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Feliz ano velho?

Pela primeira vez em muitos anos, perto de cinquenta, fico com a sensação de que este ano não vai embora assim rapidinho para dar lugar ao outro que se iniciará. E não é para menos! Afinal, foi um ano bem difícil.

Se não fosse pelas Olimpíadas que, apesar de alguns problemas, colocou o Brasil no centro do mundo de forma muito positiva, só teríamos a lembrança de projetos logísticos que não saíram do papel – mais uma vez –, de obras paradas (mais de 1.500, segundo o próprio governo federal), de planos com a participação público-privada sem resultados, e essa é a parte preocupante, pois com o incremento dos investimentos privados é que teremos chances de conduzir a Logística para o campo da adequação da demanda, mas o que vimos foi um estado quebrado e investidores sem confiança diante de tantos escândalos de corrupção e de um verdadeiro desserviço da nossa classe política.

Talvez a questão tenha mesmo relação com a credibilidade perdida por vários segmentos político-econômicos que corroboram para que nosso “feliz ano novo!” seja desejado ao outro com certa cautela, não com desprezo, mas com aqueles comentários complementares do tipo: “Temos que acreditar que será bom para que seja”. Sem dúvidas, o uso da “teoria da passagem de nível” sem melancolia, nem pessimismo, dando uma parada, ouvindo e refletindo, arrumando a casa e seguindo em frente parece bem oportuna para este final de ano.

Não à toa, 2016 culminou com as maiores falcatruas políticas, desfalques bilionários, tragédias que demonstraram que o dinheiro está mais importante do que as pessoas e muito por essas e por outras que ele, 2016, não queira ir embora de nossas vidas. Reservou os piores indicadores que se tem conhecimento no campo do emprego e dos serviços, trouxe números negativos para nossa logística e pôs fim a empresas que não estavam preparadas para uma seguida fase recessiva. É, ele não vai querer mesmo ir embora… Acho que teremos que arrancá-lo à força.

Claro que isso depende muito da visão de cada um. Sabe aquela coisa de que enquanto um chora outros ganham vendendo lenços? É bem por aí. O ano foi vitorioso na visão dos palmeirenses e inesquecivelmente triste para a Chapecoense, de saudades para quem se despediu de um familiar e de celebração para aquele que viu a família aumentar, de amargura para aquele relacionamento que findou e de extrema alegria por aquele pedido de casamento, de aprendizado para Hillary Clinton e de alguma coisa para Donald Trump… Contudo, tivemos nossas vitórias, independentemente do contexto do ano, e isso é muito bom para fincarmos os pés em 2017 com muito mais confiança.

O que é mesmo importante compreender é que nossas dificuldades sempre serão superadas pelo conjunto do nosso acordar, nosso levantar e nosso agir. Nossa capacidade de superação, de criatividade, é inabalavelmente nossa maior fonte de renovação daquela esperança que nos move, que nos impulsiona e que não permite que nos entreguemos. É fato que 2016 nos trouxe uma dicotomia inquestionável: para quem levou uma surra dele é hora de curar as feridas e encarar novos desafios com uma bagagem bem maior de conhecimento – e é conhecimento mesmo, não é fracasso – e, para aqueles que foram acalentados por ele é hora de conquistar a amizade de 2017 e explorar todas as oportunidades que ele oferecerá.

Com certeza 2016 emprestará muito de seus aspectos para 2017, pelo menos até o 1º semestre, contudo, pelo fato de não sermos envolvidos pelo efeito surpresa, já estaremos em vantagem. O resto – e o que nos resta – é trabalhar da maneira que sabemos, buscando sempre nos aprimorar no que fazemos e buscarmos uma unificação para que não pareça que estamos em barcos diferentes. Essa história de lado “A” e lado “B” combatendo uma adversidade tem que acabar. Estrategicamente, só existem dois lados: o do problema e o da solução.

E que as soluções venham na sua vida e lhe encontre trabalhando, mas perto da família e de seus amigos; que lhe encontre perseverando com saúde e com entusiasmo. Se estiver vivendo muito num problema, cruze a fronteira e passe para o lado da solução – e viva a solução!

Saúde e sucesso a todos!

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A logística e a recessão

De acordo com a divulgação dos números do terceiro trimestre de 2016 sobre a economia, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país ainda vive um momento crítico de queda e de falta de confiança no mercado. A questão do “vamos superar a crise com trabalho” chega a seu momento mais difícil em que se provou que só o trabalho não resolve, principalmente quem não pode contar com ele. É hora também de analisar a situação para que saibamos como trabalhar, consumir e poupar. Essa história de fechar os olhos para a crise e trabalhar soa mais como uma tentativa desesperada do que uma habilidade para superá-la por meio do conhecimento e do planejamento.

logisticaAqui serão citados apenas alguns números para contextualização. Embora não sejam tão impactantes se analisados separadamente, eles revelam que, do contrário que muitos pensavam, ainda não desaceleramos a queda que se configura num aumento da confiança na economia nos afastando da recessão, pois todos os segmentos econômicos estão no vermelho e vários pioraram.

O que deve ser levado em conta aqui é que a queda do indicador do Produto Interno Bruto (PIB) dava sinais de desaceleração do segundo trimestre de 2015 (-2.3%) até o segundo trimestre de 2016 (-0.4%), e agora no terceiro trimestre de 2016 recua 0.8% com um acúmulo de queda de 4.4% em doze meses. É a sétima queda consecutiva e a décima no acumulado. O PIB per capta, que é a divisão do PIB pela quantidade de pessoas, é de -5.2%, o que significa que uma população que precisa consumir não o pôde fazer porque está mais pobre e mais endividada.

