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Logística

Conhecendo a logística

Em 6 de junho comemoramos o dia da logística. Conheça um pouco mais da história da logística, de Jomini, Thorpe e Eccles até os dias de hoje.

 

O passado nos fornece informações valiosas para perceber e planejar o futuro. Parece tão simples, mas muitos se focam tanto nos resultados finais que descartam conhecimentos e tornam mais difíceis ou até mesmo inalcançáveis os seus objetivos.

Como acontece com pessoas, acontece com organizações. Como acontece com mercados, acontece com teorias e práticas das profissões. Saber de onde e como veio a profissão que você escolheu é, além de respeito próprio, um dado importante para se localizar no mercado. Se não conhecemos uma “teoria-mãe” não temos como concordar, paradoxar ou nos diferenciar já que não se tem noções de referências. Quando assumimos uma profissão, emprestamos a ela nossos valores pessoais e recebemos dela a oportunidade de fazer parte da sua história, como fez Taylor, Fayol, Pacioli, Jomini, Thorpe, Eccles e tantos outros do passado ou contemporâneos.

06 de junho - dia da logísticaInfelizmente, muitos correram para a porta da logística e atropelaram os anfitriões. Eu também fui um dos que passei sem nem “dizer as horas”. Hoje vejo a “careta” dos alunos de logística quando se fala em história e depois a mesma sensação que experimentei ao saber que estou incluído em algo no qual pessoas brilhantes prepararam o caminho que sigo agora. Não aquele que os “Logistikas” seguiam arrendados com a missão de suprir as guerras dos antigos gregos e romanos; talvez os idealizados inicialmente por Thorpe ou o caminho que Eccles iniciou sem a total noção da sua contribuição para algo mais nobre do que guerras: A construção e desenvolvimento das nações. E mais tarde, com a logística norteando a contribuição dos demais profissionais que passaram e estão na área, veio o avanço econômico e tecnológico e a possibilidade de melhorar sempre aquilo que, para muitos, parece o ponto final.

A modernização da logística é algo tão maravilhoso e intrigante como se segue nos dias de hoje. Sua história nos incita à reflexão sobre a importância dessa arte que se fez com a mesma desconfiança que experimentamos em muitas empresas que, como naquele tempo, representadas pelas forças militares, tinham outro foco e não conseguiram captar o real caminho das transformações de suas estratégias. O erro dessas organizações em não acreditar e não desenvolver o termo logístico que o Barão Antoine-Henri Jomini (1779-1869) introduzia no vocabulário militar francês em 1836 (e depois no russo), fez perder o tempo, o dinheiro e o êxito tão defendidos quando escreveu “Sumário da Arte da Guerra” onde a dividia em cinco atividades: Estratégia, grande tática, logística, engenharia e tática menor. Foi muito lido, mas só por suas lições de estratégia e de tática.

Os Estados Unidos se valeram da obra de Jomini “desprezando” a de Carl Phillip Gottlieb von Clausewitz (1780-1831), outro grande estrategista militar da Prússia, que hoje faz parte da Alemanha, e se iniciava a logística na história norte-americana por volta de 1870 com sua introdução acentuada na Marinha 18 anos depois pelo americano Alfred Thayer Mahan, pelo historiador inglês Julian Corbett e pelo Tenente Rogers que introduziu a logística como matéria no NWC (Naval War College). Ambos contribuíram com o avanço naval, tecnológico e estrategista, importante no evento da 1ª Grande Guerra em 1914.

Foi nesse ano que chegou para um curso no NWC, o Tenente-Coronel George Cyrus Thorpe (1875-1936) que, ao perceber o silêncio dos comentaristas militares sobre a logística, escreveu suas próprias definições em “Pure Logistics” onde distinguia estratégia e tática e defendia que a educação, como parte da logística, preparava todo o sistema para operações eficientes. Sua obra não conquistou muitos adeptos até que, no pós-guerra, já fora do serviço militar devido amputação de seus dedos dos pés em 1923, dedicando-se mais aos estudos, ela veio influenciar a estruturação militar de forma mais forte devido às confirmações daquilo que havia antecipado.

Durante o período e após a 2ª Guerra Mundial, surgia aquele considerado um dos maiores estudiosos da logística militar e o “pai” da logística moderna, o Vice-Almirante Henry Effingham Eccles (1898-1986) – que nada tem em comum com o físico britânico. Ele encontrou a obra de Thorpe empoeirada e esquecida na biblioteca da NWC e, após se aprofundar, comentou que se os EUA tivessem seguido aqueles ensinamentos, haviam economizado milhões de dólares na condução da 2ª Guerra Mundial.

