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A logística e a economia das figurinhas da Copa

A Copa do Mundo ainda nem começou, mas para as crianças em todo o mundo (além de um número preocupante de adultos), a corrida para completar o album de figurinhas da Panini 2014 começou há muito tempo. A Panini, uma empresa italiana, produz álbuns de figurinhas para Copas do Mundo desde o torneio no México, em 1970; a versão deste ano tem 640 figurinhas para colecionar. O mercado para as figurinhas não é apenas para as crianças, mas também para micro-economistas. A cada espaço vazio no album, aparece uma aula de probabilidades, do valor dos testes estatísticos, da leisda oferta e da demanda, e da importância da liquidez.

figurinhas copa do mundoQuando você inicia um álbum, a primeira figurinha (elas vêm em pacotes de cinco) tem uma probabilidade de 640/640 de ser necessária. A cada espaço, as chances de abrir um pacote e encontrar um adesivo que você procura diminuem. De acordo com Sylvain Sardy e Yvan Velenik, dois matemáticos da Universidade de Genebra, o número de pacotes de figurinhas que você teria que comprar, em média, para preencher o álbum 899. Isso pressupõe que não há choque de oferta ao mercado (o roubo de 300 mil adesivos no Brasil em abril deixou muitos colecionadores com medo de que a Panini não conseguiria satisfazer a demanda).

Esse número, 899 pacotinhos, também considera que o mercado não está sendo manipulado. A Panini diz que todas as figurinhas são impressas no mesmo volume e aleatoriamente distribuídas, apesar de todo colecionador ser assombrado por uma única figurinha recorrente. Em um artigo de 2010, Sardy e Velenik desempenharam o papel de “reguladores do mercado”, verificando a distribuição de figurinhas para um álbum de 660 figurinhas vendido na Suíça para a Copa do Mundo daquele ano. De uma amostra de 6.000 figurinhas, eles esperavam ver cada uma 9,09 vezes em média (6000/660). Eles testaram para ver se as flutuações reais em torno deste número foram consistentes com a distribuição esperada de figurinhas, e descobriram que era. Tais testes estatísticos estão sendo cada vez mais aplicados para detectar a fixação de preços e comportamentos anti-concorrenciais nos mercados reais.

Mesmo em um mercado justo, porém, é ineficiente comprar pacote após pacote (para não mencionar o bolso dos pais). A solução é a criação de um mercado para que os colecionadores troquem suas figurinhas repetidas. O playground é uma versão deste mercado, onde uma criança que tem uma figurinha valorizada por muitos, de repente entende o poder da oferta limitada. Feiras de figurinhas são outro.

Como em qualquer mercado, liquidez importa! Quanto mais pessoas forem atraídas para o mercado com suas figurinhas duplicadas, melhor as chances de encontrar aquela que você deseja. Sardy e Velenik estimam que um grupo de dez pessoas trocando as figurinhas entre eles de forma eficiente e aproveitando que a Panini vende 50 figurinhas individuais por pessoa, seriam necessários apenas 1.435 pacotes entre eles para completar todos os dez álbuns. Fóruns na Internet, onde um número potencialmente ilimitado de pessoas podem trocar figurinhas, significa que este número cai ainda mais. A idéia de um mercado totalmente eficiente deve desanimar a Panini, que vai vender menos pacotes como resultado. Felizmente, como em todos os mercados, o comportamento não é estritamente racional.

Adaptado da Economist.

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Religião, futebol, política e logística

Há tempos esses assuntos rondam as conversas entre os brasileiros, embora ainda se acredite que não devam ser discutidos devido às inúmeras divergências.

discussaoEssa opinião é do tempo em que algumas religiões não eram tão responsáveis por catástrofes sociais como acompanhamos em vários países, apesar de motivarem opressões e assassinatos cruéis e covardes há muito tempo. Hoje se mata, não só “por Deus”, como por interesses econômicos, diferenças étnicas ou pelo “prazer” da guerra. Podemos sim, discutir religião, pois tendo Deus como o seu maior fundamento, somos levados a nos preocupar com o próximo e não ficarmos indiferentes diante de tantas atrocidades cometidas “em nome do amor”.

E o amor ao futebol com toda a sua politicagem que coloca interesses escusos acima de tudo, não merece discussão? A perda ou o exagero desse “amor” faz com que o “torcedor” que frequenta os estádios de futebol se envolva em tumultos que sempre acabam em agressões graves e se estendem às ruas deixando bem longe o intuito de apoiar seu time. O futebol precisa mesmo ser discutido, não só em mesinhas de bar, como no Congresso e no Senado para que as leis sejam eficazes.