Se por um lado temos o chamado “ciclo vicioso da recessão”, que é quando há o desemprego e a queda da renda, as vendas despencam e as indústrias sofrem com isso demitindo mais trabalhadores, temos uma alta taxa básica de juros (13.75%) que faz com que investidores optem em ganhar junto aos bancos ao invés de investir diretamente na economia. Afinal, somos um país cauteloso e conservador na hora de correr riscos no mercado financeiro.

E aí você pergunta: “Ué, e o que isso tem a ver com a Logística?” Tudo. Como já dito várias vezes, a logística é a área que mais sofre com os impactos políticos e econômicos. O setor é o “medidor de temperatura” que sofre várias alterações na evolução da crise porque é o apoio presente em todos os segmentos do mercado. E, como os serviços caíram 0.6%, com destaque justamente para os transportes e o comércio que acumularam as maiores quedas, não fica difícil entender que as demissões estão ainda mais suscetíveis, os recursos mais escassos e os investimentos parados. Porém, como já dito também, nada que aterrorize os profissionais dessa área já tão habituada a lidar com dificuldades extremas. A questão fica concentrada mesmo em como e quando vamos superar tudo isso.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também divulgou que a taxa de ocupação, que é o que a indústria está utilizando de sua capacidade instalada no país, também piorou e hoje representa 65%. O que quer dizer que há a necessidade de recuperar o setor industrial, que caiu 1.3%, e até que isso aconteça também não receberá novos investimentos. Isso é terrível para a Logística.

Mesmo não gostando de tais comparações, pois há mecanismos diferentes entre Brasil e Estados Unidos, os brasileiros ouvem a todo o momento que o trabalho é a saída para superar a crise. Ora, os americanos têm jornadas de trabalho bem semelhantes às nossas e suas taxas de juros básicos oscilam entre 0% e 0.5% com inflação que gira em torno de 1% contra a nossa de 10.6%. Antes que se possa pensar que não adianta trabalhar, pelo contrário, o trabalho é extremamente necessário, o que vem em questão é que só o trabalho não resolve. Sem dúvidas estamos caminhando carregando algo errado e pesado nas costas que pode ser, por exemplo, nossa política econômica e sua forma de controlar inflação com juros altos permitindo que algumas instituições pratiquem juros que beiram os 400%.

Especialistas que previam uma estagnação da economia para 2017 agora já se permitem pensar em outra retração de até 1.5%. Aí o país necessitará de muito “oxigênio” devido o longo período de amarga recessão. Indiferentes a isso, nossa classe política, preocupada com seu próprio umbigo, ativa em suas prerrogativas e inerte em seus deveres, consome seu tempo em disputas de poder sem perceber que precisa agir para ter onde exercer o poder pelo qual tanto ambicionam.

Enquanto isso, trabalharemos porque esse é nosso instinto e nossa forma de contribuir com o desenvolvimento do país, mas àqueles que cabem as mudanças, é importante que saibam que está passando da hora…

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A injustificável sonegação

Estamos bem acostumados a falar da corrupção em nossa política e de todos os efeitos que ela causa nos tirando qualidade de vida e até mesmo nossa esperança de que possamos construir um país diferente. Mas, a sociedade também tem suas mazelas similares e que talvez causem mais danos do que os que estamos acostumados a narrar. Muito embora tenhamos na ponta da língua a justificativa de que nossos impostos não retornam em serviços essenciais à sociedade, devido à política inescrupulosa, não soa bem fazermos aquilo que tanto combatemos.

sonegacaoO Brasil já carrega em sua conta negativa valores expressivos que poderiam nos tornar uma nação economicamente mais consistente. Claro que isso não é um fato apenas em nosso país. A maioria dos países sofrem com algum tipo de furo de caixa, uns mais e outros menos, mas o que incomoda mesmo é a falta de ações combativas que venham a, pelo menos, inibir verdadeiros saques ao dinheiro comum que poderia, entre tantos fins, salvar vidas por meio da saúde e da segurança, construir uma educação de primeira qualidade, estradas, portos, ferrovias, aeroportos e toda uma infraestrutura logística para sairmos desse estado deficiente que transforma pequenas tarefas em grandes batalhas, como no transporte público, por exemplo.

Como dizia minha avó: “É dinheiro pra passar a vida toda só contando.” E, de fato, estamos falando de BILHÕES. São valores que em um único setor poderia cobrir rombos como o da economia (R$ 170,5 bi) e o estimado da Previdência (R$ 183 bi). Só esses dois rombos, que tanto azucrinam nosso juízo, poderiam ser quase sanados com os anuais R$ 200 bi estimados abocanhados pela corrupção e com os R$ 100 bi estimados de prejuízo anual com a pirataria. Contudo, ainda não se compara com as estimativas do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (SINPROFAZ) que garante que o valor sonegado anualmente é crescente e, só em 2016, será de R$ 500 bilhões. Não, não está errado! São R$ 500 bilhões a menos nos cofres do Tesouro Nacional! 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. E desse valor, apenas 1% é recuperado.

Em 2015 o Brasil pagou valor igual (R$ 500 bi) em juros da dívida pública para banqueiros e empresários e deixou de cobrar outras centenas sonegadas. Pensar só em arrecadação de nada valerá se não organizar para cobrar e fiscalizar para arrecadar. A tão temida Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que o governo procura reinventar, por exemplo, arrecadaria 15 vezes menos o que é sonegado em impostos. O que reforça a necessidade de ter uma rigorosa ação de fiscalização e que deva ser qualificada para tanto, pois 80% dos valores sonegados passam por operações de lavagem de dinheiro altamente sofisticadas. E mais de 60% do valor total sonegado se concentra em 12 mil empresas, com destaque para o setor industrial.

