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Como não ser esmagado pelas dívidas

Nem todo mundo sabe ser patrão do dinheiro e com frequência passa a ser escravo dele. As pessoas deveriam ser ensinadas desde a infância a poupar pelo menos 10% do que ganham, para terem uma vida financeira equilibrada. Porém, a verdade é que a maioria gasta mais do que ganha.

dividasEducação não é custo e sim investimento. Um estudo da FGV apontou que cada ano a mais de escolaridade tem reflexo de 15% a mais na remuneração. Uma colheita incomum requer uma atitude incomum, pois sorte é quando a preparação e o trabalho encontram uma oportunidade.

O desconhecimento da importância da poupança e do poder dos juros compostos é desastroso no longo prazo. Se ao começar a trabalhar o indivíduo aplicar sistematicamente R$ 65,00 todos os meses, terá em torno de um milhão de reais na sua conta aos 65 anos de idade. Os juros desse capital acrescido à sua aposentadoria serão o suficiente para viver na liberdade financeira.

A primeira coisa para livrar-se das dívidas é querer viver livre delas. Dívida é pressão, é cativeiro. O Brasil é o país que tem os juros mais caros do mundo. Ao ligar a televisão nos deparamos nos intervalos comerciais com possibilidades e mais possibilidades de compra com carnês de financiamento. Levados pela correnteza do consumismo, as dívidas estão tirando o sono e a saúde e liquidando o casamento de milhares de pessoas.

É melhor ter uma pequena cautela do que um grande remorso. As mais frequentes desculpas dos endividados são doença, desemprego, divórcio, descontrole, dar o nome ou assinar como fiador para parentes e amigos.

O que não se mede não se controla. A primeira medida para controlar a grana é fazer uma planilha de orçamento financeiro mensal.  Não ter um computador não serve de desculpa, pois pode se valer até mesmo de um simples caderninho.  Registrar tudo o que se ganha e se gasta, comprando sempre que possível à vista e pedindo desconto são regrinhas financeiras básicas.

O cartão de crédito é um excelente meio de pagamento, mas um péssimo instrumento de crédito. Não sabendo usá-lo ele se torna um grande vilão do orçamento. Quando se paga apenas o valor mínimo da fatura, funciona como um taxímetro ligado, aumentando a dívida a cada dia que passa. A regra é não aceitar parcelamentos, pagando sempre a fatura em seu valor total. Outras vantagens em ter cartão é não se despertar a atenção dos amigos do alheio, carregando dinheiro em espécie. Usando o cartão adequado e se cadastrando junto às operadoras para participar dos programas, se pode ganhar milhas de vantagens.

Você é daqueles que curte o site do seu banco, ingenuamente acreditando que o banco em que você é correntista foi feito para você?Veja abaixo o comparativo entre uma aplicação de R$ 100,00 na poupança versus a utilização de R$ 100,00 no cheque especial:

Em 1 ano, com o valor de R$ 100,00 aplicado na poupança passa a ser R$ 104,00. Com o mesmo valor gasto no cheque especial, deve-se R$ 251,00.

Em 5 anos com o valor de R$ 100,00 aplicado na poupança se passa a ter R$ 143,00. Com o mesmo valor gasto no cheque especial se passa a dever R$ 10.000,00.

Em 10 anos, tem-se R$ 205,00. Com o mesmo valor gasto no cheque especial, acumula-se uma dívida R$ 1.000.000,00.

Conclusão: em finanças nem sempre abrir um buraco para tapar o outro é a solução. Ou se aprende a viver dentro de um orçamento equilibrado, ou se acaba esmagado pelas dívidas.

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Carreira

Como esticar o seu dinheiro

Segundo Eleanor Roosevelt “o futuro pertence àqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos”. É importante desenvolver a capacidade de nos projetarmos no futuro e imaginar – como estará a nossa vida profissional, financeira, familiar, social e pessoal daqui a um ano, cinco, dez, vinte e trinta anos?

dinheiroComo criar as condições necessárias para transformar sonhos em realidade?

É tudo uma questão de querer de fato e fazer o que precisa ser feito para chegar lá. É preciso dar aos sonhos a verdadeira prioridade que eles merecem. O primeiro passo a dar é transformar os “sonhos” em metas quantificadas e definir os prazos para alcançá-las.

