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As entregas que nunca chegarão

Meu aprendizado com os leitores e com os alunos da área de logística é formidável. Por isso, procuro dar o melhor em qualidade de conteúdo para retribuir suas contribuições valiosas nessa troca que me permite um crescimento e um olhar mais atento ao redor.

entregasFoi essa troca que me fez escrever sobre as tantas histórias de decepções, de frustrações por ver um bem adquirido chegar avariado e, muitas vezes, nem ver essa mercadoria ou ter qualquer notícia de seu paradeiro.

São histórias revoltantes, corriqueiras e difíceis de adjetivar quando a impunidade e o descaso pelos clientes reforçam as atividades de empresas inescrupulosas, desorganizadas, vítimas de parcerias equivocadas e que comprometem a credibilidade do serviço oferecido pelas idôneas. Observem que já conseguimos classificar quatro tipos existentes no mercado: as mal-intencionadas, as que não se importam, as que não têm controles que garantam um bom serviço e as que buscam a satisfação de seus clientes através de uma boa prestação de serviços com melhorias contínuas.

O maior problema do setor é a distância ética de uma empresa para outra. São muitas as “maçãs podres” nesse segmento logístico. São muitas as histórias de tijolos dentro de caixas de aparelhos celulares, mercadorias incompletas, bens avariados e outros casos que seriam engraçados se não fossem desagradáveis: Um aluno comprou um par de tênis, muito caro, e recebeu a caixa com um par de tênis usado – e bem surrado – que, provavelmente pertenceu a alguém envolvido no processo final de expedição. Outro recebeu, dentro da caixa de relógio, uma pedra envolvida em um bilhete escrito “perdeo pleiboi”. Um verdadeiro crime contra o cliente e contra o Dicionário.

A falta de confiança na entrega é o principal obstáculo para o crescimento do e-commerce. No Brasil o setor que cresce de 50% a 60% ao ano e que pretende movimentar cerca de R$ 28 bilhões em 2013 (sendo R$ 3 bilhões só no período natalino) não apresenta ainda uma política de segurança que traga garantias de satisfação aos clientes. Este que já corre o risco de se decepcionar com o produto e ainda tem que enfrentar problemas com a logística de entrega é, no mínimo, motivo de maior atenção por parte das prestadoras de serviços. Mas, muitas até preferem a devolução de produtos para aumentar suas movimentações tal sua falta de compromisso.

Claro que isso não ocorre só nessa modalidade. Eu mesmo já me estarreci quando vi o tratamento de uma empresa aérea com a bagagem de seus passageiros – se fosse vidro quebraria e se fosse ferro envergaria – bem ali, para que todos vissem. Imaginem o que ocorre longe dos nossos olhos[…].

Então, o que fazer para se proteger contra essas “dores de cabeça”? Os órgãos de defesa do consumidor alertam sobre as contratações desses serviços, mas ninguém está totalmente seguro e, geralmente quando se procura esses órgãos, a demora e a burocracia fazem com que o consumidor se sinta desamparado.

Muitas dessas empresas vivem disso (enganar os clientes) e não há qualquer problema em fechar e amanhã abrir com outra razão social. A solução pode vir daqueles processos e métodos de trabalho que muitos funcionários guardam por três ou quatro dias? Por câmeras de vigilância que não seguem as entregas até seu destino? Por uma supervisão mais rígida que não consegue estar em todas as fases do processo? Em “termos de responsabilidade” falhos?

A punição realmente tem que estar presente na hora certa e para a pessoa certa. Mas é um problema que requer um pouco mais que isso. Requer envolvimento consistente com treinamento, acompanhamento e recompensa. Um bom serviço precisa ser bem recompensado para estimular outros. Empresas que pagam mal ou não possuem qualquer benefício fazem com que seu pessoal não se preocupe em perder o emprego.

Tudo o que for feito tem que se resumir em respeito ao cliente. E uma regrinha pouco usada hoje continua muito eficaz: Cuide da mercadoria do seu cliente como se fosse sua. Se não for assim, a dor de cabeça do cliente é esposa fiel do prejuízo da transportadora.

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FedEx – uma gigante da logística

Quando se fala em serviços logísticos, uma das empresas que vem à mente é a FedEx. Se você quer conhecer um pouco mais da FedExleia o resto dessa matéria, veja o vídeo abaixo e assista ao filme O Náufrago.