O que falar então da nossa velha política? E como está velha a política! Com uma extrema necessidade de mudanças, ela insiste na garantia da obscuridade, na ineficiência e no casamento torto com a corrupção. Merece mesmo que nos calemos e deixemos esse assunto de fora de nossas conversas? Mesmo sabendo que a conscientização é um degrau importante para mudarmos essa situação?

Basta lembrarmos quantas vezes já ouvimos que esses assuntos não se discutem para podermos associar o caótico com a nossa omissão. Contudo, vimos que não são assuntos distantes uns dos outros e são importantes para uma sociedade mais humana, mais livre e mais estruturada.

E a Logística, que em tudo está presente, também não se discute? Não estamos dando a atenção necessária a esse “novo” assunto e, assim, podemos fazer com que piore em meio à falta de conhecimento e de atitudes.

A Logística vem sendo sufocada em conversas vazias. Profissionais da área estão limitados pela falta de investimento em infraestrutura e pela simples repetição de estratégias de terceiros que deram certo em alguns segmentos. Ora, Logística é mais que isso! Mas, a falta de diálogo vem escondendo soluções, novidades e melhorias nessa atividade que tem muito que avançar. Imagine se alguém tivesse falado para Jomini, Thorpe e Eccles que eles não poderiam falar sobre logística… Já pensou quantas soluções emergem numa boa conversa em que há o respeito e a valorização das opiniões?

O que estamos discutindo então? Temos mesmo assuntos mais importantes do que aquilo que leva ao desenvolvimento do espírito e melhoria da qualidade de vida através da justiça, do nosso crescimento sustentável e de um caminho melhor para nossas vidas? Não estamos nos atendo demais às futilidades televisivas que nos privam do nosso próprio intelecto? Cresça! Seja grande! Leia! Discuta!

Logística é coisa séria Brasil! Estamos atrasados em mais de duas décadas. Estamos abraçando teorias logísticas insustentáveis que contam com o que não têm, vêem o que não existe e esperam pelo que não vai chegar. Práticas “sanguessugas” que tiram de um mercado para dar para outro aniquilando as próprias chances de sobrevivência. O exemplo é um setor de transportes viciado e arcaico, corrupto e ineficiente, cheio de falhas e explorado de tal forma que diminui, dia após dia, as possibilidades de encontrar ainda um pouco de oxigênio.

Como mudar tudo isso? Parando de encontrar desculpas com o velho “isso não se discute” que, na verdade, esconde nossa imaturidade, falta de conhecimento ou de interesse em conhecer, e nossa extrema dificuldade em acolher opiniões diferentes. Ou paramos de correr do “bicho” e o enfrentamos, ou ele vai nos alcançar esgotados e sem nenhuma chance de defesa.

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Só temos grama verdinha para a Copa de 2014

Em maio de 2011 escrevi um artigo sobre a Copa 2014 (Brasil 2014: Com ou sem emoção?) onde chamava atenção aos pontos favoráveis e desfavoráveis para a realização de uma Copa do Mundo em nosso país. Antes de torcer pela nossa Seleção eu torcia para estar errado quanto ao curso que isso tudo tomaria.

grama verdeHoje, às vésperas do evento, é difícil ter o mesmo entusiasmo quanto ao aproveitamento logístico de um evento que poderia nos colocar numa evidência diferente da que conhecemos. Tivemos quase sete anos para nos preparar, faltando três começamos a planejar, licitar e corrigir o que começou com um orçamento de R$ 11 bi, depois foi para R$ 23 bi e vimos que só os aeroportos consumiriam isso e ainda não atenderiam a demanda. E agora olhamos, sentados numa arquibancada, para quase R$ 30 bi e tudo o que vemos são estádios. Embora se divulgue que eles, os estádios, consumiram apenas R$ 9 bi desse total. E o resto?

As obras são financiadas pelas três esferas: municipal, estadual e federal. Embora no lançamento da campanha tenha-se dito que a maior parte dos recursos seria privada. Contudo, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), o dinheiro público representa 98,5%. O Governo Federal tem responsabilidade sobre 261 obras de mobilidade urbana (aquelas para melhorar o transporte e o acesso aos locais do evento). Com o juiz quase apitando para o início da partida, sabe quantas estão prontas? 7. Dessas obras de mobilidade, 36 seriam exclusivas para a Copa, mas apenas 3% estão em andamento. Os estados e municípios atuariam em tantas outras, mas percebemos muito pouco do que foi divulgado e quase nada do que seria necessário.

Infelizmente, ficou aquele bordão: “Para se fazer uma Copa, o Brasil precisa de estádios.” E é só o que temos. E o resto? Impossível fazermos em quatro meses o que não fizemos em quatro anos. Sem contar que o dinheiro já “foi pro mato, pois o jogo era de campeonato!”

