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Carreira Gestão

A empresa do futuro: gerentes

Banalizadas por umas e úteis ou dispensáveis por outras, as empresas vêm trazendo à discussão as funções de gerente. Enquanto umas criam gerências para a simples promoção de funcionários, outras reavaliam as divisões setoriais que são promovidas por gerências. Divisões essas, desnecessárias e perigosas para a alta velocidade da competitividade dos mercados.

Quem já não percebeu os pedidos absurdos de um gerente aos seus comandados? Quem já não teve que fazer o mesmo trabalho duas vezes, mudando uma vírgula, porque o gerente financeiro não se entendeu com o gerente de negócios ou porque o gerente de estoques não concorda com o gerente de compras? O que se vê em muitas empresas são setores com três ou quatro gerentes que disputam o poder entre si.

Parece absurdo, mas a função de gerente foi se expandindo para A1, A2 e A3 quando deveria ser só para A, B e C. Hoje, o que se enxerga é uma perda irrecuperável de agilidade diante das divisões alimentadas por orgulho e dissidências que impedem a implantação de boas ideias.  Preocupados com suas posições, esses gerentes barram boas ideias porque elas se tornam ameaças e acabam abraçando a comodidade das mesmices para se preservarem.

Uma coisa é certa: Não há tantos gerentes na empresa do futuro. Essa empresa funciona como a máquina de um relógio: repleta de engrenagens que funcionam e possibilitam o funcionamento das outras baseadas num compromisso do cumprimento de suas tarefas. O relógio está no pulso do diretor que não vê a necessidade de um relatório diário para saber qual engrenagem não desempenhou seu papel de forma satisfatória. O trabalho, bem ou mal executado, aparece naturalmente. O papel em comum é “marcar as horas” e o resultado diferente será percebido por todos. Não que todos devam funcionar como máquinas… não se trata disso. São pessoas que precisam pensar para realizar bem as suas atividades para que um comum obtenha bons resultados. Pode aqui, surgir uma pergunta: e quem vai organizar essas ideias? Se voltarmos ao exemplo do relógio, será aquele que o tem no pulso e que informa as horas ao presidente da companhia? O que se sabe é que as distâncias estão sendo reduzidas e a consciência de liderança evolui para algo bem diferente do que estamos acostumados.

Se analisarmos bem, hoje são muitos os degraus que separam uma engrenagem daquele que informa as horas ao presidente. O que vemos em muitas empresas são perdas de tempo e qualidade nas informações que cercam um empresário que, junto com as engrenagens, se envolvem através de um mesmo princípio necessário. Agora se busca um relacionamento mais direto entre as pontas.

Essa integração é fundamental nos dias de hoje. As empresas aprendem a cada dia que o fator humano é o maior fator de sucesso de uma empresa. Mesmo modernizada com máquinas e equipamentos de última geração, se não houver entusiasmo, comprometimento e foco, esse fator pode ser o precipício de qualquer empresa. Entretanto, uma melhor relação entre patrões e empregados ainda parece distante justamente pela falta de cumplicidade entre essas partes; embora extremamente necessária. O que realmente cresce é a distância que, por falta de qualificação e devido a uma defesa exagerada de interesses de ambas as partes, faz crescer a muralha que impede a caminhada rumo ao sucesso.

Dizem alguns especialistas em mercados que a função de gerente promove esse distanciamento. Eu acredito que se um gerente está focado com os interesses da companhia a equipe sempre estará no rumo do sucesso. O problema é que hoje há tantos gerentes que a probabilidade de um filtro de ideias usado em interesse próprio é significativamente aumentada.

É bem verdade que há gerentes com trabalhos fantásticos, pois extraem ideias maravilhosas de seus comandados não retendo só para si o direito de pensar. São, dessa forma, engrenagens importantes nesse mecanismo ou fazem um excelente trabalho de “manutenção” das outras. Mas, até essas ideias são ameaçadas em linha de poder horizontal. É aqui que se torna válida a diminuição da distância entre gerência, diretoria e presidência. Só vai depender agora da acessibilidade. A diferença é que muitos se aproveitam dessa acessibilidade na defesa de seus próprios interesses…

Como se vê, é um novelo que se cria pela simples distância e falta de diálogo e de foco.

A empresa do futuro – e vale dizer que algumas já vivem esse futuro – impressionam pela agilidade e estão sempre cercadas de informações que interessam seu mercado e não se cercam de problemas que resultem em perda de foco. Essa empresa trabalha na base geradora desses problemas e estão sempre preocupadas com o entusiasmo de suas equipes. Tudo aquilo que mina a alegria do cumprimento das atribuições de suas equipes são descartáveis. Para que uma gerência permaneça nesse quadro é necessário, não só a eficiência, mas a manutenção constante desse entusiasmo. Não basta um MBA para lhe tornar apto a um bom salário, é necessário que valores sejam revelados e que a visão seja aguçada. Se buscardes isso constantemente, seu lugar está garantido nessa empresa do futuro.

Alguns cobram resultados, outros viabilizam resultados. Enquanto uns apontam defeitos, outros valorizam qualidades. Não é fácil escolher de que lado ficar, mas é certo que isso faz toda a diferença. E então, de que lado tu estás agora? Estás preparado para essa empresa do futuro?