A Dívida Ativa da União soma R$ 1,2 TRILHÃO que se arrasta em processos judiciais que cabem recursos e mais recursos sem que haja uma linha de resgate para um dinheiro que faz muita falta. Afinal, você sabe quanto o Orçamento da União prevê para gastos na saúde e na educação? São pouco mais de R$ 120 bi após o corte de R$ 3,8 bi em ambas as pastas. Agora imagine o impacto sobre os R$ 753 milhões orçados para o Transporte… Se nossa logística necessita de mais do que o recomendado, 4% do PIB, como investimentos para a diminuição de seus imensos desafios, e que hoje se investe menos de 2%, o que poderíamos mudar com essa dinheirama toda?

De números em números – que por sinal são impressionantes – vamos correndo riscos ao considerar normal o fato de não pagar um dever porque o dinheiro vai ser mal utilizado. Continuo acreditando que o fator preponderante é mesmo o de levar vantagem, como aquelas entendidas na “lei de Gerson” que faz pensar que o contraventor é o esperto e os demais são os otários da vez. Reafirmo que é inegável que nossa carga tributária seja excessiva e sufocante, que é inegável que esse montante não seja direcionado de forma competente e responsável, mas o canal da sociedade que busca por mudanças, sem dúvidas, não é esse que se apresenta. Esse é mais um de muitos casos que devem ser combatidos para, enfim, amadurecermos como nação.

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Por que empresas fecham após uma crise?

O fim de uma crise pode trazer falsas sensações para empresas cujas contas estão em desequilíbrio. Aquela coisa do “passou!” ou aquela do “agora vamos que vamos!” não acontecerá se não houve um bom planejamento, controle e o ganho de muito conhecimento nesse período. São muitas as empresas que fecham as portas durante uma crise por falta de “jogo de cintura”, mas também são muitas as que fecham após as turbulências, pois o mercado recupera seu ritmo bem mais rápido do que aquelas que não se prepararam para a retomada da economia.

Não deixa de ser algo muito natural no Ciclo da Economia, porém, é algo evitável ser surpreendido pela velocidade de seu mercado de atuação. A maior causa está em se focar no problema e não nas soluções. Temos um hábito mortal de olhar só para o problema e de lhe fornecer energias para que ele se agigante. Não deixa de ser um caminho necessário pensar em como superar uma crise, mas não se pode dispensar muito tempo nessa fase, pois o mais importante é como sua empresa estará ao final dela. Isso é de grande valia para novas ideias, novos modelos para o mercado e até para evitar grandes prejuízos.

Semana passada, pedi o que talvez possa ser minha última pizza num estabelecimento perto de onde moro. A qualidade caiu assustadoramente, embora o preço tenha se mantido. Em conversa com o proprietário, exercendo meu direito de consumidor ao reclamar da qualidade, vieram todas as palavras ligadas ao período difícil: matéria-prima mais cara, redução de custos, demissões, contas atrasadas… Opa! Tudo errado! Essas palavras fazem parte apenas daquela primeira parte citada: superar a crise. E quanto à parte principal de como estarei ao final da crise? Isso está diretamente ligada às outras perguntas para as quais se tem que saber as respostas de bate-pronto, como: aonde foram meus clientes? Quantos funcionários deverei contratar? Quanto devo pagá-los? Em quanto tempo conquistarei a qualidade plena?

Imagine-se de mãos atadas para trás enquanto vê o leite fervendo e subindo, subindo… Assim é sua empresa ao final de uma crise: seus clientes lhe abandonaram porque você abandonou sua qualidade e o bom serviço, seus melhores funcionários lhe abandonaram porque você não formou uma relação de parceria, e isso inclui bom relacionamento, pagamentos justos, reciclagens… E, para piorar, a mão-de-obra ficou escassa de uma hora para outra e agora você deverá pagar um salário mais alto do que seus antigos funcionários e qualificá-los sem nenhuma garantia de que não esteja perdendo tempo e ainda mais qualidade nos processos. E, com o leite prestes a derramar, ou você tem coragem para se virar e correr o risco de queimar as mãos ou ainda, antes do leite ferver, conseguir desatar suas mãos. Esta última e melhor opção é sinônimo de planejamento.

O problema é que a grande maioria pensa em soprar forte e apagar o fogo, sem se preocupar com os efeitos do gás que pode matar lentamente ou colocar tudo pelos ares em pouquíssimo tempo.

Voltando ao exemplo da pizzaria, vamos imaginar que, com a perda de qualidade, de cada 100 clientes, pelo menos 50 procurarão os concorrentes de imediato; com a redução dos custos e uma leve diminuição no preço final, mais 20 novos clientes surgirão fugindo de preços altos dos concorrentes. E se nesse momento a solução fosse a manutenção da qualidade? Ousar ainda é a melhor receita para gerar receita. E, mesmo com lucro zero, a pizzaria estará no mesmo eixo da qualidade, mantendo grande parte de seus clientes com o know-how para resgatar ou conquistar outros após essa fase de substitutibilidade. Caso opte mesmo em reduzir a qualidade, ao retomá-la, seus custos retornarão maiores que os anteriores, com o tempo contando, daqueles 50 clientes, 40 também a abandonará mais tarde e, com uma estrutura inchada, ela passará a ter aqueles 20 – os dos preços baixos e fieis só até acharem um preço menor – e mais uns 10 como base. Das duas uma: ou fecha ou se torna medíocre.

