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Avanços tecnológicos das montadoras de veículos

A primeira linha de montagem móvel foi uma maneira primitiva – e engenhosa – de acelerar a produção e diminuir os custos.

linha de montagemOs engenheiros da Ford criaram um sistema na unidade de Highland Park em que um chassis era puxado por um guincho e uma corda estendida sobre o chão da fábrica. Cerca de 140 trabalhadores estavam posicionados ao longo dos 150 metros de comprimento da linha, cada um dos quais adicionando partes específicas no veículo.

As 3.000 peças do modelo T eram montadas em 84 etapas distintas, todas possibilitadas pela linha. O processo reduziu o tempo necessário para a montagem de um carro de 12 horas para menos do que três. Outras funções na planta foram melhoradas e aceleradas para acompanhar o novo ritmo da produção, muito mais rápido.

“Junto com a linha vieram transportadores suspensos para mover as peças e muitas outras inovações que economizavam trabalho”, disse Bob Casey, ex-curador de transporte no Museu Henry Ford e autor de “O Modelo T: Uma História do Centenário.”

A linha de montagem tornou-se um laboratório de trabalho que os engenheiros da Ford constantemente melhoravam os processos. Outras montadores logo seguiram o exemplo dos automóveis Ford e adaptaram suas próprias versões da linha de montagem. Logo, a concorrência tornou-se a força motriz para melhorar a produção. “As montadoras nunca pararam de buscar maneiras de tornar esta velha tecnologia muito melhor”, disse Casey .

A linha teve outros benefícios. O número de demissões entre os trabalhadores em fábricas de automóveis era extremamente alto. Mas a linha abriu a porta para os trabalhadores menos qualificados, que poderiam executar tarefas simples e repetitivas, padronizadas. E quando o Ford começou a oferecer a esses trabalhadores um salário de US$ 5 por dia – equivalentes a $117 em dólares de hoje – a taxa de rotatividade caiu vertiginosamente.

“Ford reduziu a habilidade necessária e aumentou o salário, o que teve um impacto enorme” , disse Casey.” Ele não só criou a lealdade entre os trabalhadores, mas também lhes permitiu comprar os carros que estavam produzindo.”

Avancemos para hoje, dentro dos cinco milhões de metros quadrados da Ford, em uma unidade ultramoderna em Michigan, na cidade de Wayne. Cerca de 5.000 trabalhadores ocupam a fábrica em três turnos. A linha de montagem é de três quilômetros de comprimento e dispõe de mais de 900 robôs. Nos últimos quatro anos, a Ford investiu mais de US$ 500 milhões para reformar a fábrica, que data de 1957.

O que torna a planta incomum é a variedade de veículos que faz. Seu produto principal é o Focus, um dos carros mais vendidos no mundo. Mas a fábrica o produz não apenas com motores a gasolina tradicionais. Ele também pode construí-lo em versões elétricas e híbridas.

E a empresa adicionou recentemente a produção do novo C-Max Hybrid – um furgão pequeno que compartilha muitas peças com o Focus, mas tem forma e estilo totalmente diferentes.

Recentemente, enquanto Focus e C-Max passeavam suavemente ao longo da linha, o Sr. Fleming, o executivo da Ford , disse que a empresa tinha a intenção de fazer todas as suas fábricas tão flexíveis quanto a montadora de Michigan.

“Nos próximos cinco anos, nossas plantas globais serão capazes de produzir uma média de quatro modelos ou derivados de um modelo diferente”, disse ele .

A Ford também está reduzindo o número de plataformas de veículos básicos, que são os fundamentos de seus modelos. Hoje , a Ford constrói sua linha de produtos em 15 plataformas diferentes – os quadros estruturais de veículos – de diferentes tamanhos. Em 2017, segundo os projetos montadora, quase todos os veículos serão feitos a partir de nove plataformas centrais.

Outras empresas de automóveis estão se movendo na mesma direção. Toyota e Volkswagen estão entre os líderes em derivar vários modelos de cada uma de suas plataformas individuais.

Baseado no texto “100 years down the line”, do The New York Times.

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Logística Transportes

Qual a origem dos veículos que circulam no Brasil

Você sabe onde são fabricados os carros que circulam no Brasil? Apesar de termos muitas montadoras, grande parte dos nossos veículos ainda são importados. Você que vai trocar seu carro ou comprar um carro novo, sabe de onde ele veio, onde foi fabricado?