Eccles foi autor de várias obras importantes e, após sua aposentadoria em 1952, continuava intimamente ligado ao desenvolvimento da logística e ao conselho do NWC que o homenageou ao nomear sua biblioteca.

Essas obras inspiraram, entre tantos, o CMG (Capitão-de-Mar-e-Guerra) da Marinha Brasileira, Abílio Simões Machado, que em 1968 publicou “Introdução à Logística”. Mas essa área não se desenvolvia pela falta de interesse mesmo nas Escolas de Altos Estudos Militares do Brasil, tanto que se repetia o abandono da obra de Thorpe onde um exemplar foi encontrado numa área de descarte para se obter mais espaço na biblioteca. Recuperado e traduzido em 2008 por Ruy Capetti, faz parte do Patrimônio Histórico da Marinha.

O que chama atenção é que o curso da história nos remete a uma situação semelhante aos dias de hoje. Muitas pessoas e empresas ainda não despertaram para os tempos de necessidade do conhecimento, da inovação e, acima de tudo, de novas atitudes empresariais, comportamentais e ambientais. É como se aquela mesma visão contada aqui, de forma resumida e não fazendo justiça com vários fatos e pessoas que contribuíram para essa história, ainda fosse desacreditada por muitos que não percebem sua “morte” gradativa no mercado.

A logística empresarial que hoje experimentamos, vem desses acontecimentos e das mentes empreendedoras daquele e desse tempo. A força só se destinou a uma “guerra” com meios diferentes daquela. O “descansar” não faz parte de quem quer vencer; o “marchar” é para os objetivos que se quer alcançar; o “apresentar armas” tornou-se apresentar soluções e os tiros disparados contra pessoas era a única coisa que lá e hoje não faz “sentido” algum.

Dia 06 de junho, é o dia da Logística de todos os dias.


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Gestão da Cadeia de Suprimentos Logística Supply Chain Management

Da logística ao supply chain management

Frequentemente tenho me deparado com uma confusão a cerca dos termos mais comuns na gestão logística, então resolvi escrever um pouco sobre o assunto…

Talvez a maior confusão esteja associada à infraestrutura. É recorrente ouvirmos o termo logística confundido com infraestrutura, isto é, quando temos falta de recurso como no caso de rodovias em condições precárias, filas em portos, aeroportos, e ouvimos alguém dizendo que temos um problema de logística, quando na verdade o que temos é um problema para logística, que é quem tem a responsabilidade por planejar, implementar e controlar o fluxo eficaz e ao menor custo dos materiais de e para uma empresa, incluindo as informações relacionadas, com propósito de atender as necessidades dos clientes.

supply chain management logistica conceito e definiçãoA evolução da logística parte dos anos 1970 quando não havia coordenação entre as várias funções entendidas como logística, especificamente com introdução da gestão da distribuição física e transportes, mas ainda com cada função comprometida exclusivamente a atingir sua própria meta organizacional.

Nos anos 1980, começa-se a ouvir uma transformação para a integração das funções, o que no Brasil ganhou mais impulso nos anos 1990, já que nos anos 1980 além de uma situação econômica desfavorável a grande preocupação dos empresários estava relacionada com a inflação, então a dedicação maior estava associada aos aspectos econômico-financeiros e não de cunho operacional.

No período 1990 – 2000 surge um novo fator no ambiente empresarial, o bug do milênio que motivou as empresas a atualizarem seus sistemas integrados (ERP) para aqueles Y-2000 compatíveis e a possibilidade de integração entre os sistemas empresariais, resumindo, a logística trata da integração intra-empresarial e o gerenciamento da cadeia de abastecimento (supply chain management – SCM) da integração inter-empresarial.

O sistema abrangente da SCM aumenta o âmbito, incluindo fornecedores e clientes, nos diversos níveis (dos fornecedores dos fornecedores até os clientes dos clientes) com a coordenação, com vistas a racionalização/otimização, do fluxo de materiais e informações desde a aquisição das matérias-primas até  o consumo do produto acabado.

Os objetivos do Supply Chain Management (SCM) são para eliminar redundâncias, e reduzir o tempo de ciclo e inventários de forma a fornecer melhores serviços aos clientes ao menor custo.

O foco deslocou-se do compartilhamento do paradigma de market share para o paradigma do cliente, onde o objetivo é criar “valor do cliente”, levando ao aumento da lucratividade das empresas, o valor do acionista, e vantagem competitiva sustentável no longo prazo.

Logística envolve a obtenção da fonte certa, do produto certo, na quantidade certa e na qualidade certa, no lugar certo e na hora certa, para o cliente certo ao preço certo. A cadeia de abastecimento consiste dos fornecedores, a varejista e os clientes finais, ou consumidores.