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Logística

Manufatura flexível é a chave do sucesso

Pronto! Lá vem mais um artigo sobre manufatura, falando sobre redução de custos, aumento de produtividade, flexibilidade, produção enxuta…Mas poderia ser diferente? A despeito de todo o avanço da tecnologia observado no desenvolvimento dos novos veículos, com suas eletrônicas embarcadas e profusão de módulos e sensores, como tudo isso se tornaria realidade? Logicamente, tendo alguém para juntar tudo e fazer do projeto e de uma infinidade de peças e conjuntos tornarem um bem tangível, um sonho de consumo! Afinal de contas, não passamos do 12º lugar em produção de veículos em 2007 para o 5º lugar em 2009 por acaso.

manufatura flexivelDentro dos cenários globais de montadoras, sistemistas e fornecedores, a manufatura desempenha um papel fundamental, visto todos os custos envolvidos. Manufatura ineficiente é custo adicional no preço do veículo e ninguém vai querer pagar por um produto se nele estiverem imbutidos os custos do desperdício, do qual o consumidor não tem culpa. Além disso, em um mundo cada vez mais exigente e customizado, não se escolhem somente as características do produto a ser adquirido, mas o preço que se quer pagar pelo mesmo.

A evolução das ferramentas gerenciais utilizadas na manufatura, passando por Círculos de Controle de Qualidade (CCQ), Delineamento de Experimentos (DOE), FMEA, Kaizen, 6-Sigma, Lean Manufacturing etc, tem contribuído para que os produtos sejam produzidos mais rapidamente, com maior qualidade e com menor custo.

A análise dos desperdícios nos aspectos que fazem parte do cotidiano da manufatura, como método, meios, mão-de-obra, materiais e meio ambiente, deve ser constante e com o foco incansável na eliminação do desperdício. A inovação em cada um destes aspectos também é primordial para que haja diferencial competitivo que possa auxiliar as empresas na execução de suas estratégias de crescimento. Dado que muitas empresas atuam em nível global, as áreas de manufatura devem apresentar integração constante em todas as unidades, como forma de possibilitar o direcionamento otimizado dos recursos. Flexibilidade é a palavra-chave!

Dentro deste contexto, não pode ser menosprezada a parceria dentro da cadeia de fornecimento, através de um conceito logístico eficaz, também como forma de se controlar todos os custos envolvidos. Parceiros são considerados como tal no processo moderno de produção e não somente coadjuvantes. O alinhamento das montadoras com seus fornecedores parceiros deve garantir que os pedidos sejam atendidos dentro do prazo, na quantidade e na qualidade corretas, podendo reagir com mais eficiência às demandas.

A utilização de tecnologia na manufatura não deve ser obsessão, mas atender às necessidades específicas de cada área, processo ou produto. Não convém adquirir mais e mais robôs, a custo excessivo, se o processo requer poucas operações que agreguem valor ao produto ou não exista a necessidade premente de flexibilidade. Muitas vezes, a simplicidade supera a tecnologia e, assim, custos podem ser evitados para o bem da operação.

Não podemos esquecer nunca do principal fator em todo este processo: as pessoas. Por mais que este seja o lema de muitas empresas – ‘o recurso mais importante que temos são as pessoas’ –, a sua formação e capacitação será o diferencial de sucesso para a plena execução das estratégias. Políticas de desenvolvimento devem fazer parte da cultura da empresa para formar e reter os talentos necessários para que o conhecimento e know-how adquiridos também se transformem em diferencias competitivos.

A manufatura tem também, como se não bastasse tudo isso, de desempenhar suas atividades com foco nas necessidades de sustentabilidade. Como sua missão diária é transformar peças em produtos, não se deve esquecer de garantir que todo o processo produtivo – meios, equipamentos, máquinas, materiais diretos e indiretos – tenha tratamento e destinação apropriada para que não sejam observados impactos no meio ambiente interno e externo.

Afinal, tudo isso que elencamos é suficiente? Podemos parar por aqui? Não! Ainda temos de reduzir custos, aumentar a produtividade, ser flexíveis…

Por Marcelo Martin – Diretor do Comitê de Manufatura do Congresso SAE BRASIL 2011

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Demanda Desempenho Gestão Logística Transportes

Companhias aéreas: pra onde vai o dinheiro?

Wall Street Journal continua a oferecer ótimas matérias para os amantes da boa gestão.

O artigo em questão (Como as companhias aéreas gastam sua passagem, 06 de junho) tenta mapear a fração de custos cobertos pelo número de passageiros a bordo do avião. Assim, se um voo com 100 passageiros pagando a mesma tarifa, 29 pessoas (e portanto, 29% da receita) é usada para pagar o combustível queimado em vôo. Veja a figura abaixo (original, em inglês):

A imagem mostra que 29% da receita com passagens é usada para pagar combustível. Salários consomem 20%, custos ligados à propriedade ficam com 16%, enquanto impostos e taxas governamentais (nos EUA) ficam com 14%. Fazer a manutenção da aeronave custa 11 assentos, e outros custos ficam com 9%. O lucro da companhia aérea é de apenas 1 assento, ou 1% da receita com as passagens vendidas! Nos EUA, isso representa em média 164 dólares. Apenas 164 dólares de lucro por vôo.