Quando estamos magnetizados por nossos “sonhos”, temos a motivação necessária para viver dentro de um orçamento. Os impulsos para gastar serão contidos e substituídos pela satisfação de uma vida financeira equilibrada. Quanto maior for nossa capacidade de viver dentro dos limites de um orçamento, maior será nossa tranquilidade financeira.

Levar uma vida financeira equilibrada depende mais de como gastamos e não tanto de quanto ganhamos. Não está em aumento de salário, promoção ou em ser ganhador na loteria – basta apenas fazer uma avaliação do padrão de consumo. Quando começamos a registrar tudo o que gastamos e onde gastamos, e a ter consciência em que empregamos nossos recursos, começamos a controlar os gastos e a pensar duas vezes antes de gastar.

Depois de anotar os gastos, o próximo passo é realizar uma análise para reduzi-los, respondendo perguntas como: Para onde vai a maior parte de meus rendimentos? Quais são minhas principais despesas? Todas estas despesas são prioritárias? Em que eu poderia reduzir meus gastos?

O que fazer para “esticar o dinheiro” e gastar menos, sem diminuir o padrão de vida?

1) Limitar o orçamento para seus gastos, para não exagerar na aquisição de alguns itens e deixar de comprar outros;

2) Esperar até ter todo o dinheiro para comprar à vista;

3) Certificar-se de que a aquisição é realmente necessária;

4) Se tiver dúvida se deve ou não comprar, deixar a decisão para o dia seguinte;

5) Pesquisar a existência de produtos similares;

6) Não comprar sem pesquisar em pelo menos três estabelecimentos diferentes, bem como em conceituadas lojas virtuais na internet;

7) Cuidar com as ofertas pague 2, leve 3. Podem ser mais baratas, porém, desnecessárias;

8) Ter cautela com as ofertas “é o mesmo preço à vista”. Antes verifique a proposta de outras lojas;

9) Quando possível, esperar para comprar nas liquidações;

10) Habituar-se a frequentar brechós e lojas de móveis usados.

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Demanda Logística Transportes

Dinheiro de emergência

De todas as perguntas que se seguiram ao furacão Sandy, aposto que você não se perguntou: “Mas como isso afetou os bancos?” Eu não estou falando sobre as grandes empresas de investimento que tiveram dois dias inesperados sem negociação. Estou pensando nas agências de varejo e caixas eletrônicos. Dinheiro não dá em árvores (infelizmente!) e isso torna difícil conseguir dinheiro sem eletricidade estável. Ao mesmo tempo, os comerciantes têm uma capacidade limitada para aceitar cartões de crédito, sabendo que as linhas de telefone e a eletricidade não funcionam direito. Assim, mesmo que Nova York não tenha voltado ao período do escambo, o Wall Street Journal (de 2 de novembro) relata que a cidade é mais dependente do dinheiro do que o habitual:

Vários bancos como o Bank of America, o Wells Fargo e o JP Morgan Chase estão implantado caixas automáticos temporários em várias partes de Nova York e Nova Jersey, enquanto trabalhavam para obter comunicação confiável para os demais, embora em alguns casos os planos tenham sido adiados por problemas de sinal e outros relacionados com a tempestade.

Em algumas áreas, era difícil para os bancos manter-se abastecidos, pois as pessoas pareciam estar retirando mais dinheiro do que o habitual.

Um caixa eletrônico do JP Morgan Chase localizado numa farmácia no Blooklyn, NY, ficou sem dinheiro às 11:30 quarta-feira, de acordo com o gerente da loja que descreveu as filas para a máquina depois da tempestade como “surreais”.

Em um dia normal, disse ela, em geral há cerca de quatro pessoas esperando na fila para o caixa eletrônico. Domingo, ela disse, as filas serpenteava pela farmácia até a porta da rua. Ela disse que o banco informou que iria colocar mais dinheiro no caixa eletrônico na segunda-feira, mas ao meio-dia da quinta-feira ainda não tinham ouvido falar do banco. Os clientes “entendem, mas estavam irritados”, disse ela.

Este é um desafio operacional interessante. Conseguir entregar qualquer coisa em Nova York agora é um problema, mas a logística do dinheiro é particularmente complicada. Transportar as verdinhas requer caminhões especiais e todos os tipos de contabilidade, tanto na saída quando no recebimento. Tendo isso em mente, há uma questão importante: qual é a melhor maneira de usar recursos limitados.