O propósito de uma rede integrada em uma cadeia de abastecimento é atender os pedidos dos clientes através da geração de valor entre as funções, que incluem:

–        Suprimentos;

–        PPCP – planejamento, programação e controle da produção;

–        Gestão de estoques;

–        Processamento de pedidos;

–        Movimentação e Armazenagem (hoje denominadas intralogística, termo criado pela Deutsche Messe responsável pela CeMAT);

–        Transporte;

–        Gestão da informação.

Logística é um fator-chave de colaboração e integração da cadeia. Melhorar o desempenho neste campo permite que as cadeias de abastecimento aumentem significativamente a sua eficiência e contribui na criação de valor e inovações em diversas áreas.

Neste contexto, uma tarefa importante é encontrar estruturas e abordagens que permitam todos os tipos de gestão de desempenho em logística e cadeias de abastecimento para um melhor atendimento das necessidades do cliente.

Gestão da cadeia de abastecimento é uma abordagem inter-função incluindo o gerenciamento do transporte das matérias-primas, aspectos do processamento interno de materiais em produtos acabados, e o movimento das mercadorias até o consumidor final.

Como as organizações se esforçam para se concentrarem nas suas competências essenciais (core competences) e buscando maior flexibilidade, reduzem sua propriedade das fontes de matérias-primas e canais de distribuição. Estas funções são cada vez mais terceirizadas para outras entidades que possam desempenhar melhor as atividades ao menor custo ou de forma mais eficaz.

O efeito é aumentar o número de organizações envolvidas na satisfação do cliente, reduzindo o poder de gestão das operações logísticas diárias.

Menos poder e mais parceiros levou a criação dos conceitos de supply chain management. O propósito da gestão da cadeia de abastecimento é melhorar a confiabilidade e a colaboração entre parceiros da cadeia de abastecimento, melhorando assim a visibilidade dos estoques e da velocidade de movimento dos materiais. Há quatro áreas de decisão importantes na gestão da cadeia de abastecimento:

  1. Localização
  2. Produção
  3. Inventário
  4. Transporte (distribuição)

E há muitos elementos estratégicos e operacionais em cada uma dessas áreas de decisão.

Distinção entre Logística e Supply Chain Management (SCM)

Na literatura, logística e Supply Chain Management (SCM) são muitas vezes usados ​​como sinônimos, embora haja uma sutil diferença entre os dois.

Supply Chain Management (SCM) é mais estratégica na sua natureza enquanto que a logística é mais orientada para as operações. Enquanto Supply Chain Management (SCM) lida mais com as ligações na cadeia, contratos e relacionamentos, seleção de fornecedores, informações e fluxos financeiros além de fluxos de materiais, criando novas instalações, tais como fábricas, armazéns e centros de distribuição, e questões mais amplas, tais como economia, sociedade, governo e meio ambiente, o escopo da logística é mais ou menos confinado ao trabalho de rotina de transporte e armazenagem de mercadorias.

No entanto, pode-se perceber que a logística é o núcleo de Supply Chain Management (SCM), se a logística falhar, toda a cadeia se rompe.

* Por Edson Carillo (edson.carillo@connexxion.com.br) – Engenheiro de Produção Mecânico, com MBA em Administração Industrial e Especialização em gestão Executiva pela St. John’s University (The Peter J. Tobin College of Business). Mais de 20 anos de experiência em supply chain management – logística. É Diretor Executivo da Connexxion do Brasil | Supply Chain Engineering, consultor e instrutor nas áreas de operações (SCM e Manufatura). É Professor de MBA-FGV nas disciplinas de Operações e Serviços, co-autor de diversos livros. É Vice Presidente do ILOG – Instituto LOGWEB e Diretor da ASLOG. Foi presidente do Instituto Imam, engenheiro industrial da Indústrias Alimentícias Kibon e engenheiro pesquisador na Cia Ultragaz.

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Gestão da Cadeia de Suprimentos Logística Supply Chain Management

Do conceito de logística à logística empresarial

Na matéria O que é logística você conheceu melhor a definição e as atribuições da nossa área. Agora entenda como este conceito evoluiu desde seu nascimento até a logística empresarial.

O transporte e a estocagem são tão velhos quanto o próprio comércio. A logística como a conhecemos, por outro lado, teve suas origens junto aos militares. Ainda no século XIX a logística no contexto militar era definida como a arte prática de movimentar exércitos.