Há algumas coisas interessantes aqui. Primeiro, é preciso se perguntar em qual medida podemos comparar custos fixos e variáveis. Por exemplo, os custos de manutenção das companhias aéreas são em grande parte fixos, independente do número de passageiros do avião. Da mesma forma, embora passageiros extras adicionem peso e, portanto, necessitem de mais combustível, não é uma relação um-para-um direta. A maior parte do combustível é queimado apenas mover o avião, independente do número de pessoas a bordo.

Os impostos e taxas, no entanto, são um pouco diferentes. Os EUA cobram um imposto vinculado ao valor do bilhete, assim como taxas de segurança ligadas a cada venda. Estes custos então devem variar proporcionalmente com o número de passageiros.

Além disso, alguns destes custos são mais obscuros e podem ser melhor controlados diretamente pela empresa. Considere a categoria “Outros”.

Nove passageiros são necessários para cobrir a categoria “Outros” – vai desde os itens oferecidos “gratuitamente” como água, refrigerantes, multas por bagagens extraviadas ou taxas extras para entregá-las.  Custos de alimentos principalmente para refeições de primeira classe, somam menos de 2% dos custos das companhias aéreas, segundo a pesquisa. Taxas de embarque para o aeroporto, publicidade, honorários advocatícios, etc,  também fazem parte desta categoria.

O artigo dá grande atenção ao fato de que apenas um passageiro representa o lucro para a empresa. Dado o histórico de prejuízos dessa indústria, é difícil se mostrar surpreso. É uma indústria com grandes custos fixos que está vendendo (essencialmente) uma mercadoria. Ninguém deve estar fazendo muito dinheiro, a menos que os recursos possam ser muito bem utilizados. (Leia mais sobre overbooking.)

Esse último ponto nos leva para outro gráfico divertido. Ele mostra como a utilização dos assentos mudou na última década.

Veja que se esta tendência continuar, as companhias aéreas estarão colocando mais passageiros em cada vôo, e quem sabe no futuro mais do que apenas 1 assento possa representar o lucro.

Baseado no texto “Airlines: Where does all the money go?” de Martin A. Lariviere, publicado no blog The Operations Room. Tradução e adaptação feitas por Leandro Callegari Coelho e autorizadas pelos autores exclusivamente para o Logística Descomplicada.

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Carreira Gestão

O empreendedorismo como opção de vida

Antes de tudo, ser empreendedor é detectar uma necessidade não satisfeita ou falta de qualidade em algum produto ou serviço e apresentar uma solução diferenciada. E isso, sem dúvidas, gera diversos benefícios à sociedade, amplia as possibilidades da economia, gera novos empregos e riquezas para a sociedade.

Existe uma confusão entre o que é ser um empreendedor e o que é estar empresário. Ter espírito empreendedor não é simplesmente ter ousadia para abrir uma empresa. Empreendedorismo está ligado à inovação, à exploração de uma brecha de mercado, de um nicho de mercado que ninguém viu. Uma das maneiras para encontrar um espaço em meio ao cipoal de concorrentes já estabelecidos e conseguir permanecer no mercado é estar sempre atento às oportunidades. Para McClelland, um dos mais conceituados estudiosos na área do empreendedorismo, empreendedor “é o sujeito com forte necessidade de realização e poder, que possui habilidade de influenciar pessoas, sente necessidade de ter seu próprio negócio e aproveita oportunidades que surgem.”

Diferente do que muita gente acredita, uma ideia de negócio não significa necessariamente uma oportunidade de negócio. Uma ideia é uma oportunidade quando traz em si a solução concreta para alguma necessidade. Descobrir uma oportunidade significa encontrar respostas para uma série de perguntas, tais como:

– Existe uma necessidade de mercado que não é suprida ou é atendida com deficiência?

– Que valores o novo produto/serviço agrega para os clientes?

– Qual a quantidade de potenciais clientes para este negócio? Qual é o seu perfil psicográfico?

– Quais são os seus principais concorrentes? Quais os seus pontos fortes e fracos?

– Como funcionam as empresas estabelecidas que se propõem a atender esta necessidade?

– É possível inovar? Em que aspectos?

– Existem ameaças?

– Será que o momento correto é realmente este?

– Existem aspectos legais específicos a considerar?

– Há uma vontade pessoal de atuar neste negócio?

