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A empresa do futuro: gerentes

Banalizadas por umas e úteis ou dispensáveis por outras, as empresas vêm trazendo à discussão as funções de gerente. Enquanto umas criam gerências para a simples promoção de funcionários, outras reavaliam as divisões setoriais que são promovidas por gerências. Divisões essas, desnecessárias e perigosas para a alta velocidade da competitividade dos mercados.

Quem já não percebeu os pedidos absurdos de um gerente aos seus comandados? Quem já não teve que fazer o mesmo trabalho duas vezes, mudando uma vírgula, porque o gerente financeiro não se entendeu com o gerente de negócios ou porque o gerente de estoques não concorda com o gerente de compras? O que se vê em muitas empresas são setores com três ou quatro gerentes que disputam o poder entre si.

Parece absurdo, mas a função de gerente foi se expandindo para A1, A2 e A3 quando deveria ser só para A, B e C. Hoje, o que se enxerga é uma perda irrecuperável de agilidade diante das divisões alimentadas por orgulho e dissidências que impedem a implantação de boas ideias.  Preocupados com suas posições, esses gerentes barram boas ideias porque elas se tornam ameaças e acabam abraçando a comodidade das mesmices para se preservarem.

Uma coisa é certa: Não há tantos gerentes na empresa do futuro. Essa empresa funciona como a máquina de um relógio: repleta de engrenagens que funcionam e possibilitam o funcionamento das outras baseadas num compromisso do cumprimento de suas tarefas. O relógio está no pulso do diretor que não vê a necessidade de um relatório diário para saber qual engrenagem não desempenhou seu papel de forma satisfatória. O trabalho, bem ou mal executado, aparece naturalmente. O papel em comum é “marcar as horas” e o resultado diferente será percebido por todos. Não que todos devam funcionar como máquinas… não se trata disso. São pessoas que precisam pensar para realizar bem as suas atividades para que um comum obtenha bons resultados. Pode aqui, surgir uma pergunta: e quem vai organizar essas ideias? Se voltarmos ao exemplo do relógio, será aquele que o tem no pulso e que informa as horas ao presidente da companhia? O que se sabe é que as distâncias estão sendo reduzidas e a consciência de liderança evolui para algo bem diferente do que estamos acostumados.

Se analisarmos bem, hoje são muitos os degraus que separam uma engrenagem daquele que informa as horas ao presidente. O que vemos em muitas empresas são perdas de tempo e qualidade nas informações que cercam um empresário que, junto com as engrenagens, se envolvem através de um mesmo princípio necessário. Agora se busca um relacionamento mais direto entre as pontas.

Essa integração é fundamental nos dias de hoje. As empresas aprendem a cada dia que o fator humano é o maior fator de sucesso de uma empresa. Mesmo modernizada com máquinas e equipamentos de última geração, se não houver entusiasmo, comprometimento e foco, esse fator pode ser o precipício de qualquer empresa. Entretanto, uma melhor relação entre patrões e empregados ainda parece distante justamente pela falta de cumplicidade entre essas partes; embora extremamente necessária. O que realmente cresce é a distância que, por falta de qualificação e devido a uma defesa exagerada de interesses de ambas as partes, faz crescer a muralha que impede a caminhada rumo ao sucesso.

Dizem alguns especialistas em mercados que a função de gerente promove esse distanciamento. Eu acredito que se um gerente está focado com os interesses da companhia a equipe sempre estará no rumo do sucesso. O problema é que hoje há tantos gerentes que a probabilidade de um filtro de ideias usado em interesse próprio é significativamente aumentada.

É bem verdade que há gerentes com trabalhos fantásticos, pois extraem ideias maravilhosas de seus comandados não retendo só para si o direito de pensar. São, dessa forma, engrenagens importantes nesse mecanismo ou fazem um excelente trabalho de “manutenção” das outras. Mas, até essas ideias são ameaçadas em linha de poder horizontal. É aqui que se torna válida a diminuição da distância entre gerência, diretoria e presidência. Só vai depender agora da acessibilidade. A diferença é que muitos se aproveitam dessa acessibilidade na defesa de seus próprios interesses…

Como se vê, é um novelo que se cria pela simples distância e falta de diálogo e de foco.