Uma resposta seria a de desistir do único caixa na farmácia. O banco deve favorecer suas próprias agências onde há vários caixas eletrônicos, muito mais que em qualquer farmácia ou lojinha de conveniências. Priorizar locais com muitas máquinas é mais eficiente visto que vários caixas eletrônicos podem ser recarregados com uma parada. Também permite uma certa quantidade de divisão de risco.

Uma outra questão interessante é de quanto dinheiro as pessoas realmente precisam agora. Por um lado, muitos comerciantes só aceitam dinheiro (por falta de eletricidade e comunicação). Por outro lado, os gastos são limitados porque muitas empresas estão paradas. Sabendo dessa incerteza, contar com alguns pontos de venda (ou entrega de dinheiro, neste caso) ajuda a atenuar oscilações na demanda. Além disso, supondo que a agência bancária esteja funcionando, as máquinas podem ser realimentadas por funcionários ao longo do dia.

O que está implícito nos argumentos acima é que exista uma agência do JP Morgan Chase razoavelmente perto da farmácia citada. Em Manhattan, isso é praticamente certo. Em um bairro mais afastado, talvez não seja o caso. Claro, se você não tem uma filial no bairro, significa que você não tem muitos clientes lá, então ignorar um único caixa eletrônico não representa muito problema.

Há, claro, uma outra maneira de melhorar o serviço aqui: compartilhamento de caixas eletrônicos dos bancos. As companhias aéreas dispensaram os clientes do pagamento de multas logo antes da tempestade. Os bancos poderiam igualmente abandonar as taxas excessivas que são cobradas para usar um caixa de outra rede. Se o Chase, Bank of America e o Wells Fargo concordarem em não cobrar dos cliente o uso dos caixas dos outros, ofereceriam uma rede de compartilhamento muito maior e eficaz, e presumivelmente, prestar serviço digno a um bairro a partir do caixa eletrônico de qualquer banco.

Um ponto final. Por mais que as pessoas gostem de falar sobre o fim do dinheiro de papel e do aumento dos sistemas de pagamentos móveis e eletrônicos, temos que reconhecer que o papel é uma tecnologia robusta e confiável. Enquanto houver alguma chance de que as tecnologias de rede falharem, sempre haverá um papel para o dinheiro na economia.

Baseado no texto “Emergency cash” de Martin A. Lariviere, publicado no blog The Operations Room. Tradução e adaptação feitas por Leandro Callegari Coelho e autorizadas pelos autores exclusivamente para o Logística Descomplicada.

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Geral Gestão

Quem quer dinheiro?

Até seria engraçado se por trás dessa “brincadeira” não se escondesse um perigo tão grande para países como o Brasil devido à impressão de dinheiro como solução para crises.

Essa pergunta vem sendo feita constantemente pelo Banco Central Europeu aos bancos da Europa, em especial aos bancos espanhóis, ingleses e italianos. A última injeção de moeda nos ativos do Continente, divulgada há pouco dias, foi de 530 bilhões de euros. Com isso, desde o início de 2012, essa soma já ultrapassa 1trilhão de euros.

Não podemos esquecer que, no segundo semestre de 2011, os estados Unidos injetaram 600 bilhões de dólares em sua economia em uma só ação tão discutida no Parlamento. Estima-se que ações dessa natureza, tomadas por vários países, tenham injetado mais de 4,7 trilhões de dólares em “dinheiro fabricado” desde a crise de 2008.

Ora, a intenção é clara: fugir da crise com o incentivo ao consumo por meio de créditos concedidos aos grandes, médios e pequenos investidores. É um “dinheirinho” a mais para movimentar a economia, evitar recessões e diminuir os riscos de calotes destes países, fortalecendo assim, o chamado aos investimentos que movem as metas de desenvolvimento.

Que globalização que nada! Na hora do aperto é cada um por si e vai ao espaço essa história de fomentar países para o desenvolvimento geral. Economias importantes não funcionam assim.

Imagine se você extrapolasse suas dívidas do mês e pudesse imprimir um dinheirinho legítimo para sair do aperto […] Já pensou no efeito que isso poderia causar? Seu problema estaria resolvido e você desencadearia uma série de efeitos como, por exemplo, ter o dinheiro para comprar e não encontrar o objeto pretendido devido à procura ou até mesmo pela falta de mão-de-obra, pois, como você, todos praticariam a mesma ação. Queimar neurônios para quê? Melhor imprimir dinheiro do que usar de criatividade para combater uma crise que, verdade seja dita, se iniciou por práticas similares.