Temos no Brasil fábrica das montadoras Chevrolet, Citroen, Fiat, Ford, Honda, Hyundai, Mitsubishi, Nissan, Peugeot, Renault, Toyota, Troller e Volkswagem, que juntas disponibilizam no mercado nacional 56 modelos.

O Brasil é o 5º maior mercado de automóveis do mundo. No primeiro semestre de 2012, foram comercializados quase 2 milhões de veículos (exatos 1.983.781).

Muitas vezes ao comprarmos um carro, pensamos estar adquirindo um carro nacional, mas na verdade ele foi fabricado dentro do Mercosul, ou outro país da América Latina, como o México, país com o qual o Brasil tem acordo de importação e exportação de veículos, e este fato não nos é informado na hora da compra.

Encontramos rodando nas estradas brasileiras, veículos das marcas: Audi, BMW, Chery, Chevrolet, Chrysler, Citroen, Dodge, Ferrari, Fiat, Ford, Honda, Hyundai, JAC, Jaguar, Jeep, KIA, Lamborghini, Land Rover, Lexus, Maserati, Mercedes Benz, Mini, Mitsubishi, Nissan, Peugeot, Porsche, Renault, RAM, Smart, SsangYong, Subaru, Suzuki, Troller, Toyota, Volkswagen e Volvo, que juntas disponibilizam no mercado brasileiro 241 modelos.

Na tabela abaixo você encontra onde são fabricados os modelos nacionais que rodam em nosso País.

MARCA MODELO CIDADE
CHEVROLET Cruze/Cruze Sport 6 São Caetano do Sul SP
Spin/Cobalt/Montana São Caetano do Sul SP
Classic/S10 São Caetano do Sul SP
Celta/Prisma Gravataí – RS
CITROEN C3/C3 Picasso/Aircross Porto Real – RJ
FIAT Novo Palio/Siena EL Betim – MG
Palio Fire/Mille/Uno Betim – MG
Idea/Strada Betim – MG
Palio Weekend Betim – MG
Palio Adventure Betim – MG
Doblò/Punto/Bravo Betim – MG
FORD ka/Courier São Bernardo – SP
Fiesta Rocam/EcoSport Camaçari – BA
HONDA Fit/City/Civic Sumaré – SP
HYUNDAI Tucson Anápolis – GO
MITSUBISHI L200 Triton Catalão – GO
Pajero TR 4/Dakar Catalão – GO
NISSAN Livina/Grand Livina São José dos Pinhais – PR
Grand Frontier São José dos Pinhais – PR
PEUGEOT Hoggar Porto Real – RJ
207(Hatch/SW/Escapade/Sedã) Porto Real – RJ
RENAULT Sandero/Logan/Duster São José dos Pinhais – PR
Sandero Stepway São José dos Pinhais – PR
TROLLER T 4 Horizonte – CE
TOYOTA Corolla Indaiatuba – SP
VOLKSWAGEN Gol G4/Gol/Saveiro São Bernardo do Campo – SP
Gol/Voyage Taubaté – SP
Polo(hatch/Sedã)/Parati São Bernardo do Campo – SP
Fox/Cross Fox São José dos Pinhais – PR
Space Fox/Golf São José dos Pinhais – PR

 

Entre os importados, recebemos os seguintes modelos, separados por continente:

EUROPA

AUDI – A1 (Bélgica), A3, A4, A5, A6, A7, A8, R8 eQ5 (Alemanha), TT (Hungria), Q3 (Espanha), Q7 (Eslováquia)

BMW – Séries 5, 6, 7, 1, 3, X1 e Z4 (Alemanha)

CITROEN – C5, C5 Tourer (França), Grand C4 Picasso e C4 Picasso (Espanha)

FERRARI – California, 599 GTB Fiorano, FF (Itália)

JAGUAR – XJ, XF, XF Sport Brake, Linha R (Inglaterra)

LAMBORGHINI – LP 550-2 Bicolore, Gallardo LP 560-4, Gallardo Spider LP-560-4, Superleggera, Performante, LP 570-4 Super Trofeo Stradale, Aventor (Itália)

LAND ROVER – Evoque, Freelander, Range Rover Sport, Discovery 4, Range Rover Vogue (Inglaterra)

MASERATI – Gran Turismo 4.7S Competizione, Gran cabrio 3, Quattroporte Sports GT S, Gran Turismo MC Stradale (Itália)