A empresa do futuro – e vale dizer que algumas já vivem esse futuro – impressionam pela agilidade e estão sempre cercadas de informações que interessam seu mercado e não se cercam de problemas que resultem em perda de foco. Essa empresa trabalha na base geradora desses problemas e estão sempre preocupadas com o entusiasmo de suas equipes. Tudo aquilo que mina a alegria do cumprimento das atribuições de suas equipes são descartáveis. Para que uma gerência permaneça nesse quadro é necessário, não só a eficiência, mas a manutenção constante desse entusiasmo. Não basta um MBA para lhe tornar apto a um bom salário, é necessário que valores sejam revelados e que a visão seja aguçada. Se buscardes isso constantemente, seu lugar está garantido nessa empresa do futuro.

Alguns cobram resultados, outros viabilizam resultados. Enquanto uns apontam defeitos, outros valorizam qualidades. Não é fácil escolher de que lado ficar, mas é certo que isso faz toda a diferença. E então, de que lado tu estás agora? Estás preparado para essa empresa do futuro?

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O comprometimento nas organizações

O comprometimento apresenta-se como uma vantagem competitiva, já que na busca por qualidade e eficiência as organizações necessitam a cada dia do empenho das pessoas no trabalho. Não há mais lugar nas organizações para a figura limitada e simplória do funcionário convencional, que não tem nenhum compromisso a não ser o de passar o cartão no relógio de ponto e cumprir rotinas.

Comprometimento organizacional refere-se ao vínculo organizacional do indivíduo com uma instituição. É caracterizado por uma forte identificação da pessoa com a missão e com os valores da organização. Representa mais que envolvimento. Demonstra o grau ao qual uma pessoa se identifica psicologicamente com o seu trabalho. Trata-se da competência mais procurada pelas empresas.

Funcionários comprometidos são recursos indispensáveis para se alcançar os objetivos empresariais, pois o comprometimento é visto na disposição para agir, nas atitudes e comportamentos. É dedicação, perseverança e paixão. Disposição para realizar o “algo mais”. Esforço para apresentar diferentes soluções, mostrar empenho, iniciativa e criatividade.
Somado a isso, o profissional comprometido atua como um empreendedor, ou seja, trabalha como se a empresa fosse dele. É pró-ativo, está em busca da melhoria contínua e contribui para o crescimento da empresa. Inversamente, para a pessoa pouco identificada com o seu trabalho, a vida se passa fora dele. Ele não constitui o interesse principal, os interesses estão lá fora.

O modo como os gerentes tratam seus subordinados pode influenciar o comprometimento deles. A empresa que deseja obter o comprometimento da equipe trata seus colaboradores como gente, oferece boas condições de trabalho e justas recompensas. Todo indivíduo se compromete, ou pode se comprometer com a organização, se lhe são dados os meios para isso. Também, as relações interpessoais podem contribuir favoravelmente nesse processo. Quanto mais favoráveis forem as relações sociais no ambiente de trabalho, mais as pessoas se comprometem.

Considero que o comprometimento ocorre quando o profissional compreende plenamente o seu papel. Ninguém se compromete com o desconhecido. É necessário que a gerência comunique com clareza os objetivos organizacionais. É também de suma importância que a empresa propicie um ambiente estimulador. O comprometimento é despertado através de tarefas desafiantes, de autonomia e participação.

Faça o teste abaixo para avaliar se a sua equipe é comprometida:

– Demonstra vontade de aprender? É curiosa e pergunta o que não sabe?
– Cuida dos detalhes?
– Não deixa nada pela metade? Sempre termina o que começa?
– Preocupa-se mais com as soluções do que em achar culpados?
– É empática? Coloca-se no lugar das outras pessoas?
– Assume seus erros? Não culpa os outros?
– Não reclama da vida e não fala mal das outras pessoas? Age para mudar a realidade?
– Persiste até alcançar os objetivos?
– Cumpre prazos e horários?
– É participativa, dá ideias, colabora com os outros?

