – e o restante será usado em inúmeros negócios, nos quais os governos não têm como controlar muitos e garantir a verdadeira razão para essas injeções: a compra de dívidas públicas. É como você emprestar dinheiro para alguém comprar sua geladeira, mas ela continuará com você que ainda usufruirá daquilo que é abastecida. Com o agravante de que o dinheiro não existia, foi fabricado.

Isso para o Brasil é uma forte ameaça para nossa continuidade rumo ao desenvolvimento. Nosso Banco Central já se desdobra diariamente para comprar dólares no mercado e evitar a queda brusca da moeda em relação à nossa. Quem imaginou que precisaríamos agora dosar a entrada de investimentos estrangeiros para nos proteger? Quem imagina que o fortalecimento da nossa moeda pode nos levar a sérios problemas? São os paradoxos da economia. Imagine você fechar a compra em dólar de algo que custava 10 mil reais. Semanas depois, lhe chega o produto e agora você converterá apenas 8 mil reais para o pagamento. Aparentemente, um ótimo negócio para você. Mas, para o fornecedor significa prejuízo, falência, demissões. Com a diminuição da compra da matéria-prima desencadeará uma série de complicações no mercado.

Hoje, a soma de todos os Produtos Internos Brutos (PIB) no mundo representa cerca de 60 trilhões de dólares. Os ativos, investimentos e outros somam 170 trilhões de dólares. Ou seja, o dinheiro que circula no mundo é quase 300% a mais do que se pode garantir. Daí o perigo em aumentar a circulação de dinheiro dentro de um ambiente insuficiente. Isso precisa ser visto com mais responsabilidade comum e não com irresponsabilidade individual.

Com licença; preciso imprimir algumas notas para pagar o colégio do meu filho. O mês foi difícil…

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Colaborações

EUA deixam ‘clube’ de 14 países com dívida mais segura

Rebaixamento dos papéis do governo americano tirou país de uma lista que agora inclui apenas 14 países

O anúncio na sexta-feira de que a Standard & Poor’s (S&P) rebaixou pela primeira vez na história os papéis da dívida americana – de AAA para AA+ – fez com que o país deixasse uma seleta lista de nações consideradas mais seguras para os investidores.

Com a saída dos Estados Unidos, o restrito ‘clube’ possui apenas 14 países cujas dívidas recebem a nota máxima das agências de risco.

crise e dívida dos EUAEm nota, a S&P justificou que o acordo firmado nesta semana entre republicanos e democratas é insuficiente para dispersar as dúvidas que o mercado tem sobre a redução do déficit público americano, que já ultrapassa os 10% do PIB.

A dívida total americana, de US$ 14,3 trilhões, equivale a quase uma vez o PIB do país. O acordo aprovado na segunda-feira autoriza a elevação da dívida em até US$ 2,4 trilhões em troca de cortes de gastos no mesmo valor.

Com um déficit público na dimensão do atual, o novo teto da dívida seria alcançado até o final do ano que vem.

Juros mais baixos

As classificações de risco avaliam a capacidade do país de honrar suas dívidas e servem como parâmetros para orientar os investidores. A classificação AAA significa um risco praticamente zero de a dívida não ser paga, portanto mais segura para os investidores.

Em teoria, os países com classificação da dívida mais alta têm mais facilidade de captar empréstimos no mercado internacional a juros mais baixos do que os países cujas dívidas são consideradas menos seguras.

Atualmente, apenas 14 países têm a classificação AAA nas três principais agências – Alemanha, Austrália, Áustria, Canadá, Cingapura, Dinamarca, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Holanda, Luxemburgo, Noruega, Suécia e Suíça.

Além desses países, a lista AAA da Standard & Poor’s inclui também Liechtenstein e os territórios de Ilha de Man, Guernsey e Hong Kong, a Fitch inclui Bermuda e Nova Zelândia e a Moody’s, Ilha de Man e Nova Zelândia.

Sob risco

A dívida brasileira é classificada pelas três principais agências nos níveis mais baixos entre os níveis com recomendação de investimento – BBB- pela Standard & Poor’s (no 10º entre os 22 níveis de classificação da agência), Baa2 pela Moody’s (9º entre 22 níveis) e BBB pela Fitch (9º entre 20 níveis).

Os Estados Unidos perderam a classificação máxima de sua dívida pela primeira vez na história, mas outras grandes economias já sofreram com o problema no passado.

O Japão, que tem a maior proporção mundial da dívida em relação ao PIB (mais de 200%), foi rebaixado pelas principais agências entre o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000, quando a economia do país começou a patinar.

Atualmente, a Standard & Poor’s classifica a dívida japonesa como AA- (4º nível), a Fitch de AA- (4º nível) e a Moody’s de Aa2 (3º nível).