MERCEDES BENS – Classes C, E, CLS, S, SLK, GLK, AMG (Alemanha), G-Class (Áustria)

MINI – One, Cooper, Cooper S, Cooper S Coupé, Cooper S Cabrio, Cooper S Roadster, Cooper Countryman, Cooper S Countryman, Cooper Works (Inglaterra)

PEUGEOT – 3008, 508 (França), RCZ (Áustria)

PORSCHE – Bosxter, 911, Cayman, Cayenne (Alemanha)

SMART – Fortwo (França)

VOLKSWAGEN – Tiguan, Passat, Passat CC (Alemanha), Touareg (Eslováquia)

VOLVO – XC60, S60, C30 (Bélgica), XC90, V60 (Suécia)

AMÉRICA DO NORTE

BMW – X5, X6 (Estados Unidos)

CHEVROLET – Camaro (Canadá), Malibu (Estados Unidos), Captiva (México)

CHRYSLER – 300 C, Town & Country (Canadá)

DODGE – Journey (México)

FIAT – 500, Freemont (México)

FORD – New Fiesta, Fusion (México), Edge (Canadá)

HONDA – CR-V (México)

JEEP – Compass, Cherokee, Grand Cherokee, Wrangler (Estados Unidos)

MERCEDES BENZ – GLK, GL (Estados Unidos)

NISSAN – March, Versa, Tiida, Sentra (México)

RAM – 2500 (México)

SUBARU – Tribeca (Estados Unidos)

VOLKSWAGEN – Jetta, Jetta Variant (México)

AMÉRICA DO SUL

CHERY – face, Tiggo (Uruguai)

CHEVROLET – Agile, Classic (Argentina)

CITROEN – C4, C4 Pallas (Argentina)

FIAT – Novo Palio, Siena EL, Palio Fire (Argentina)

FORD – Focus, Ranger (Argentina)

PEUGEOT – 308, 408 (Argentina)

RENAULT – Clio, Fluence, Symbol, Kangoo Express (Argentina)

TOYOTA – Hilux, Hilux SW4 (Argentina)

VOLKSWAGEN – Space Fox, Amarok (Argentina)

ÁSIA

CHERY – QQ, S18, Cielo (China)

CHEVROLET – Sonic hatch, Sonic Sedã (Coréia do Sul)

HYUNDAI – Azera, Sonata, Veloster, Elantra, Genesis, Equus, i30, i30 CW, ix35, Santa Fé, Vera Cruz (Coréia do Sul)

JAC – J3, J3 Turin, J5, J6 (China)

KIA – Cerato, Cerato koup, Optima, Cadenza, Sorento, Mohave, Soul, Sportage, Carens (Coréia do Sul)

LEXUS – LS460L, IS300, RX 350, ES 350 (Japão)

MITSUBISHI – Pajero Full, ASH, Lancer, Outlander (Japão)

SSANGYONG – Korando, Rexton, Kyron, Actyon Sports, Actyon (Coréia do Sul)

SUBARU – Impreza, Impreza WRX, WRX STI, Legacy, Outback, Forester (Japão)

SUZUKI – SX4, Jimny, Grand Vitara (Japão)

OCEANIA

CHEVROLET – Omega (Austrália)

Fonte: http://www.terra.com.br/economia/infograficos/carro-fabricas-no-mundo/

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Montadoras enviam ao exterior US$ 5,58 bi: custo Brasil ou lucro Brasil?

A julgar pelos lucros que receberam, as matrizes de diversas montadoras de automóveis não tiveram do que reclamar de suas subsidiárias brasileiras em 2011. Os dados estão fresquinhos, foram divulgados pelo Banco Central na última terça-feira (24): a indústria automotiva no Brasil foi o setor que mais remeteu dinheiro ao exterior no ano passado, à frente até de bancos e empresas de telecomunicações, que ficaram com o segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Não se trata de números frívolos: foram os próprios fabricantes de veículos que registraram junto ao BC remessas de lucros e dividendos no total de US$ 5,58 bilhões, o maior valor de todos os tempos, equivalente a 19% de todas as operações desse tipo no ano no Brasil e 36% superior aos US$ 4,1 bilhões de 2010.