Agora que você avaliou os seus funcionários, chegou a sua vez de se auto-avaliar. Reflita sobre as seguintes perguntas e você saberá se há motivos ou não para que os funcionários da sua empresa comprometam-se com o negócio:

– Você realmente conhece seus colaboradores?
– Como eles estão sendo liderados?
– Demonstra afetividade nas relações interpessoais?
– Há clareza nas comunicações?
– Qual a imagem que os funcionários têm da sua empresa?
– Possibilita que os funcionários desenvolvam as competências necessárias para terem bom desempenho?
– Dá e recebe feedback?
– Valoriza os colaboradores pelos resultados alcançados?
– Incentiva a criatividade?
– Todos sentem que “estão no mesmo barco”?
– Conhecem o “norte” da organização?

Ainda existem empresários que acreditam que basta a assinatura de carteiras de trabalho e o pagamento de salários em dia para que os funcionários comprometam-se com a empresa, façam seu trabalho corretamente e se interessem por melhorias contínuas. Não esqueça de que os objetivos empresariais só serão alcançados com o trabalho de pessoas motivadas e satisfeitas. É preciso ter em mente que o comprometimento se consegue quando existe satisfação e paixão no exercício da função – é nessa condição que se verifica a doação e a entrega. Sendo assim, para merecermos funcionários comprometidos, primeiro devemos “fazer o nosso dever de casa”, aquilo que é nossa função.

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Leitura Recomendada

A logística e os fundamentos da administração

livro fundamentos de administraçãoUm bom profissional de logística precisa conhecer muito além da própria logística. Mesmo que ele conheça as bases do transporte, da estocagem, da movimentação, da integração e tecnologia da informação – algumas das áreas da logística – ele não será um profissional completo se não conseguir colocar isto tudo em perspectiva com o resto da organização e do mercado.

Um bom profissional, aquele que pode chegar a ser um gestor, precisa conhecer também os fundamentos da administração. Não só os profissionais de logística, mas todo profissional de uma área mais técnica e específica precisa conhecer o que vai além das fronteiras do seu departamento.

Para ajudar os leitores do Logística Descomplicada a ter esta visão,

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Gerentes e o ambiente cultural

Artigo publicado na IX Semana de Engenharia de Produção Sul-Americana (SEPROSUL), no Uruguai, em novembro de 2009:

O papel do gerente e sua percepção do ambiente cultural em uma incubadora de empresas: leitura de um caso a partir da abordagem etnográfica

Autores: Fernando José Avancini Schenatto, Édio Polacinski, Alice França de Abreu.

As incubadoras de empresas são ambientes onde, tipicamente, a inovação é fator preponderante, pois é nela que reside o principal diferencial competitivo das empresas em desenvolvimento. Na interação com esses empreendimentos, o gerente da incubadora assume papel central na definição de estratégias e articulação de iniciativas, de modo que sua liderança é marcante na construção da cultura organizacional. Assim, este trabalho aborda a descrição do ambiente cultural de uma incubadora de empresas brasileira, a partir da visão de seu líder, de modo a permitir a compreensão de alguns processos e símbolos utilizados naquele contexto.

Para tanto, desencadeou-se uma pesquisa etnográfica, com dados coletados por entrevistas e observação participante, a partir dos quais foi feita análise  em profundidade. Os resultados enfatizam, dentre outros aspectos, o esforço de cooperação existente entre gerente, empresários e colaboradores internos e externos à incubadora; o envolvimento profissional e emocional do gerente para com os empreendimentos incubados e seus proprietários; o formalismo presente nos processos gerenciais, associado à descontração no ambiente de trabalho e nas relações; o fator tecnologia presente no discurso e no dia-a-dia; e a motivação do gerente em crescer profissionalmente atuando numa iniciativa indutora de desenvolvimento regional sustentável.