Segundo alguns analistas, França e Grã-Bretanha são os países que correm mais risco de ter suas dívidas rebaixadas pelas agências no médio prazo, por terem dívidas altas em relação aos seus PIBs, altos déficits públicos (5,6% do PIB no caso da França e 8,7% no da Grã-Bretanha) e economias com perspectivas de baixo crescimento.

Fonte: BBC

 

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Logística Transportes

Entre os trilhos e os automóveis

Não é só a crise econômica e a falta de matéria-prima que está afetando a produção de veículos nos Estados Unidos. Em 2011 as montadoras estão tendo um bom ano (até que o terremoto japonês viesse limitar o fornecimento de peças). As vendas no primeiro trimestre subiram 11%. O problema agora é a logística! Está difícil entregar os veículos das fábricas para as revendas. O Wall Street Journal afirma que as empresas de transporte ferroviário retiraram muitos vagões de circulação durante a recessão e agora estão demorando para reinseri-los nos trilhos para atender a crescente demanda para transporte de carros novos (WSJ, 13/abr/2011).

Quando a economia norte-americana recuou, os operadores de transporte ferroviário recolheram centenas de milhares de vagões para as garagens e dispensou muitas equipes de trabalho. Agora com os novos carregamentos de carros, carvão e bens de consumo em alta, os trilhos não têm vagões suficientes para realizar estas entregas…

“As empresas de transporte ferroviário são boas para entregar grandes volumes com freqüência. Os problemas começam quando elas precisam responder a variação súbita na demanda. Saberemos se esta demanda é apenas sazonal ou sistêmica se ela se mantiver pelo próximo mês”, disse o responsável por uma destas empresas.

A falta de vagões adicionou desde alguns dias até algumas semanas no tempo necessário para que os carros novos cheguem às revendas, forçando as montadoras a estacionar os veículos zero quilômetro ao redor das fábricas, por todo o país.

As operadoras estão tentando atender esta demanda mas existem limites no que elas conseguem fazer com as redes em operação e com os acordos com os atuais clientes.

A Union Pacific Corp., que entrega 75% dos veículos novos para os estados do oeste do país, está tentando solucionar o problema adicionando mais locomotivas em suas linhas, disse o porta-voz Tom Lange. A UP também está re-roteando os vagões vazios para que cheguem onde é preciso mais rapidamente, e os mecânicos estão fazendo alguns reparos de manutenção nos próprios locais ao invés de esperar que o vagão seja enviado ao ponto central de manutenção.

Uma opção óbvia – e mais cara – seria enviar mais veículos por caminhões-cegonha (como vemos no Brasil, já que as ferrovias praticamente não são utilizadas). O problema aqui é uma briga da GM e da Chrysler com uma transportadora rodoviária que transporta carros para eles.

De maneira mais realista, eles terão que esperar que as ferrovias possam atender toda a demanda. Os trens são claramente a melhor opção para movimentar grandes volumes. Por outro lado, isto deixa claro que a indústria automobilística gostaria de operar num sistema empurrado. Os trens não são a opção mais flexível para transportar as coisas. (Se fossem, não seriam tão baratos.) Se a idéia é alocar a produção para onde ela será vendida, seria muito difícil integrar os sistemas através de trilhos se a demanda em diferentes regiões ficar variando.

Baseado no texto “Pains, Trains & Automobiles” de Martin A. Lariviere, publicado no blog The Operations Room. Tradução e adaptação feitas por Leandro Callegari Coelho e autorizadas pelos autores exclusivamente para o Logística Descomplicada.

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Comércio Exterior - COMEX Transportes

É possível sentir saudades da crise?

a crise mundial deixou saudades?Lendo a pergunta acima muitos podem pensar que a mesma é uma grande loucura. Bem, gostaria de esclarecer que não estou falando da escassez de negócios no comércio internacional, mas de um fato curioso que isso trouxe.

Por conta dessa falta de carga, os armadores visitavam as empresas embarcadoras e consignatárias, literalmente, “de pires na mão”, pedindo por embarques. Bons tempos. Um excelente período de flexibilidade, rapidez e disponibilidade. Quase tudo era possível junto às empresas de navegação. Obvio que os prejuízos bilionários foram os grandes motivadores desses atos de benevolência.

Veio o segundo semestre de 2009, a virada para 2010, e a crise pareceu ter terminado para os armadores. Assim, retrocedeu-se à velha lógica, a mesma empregada no período pré-crise: Tudo bem para os armadores, navios cheios; retorno do sofrimento dos embarcadores e consignatários. Lamentavelmente, isso não deveria ser uma lógica, mas, de fato, é o que parece ser. Na exportação a coisa é mais leve. O crítico é na importação.