– E muitas outras

Algumas características são fundamentais para quem pretende se aventurar pelo mundo dos negócios:

· Estar atento e perceber as oportunidades que o mercado oferece – quanto mais o futuro empresário dominar o ramo em que pretende atuar, maiores serão suas chances de sucesso

· Buscar informações e aproveitar oportunidades

· Assumir e administrar riscos. É preciso ter confiança em si mesmo e coragem para enfrentar desafios

· Ter senso de organização. Desenvolver a capacidade de utilizar recursos humanos, materiais e financeiros de forma lógica e racional

· Ser decidido. Avaliar friamente as situações e elencar alternativas para escolher a solução mais adequada

· Liderança. Saber definir objetivos, estabelecer indicadores, incentivar pessoas no rumo das metas definidas, treiná-las e orientá-las na realização de tarefas

Quando uma empresa fecha, ocorrem diversos impactos negativos na sociedade. Empregados ficam desempregados, empresários ficam desempresados, o governo deixa de arrecadar impostos e todo o investimento realizado e esperança depositados no negócio é perdida. Por isso, antes de empreender, conheça e procure desenvolver essas características empreendedoras.

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Carreira Gestão

Assédio moral nas relações profissionais: a empresa

Um tema que inspira tantos debates e poucos projetos ainda não inspirou uma lei específica que possa agir contra uma das maiores violências – senão a maior – nas relações de trabalho.

Atualmente, os problemas com as relações interpessoais são os maiores motivos de demissões nos mais diferentes setores dos mercados comerciais e produtivos. As pessoas parecem não se importar com a necessidade da existência de outros companheiros de trabalho para a evolução das atividades da empresa. Surgem então, relações de desrespeito e fadiga moral que bloqueiam o curso de desenvolvimento da empresa e do profissional.

Como é do conhecimento de todos, nenhuma relação é durável quando perseguida por mal-estar. As empresas vêm atentando a esses prejuízos e, com certeza, atentarão bem mais aos custos ocasionados por essas relações desastrosas e desrespeitosas. Talvez então, seja extinto esse paradoxo de ter a iniciativa de punir com demissão um “profissional” que assedia e não proteger o assediado. Embora muitas empresas vejam todas as relações contratuais com profissionais como algo passageiro, a necessidade de cuidar dessa relação é extremamente importante para que, se rescindida, não seja motivo de disputas judiciais e de prejuízos profissionais e pessoais na vida daquele funcionário que, com certeza, teve sua vida marcada por algo que as empresas parecem não ter controle algum.

Não é só pelo despreparo que se dão as desastrosas relações de trabalho. Como já citei em outros artigos, as pessoas estão se preocupando em demasia com as qualificações profissionais e estão esquecendo-se de ser pessoas. Afinal, a gentileza, a cordialidade e a humildade também são elementos fundamentais para o sucesso profissional. É preciso ser pessoa antes de ser profissional.

É dessa forma que se previne o assédio moral nas relações de trabalho, mas para espantar definitivamente qualquer efeito negativo na vida dos profissionais vítimas dessa violência, as empresas também devem parar de “investir” em programas que incentivam essa prática. Parece um desatino, mas algumas empresas promovem esses assédios com práticas antiéticas que agridem os profissionais e lhes condicionam a um ambiente de extremo desconforto.

São programas de avaliação de desempenho que mais atrapalham e desmotivam os envolvidos do que cumprem aquilo a que se propõem, ou deveriam. Verdadeiros assédios morais produzidos em escala dentro dessas empresas sendo vendidos como algo que promovem a mudança por meio da motivação. Ora, desde quando o ser humano está preparado para ouvir sobre seus defeitos e para reagir de forma positiva quando esses defeitos se tornam públicos? Talvez o efeito ameaçador intrínseco nesse ato que comprometa sua permanência nessa empresa seja mais eficiente do que a motivação à mudança perseguida por esses programas cheios de ideias vagas. Esse efeito – vale lembrar – obtido através do medo quando não volátil, tem efeitos totalmente contrários e nasce aí um componente de uma equipe que torce contra para se defender e tentar provar que ele não é tão ruim e que o problema não está nele.

Suas planilhas de desempenho que apontam os que mais acertaram promovem elogios coletivos que só estimulam o lado nada interessante de disputas individuais que buscam a auto-afirmação dentro da empresa. Imagine o efeito do apontamento de erros de forma coletiva…

Mais grave do que aquele chefe ou colega de setor que lhe assedia moralmente com apontamentos pessoais, é a posição da empresa em compactuar e, muitas vezes, ser o próprio agente assediador. Diria grave e desmotivador já que é praticado por aquela que mais perde nisso e, pior, por aquela que deveria proteger.

O papel das empresas na inibição dessas práticas de assédios vai desde o cuidado com as grandes coisas, como sua autoridade, até pequenas, como a escolha do local para uma confraternização, por exemplo. Nesses eventos não se pode permitir ambientes que segregam pessoas e promovem os mais diferentes tipos de assédios.

A relação entre assédio moral e sexual é muito próxima em muitos casos. Um pode resultar no outro. Mas é difícil dizer o que provoca mais danos. Embora muitas vezes não se dê a devida atenção ao seu início, eles tomam proporções devastadoras na vida do indivíduo que conduz à demissão, aos traumas e até mesmo aos suicídios. A proteção dos profissionais nesse âmbito vai refletir diretamente naquilo em que as empresas mais deveriam investir: qualidade de vida.