É muito importante saber que você precisou de dinheiro para construir sua marca e hoje é ela que lhe fornece o dinheiro, e este não paga qualquer dano a que ela seja submetida.

É mesmo um grande erro as empresas acharem que para a saída de uma crise a qualidade tenha que ser afetada. Isso está muito ligado à ganância ou ao desespero e não ao modelo de mercado ideal. Pensando pequeno, opta-se sempre em entregar o tesouro à concorrência ousada.

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Como a economia pode mudar sua vida

Já sabemos que a macroeconomia e suas variáveis, como a taxa de juros, inflação, desemprego e tantas outras, pesam sobre nossas decisões, nossas frustrações e realizações. Uma relação que muitas vezes parece injusta, pois a economia depende de nós enquanto nós dependemos dela.

economiaA microeconomia, aquela que reflete nossas ações e omissões de forma individual, vem sendo desprezada diante da grande atenção que a macroeconomia nos vem tomando. Afinal, qual brasileiro hoje não está preocupado com o andamento da economia do país?

A verdade é que muitos brasileiros continuarão sofrendo por não terem uma disciplina escolar voltada à organização econômica – algo que é defendido por muitos – para aprender a tocar a vida de forma planejada. E como uma fração faz parte de um todo, esse conhecimento muito contribuiria para uma macroeconomia mais fortalecida e consciente.

Um controle econômico precisa essencialmente de planejamento e disciplina para se alcançar as realizações financeiras. Há quem diga que a disciplina é mais importante do que o dinheiro, pois se for pouco com disciplina pode dobrar, mas se for muito sem disciplina vai acabar.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgou pesquisa apontando que 90% dos brasileiros têm dificuldades para quitar dívidas. A crise contribui, é claro, mas essas dificuldades também são significativas quando a economia é favorável, pois a maioria dos brasileiros sempre teve dificuldades para controlar suas finanças pessoais. Segundo o SPC (Sistema de Proteção ao Crédito), só em 2015, 3,4 milhões de pessoas foram negativadas no sistema. O número de brasileiros com dívidas em atraso chegou a 58 milhões no primeiro trimestre de 2016. Isso representa quase 40% da população entre 18 e 95 anos. E o pior é que, segundo uma pesquisa da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), os números foram agravados por dívidas de serviços essenciais, como água e energia elétrica. É obvio que o aumento do desemprego que se abateu sobre mais de 11 milhões de brasileiros, e que ainda cresce de acordo com últimos levantamentos, agrava tais números, porém, será que se estivéssemos individualmente preparados para turbulências em nossa economia teríamos números tão expressivos?

A Fecomércio (Federação do Comércio de São Paulo) levantou todas as dívidas dos brasileiros e a soma foi de R$ 803 bilhões, e o mais assustador é que desse valor, que já foi maior, só os juros representam R$ 320 bilhões. Ao mesmo tempo em que é assustador, não é surpresa que os juros representem o maior fator de um endividamento crescente, depois do desemprego, que também tira a renda do trabalhador que se vê acuado e sem meios para sanar suas dívidas.

Contudo, não se pode negar que a falta de controle orçamentário se sobrepõe a esses fatores já citados, pois segundo especialistas, ganhar R$ 1 mil e gastar R$ 1,2 mil é a principal fonte de endividamento do brasileiro. Até mesmo usando o exemplo da dívida pública do Brasil, não se pode gastar mais do que se arrecada. E o indivíduo que não controla seus gastos de acordo com seu salário, que não se informa sobre os juros que está pagando, que contrata empréstimos sem planejamento e que não faz um controle detalhado de suas dívidas fixas e variáveis, corre sérios riscos de cair em um poço sem fundo.

Repito que planejamento e disciplina são essenciais. Se não estiver disposto a abrir mão de algumas coisas, de nada adiantará buscar controlar seu orçamento pessoal. Um bom começo é saber quanto custa uma hora real de seu trabalho (seu salário líquido dividido por 220) e comparar com o preço de algo cujo valor deverá ser dividido pelo valor de sua hora trabalhada. Se você ganha R$ 2.500,00 (já descontadas as taxas), por exemplo, uma camiseta de R$ 80,00 lhe custará 7 horas de seu trabalho; ou substituir aquele celular por outro de R$ 1.200,00 lhe custará mais de 105 horas de trabalho (mais de 13 dias de trabalho); ou ainda um simples lanchinho (refrigerante + sanduíche) pode lhe custar uma ou duas horas de seu trabalho. Vale a pena trabalhar horas por algo que talvez possa viver sem? É só uma questão de valorizar seu esforço, seu tempo e seu dinheiro lhe dando a dimensão do quanto realmente lhe custa algo, essencial ou não.

Você é quem está no controle de seus gastos. Economize e proteja seu futuro, renegocie dívidas sem adquirir outras maiores, informe-se sobre as muitas faces dos controles de suas finanças, pois a economia que lhe gera problemas também lhe traz soluções. Você e ela podem ter uma relação de sucesso.