O impacto na economia mundial é gigantesco. Isso porque não se sabe como esse dinheiro vai ser usado pelos bancos. Sabe-se que 20% desse valor é usado para os chamados “colchões de segurança” – aquela engorda de reservas para garantir a vida financeira do banco – e o restante será usado em inúmeros negócios, nos quais os governos não têm como controlar muitos e garantir a verdadeira razão para essas injeções: a compra de dívidas públicas. É como você emprestar dinheiro para alguém comprar sua geladeira, mas ela continuará com você que ainda usufruirá daquilo que é abastecida. Com o agravante de que o dinheiro não existia, foi fabricado.

Isso para o Brasil é uma forte ameaça para nossa continuidade rumo ao desenvolvimento. Nosso Banco Central já se desdobra diariamente para comprar dólares no mercado e evitar a queda brusca da moeda em relação à nossa. Quem imaginou que precisaríamos agora dosar a entrada de investimentos estrangeiros para nos proteger? Quem imagina que o fortalecimento da nossa moeda pode nos levar a sérios problemas? São os paradoxos da economia. Imagine você fechar a compra em dólar de algo que custava 10 mil reais. Semanas depois, lhe chega o produto e agora você converterá apenas 8 mil reais para o pagamento. Aparentemente, um ótimo negócio para você. Mas, para o fornecedor significa prejuízo, falência, demissões. Com a diminuição da compra da matéria-prima desencadeará uma série de complicações no mercado.

Hoje, a soma de todos os Produtos Internos Brutos (PIB) no mundo representa cerca de 60 trilhões de dólares. Os ativos, investimentos e outros somam 170 trilhões de dólares. Ou seja, o dinheiro que circula no mundo é quase 300% a mais do que se pode garantir. Daí o perigo em aumentar a circulação de dinheiro dentro de um ambiente insuficiente. Isso precisa ser visto com mais responsabilidade comum e não com irresponsabilidade individual.

Com licença; preciso imprimir algumas notas para pagar o colégio do meu filho. O mês foi difícil…

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Gestão da Cadeia de Suprimentos Logística Supply Chain Management Transportes

Entendendo os diferentes fluxos logísticos

A logística é normalmente associada ao transporte: movimentação de materiais, rodovias, navios, etc. Não podemos dizer que esta associação é injusta, pois o transporte é uma das principais atividades da logística, a que custa mais caro, e a que o cliente mais precisa – afinal, ele precisa dos produtos no lugar onde vai comprá-lo!

Mas não só de transportes de produtos é feita a logística, e existem outros fluxos a serem considerados. Vamos discutir alguns deles nos parágrafos seguintes.Primeiramente, vamos continuar na área de transportes, mas não o transporte direto dos produtos, no sentido dos fornecedores para os clientes, mas o transporte reverso. Trata-se da principal função da logística reversa, que trás os produtos usados do consumidor final para as fábricas novamente. É um fluxo que ganha cada vez mais importância em função das pressões sociais e políticas para que as empresas sejam mais corretas ambiental e socialmente.

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Geral

Juros e o déficit público

 

juros e o déficit públicoAntes de começarmos a entender o que é e como funciona o déficit público e a dívida pública, temos que primeiro saber a definição de juros. Sendo o capital um dos fatores de produção, torna-se justo que se tenha uma remuneração sobre o empréstimo deste capital, e esta remuneração é denominada juros.

O juro é a retribuição ao capital empregado. Então os juros representam a remuneração do capital empregado em alguma atividade produtiva.

Essa taxa de juros acima especificada como sendo o custo do dinheiro emprestado, em nada se parece com a taxa de juros aplicada pelos bancos e financeiras. Os bancos e as financeiras cobram algo mais embutido nas taxas de juros dos seus clientes, como uma taxa de inadimplência, impostos, seguros, entre outras.

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Geral Gestão

Não há resposta simples para solucionar a crise – Parte 3/3

Matéria publicada no Instituto Millenium, de autoria de Fernando Raphael.