Mas, qual a fronteira entre uma cobrança por resultados ou uma simples crítica e um assédio moral? A resposta está naquilo que é controvérsia para se fundamentar um assédio: a forma e a repetição. A forma diz que um assédio pode se caracterizar numa única vez a depender de sua pungência, já a repetição condiciona o profissional a uma situação de constrangimento duradouro que lhe impede uma solução rápida e aí surge a necessidade de um apoio profissional; primeiro de um advogado e, muitas vezes, depois de um profissional da saúde.

Talvez esteja aqui a razão com que o Direito trata o assunto: Reza o Direito que esse ato se caracteriza pela repetição. Seria porque o assediado só o procura quando a situação está fora do controle após vários constrangimentos? A palavra “assediar” é sinônimo de “assaltar” – Atacar de repente; investir com ímpeto e de súbito –. Também não seria um fato gerador de traumas em que as leis deveriam contemplar? Se inibido no início, não se evitaria consequências maiores? Fica a discussão.

A verdade é que muitos profissionais vivem esse drama sem apoio nenhum. Precisam do emprego e por isso se submetem, não contam com o apoio dos colegas que também precisam do emprego e não contam com o apoio da lei, ainda branda ou inócua diante de casos crescentes de forma alarmante.

A questão é que as empresas precisam acordar para essa situação. Os modelos de gestão evoluíram além dos resultados, eles encontram fórmulas de sucesso a cada dia e todas têm as pessoas como elemento fundamental. Isso começa com o tratamento adequado dado a seus profissionais com extrema atenção à sua qualidade de vida. Muitas delas, não enxergam pessoas, enxergam números. Números falam, mas não têm sentimentos.

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Gestão Logística

Para estimular a competitividade

Apesar do esforço do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) em passar a ideia de que o comércio exterior brasileiro segue em bom caminho, a verdade é que as perspectivas não se afiguram animadoras. Quem tem boa memória sabe que há dez anos a situação era significativamente melhor.

Na primeira década do século 21 e neste começo da segunda, o comércio global passou por mudanças drásticas que resultaram num estágio desfavorável para o Brasil, com a redução da participação dos produtos manufaturados na pauta de exportação e o predomínio das commodities. Como se sabe, os manufaturados são produtos de maior valor agregado que estimulam a criação de empregos, geram maiores salários e ajudam a ativar o mercado interno.

Com a crise financeira internacional, Estados Unidos e Europa abriram espaço para a Ásia, principalmente para a China, que se interessa praticamente por insumos básicos. Em função disso, o Brasil voltou a ser uma nação exportadora de produtos agrícolas e matéria-prima, tal como acontecia no século 19. E, assim, também em razão da manutenção do real excessivamente valorizado, passou a apresentar nas contas externas uma posição deficitária. Em 2012, esse déficit é da ordem de US$ 60 bilhões.

Onde vamos parar? Para que o País não chegue rapidamente ao pé da ladeira, é urgente não só adotar medidas para a criação de uma melhor infraestrutura logística, a exemplo daquelas anunciadas em agosto pelo governo, como enfrentar com maior empenho o chamado custo Brasil.

Em outras palavras: para aumentar a participação do Brasil no comércio global – hoje restrita a mísero 1% do total –, é necessário reduzir uma carga tributária exorbitante que contribui decisivamente para que o produto nacional se torne pouco competitivo, perdendo espaço no mercado internacional. Mais: a redução tributária ao mesmo tempo deve vir acompanhada de taxas de juros mais civilizadas e condizentes com a economia mundial. Estados Unidos, Japão e China, cujos governos fazem de tudo para que suas empresas conquistem o mercado externo, apresentam carga tributária que equivale a 70% da brasileira.

Obviamente, o governo não pode cair no caminho fácil do protecionismo porque esse é um mecanismo de mão dupla, que pode se reverter contra o País. A questão no Brasil é interna e, portanto, não adianta criar “inimigos” externos. Ou seja: a indústria brasileira precisa melhorar a sua competitividade, em vez de culpar as importações. Aliás, a criação de novas linhas de produção, principalmente para a fabricação de produtos de alto conteúdo tecnológico, exigirá a importação de equipamentos de última geração. Só a importação desse tipo de maquinário leva à modernização.

Para tanto, o governo precisa emitir sinais de que está mesmo disposto a aumentar a competitividade do produto nacional. Só assim o empresariado passará a acreditar na política oficial e irá fazer os investimentos que permitirão a ampla modernização do parque industrial e a conseqüente reversão do atual quadro, voltando os produtos de maior valor agregado a ocupar maior espaço na pauta de exportação.

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Geral Gestão Logística

Progresso com ordem: Brasil tem pontos fortes, mas fraquezas preocupam

Um artigo de maio da revista britânica The Economist diz que o Brasil tem pontos fortes “reais”, mas que o governo deveria “se preocupar mais com as suas fraquezas”.

Apesar de elogiar o desemprego baixo, o aumento dos salários e o investimento estrangeiro direto batendo recordes, o artigo diz que o governo é responsável por grande parte do custo Brasil.

“A carga de impostos não só subiu de 22% do PIB em 1988 para 36% hoje, mas o sistema tributário é absurdamente complexo. A maior parte do dinheiro vai para aposentadorias supergenerosas e para um pesado governo esbanjador, em vez de ser transferida para os pobres”, diz o texto.