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Setor têxtil e sua logística de sobrevivência

Poucos processos produtivos são tão apaixonantes quanto o processo têxtil. Ele desperta, a meu ver, uma fascinação em quem gosta do ambiente fabril, pois da lavoura algodoeira que fornece a fibra e que passará por processos precisos e interessantíssimos, com ou sem misturas, até se transformar no que você veste agora, é algo que tem minha admiração e meu respeito.

logistica setor textilPorém, se ao longo desse processo podemos ver essa transformação admirável, não enxergamos o respeito por parte de políticas públicas que maltrata, do agricultor ao empresário, aquele que depende do setor para o sustento de sua família e que continua trabalhando pela realização de seus sonhos passando por cima de dificuldades inimagináveis aos olhos de leigos. Se a cultura algodoeira sofre com os devastadores ataques do bicudo (inseto originário da América Central que, junto à Helicoverpa Armígera, representa a maior ameaça à cultura do algodão) desde meados da década de 80, todo o setor comercial dessa transformação sofre com ações equivocadas ou inexistentes de nossa política omissa e interesseira que se tornou a pior praga para o algodão pós-campo.

Longe de mim a defesa de certas medidas protecionistas adotadas por muitos países produtores, mas no caso do Brasil, é evidente o desprezo pelo setor agrícola, que tanto contribui para as riquezas do país, em especial pela cultura do algodão que vê seus gastos extraordinários elevados em até US$ 150 por hectare devido pragas e com efeitos financeiros aumentados por aberturas indiscriminadas do mercado internacional, em especial o da China, visando uma maior parceria… Parceria? Como assim? Sacrificar um setor que produziu, em 2014, mais de R$ 126 bilhões com quase 17% do total de trabalhadores da produção industrial deste mesmo ano – e que já representou bem mais antes dos ataques à sua economia – para proteger outros setores? Isso nos remete à situação da saúde pública que decide quem morre pela falta de atendimento. Estaria então, nossa economia doente e as mesmas ações políticas determinando o fim de segmentos inteiros para salvar outros? Na saúde o efeito disso não acaba quando o paciente morre, nem na economia, pois o segmento sobrevivente perecerá, mais cedo ou mais tarde, do mesmo mal acometido àquele que custeou sua “salvação”.

Segundo o “Relatório Setorial da Indústria Têxtil Brasileira – Brasil Têxtil 2015” elaborado pelo IEMI (Inteligência de Mercado, especializado em pesquisas e análises do setor têxtil e de vestuário), de 2010 a 2014, o número de unidades produtivas em atividade na cadeia têxtil cresceu 6,4%, mas as fiações apresentaram queda de 3,7%, as tecelagens de 3,6% e as malharias de 3,2%. Demonstrando que as importações da China são bem impactantes e que merecem maior atenção. E sabemos que não há essa coisa boa sobre a competitividade, pois o contexto está mesmo em questões que envolvem a exploração da mão-de-obra e do déficit tecnológico que deixou o Brasil de mãos atadas.

Contudo, a logística têxtil, não diferente de outros setores brasileiros que lidam diariamente com a falta de infraestrutura, é magnifica e consegue ainda se sobressair quando muitos já teriam entregado os pontos. O mesmo relatório do IEMI aponta que os investimentos em modernização e/ou ampliação da capacidade produtiva cresceram 8,1% de 2010 a 2014, embora neste último ano, a estimativa tenha chegado a R$ 4,3 bilhões, representando uma queda de 14,7% sobre 2013, mostra que o setor “tira leite de pedra” e que não se entrega facilmente.

Eu poderia trazer aqui vários números negativos que apontam para o aumento do déficit da balança comercial da cadeia têxtil que, em 2014, somou US$ 4,7 bilhões e que sobe em média 14% ao ano, mas prefiro destacar que nesse mesmo 2014, os investimentos em máquinas e equipamentos atingiram R$ 2,3 bilhões celebrando um crescimento de 21,9% no período de 2010 a 2014, para mostrar o quão grande e importante ainda é o setor têxtil brasileiro com seus empresários apaixonados, funcionários dedicados e habilidosos, uma logística forte e criativa e, sobretudo, um setor solidário que alimenta tantos outros setores com o desenvolvimento a ele negado pelas políticas públicas. Um setor cuja crise atravessa décadas e ainda se mantém vivo e resistente às turbulências e terremotos, não naturais, mas provocados por erros de governos que não enxergam um palmo além de uma economia desinteressada pela produção nacional, é realmente diferenciado e merecedor do sucesso que, com correções, trabalho, criatividade e a paixão que não lhe falta, está por vir.

Claro, ainda há muito que se modernizar, mas como é forte esse setor!

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O “outono” da indústria brasileira

Muitos ignoraram a existência de uma crise na economia brasileira apontando-a apenas como sendo uma crise política. Eu mesmo teci comentários nessa direção quando ainda a política nos tirava a atenção de algo grave até então encoberto por tantos escândalos envolvendo tantos políticos. Não, não era só uma crise política que começava a afetar nossa economia que já pedia socorro enquanto nós nos estarrecíamos com tanta sujeira. Talvez até pudesse sustentar que tenha começado, como tantas outras situações, na política, no entanto, mais voltadas às questões que envolvem a omissão do que propriamente a corrupção, que também é tão presente.

industriaEnquanto o Governo Federal e a grande massa política do país se concentravam naquilo que fazem de melhor: a luta pelo poder, o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), um fundo especial vinculado ao MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), arrastava rombos bilionários e, nesta semana, alertou que se o desemprego continuar no ritmo atual não haverá recursos para pagar o Seguro Desemprego. E não só este fundo como outros, sofreram baques significativos que nos remetem ao setor produtivo brasileiro e seus sinais de perda de competitividade e de perda de massa operacional.