Não por acaso, as remessas recordistas de lucros e dividendos das montadoras instaladas no país aumentaram justamente no momento em que as matrizes mais sofrem nos mercados maduros de Europa e América do Norte, e por isso precisam sustentar seus resultados financeiros com o caixa das subsidiárias em países emergentes. O BC não publica a lista de empresas remetentes de dinheiro nem os valores individuais, muito menos as empresas informam qualquer dado sobre o tema, alegando que só divulgam balanços no exterior — mas lá também não se encontram os lucros recebidos de cada subsidiária; e assim tudo fica por isso mesmo.

US$ 5,6 bilhões – foi o valor total remetido às matrizes pelo setor automotivo em 2011, recorde histórico e maior montante em toda a economia do país

0,7% – foi o crescimento da produção de veículos no Brasil em 2011 ante 2010; o total chegou a 3,4 milhões de unidades no ano

36% – foi o crescimento dos valores remetidos ao exterior em 2011 ante 2010, apesar do pífio aumento na produção

US$ 1.647 – foi o valor enviado ao exterior a cada veículo produzido aqui, independentemente de marca, preço local e destino (Brasil ou exportação)

Nada contra o lucro, tudo contra esconder esses números como se fosse coisa ilegal. Não é. Contudo, é no mínimo desconfortável, tendo em vista que as montadoras, em maior ou menor grau, estão alinhadas ao discurso da falta de competitividade brasileira, que torna difícil a vida por aqui, e que por isso precisaria ser compensada com generosos incentivos fiscais e financiamento público de investimentos. Os dividendos remetidos mostram que a vida no Brasil pode ser complicada, mas também pode ser altamente lucrativa.

Conceito aloprado

É fato que existem problemas de competitividade. Por isso mesmo é surpreendente que, em ambiente tão adverso como pintam as montadoras, as remessas de lucros e dividendos tenham aumentado tanto.

Vale destacar que esses resultados foram conseguidos, em sua maioria, com a venda de carros que têm graus de sofisticação e conforto bastante inferiores em comparação com os modelos fabricados nos países de origem das empresas instaladas aqui, porque no Brasil o poder aquisitivo dos consumidores também é menor — ainda que esteja em ascensão. Em tese, são produtos menos rentáveis, que — para piorar — no Brasil recebem uma das maiores cargas tributárias do mundo para competir com a margem de lucro.

Cabe ressaltar, também, que a produção das fábricas brasileiras de veículos avançou muito pouco em 2011, apenas 0,7% sobre 2010 – ou seja, produziu-se quase o mesmo e, ainda assim, foi possível remeter muito mais lucro: US$ 1,5 bilhão a mais do que no exercício anterior.

Portanto, temos no Brasil um caso inusitado, digno de estudos acadêmicos ainda a serem feitos: fabricantes de veículos dizem enfrentar aqui custos altos de toda natureza, fazem produtos considerados de baixa rentabilidade, com alta incidência de impostos, a produção não avança — e, ainda assim, remetem lucros bilionários às matrizes.

Além disso, ainda sobra algum para prometer investimentos combinados que já passam de US$ 26 bilhões nos próximos cinco anos, considerando somente os anúncios feitos até dezembro passado. Só lucros generosos — e financiamentos públicos idem — podem justificar a aplicação de tamanha fortuna para fazer no Brasil novos produtos e aumentar a capacidade de 18 fábricas de carros e nove de caminhões, além da construção de oito novas plantas de automóveis e seis de veículos comerciais pesados, elevando o número total de unidades de produção das atuais 24 para 38, com capacidade para fazer 6,5 milhões de unidades por ano a partir de 2015.

Por mais aloprado que o conceito pareça, é preciso reconhecer que “Custo Brasil” e “Lucro Brasil” são como irmãos siameses: andam grudados, um puxando o outro, mas sempre na mesma direção: para cima, no preço dos carros, relativamente altos em relação ao que oferecem.

Bom exemplo

O Brasil tem, sim, problemas de competitividade a enfrentar, mas por certo o lucro não está entre eles. Portanto, não há nenhuma justificativa para aumentá-los por meio das medidas de incentivo ao setor automotivo nacional (ou seria transnacional?), que estão em gestação no governo e podem ser anunciadas em fevereiro.

Muito pelo contrário: assim como o país deveria reduzir impostos sobre veículos, as montadoras deveriam dar o bom exemplo de diminuir lucros e incluir mais qualidade tecnológica nos modelos produzidos aqui.

Por Pedro Kutney: jornalista que publicou este artigo em Automotive Business