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Desafios do turismo no Brasil

A atividade turística em nosso País é hoje uma das cinco atividades que mais geram renda à nossa economia. Gera empregos, alimenta o comércio regional, contribui para a sustentabilidade das regiões visitadas e movimenta a produção, distribuição e consumo de bens e arte locais.

De fato, o turismo brasileiro se apoia no desenvolvimento de eixos integrados, que reúnem várias cidades com uma única vocação: assim temos o Circuito das Águas, a Rota dos Vinhos, roteiros litorâneos, das montanhas, numa infinidade de regiões cobertas pela malha rodoviária.

turismo brasilPara integrar essas diversas localidades brasileiras, onde o acesso por via aérea é mais complicada ou inexistente, a responsabilidade única e exclusivamente fica a cargo do turismo rodoviário, aquele realizado por ônibus e micro-ônibus. Esse modal é o meio de transporte com preços mais acessíveis e que nos fazem chegar a lugares mais remotos e com uma diversidade de opções de lazer e cultura. Também é o meio de transporte preferido por grupos, muitas vezes em excursões de turismo.

Acontece que no Brasil, operar esse tipo de transporte acarreta inúmeras complicações tanto para a transportadora turística como para o passageiro. Em primeiro lugar, porque lidamos não só com o lazer das pessoas, mas com vidas humanas. E essas requerem um maior cuidado na operação, seja na questão segurança, no quesito conforto ou no atendimento personalizado.

Outro fator importante é a condição estrutural das estradas, a maior parte da malha viária brasileira está em péssimas condições. Se houvesse mais investimento em nossas rodovias, muitas vezes em completo estado de abandono, certamente haveria um crescimento exponencial do turismo regional, com exceção ao Estado de São Paulo, cuja malha viária é excelente, ao menos nos principais eixos. A falta de planejamento urbano também é mais um dado que incomoda a quem viaja. Muitas cidades querem ser contempladas pelos benefícios do turismo, mas não se atentam para a infraestrutura necessária para receber o turista que chega em grupos.

Muitos municípios não têm locais adequados para embarques e desembarques nos pontos turísticos, a sinalização é precária, não possuem estacionamentos próprios para os ônibus de turismo e, acreditem, não planejam sequer a altura do portal para que os veículos mais altos adentrem na cidade. Outros como São Paulo, por exemplo, criam restrições tais, como horários de circulação e a instalação de equipamentos caríssimos, que simplesmente impossibilitam o acesso do turismo rodoviário eventual.

A clandestinidade também é outro item agravante. Como não existe um número suficiente de agentes de fiscalização para controlar a ação dos irregulares, proliferam em todo País as rodoviárias alternativas e empresas fraudulentas, que vendem serviços turísticos a preço de banana e lesam o consumidor, porque não entregam o que prometem e ainda comprometem a qualidade do turismo rodoviário como um todo.

A legislação aplicada ao setor é muito mais pautada por exigências que visam impedir, de forma passiva, o transporte regular clandestino do que incentivar ou simplesmente atender a evolução do mercado turístico.

A fiscalização dos clandestinos é pequena. A falta de fiscais faz com que o Estado, de uma maneira geral, tenha que se valer, para essa função, das polícias militares e rodoviários, cujos agentes foram preparados apenas para a repressão à criminalidade e que não têm o tato adequado para lidar com o turista. Não raramente, adentram nos ônibus de turismo usando armamento pesado, acordando passageiros em plena madrugada para exigir documentos e para revistar bagagens. Conclusão: todos os anos os setores de turismo investem milhões de reais para atrair turistas e, com frequência, eles acabam perdendo horas preciosas de passeio em operações de fiscalização nas estradas, provocando medo e má impressão.

Todas essas dificuldades acabam por afugentar investimentos preciosos para o turismo rodoviário, tanto da iniciativa privada quanto do poder público.

A tendência para o desenvolvimento do turismo rodoviário no País passa pela ampliação e pela garantia de manutenção da malha rodoviária, pelo aumento da infraestrutura nas localidades para receber os veículos turísticos. Também requer mais comprometimento dos setores públicos nas soluções dos problemas de fiscalização e legislação, além de apoio aos transportes considerados prioritários para a promoção das rotas turísticas nacionais e pela criação de incentivos aos investidores para a melhoria do transporte rodoviário. A Copa do Mundo é em 2014 e as Olimpíadas em 2016. Teremos tempo para ajeitar tudo até lá?

Por Regina Rocha – Advogada, bacharel em turismo e diretora executiva da FRESP – Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo

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Novas tecnologias para resolução de novos conflitos da mobilidade

Assistimos nos dias de hoje uma verdadeira revolução tecnológica no setor da mobilidade. Este setor sempre se destacou pela introdução de inovações tanto na tecnologia do produto como nos métodos e processos de fabricação e distribuição.