Segundo a revista, a presidente Dilma Rousseff vem trabalhando para lidar com alguns destes problemas – tentando eliminar o déficit fiscal, cortando impostos para alguns setores da indústria e apostando na modernização de aeroportos -, mas “seus esforços para baixar os custos são tímidos demais; ela foi responsável pelo tolo novo regime protecionista no setor de petróleo; e a impressão de que ela está preparada para aceitar um crescimento abaixo de 4%”, o que, para a publicação, afastaria investimentos do Brasil, prejudicando seus eleitores mais pobres.

“Uma taxa de crescimento de 3,5% pode parecer generosa para padrões ocidentais, mas está abaixo tanto do que o Brasil precisa para dar continuidade aos recentes ganhos sociais quanto do que poderia ser”, diz o texto.

Investidores estrangeiros

Uma outra reportagem sobre o Brasil publicada na mesma edição da revista afirma que investidores estrangeiros e aqueles que os aconselham demonstram uma abordagem nova e menos empolgada em relação ao País.

Como um dos exemplos dessa nova abordagem, o artigo cita texto recente de Ruchir Sharma, analista do Morgan Stanley, na revista Foreign Affairs, no qual afirma que o Brasil subiu com os preços das commodities e irá cair com eles. Segundo a Economist, após ter conquistado estabilidade macroeconômica e redução da desigualdade de renda e registrado uma recuperação rápida da crise econômica mundial e crescimento de 7,5% em 2010, no ano passado o País cresceu apenas 2,7%, abaixo dos outros Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul).

A revista diz ainda que são necessários “ganhos de produtividade, mais poupança e investimento” para dar um novo impulso à economia brasileira. “Mas não há sinal disso”, diz o texto.

A reportagem cita a recente desvalorização do real frente ao dólar e o fato de a taxa básica de juros estar em 9% e com perspectivas de baixar ainda mais como “vitórias há muito esperadas” pelo governo brasileiro. “Nenhuma, porém, foi suficiente para reverter uma recente mudança de clima contra o Brasil”, diz o texto.

Fraquezas

A revista diz também que, para alguns analistas, “intervenções políticas suplantaram uma moeda supervalorizada como o maior risco no Brasil”, e menciona ainda o caso da nacionalização da YPF pela Argentina no mês passado e o fato de o Brasil não ter criticado publicamente o vizinho. “Isso é arriscado”, diz a revista. “O Brasil realmente é diferente da Argentina, mas estrangeiros talvez não percebam isso.”

A reportagem cita ainda a recente ameaça de multas à Chevron e de prisão de seus executivos, após um vazamento de óleo, que teria provocado questionamentos de possíveis investidores sobre se no Brasil um deslize pode levar ao risco de ter seu passaporte confiscado.

No entanto a revista conclui que, apesar dos problemas e da previsão de crescimento modesto por alguns anos, há ainda muitas oportunidades no Brasil, como nos setores de agribusiness e mineração.

Fonte: Terra / BBC Brasil

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Gestão Gestão da Cadeia de Suprimentos Logística Supply Chain Management

Logística: o desafio da pontualidade (parte I)

Cada vez mais empresas que ascendem ao mercado mais competitivo ou que traçam planos de expansão de seus negócios se depararam com um ponto muito discutido, cobrado e pouco entendido: a pontualidade nas entregas de seus produtos. As reuniões se repetem e nada parece explicar o porquê de tanta insatisfação, devoluções e as dificuldades em fechar novos negócios e, pior, manter o atendimento aos clientes que, aos poucos, vão deixando de ser fiéis.

Nesse caminho, já se pode destacar a correta ação de se reunir e estudar o caso e o pensamento errado de que um cliente pode permanecer fiel enquanto se está em reunião. Tempo é importante e sempre curto. Essas reuniões não podem ser repetitivas para que não se passe a trazer os fatos para dentro de uma normalidade. E a “fidelidade” devido a uma boa condição de pagamento, a um bom relacionamento e até mesmo pela qualidade dos produtos de nada adianta se não há uma boa equipe para “marcar o gol” na hora certa, e essa hora é do cliente, não é nossa.

Muitas empresas não compreendem que os clientes marcados em seus sistemas como “inativos”, o são por consequência de uma logística cheia de falhas. E quando essa logística não existe é só uma questão de tempo para um cliente fiel mudar o adjetivo e o local de seus futuros negócios. Hoje quem é fiel diante da falta de pontualidade em uma entrega que lhe cause danos?

Será mesmo tão difícil compreender essa questão dentro de sua empresa? Você já observou que são muitos os fatores de insucesso para uma simples entrega? Corrigindo: Não existem “simples entregas”. Qualquer atendimento ao seu cliente é fator de estudo e acompanhamento. A dona de casa só não deixa derramar o leite se estiver perto e vigilante e, acima de tudo, saber que é leite e conhecer sua reação na fervura.