Assim como no outono as árvores abrem mão de suas folhas para concentrar sua energia em sua sobrevivência, as indústrias brasileiras usam de prática similar para permanecerem ativas na esperança de que essa “estação” possa ser superada e a retomada do setor traga o crescimento no qual sempre foi de fundamental importância para o país. Porém, os números não são nada animadores, pois a indústria brasileira acumula quedas seguidas e encolheu 8,3% em 2015, pior resultado desde 2003, e em fevereiro de 2016 encolheu incríveis 13,6%.

O efeito desse “outono” é devastador. E não só para a economia nacional, já que os empregados do setor, que já não percebem o retorno de impostos na saúde, segurança e educação, amargam a perda de renda enquanto a indústria também sofre de duas formas: uma pela ameaça do encerramento de suas atividades e outra que, caso sobreviva, se vê afetada pela falta de investimentos em infraestrutura, que já não ocorre como deveria, mas diante do encolhimento do setor, o poder público que sempre pensa e age de forma diferente, tem a prática de “adubar as árvores que já dão frutos e não plantar e prepará-las para dar frutos”.

Não precisa de muita pesquisa para se abismar com a quantidade de empresas que fecharam as postas de 2014 para cá. E não são quaisquer empresas. Entre estas, estão muitas cujas marcas se consolidaram no mercado e atingiram um nível de aceitação que lhes faziam abandonar a ideia de um dia viver situação similar. Dados das Juntas Comerciais dão conta que em 2015 foram fechadas quase 355 mil empresas de todos os setores, porém sabemos que o peso do setor de produção representa uma parcela importante para recuperar ou esmagar a economia, pois dele deriva vários outros mercados que sustentam muitas e muitas famílias. Para se ter uma ideia, só em São Paulo fecharam 4.438 fábricas em 2015. 24% a mais que em 2014. Entre estas estão setores que sofrem há tempos, como o setor têxtil e o automotivo que apesar de boas vendas em anos passados, sofrem com impostos que inviabilizam e eliminam a competitividade de seus produtos.

Fechar uma unidade como forma de sobrevivência para segurar custos em meio à queda da demanda é uma decisão extrema que compromete ainda mais a capacidade de crescimento do país. Redução de jornada com redução salarial funciona enquanto há alguma movimentação nos estoques, mas à medida que essa movimentação vai perdendo corpo, e isso é só questão de tempo quando não há mudanças efetivas, o quadro fica insustentável.

Embora o tom da economia seja que um ciclo se cumpra a cada sete ou até oito anos, é absolutamente comprovado que em muitos setores isso pode ser retardado ou antecipado a depender das proteções ou das exposições que os governantes sinalizam de suas decisões ou de suas omissões. Isso é determinante para qual “estação” venha a seguir. Até queremos que seja uma primavera que nos faça esquecer as sombras de outono, mas devemos lembrar que ainda temos um inverno todo pela frente.

Mesmo dividido pela Linha do Equador, onde o outono não assume suas características, o Brasil sabe muito bem o que faz suas “árvores perder folhas” e sabe também o que fazer para atravessar “o inverno e aproveitar bem a beleza da primavera”. Basta que nossos políticos abram mão de seus eternos “verões”.

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Política e paixões

Estamos vivendo, sem dúvidas, o momento mais crítico de nossa política. Diferente de outras épocas, não é aquele momento em que se separam homens de meninos como se dizia, mas onde se confunde coisas tão misturadas que para nós está cada vez mais difícil separar, embora fácil de entender, já que as engrenagens políticas funcionam em ritmos e direções diferentes em qualquer lugar do mundo.

bandeira-brasil-jpgMas, falando de Brasil, já imaginou se o povo entendesse e aprendesse a fazer política? Com certeza, estaríamos com o país num outro patamar. O problema é que enquanto os políticos produzem política, o povo produz paixões. E aqui cabe dizer que a politicagem também seria banida se o povo agisse politicamente e não passionalmente.

Os políticos precisam de nossas paixões para cometer suas sandices, assim como nós cometemos quando apaixonados, mas nossas paixões sobrevivem independentes da política e isso é muito ruim para o bem comum. A diferença é que eles não estão apaixonados, eles estão políticos e estão dispostos a mexer com qualquer tipo de sentimento em prol de seus objetivos político-econômicos.

Enquanto nossas paixões nos cegam, nossos políticos nos conduzem… E nos conduziram a um cenário lamentável, de abandono da moral, da ética e de conceitos inimagináveis. Mas, e se analisarmos a coisa toda politicamente? Política é assim mesmo e isso não vai mudar… Que tal o POVO mudar? E para quem pensa que estamos mudando, está se enganando, pois só estamos nos dividindo e nos apaixonando cada vez mais, e assim, mais sujeitos a sermos usados.

Eliminando esse nosso ambiente parcial que nossa paixão produz, viveríamos no ambiente político, como deveria ser e, consequentemente, expurgaríamos incompetentes, politicagens e teríamos políticos mais qualificados e mais comprometidos com os interesses do povo, que só assim deixaria de ser usado, como todo apaixonado o é por aqueles que da paixão se valem.

Note bem que a solução é a mesma para esquerdistas, direitistas e os do centro e suas tendências que, paixões à parte, querem a mesma coisa: um país limpo de corrupção, com saúde, segurança e uma educação de qualidade.

Completamente parado, onde só os níveis de desemprego aumentam e rodeado por problemas ligados a uma economia sem expectativas, o Brasil está naquela “cadeira elétrica torcendo para faltar energia”. Com o processo de Impeachment contra a Presidente Dilma Rousseff em andamento, para alguns esse é o sinal da “falta de energia”, pois quem assumiria, em vários andares da linha de sucessão, não possuem qualificações e lisura para tal, embora isso trouxesse uma esperança, um suspiro a mais; enquanto para outros é a institucionalização da “cadeira elétrica” com a quebra do regime democrático que escolhemos após períodos sombrios; ou ainda para outros, é o desejo de segurar na “cadeira elétrica” no momento da execução como prova de lealdade e defesa de seus conceitos.