A África do Sul gastou R$ 3,8 bi em seus dez estádios para a Copa anterior e hoje não realiza qualquer evento que pague os custos com manutenção – o menor estádio custa quase R$ 2,5 milhões por ano. Ainda bem que não é o nosso caso, pois nossos estádios serão explorados pelos cartolas do futebol brasileiro que, logo que possível, pagarão todos os investimentos […]. Para aqueles estádios onde o futebol do estado não é tão forte, depois que nossos irmãos sul-africanos aprenderem o caminho, talvez a gente os imite nisto também.

Rindo à toa mesmo, só alguns políticos, empreiteiros e a FIFA que bateu recorde de vendas de ingressos para o evento. Não importa se os visitantes desembarcarão no “puxadinho” do aeroporto em Fortaleza já que não dará tempo concluir as obras e tendas serão montadas de improviso; ou se espantarão com as goteiras e filas intermináveis dos aeroportos do Rio e São Paulo; ou se não conseguirem chegar a tempo aos estádios devido à precariedade do trânsito; se alguns segmentos do mercado já corrigiram seus preços em mais de 200%, não importa. O que importa mesmo é que nossa grama está verdinha…

Com todo “interesse e dedicação” ao projeto da Copa, ainda temos que ouvir do Sr. Jérôme Valcke, secretário-geral da FIFA, de que somos desorganizados e deixamos tudo para última hora. Ora, ele pensa que pode mexer com nossos “patrimônios nacionais”? Já não basta interferir no futebol, agora quer mudar o nosso “jeitinho de deixar tudo para última hora”?

Como brasileiro e amante desse país, gostaria que muitas coisas fossem diferentes, mas não dá para ir contra a lógica apresentada. Não dá para enfeitar tudo e fingir que as desigualdades não incomodam e que o Brasil não tem outras prioridades. Não se trata de ser contra ou a favor da Copa, mas perdemos a chance de melhorar a logística dos brasileiros da forma que tanto queríamos e tanto precisávamos, pois todo aquele legado prometido, por enquanto, está só no papel.

Pelo menos a grama já está verdinha… É para ela que alguns – já que muitos não poderão pagar para ver de perto – vão olhar. De lá, não dará para ver a crise na educação, o colapso da saúde e o aumento da violência no país… Yes! Nós temos grama verdinha […].

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Planejamento logístico para a Copa do Mundo no Brasil (2014)

Você viu nesta semana duas matérias sobre a logística e o futebol: a matéria sobre a logística do evento e o vídeo com as preocupações da organização dos franceses em 1998.

Confira agora o que já tem acontecido no Brasil em função da Copa que sediaremos em 2014. A movimentação política já começou, e vários problemas infra-estruturais já foram detectados.

Qual a sua expectativa para este assunto?

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Pesadelo logístico e de segurança – Copa do Mundo de futebol

Confira no vídeo abaixo toda a preocupação que havia para a organização da Copa do Mundo de Futebol de 1998 na França. Lembre-se que este procedimento foi muito alterado depois dos atentados terroristas de 2001.

Aproveite e leia a matéria sobre a organização logística de um evento como estes.

Confira ainda nesta sexta-feira um vídeo que falará sobre os desafios que o Brasil enfrenta para organizar a Copa do Mundo de 2014. Não perca!

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Logística do futebol e da Copa do Mundo

Você já leu aqui no Logística Descomplicada que esportes de alto nível exigem logística de alto nível. Relembre o artigo sobre a Logística da Fórmula 1. Hoje veremos algumas informações interessantes sobre a logística e a organização de um torneio de futebol, como a Copa de Mundo.

Como em qualquer projeto de grande escala e de alto nível, este também envolve atividades estratégicas, de integração, segurança, limpeza, comunicações, dentre outros. A lista de atividades é igualmente grande: acomodações para atletas e staff, equipamentos, e muito pessoal de apoio (segurança, saúde, sinalização, etc).

Em um evento como a Copa do Mundo, que recebe celebridades dentro e fora de campo, os procedimentos de segurança foram muito alterados depois do 11 de setembro. O planejamento começa 3 ou 4 anos antes do evento, estudando e estruturando saídas de emergência e medidas de contenção de tumultos. Num jogo onde as estrelas são alguns dos esportistas mais bem pagos do mundo, e transmitido ao vivo para milhões de pessoas no mundo inteiro, tudo precisa ser detalhadamente planejado.

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“Logística” da produção de bolas de futebol

Recebi um email do leitor Leandro com sugestão de um vídeo muito interessante: como são fabricadas bolas de futebol. Mas não é qualquer bola – são as bolas que serão utilizadas na Copa do Mundo.

Nada de musiquinha ou narração ao fundo, apenas o verdadeiro barulho das máquinas.

Eu gostei, e você?

Faça como o leitor Leandro e envie você também sua sugestão de vídeos ou matérias para o site.