Podemos não saber qual a reação de um produto no mercado, mas temos a obrigação de acompanhar para que sua reação cause a melhor das impressões. Esse é um dos maiores fatores do fracasso de um produto: Investir na qualidade e no marketing e desprezar a logística. Se a logística da sua empresa ainda é daquelas que emprega os chamados “Jack” – Jack não deu certo ali, Jack não deu certo aqui… – e vai colocando a satisfação do seu cliente em segundo, terceiro plano… Pode preparar mais cafezinho porque as reuniões serão rotineiras.

Claro que a chave para uma empresa que profissionalizou seu setor de logística é outra. Seus desafios ainda são maiores, pois se cria assim, uma relação de extrema responsabilidade com a satisfação do cliente. Com certeza, até hoje ainda não inventaram algo tão ameaçador para essa satisfação do que a qualidade e a pontualidade.

Em outros artigos, por algumas vezes, abordei a questão da qualidade de nossas rodovias e portos, do comportamento de muitos motoristas, problemas com frotas e das muitas diferenças entre mercados que possuem uma logística diferente. Isso é saber que é leite que está na panela – insisto nesta metáfora –, já deixá-lo derramar é a simples acomodação que vem por se achar que um desses fatores é incontornável. É preciso saber que o cliente também está em meio a essas dificuldades e quando ele compra um produto quer estar comprando uma solução, não um problema.

Não se pode também esquecer aqueles clientes que esperam uma entrega em três dias de algo só possível em cinco. Nessa hora uma boa conversa faz parte, mas acima de tudo, um bom plano para que os cinco dias não virem sete ou dez. Dessa forma, trabalha-se o planejamento e a organização do seu cliente que logo lhe retribui com pedidos bem mais alinhados com a realidade.

A globalização trouxe a sanhuda condição de enxugar custos e de preparação para um atendimento mais perto da primazia. Consequentemente, os clientes estão mais exigentes nos mercados internos e colocando contra a parede aqueles que não atendem quesitos mínimos, que dirá uma falha na entrega. Então, muitas empresas vêem suas devoluções aumentarem assustadoramente e não entendem que se seus clientes não cumprirem contratos com terceiros seu produto volta e a razão pode ser um “problema de qualidade” ou luto pela morte de seu papagaio, quando o real motivo foi logístico.

Prejuízo com o frete (ida e volta) e a demanda de tempo de outros setores para a reconquista da venda já seriam motivos suficientes para qualificar seu setor logístico. Mas muitas empresas ainda estão na contramão dessa lógica quando misturam a logística com outros setores. Na verdade, são outros setores que precisam estar na logística para que essa deixe de ser apenas o setor de transportes – Isso já está mais que ultrapassado, como o fato da produção vender e vendas entregar.

Não têm fórmulas mágicas para o atendimento pontual. A essência é considerar cada entrega como única. O restante, os princípios do bom e velho PDCA (Plan-Do-Check-Act) praticados por alguém voltado à Logística trarão boas soluções. A tarefa não é das mais fáceis, mas é das mais necessárias, primordiais eu diria, para o sucesso da empresa com a manutenção diária da satisfação de seus clientes.

Logo que as empresas começaram a profissionalizar o setor de logística, a frase “Se a produção não atrasou e se sua carga não sinistrou, sua logística falhou” surgiu para justificar alguns erros na parte final dos processos logísticos… Essa frase faz parte do passado. A Logística hoje está planejando e acompanhando a produção e agindo de forma eficiente sobre condições primárias que geram sinistros. Poucas empresas sabem disso, mas muitos dos seus clientes já sabem. E aí, sem querer ser redundante, “não adianta chorar sobre o leite derramado”.

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Logística Previsão

Sazonalidade: a euforia do coelhinho da Páscoa

Os corredores dos supermercados não nos deixam enganar. Centenas de ovos de chocolate, nos mais variados pesos, embalagens, formas e conteúdos, literalmente despencam sobre nossas cabeças. Já nos shoppings centers, lojas bem montadas nos convidam para a degustação desta doce época do ano.

Para muitos empresários é tempo de vacas gordas, fábricas em três turnos, aluguel de armazéns terceirizados, contratação de promotores e negociações com clientes. Tudo tem que estar bem azeitado para que os ovos cheguem com antecedência ao varejo, mesmo considerando que grande parte das vendas é realizada nos dias que antecedem o domingo de Páscoa.

Apesar da euforia, empresas dependentes de datas comemorativas sofrem com o efeito da sazonalidade, ou seja, a concentração de seu faturamento em determinadas épocas, tais como brinquedos no final do ano e pousadas de praia no verão, as quais lutam para tentar cobrir seus custos fixos nos meses mais fracos do calendário.

Algumas saídas encontradas estão na diversificação de seu portfólio de produtos, aproveitando a capacidade produtiva e a sinergia com seus canais de vendas. Um caso clássico é a empresa Bauducco, cujo carro-chefe em outras épocas, é hoje apenas mais um item no Natal. Biscoitos, torradas, barrinhas, bolos e até produtos específicos para a Páscoa, hoje ajudam a empresa a viver com um fluxo de caixa mais equilibrado.

Um item de extrema importância para estas firmas está na previsão da demanda, ou seja, quanto devo produzir visando o período de alta sazonalidade. Para prestadores de serviços, a capacidade do sistema é seu limitante, tais como quartos de hotéis e assentos em aviões, bem que isso não seja tão verdade, com os constantes overbookings.