Não cabe aqui julgar qual grupo está correto ou qual grupo está mais apaixonado. Porém, cabe parar e pensar: “Ôpa! Não estamos querendo as mesmas coisas?” Sim, queremos as mesmas coisas! Só estamos jogando com regras diferentes e essas regras sim, estas estão erradas!

A mistura da paixão com a política só é boa quando aquele que entra para a política o faz com o intuito de servir aos seus representantes, já quando votamos em representantes escolhidos pelos efeitos produzidos pela paixão, o resultado é catastrófico.

Apenas uma coisa é bem defendida nesse meio: a alternância de poder. Isso funciona muito bem em qualquer regime, que não o ditatorial, é claro, mas a melhoria contínua proposta por essas alternâncias não nos vem trazendo muito proveito, pois as formas de governar estão ficando cada vez mais iguais. E embora alguns números possam apontar para um ou outro governo exercido no país nas últimas décadas, todos eles resultaram em escândalos de corrupção. Com cerca de 35 partidos políticos tão iguais, não temos como nos unir e escolher uma ideologia a ser seguida. Claro que isso é democracia, mas se a dúvida nos segura na bifurcação de duas paixões, que dirá com 35 possibilidades…

Longe de uma reforma política, a saída mais prudente parece ser nós mesmos reformarmos nossa política. E o primeiro passo me parece enxergá-la com a razão política e não com a unilateralidade da paixão.

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Infraestrutura é a cura para um PIB doente (parte 2/2)

A infraestrutura brasileira é ferozmente atacada por políticas públicas que visam uma concentração de recursos para a facilitação da corrupção. Sustento isso com propriedade, pois já fui responsável, através de uma grande empresa, por dados relativos às rodovias de sete estados brasileiros cujas obras eram visitadas por mim e presenciei inúmeros problemas por falta de repasse das verbas ou por desvios destas. Vias de péssima qualidade, feitas para durar pouco e assim atrair mais recursos, são a tônica do nosso ultrapassado setor de transportes.

infraestruturaO Brasil recentemente vem sendo apontado como responsável, juntamente com a China, pela redução da estimativa de crescimento do PIB mundial em 2016 que, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) será de 3,4% e não de 3,6% como anteriormente. A redução também será sentida em 2017. Não parece uma queda significativa, mas estamos falando de um PIB global em torno de 75 trilhões de dólares em que 70% desse valor é formado pelos dez primeiros colocados. O Brasil foi 8º em 2015, superado pela Índia. O país já foi o 6º em 2011 e desde então vem caindo consecutivamente. Ainda segundo o FMI, seremos superados também pela Itália em 2016.

Se somarmos o PIB de 2014 (0,1%), ao recuo de 3,7% em 2015 (números ainda não oficiais), às estimativas de um recuo de 3,4% também em 2016 e 0% em 2017, agravado pela expansão da economia global, temos um Brasil muito enfraquecido diante de seus propósitos econômicos com o mundo. E isso afeta diretamente nosso bolso. É como se você tivesse recebido R$ 100 mil em 2014 para pagar R$ 95 mil em dívidas e em 2017 recebesse R$ 95 mil para pagar R$ 115 mil em dívidas.

Infelizmente, e volto a dizer que não defendo nenhum partido político, pois as práticas políticas de todos eles são quase todas equivocadas e exclusivistas, o governo vem com medidas extremistas que inclui a injeção de R$ 83 bi através de empréstimos ao já endividado trabalhador que dará como garantia parte de seu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o retorno de impostos criados para um propósito e desvirtuados em seguida, como foi a Contribuição PROVISÓRIA sobre Movimentação Financeira (CPMF) criada para o socorro da saúde pública em 1996, que vigorou até 2007 e externou desvios e aplicações indevidas em outras áreas. Criada por um partido, criticada por outro, agora defendida por outro e criticada por um… Nossa, que confusão! Isso também já ocorreu em 2001 com uma fatia de 10% a mais para as empresas sobre o FGTS das rescisões contratuais de empregados para que o governo cobrisse rombos de planos falidos que persistem até então. A máquina pública brasileira não se cansa de vampirismos? Não precisamos de mais dinheiro nesse momento, precisamos de credibilidade. E isso só vem através de dois caminhos: cortes de gastos públicos e investimentos em infraestrutura para gerar empregos baixando custos de produção e de distribuição ao mesmo tempo em que atrai mais investidores. Meu Deus! Será que todos os economistas deste país estão equivocados do ponto de vista do governo? Por mais quanto tempo suportaremos pagar essas contas e vê-las aumentando a cada dia?

E a infraestrutura fica dependendo de uma reforma política, mas só vemos disputas intermináveis pelo poder; de uma reforma fiscal, mas o que vemos são estados mergulhados em dívidas públicas com a União e suas disputas pela maior fatia dos impostos sobre produtos e serviços; de uma reforma previdenciária para equilibrar seu passivo, mas o que vemos são brasileiros com seus direitos violados diante de uma Previdência falida que sustentou uma greve, por mais de cem dias, para evitar pagar direitos aos trabalhadores que dela dependiam no momento. Ou será que não deveríamos associar a greve a uma economia temporária de recursos do Órgão cujo governo, em nenhum momento, se pronunciou publicamente com o interesse de resolvê-la? Caminhamos também para essa Previdência sem sabermos em qual situação estará quando dela precisarmos, e o mesmo acontece com nossa infraestrutura que não suporta mais esperar por providências e vê seu conjunto ultrapassado, seus usuários limitados e seus projetos adiados.

