Ao longo da vida todos passam por desertos. Os momentos difíceis nos campos profissional e pessoal geralmente nos ensinam muito e nos preparam para outros desafios. Talvez sem esses desertos não pudéssemos perceber por quantos jardins já passamos também. E nada tem a ver se você é forte ou fraco, rico ou pobre, homem ou mulher… Os desertos são mesmo a melhor maneira de sabermos do que somos feitos: quanto se pode ainda caminhar, quanto sol ainda se pode suportar e quanta sede você ainda poderá resistir até deixar a areia causticante para trás. Os desertos são inevitáveis na caminhada de qualquer pessoa. O que se diferencia mesmo é a forma com que se escolhe caminhar por eles.
Com a crise no Brasil, muitos estão passando por desertos mais longos e mais quentes. A forma com que somos apresentados a eles pode ser das mais diversas possíveis: uma crise financeira, um relacionamento, incertezas da profissão, um caminho escolhido, uma decisão não tomada… Os desertos sempre estarão nos convidando a atravessá-los e, na maioria das vezes, não dependem de nosso “sim”.
Típico dos seres humanos, damos total preferência aos jardins e evitamos os desertos de todas as maneiras possíveis. Nada mais normal. O que realmente não é normal é esquentarmos ainda mais o sol e a areia, jogar a reserva de água fora e caminhar em círculos alongando nossa travessia com lamentações e/ou inércia.
À noite, a temperatura cai drasticamente e nos vemos sozinhos, desamparados e com muito frio. Cruzar os desertos sozinhos é uma opção que temos, mas podemos ter sim, companhia que nos conforte no frio e sirva como apoio na caminhada diária. Assim existe uma chance maior de encontrar um oásis ou até mesmo abreviar significativamente a jornada ao encontrar nossa fase de jardim com a ajuda daqueles que querem nosso bem.
Há quem defenda que nossa vida, na verdade, é um grande deserto e os oásis pelo caminho são os momentos felizes que a vida reserva àqueles que sabem compreender e explorar essa imensa área. Talvez seja assim mesmo. O fato é que não se pode evitá-lo a vida toda, e que bom que ele não passe a vida toda para dar as caras! Muitos que caminham em seus desertos tardiamente não suportam o calor do dia ou o frio da noite. Temos que estar treinados para sermos fortes.
Implacáveis desertos a que estamos sujeitos… Impiedosamente ensinam os fracos que se preocupam mais em encontrar uma sombra do que a saída para uma nova terra; premiam os capacitados com belos oásis ou com abreviações de jornadas, mas fazem questão de se mostrarem sempre bem próximos e mais ameaçadores, testando nossa inventividade em cada situação.
Somos inteligentes suficientemente para suportar qualquer deserto. Desistir não condiz com nossa natureza. Fomos feitos para encarar desertos, assim como os desertos foram feitos para nos tornar fortes. Só precisamos ter cuidado com o que queremos. Muita água pode se transformar em oceanos e aí podemos realmente morrer, pois fomos feitos para desertos.
Esses desertos nos trazem muitos presentes bons também. A maioria personifica-se e passa a caminhar conosco, mas precisamos também caminhar em seus desertos. Essas pessoas podem nos guiar, podem ser nuvens para abrandar o calor do Sol e um cobertor à noite. Porém, se nos enganarmos, elas podem tomar nossa última reserva de água. A cautela é sempre recomendável ao escolher tais companhias, pois há muitos que conseguem transformar um deserto em jardim ali, na sua frente, enquanto outros transformam um jardim no deserto mais árido que possa existir. Mesmo que o deserto não facilite muito, nosso sucesso está em identificá-las, valorizá-las ou em só lhes dar “bom dia”, se for esse o caso.
Que este Natal seja um refrigério para seu dia e um cobertor para sua noite. Se seus desertos estiverem mais implacáveis em 2017 lembre-se de que você também estará bem mais forte.
Saúde e sucesso a todos!