(continuação da matéria iniciada ontem, parte 2/3)

QUESTÃO MONETÁRIA

O dólar é uma moeda “apreciada”, isto é mais cara que as outras, em praticamente todos os países emergentes. Um dólar compra proporcionalmente mais que as outras moedas. Isto é causado em parte pelos estoques de dólar, ou seja, pelas reservas internacionais (cerca de 60% das reservas estão em dólar), e em parte por causa de políticas de câmbio deliberadamente desvalorizadas, como é o caso da Coréia do Sul, da China, Japão, Taiwan, Índia, etc. Isto cria um “desequilíbrio” no mercado norte-americano, principalmente porque fica difícil para as empresas daquele país concorrer na fabricação de produtos e na oferta de serviços com aqueles países. Por conta do câmbio, algo produzido nestes países será sempre mais barato que algo produzido nos EUA.

O principal ajuste que a crise atual está causando não está relacionado ao déficit americano, que irá crescer no curto e possivelmente médio prazo. O principal ajuste será no preço relativo das outras moedas em relação ao dólar. Os EUA, uma vez depreciada sua moeda, irão se tornar relativamente mais pobres, com salários mais baixos, o que lhes dará algum fôlego competitivo extra. O mesmo inverso irá ocorrer com os países asiáticos de apreciarem suas moedas. Algum processo de substituição de importações acabará ocorrendo nos EUA.

A questão é como se dará este processo. Uma primeira alternativa é através do ajuste monetário de mercado. Se ele ocorrer, a Coréia irá perder competitividade em alguns setores, a China em outros, e os EUA irão ganhar em vários outros. Em geral, os americanos são muito mais eficientes na produção de bens de grande valor, porque tem um grande mercado de consumo para estes bens, o que lhes confere escala para exportar. A segunda via será através de barreiras protecionistas, que poderão ser erguidas de ambos os lados (seja nos EUA, seja nos mercados asiáticos). Esta segunda opção é a mais temerária, sobretudo para países como o Brasil. Caso isto aconteça, nós teremos sérios problemas para competir com a busca por novos mercados dos Asiáticos e americanos, e enfrentaremos problemas para exportar os poucos produtos em que somos competitivos.

Um ajuste pela via da moeda seria melhor para nós, porque já atuamos há mais de dez anos em regime de câmbio flutuante (apensar das fortes intervenções do nosso banco central) o que faria do ajusto monetário algo mais rápido e menos traumático. A segunda opção representaria uma dificuldade maior, pois deveriam ser feitas opções estratégicas focadas no longo prazo, e o futuro é sempre muito turvo para ser vislumbrado. Um ajuste via mercado seria mais gradual e mudaria as coisas sem grandes traumas. Um ajuste pela via do protecionismo, ou seja, do intervencionismo, tornaria o cenário mundial um jogo de soma zero, onde necessariamente uns perderiam para alguém poder ganhar. A economia mundial irá superar esta crise, como já superou outras tantas. A questão é o custo disto. Como diz aquela frase, podemos ter uma crise tão grande quanto estejamos dispostos a pagar.

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Geral Gestão

Não há resposta simples para solucionar a crise – Parte 2/3

Matéria publicada no Instituto Millenium, de autoria de Fernando Raphael.

(continuação da matéria iniciada ontem, parte 1/3)

ESTRUTURA DOS PREÇOS

O Presidente do FED não agiu errado de acordo com nenhuma das teorias. A questão toda é outra. A questão é a composição dos índices usados para medir a atividade econômica. Quando você avalia apenas o índice de preços, como é feito hoje no mundo todo, mas ignora o “quantum”, isto é, a quantidade de bens negociados, acaba-se tendo uma impressão errada sobre o que é inflação ou deflação e o que é uma mudança estrutural nos preços, tanto para cima como para baixo.

Vou dar um exemplo de uma possível mudança estrutural nos preços montando um cenário para a indústria automobilística. A tendência nos últimos 50 anos no mercado de automóveis é que os carros mais novos sejam mais caros que os carros da “geração” anterior, porque a cada nova geração de veículos, mais tecnologia é acrescentada ao produto. Os fabricantes de automóveis, olhando a renda dos trabalhadores, que vem crescendo de forma praticamente ininterrupta, imaginam que a cada década, mais ou menos, os consumidores irão desejar veículos maiores, mais seguros, mais potentes e mais sofisticados.

Com isso, a tendência na indústria automobilística é que o preço dos veículos aumente. Isto pode forçar o índice de preços para cima, fazendo com que através deste produto haja uma leve força atuando para a inflação dos preços. Mas esta é uma mudança estrutural. Quando um novo fabricante, como a indiana Tata, por exemplo, apresenta um novo produto no mercado, de grande volume, com preços muito baixos, ele pode jogar o índice de preços para baixo.