A FedEx é sinônimo de desempenho espetacular em logística porque investe em pesquisa e infraestrutura. A rede logística é altamente interligada, com operações baseadas em grandes terminais (hubs) que se conectam com os aeroportos menores e cidades não servidas por aeroportos. O nó principal dessa imensa rede logística é o aeroporto de Memphis, nos Estados Unidos, chamado de Super Hub, que tem vôos diretos para os hubs pelo mundo (China, Canadá, Alemanha, França) além de outros seis hubs nos EUA. Vôos periódicos também diretos para diversos países (incluindo o Brasil) partem de Memphis nas operações da FedEx. No Brasil, a FedEx opera 10 vôos por semana, sendo 5 para os EUA e 5 para a Argentina.

aviões da fedex em MemphisA frota de aviões da FedEx é invejável para a maioria das companhias aéreas. São 697 aviões na frota e 49 já pedidos. Estes aviões atendem mais de 375 aeroportos pelo mundo. Somados aos mais de 80.000 veículos motorizados, a FedEx alcança mais de 220 países. Muitos destes veículos são híbridos ou totalmente elétricos.

O volume médio de entregas é impressionante: mais de 8 milhões e 500 mil unidades por dia! Com uma frota deste tamanho realizando tantas entregas por dia, é de se esperar que a tecnologia esteja presente. Cada veículo é monitorado com GPS e potentes softwares desenham a rota que cada um deles deve seguir. Neste software de roteamento de veículos tem até mesmo uma instrução para evitar que eles virem à esquerda, pois isso aparentemente leva mais tempo e gasta mais combustível por ter que esperar o tráfego no sentido contrário acabar.

Veja nos vídeos abaixo (o primeiro em inglês, o segundo em português) um pouco das operações desta empresa.

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Um leitor prontamente nos indicou este vídeo abaixo, dublado em português, que mostra em mais detalhes as operações diárias realizadas pela FedEx. O vídeo e alguns números citadas são um pouco antigos, mas dá pra ter uma ideia do porte da empresa e de como são realizadas as operações dela:

 

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Demanda Desempenho Logística Transportes

O que fazer quando acabam as cartas?

O que devemos esperar de um sistema postal se as pessoas pararem de enviar cartas (ok, ninguém mais envia cartas!), propagandas, revistas e outros documentos físicos? Se você é o gestor de um sistema de envio postal, você já está pensando nisso (correios de vários países e empresas de entregas expressas de documentos). Na Nova Zelândia, já estão pensando nisso (New Zeland Herald, 9/jun/2010). Algumas opções que estão considerando incluem: (1) fazer entregas de cartas dia sim, dia não; (2) acabar com entregas aos sábados; (3) aumentar os preços; (4) desenvolver um sistema de dois níveis – o nível premium custaria mais caro mas seria entregue antes; e (5) usar o correio eletrônico para fazer o correio tradicional mais eficiente.

Uma redução no volume total não seria um problema se o serviço postal estivesse acima do volume necessário para atingir a eficiência máxima. Aparentemente, o sistema postal da Nova Zelândia não está neste nível e portanto um decréscimo no volume vai fazer cair ainda mais a eficiência. Considerando que a Nova Zelândia tem aproximadamente 4 milhões de pessoas espalhadas entre duas grandes ilhas, isto nem é uma surpresa. Mas há razões para acreditar que isto seja um problema até mesmo para países maiores e mais densamente povoados (como o Brasil) – entregar de porta em porta é um trabalho que requer um processo intensivo, assim se as casas não recebem cartas em cada entrega isto significa que o número de quilômetros dirigidos por unidade de carta aumenta (reparem como este é um indicador de desempenho importante para este serviço).

Vamos considerar algumas das sugestões colocadas acima:

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Uma nova versão dos Correios ?

uma nova versão dos correios?Adaptado de: Estadão.com.br

No Brasil, os Correios é a empresa estatal do Brasil operadora dos serviços postais. A constituição federal do Brasil prevê a exclusividade da união sobre a entrega de correspondências nos serviços de carta, cartão postal e telegrama, dentre outros.

Como privatizar é um verbo que o atual governo não conjuga, tendo demorado anos até mesmo para admitir a concessão ao setor privado de rodovias federais, o projeto de modernização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), proposto pelo Ministério das Comunicações, pode ser considerado um certo avanço. Pela proposição, que pode ser adotada por Medida Provisória, a ser encaminhada ao Congresso Nacional depois do carnaval, a ECT, uma estatal de direito privado, seria extinta, surgindo em seu lugar a Correios do Brasil S.A., de capital fechado, regida pelas normas de governança corporativa.

A motivação é obviamente econômica. Telegrama pela internet existe, mas é muito pouco usado e, como em todo o mundo, os serviços de correios vêm perdendo cada vez mais espaço com a evolução dos meios eletrônicos de comunicação. Segundo cálculos oficiais, a ECT deixou de processar, nos últimos cinco anos, 1 bilhão de correspondências e a tendência é de que recue ainda mais nessa área. O Serviço de Encomenda Expressa (Sedex) é rápido e eficiente, mas enfrenta uma acirrada concorrência, que vai de empresas internacionais a serviços de motoboys.