A inovação surge sempre quando há conflitos a resolver. Por exemplo, Henry Ford queria popularizar a venda de automóveis no início do século XX. Porém a produção de veículos era extremamente artesanal, com componentes feitos individualmente para cada unidade produzida. Não havia padronização, nem mesmo um sistema logístico para distribuição de componentes e produtos. Surgiu então a linha de produção e a padronização de componentes, que permitiram uma drástica redução de preços e o veículo ficou ao alcance do público em uma escala jamais vista.

evolucao automoveisHoje temos uma diversidade de outros conflitos esperando solução. O aumento de renda das populações e o desejo por mobilidade fazem crescer as vendas de automóveis, causando pressão sobre a infraestrutura viária e sobre o consumo de combustíveis fósseis, além de um impacto ambiental e climático insustentável, com custos que influenciam toda a economia. A grande contradição é que o consumidor, que desejava liberdade e mobilidade plena, está preso nos congestionamentos e sonha com melhorias nos transportes públicos, malha viária, etc.

Essa e outras contradições que assistimos no setor da mobilidade exigem soluções inovadoras. Como as inovações tecnológicas irão mitigá-las? Temos diversas vertentes a considerar. Desde o próprio paradigma do transporte individual, no qual há cenários de micro veículos inteligentes para uma ou duas pessoas, que levariam os usuários a grandes terminais multimodais, até tecnologias específicas aplicadas à propulsão, transmissão e conforto dos veículos.

Vemos um grande desenvolvimento na área da propulsão elétrica, que pode ser elétrica pura, híbrida, híbrida “plug-in”, a célula de combustível. Projeções realizadas pela IEA (International Energy Agency) recomendam para 2050, que 50% dos veículos leves globais sejam híbridos e elétricos puros, medida que, aliada a alterações na geração de energia e incentivos governamentais, poderia reduzir a emissão de CO2 em 50%.

Praticamente todas as grandes montadoras do mundo hoje já possuem veículos híbridos comercialmente disponíveis, e estratégias para veículos elétricos puros e mesmo a célula de combustível. Em paralelo, melhorias nos motores a combustão, para aumento da sua eficiência e aplicabilidade nos veículos híbridos também estão introduzidas. Essas melhorias também estão presentes nos sistemas de transmissão, como, por exemplo, os “start-stop” que permitem maior conforto ao dirigir e contribuem para a redução das emissões.

Por Jomar Napoleão – Chairman do Comitê e Veículos Leves do Congresso SAE BRASIL 2011

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O problema da mobilidade urbana

Para quem leu o panorama das tendências da logística para 2010 mostrado aqui no site (4 opiniões diferentes: a minha, a do Rogério Barrionuevo, do Luiz Paiva e do Neimar Follmann) viu que uma das minhas preocupações e expectativas para 2010 é com relação à mobilidade urbana, a logística urbana.

Leia esta reportagem da Revista Veja Online, que trata sobre este assunto, e mostra que na Holanda esta preocupação já está gerando ações concretas.

Saiu da garagem, pagou

A Holanda vai cobrar tarifa por quilômetro rodado de todos os carros do país.
A intenção é diminuir os enormes congestionamentos de trânsito

Holanda, um dos países com maior densidade populacional da Europa, é também um dos que mais sofrem com congestionamentos de trânsito. Nos horários de pico, em Amsterdã e arredores, as lentidões chegam a se estender por 1000 quilômetros. Na tentativa de diminuir essa tortura diária infligida aos cidadãos, o ministério dos transportes holandês anunciou que, a partir de 2012, passará a cobrar uma taxa por quilômetro rodado de todos os carros que circulam no país. A tarifa básica será de 3 centavos de euro por quilômetro, com previsão de reajuste gradual até chegar a 6,7 centavos em 2017. Os valores serão maiores nas vias mais movimentadas e nos horários com volume de trânsito maior. Carros híbridos e muito econômicos terão descontos. Como compensação pela nova taxa, os impostos sobre veículos serão reduzidos. Até a cobrança entrar em vigor, todos os motoristas holandeses terão de equipar seus carros com aparelhos de GPS, que enviarão as informações sobre sua movimentação a uma central responsável pela cobrança. A falta do GPS acarretará multa.

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Tendências da logística e supply chain para 2010

sucessoArtigo de autoria de Leandro Callegari Coelho, publicado no portal INBRASC.

Mais um ano chegou ao fim, e depois de olhar para trás e avaliar tudo o que passou, é hora de olhar para o futuro, traçar novas estratégias, e ver o que o mercado nos traz. Ao longo deste ano, compartilhei algumas ideias e sugestões de melhorias através de matérias como esta, aqui no INBRASC. Abordamos, desde janeiro, questões como flexibilidade logística, previsão de demanda, controle de estoques, agregação de valor, como melhorar o lucro, questões ambientais e indicadores de desempenho.

Agora, olhando para frente, tentarei identificar quais serão as tendências do setor logístico e de supply chain para os próximos anos.

Essa análise será feita usando três pilares: (1) consciência; (2) os investimentos que já foram feitos, e; (3) o desafio de se morar em grandes cidades.

O primeiro pilar diz respeito à consciência ecológica e social, a preocupação com o futuro do local onde vivemos: seja nossa rua, a comunidade ou o planeta. Os inúmeros debates mundiais que acontecem nesse tema são prova de que o assunto veio para ficar, e em breve todos os setores estarão engajados: seja por consciência própria, seja por pressão da comunidade e dos consumidores. Assim, a logística precisa se preocupar em conseguir melhores processos com a logística reversa, maior efetividade dos sistemas de roteamento a fim de diminuir os custos de transportes, e maior preparo dos sistemas produtivos para evitar desperdícios.