Investir em infraestrutura hoje não é só uma necessidade econômica, acima de tudo, é uma necessidade humana para que os usuários de transportes sejam tratados com dignidade, a distribuição aproveite ao máximo as riquezas que produzimos, o saneamento possa melhorar a saúde das pessoas e que possamos colher as melhorias de qualidade de vida que o Estado tem o dever de ofertar. Para isso, a palavra “impossível” deve se transformar em “projetos”, “promessa” em “ação” e “corrupção” em “assassinato” perante a Justiça deste amado e sofrido Brasil. E que meu “discurso” não seja “discurso”.

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Infraestrutura é a cura para um PIB doente (parte 1/2)

A soma dos valores de bens e serviços produzidos em um espaço de tempo é um importante indicador macroeconômico que mede atividades de consumo, investimentos e produção. Através do Produto Interno Bruto (PIB), podemos avaliar o crescimento ou recuo da economia e analisar comportamentos de um país diante da competitividade global. Podemos saber também sobre as pessoas e seus progressos. Apesar de considerar o PIB per capita (por pessoa) altamente impreciso devido questões gritantes de má distribuição de renda, ele pode indicar um maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Com isso, poderíamos também direcionar as arrecadações de forma mais substancial e precisa para as áreas comuns: saúde, educação, segurança e infraestrutura. Mas, sabemos que politicamente não é bem assim.

infraestrutura maritmaMais que números, esse indicador revela atitudes, ou falta delas, que comprometem o andamento econômico e que podem desequilibrar vários de seus segmentos: o maior deles, sem dúvidas, é a logística. Isso se torna claro e evidente pelo simples fato da logística estar presente e ser elo entre esses três pilares: produção, consumo e investimentos. E daqui, por conclusão, chegamos ao setor cuja atenção deveria ser imprescindivelmente dada por nossos governantes: o da infraestrutura. Ela pode ser a chave do sucesso ou a tampa do caixão.

Contudo, com uma política de deixar no chinelo qualquer “House of Cards” (série norte-americana que explora os bastidores políticos da Casa Branca), e não faço referências a qualquer partido, mas à prática política de uma forma geral, presenciamos verdadeiras aberrações construídas pela cegueira, pela incompetência ou simplesmente pelo sabor do poder. Razões estas, colocaram a infraestrutura brasileira num incômodo 53º lugar no ranking mundial elaborado pelo International Institute for Management Development (IMD) divulgado em 2015. O país desceu 12 posições segundo dados de 2001.

O Brasil hoje faz parte de uma extrema minoria que considera a alta de juros sua maior e melhor ferramenta de combate à inflação enquanto possui o mais caro dos Congressos entre doze países, emergentes e desenvolvidos, pesquisados em 2013 pela Transparência Brasil. Segundo a pesquisa, o Congresso Nacional gastava R$ 16.197,00 por minuto, coladinho com os Estados Unidos. Entretanto, em relação ao PIB, só o Senado Federal consome 0,2%. Isso é três vezes mais do que o mexicano, seis vezes mais do que o americano e onze vezes mais do que o espanhol. A pesquisa NÃO abrange os Palácios, Assembleias e Câmaras espalhadas pelo país e NÃO inclui objetos de corrupção que outras pesquisas estimam em até 2,3% do PIB. Se estamos falando de R$ 5,7 trilhões para 2015, a corrupção levaria então seus R$ 131 bilhões. Será?

Em 2015, nosso PIB recuou, segundo números do Banco Central (BC) e que ainda serão revistos, em 3,7%. Para 2016 continuaremos recuando mais 3,4% e em 2017 nossa economia, segundo especialistas, estagnará com algo bem próximo a 0%. E qual a estratégia diante disso? Investir em infraestrutura na sua amplitude: ferrovias, rodovias, portos, redes de transmissão de energia, saneamento… A infraestrutura é a maior fonte geradora de empregos num país. Em 2015 perdemos mais de 1,5 milhão de vagas. Ela movimenta a economia em todos os seus segmentos e promove uma verdadeira mudança através do emprego e do usufruto de estruturas mais adequadas à competividade que faz, de fato, um país crescer para melhor arrecadar e não só arrecadar pensando em crescer.

No curso seguido pelo Brasil, sua avaliação comercial piora gradativamente e os investimentos fogem. Como investir em um país com um custo logístico de 12% do PIB que atualmente investe menos de 2% em infraestrutura – menos da metade do que deveria – e ainda assim não enxerga um excelente negócio? Você aumentaria a mesada de seu filho para ele gastar com ilicitudes? Pegaria seu suado dinheirinho para investir em uma fábrica de máquinas para desentortar bananas? Os investidores também não! Eles querem acreditar que o governo possa diminuir seus gastos e enxugar a máquina pública promovendo um aumento eficiente dos serviços que presta honrando seus compromissos. E o melhor meio para isso é planejar e usar da melhor forma o dinheiro que, sem dúvidas, temos em caixa para isso e muito mais. O que falta mesmo é interesse comum e planejamento.

Por que não cortamos gastos como fazem outros países para contornar crises e não promovemos um programa sério de investimentos em infraestrutura que nos alavanque a exemplo de tantos? Temos excelentes profissionais, somos um povo inteligente e trabalhador. Afinal, quais malditos interesses nos subjugam ao ponto de pensarmos que não somos capazes de mudar isso?