Isto porque a expectativa deste fabricante é vender uma quantidade muito superior de automóveis por um preço muito mais baixo que a média de mercado. Um regulador da taxa de juros desavisado poderia ver nesta mudança na tendência dos preços um risco de deflação, e com isto baixar a taxa de juros, o que facilitaria, teoricamente, a volta de um crescimento no índice de preços. Da mesma forma, este carro de grande volume poderia aumentar o preço de determinados insumos da indústria, como aço, por exemplo, o que poderia ser interpretado como ameaça de inflação. A decisão, portanto, poderia ser tomada de forma equivocada se não for considerada a mudança estrutural dos preços.

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Geral Gestão

Não há resposta simples para solucionar a crise – Parte 1/3

Instituto MilleniumMatéria publicada no Instituto Millenium, de autoria de Fernando Raphael.

Um dos resultados da crise internacional dos sub-prime que estourou no segundo semestre do ano passado é o reavivamento do debate sobre as teorias econômicas do “mainstream” e os “outsiders”. Há tempos que se discute se a teoria econômica deve ser mais keynesiana ou mais neoliberal ou conservadora. A discussão sobre os pacotes e as alternativas para superar a crise levou mesmo a frases e questões como esta abaixo:

“Se antes os bancos eram acusados de emprestar muito agressivamente, agora eram acusados de muito conservadorismo. Se os americanos eram acusados de consumismo irresponsável, agora demandavam mais gastos deles. E o próprio governo, que tanto pregou a luta por casas mais acessíveis, estava agora fazendo de tudo para evitar a queda nos preços das casas. Para onde foi a meta de casas acessíveis? Woods questiona se algum traço de pensamento racional ainda pode ser encontrado em meio a tanta insanidade.” (Constantino, R.)[i]

Aqui está uma questão que não está sendo levada em conta, mas que tanto Mises quanto Hayek apontam em seus trabalhos. No livro “Ação Humana” há até uma frase do Mises que ficou gravada na minha cabeça sobre a questão da inflação. A inflação é a principal forma de avaliar que se a taxa de juros está artificialmente alta ou baixa de acordo com a teoria dos ciclos econômicos de Von Mises. Se há inflação, dentro desta visão, é porque há um excesso de moeda no mercado. Então, quando há excesso de moeda o caminho é aumentar a taxa de juros para conter a inflação. Este é o mecanismo básico de regulação que tem sido adotado em todo o mundo para controlar a oferta e demanda por moeda.

No caso da frase famosa, do Mises, ele dizia que uma vez atropelado o pedestre (isto é, uma vez que a inflação tivesse aparecido por conta do excesso de gastos), dar a marcha à ré não ajudaria a crise passar (a marcha à ré seria a deflação, isto é, a queda generalizada no índice de preços). Portanto, mesmo os liberais austríacos defendem que o ajuste para condições monetárias reais deveria ocorrer num contexto de preços neutros, e não de deflação, para evitar prejuízos maiores no sistema monetário. Só que para aumentar os gastos num contexto de crise econômica, a única maneira eficaz encontrada pelos economistas, independentemente da escola econômica de origem, é o aumento do consumo.

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A história das coisas

Este vídeo merece ser visto com muita atenção. Apresenta diversos exemplos de fluxos logísticos: fluxos de materiais, fluxos financeiros, de informação… apresenta de maneira muito simples o que temos feito com o meio ambiente e com a sociedade de forma geral.

Mas o vídeo também possui um viés muito forte, e é preciso prestar atenção para não se deixar levar por argumentos fracos e frágeis, sem embasamento.

Sou muito cético quanto à algumas conclusões do filme, mas gosto muito de diversas explicações, e espero que vocês, amantes da logística, também possam aproveitar algumas partes.

Chama-se “A história das coisas”, e mostra como da extração e produção até a venda, consumo e descarte, todos os produtos em nossa vida afetam comunidades em diversos países, a maior parte delas longe de nossos olhos.

Lembrando que o filme é longo (20 min) e que por isso ele está divido em 3 partes. Confira abaixo:

Para ver as outras 2 partes do vídeo, clique abaixo e veja a matéria completa. Lembre-se de deixar sua opinião para os demais leitores do site.