Já para as empresas manufatureiras significa perder clientes à concorrência – no caso de falta de produtos – ou ainda amargar com estoques de pouco apelo. Panetones oferecidos por um terço do valor original em pleno mês de Março é um claro sinal que algo não ocorreu como o planejado.

Uma previsão de demanda eficiente evitará além dos altos estoques ou falta de produtos, uma melhor utilização dos recursos fabris e logísticos: alocação e contratação de mão de obra, investimentos extras em ativos fixos, gastos com horas extras, estoques de matérias-primas, armazenagem e frete. Em suma, trará mais lucratividade para a empresa através da redução de custos diretos e indiretos.

Em geral as áreas de vendas e marketing é que se encarregam de montar o forecast ou previsão de vendas, baseados em técnicas quantitativas e qualitativas. A análise de séries temporais é o indicador mais comumente utilizado, o qual supõe que as vendas futuras serão um reflexo do passado. Apesar de eficiente, algumas variáveis devem ser acrescidas tais como grandes negociações esporádicas, promoção de preços, falta de produtos da concorrência e tendências de mercado.

Não por outro motivo saliento a importância de uma sessão complementar, alinhando as previsões obtidas através da análise quantitativa, com opiniões de especialistas de diversas áreas da empresa: vendas, marketing, produção, finanças, compras e logística, os quais com suas experiências passadas e funcionais ajudarão a refinar este número, comprometendo-se em última análise com sua consecução, evitando o jogo de empurra, comum quando algo não dá certo.

Como conclusão, sugiro que as empresas ainda altamente dependentes atuem em duas frentes, uma de curto e outra de longo prazo. Planejamento, métodos e processos, trabalhando na redução dos riscos de falta ou sobra de produtos, assim como na melhoria de sua lucratividade no curto prazo. Lançamento de novos produtos ou entrada em outros nichos de mercado, reduzindo sua dependência de eventos sazonais no longo prazo. Caso contrário, continue acreditando e sonhando com papai noel e coelhinho da Páscoa.

Por Marcos Morita: mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.
professor@marcosmorita.com.br. Fonte Logweb

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Desempenho Gestão Logística

O varejo precisa se reinventar para sobreviver

A competitividade globalizada impõe novos conceitos de produtos, processos e formatos de lojas. A cada dia surgem novas tecnologias e inovações na forma de ser e de operar os negócios.

O desenvolvimento contínuo de novas tecnologias e inovações geram uma crescente ampliação de benefícios aos clientes e asseguram a competitividade das empresas.

Por mais que essas novas tecnologias agreguem valor, o elemento humano ainda é fundamental para o bom desempenho das vendas. Sabe-se que clientes gostam e compram mais em lojas que possuem vendedores motivados, qualificados e dispostos a atendê-los.

Por maiores que sejam os avanços tecnológicos e a disponibilidade de produtos e informações na internet, gente ainda gosta de ser atendida por gente que as ajude a escolher e a tomar as melhores decisões. A prova disso é o grande número de pessoas que desligam o telefone ao serem atendidas por secretárias eletrônicas, e o espantoso volume de carrinhos de compras abandonados, sem compras concretizadas, nos sites de comércio eletrônico. Em alguns sites, o número de compras iniciadas e não terminadas é superior aos pedidos fechados.

Três tendências são hoje uma constante no varejo: a busca por conveniência, a customização e a indulgência.

Conveniência

No ritmo frenético atual as pessoas valorizam cada vez mais a oferta de facilidades e conveniências. Comprar tem de ser sinônimo de prazer e não de sacrifício. Os clientes ditam o mix dos produtos, como querem as embalagens, as entregas e o pagamento. Varejistas que não facilitam as compras, impondo formas de pagamento que favorecem apenas os seus processos internos sem levar em conta o que é mais conveniente para os clientes estão com os dias contados.

Customização

Reconhecer e respeitar a necessidade dos clientes de serem tratados e atendidos como importantes e únicos, faz parte do modo de ser e proceder do varejo contemporâneo.

Comerciantes que concebem seus negócios apenas como transações comerciais, a simples troca de produtos e serviços por dinheiro, conseguirão no máximo ser sobreviventes “bóias-frias” do varejo.

Para crescer e até mesmo para se manter no mercado, clonar ou apenas neutralizar as ações da concorrência não são mais suficientes.

As necessidades dos consumidores estão mais sofisticadas e o alto desempenho no varejo está reservado aos que entenderem que estão diante de um novo mercado, formado por novos consumidores, que nas suas compras buscam além de coisas comuns. Estão atrás de produtos, serviços e atendimento personalizados, feitos sob medida para eles.

Indulgência

O sentimento de “eu mereço” é cada vez mais perceptível na sociedade atual. Muitos produtos de luxo são comprados muito mais como forma de recompensa emocional do que pelo desejo de demonstrar status.

Uma posição sólida no mercado e na mente dos clientes está reservada para os que conhecem os clientes em profundidade e buscam a inovação e a diferenciação com persistência, de forma a tornar a experiência de compra um momento inesquecível.