Apesar do papel central junto aos exércitos, a logística demorou mais para entrar no mundo empresarial. Foi graças ao motor a vapor (século XVIII) e principalmente às redes ferroviárias (século XIX) que o transporte passou a cobrir uma distância considerável em pouco tempo, o que tornou possível movimentar de maneira barata os bens de consumo por milhares de quilômetros. Depois, com a linha de montagem (da qual o carro Ford T é um exemplo célebre) foi possível organizar melhor uma rede de suprimentos para atender às demandas específicas. A produção em massa estimulou a pesquisa em outras áreas, como nos problemas de gestão. Dois destes problemas são o Lote Econômico de Compras e o Lote Econômico de Produção, estudados naquela época mas que são atuais ainda hoje.

evolução e conceito da logística empresarialA logística industrial cresceu durante o século XX. Naquela época, ainda falava-se em “distribuição física”, um assunto que era ligado tanto ao marketing quanto à logística. Imagine que já era importante para gerenciar a distribuição de produtos agrícolas, uma vez que os centros urbanos distanciavam-se cada vez mais dos locais de produção de alimentos. Muito falava-se sobre os custos logísticos, mas ninguém discutia a relação entre eles (custos de armazenagem, de estoques, de transportes…). Pouco entendia-se desta relação, pois faltavam ferramentas quantitativas para analisar as questões que ligavam cada um destes custos. Esta situação mudaria logo, mais uma vez graças aos militares.

Pouco antes da Segunda Guerra Mundial, um grupo multidisciplinar se formou na Inglaterra para desenvolver os radares. Este grupo de pesquisadores fazia uma “pesquisa sobre as operações”, que serviu para ajudar os aliados a planejar os ataques contra os submarinos alemães, proteger os navios e aumentar a precisão dos bombardeios. Essa “pesquisa sobre as operações” era o início da pesquisa operacional.

De maneira geral, a pesquisa operacional consiste na aplicação de métodos científicos para resolver problemas de decisão complexos baseando-se na gestão de sistemas de grande porte. Após o fim da guerra, os esforços para a melhoria da logística militar por meio da pesquisa operacional estavam bem avançados. Foi neste contexto que George B. Dantzig desenvolveu o método simplex que permite resolver de maneira eficaz programas lineares e que é a base de muitos algoritmos de otimização utilizados até hoje (como por exemplo a ferramenta Solver que existe dentro do MS Excel). Na mesma época, o primeiro computador digital de uso geral entrava em funcionamento – o ENIAC – que foi logo seguido pelo SEAC, que resolvia em um dia problemas de aproximadamente 75 variáveis e 50 restrições, algo bem modesto quando comparado aos milhões de variáveis e restrições que compõem os modelos que resolvemos frequentemente hoje em dia.

Durante os anos 50, começaram os estudos sobre como as ferramentas e técnicas militares poderiam ajudar o mundo empresarial. Na logística, foram logo identificados vários problemas que poderiam ser resolvidos com auxílio da pesquisa operacional. A localização de armazéns e de centros de distribuições, o planejamento de transportes, a gestão dos estoques, a previsão da demanda e muitos outros problemas ligados ao fornecimento, à produção e à distribuição eram semelhantes aos problemas resolvidos no contexto militar.

Com a chegada dos computadores nas empresas, foi possível acumular informações sobre a produção, o nível de estoques e a movimentação entre diferentes instalações, armazéns e pontos de venda. Durante os anos 60 apareceram os primeiros sistemas informatizados de planejamento de necessidades de materiais (MRP na sigla em inglês).

Alguns já viam uma revolução que levaria ao tratamento automatizado dos problemas de decisão com apoio de ferramentas quantitativas. Este entusiasmo, apesar de ter fundamento, era um pouco prematuro. Os computadores daquela época, apesar do tamanho, tinham capacidade de processamento bastante limitada. Além disso, os sistemas desenvolvidos eram bons individualmente (como para a gestão de estoques, para o transporte ou para a localização de novas instalações), mas falhavam por não considerar as relações entre cada parte do grande sistema empresarial. Mas isso é assunto para o próximo artigo!

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Logística: arte ou ciência?

 

Tenho me aprofundado em pesquisas na área da logística para compor minhas colunas, meus artigos, temperar minhas palestras e agregar valores à profissão na qual me dedico com um interesse ímpar e com um grande amor – como deveriam ser exercidas todas as profissões. Confesso que quanto mais pesquiso, mais me envolvo nessa maravilhosa possibilidade de enxergar melhor a importância dos atributos logísticos para soluções contemporâneas e futuras.

logística: arte ou ciênciaDiante disso, me chegam comentários, ora classificando a logística como ciência, ora como algo ainda mais profundo. Sem a intenção de colocar-me no sublime papel de educador ou mesmo contextualizar a logística, considero importante a absorção desses sentimentos e conhecimentos, os quais abordei também em “A logística em sua essência” para facilitar o cumprimento de tarefas e a fluidez de novas ideias. Compreender as diferenças entre suas características pessoais e as ações que elas refletem no mercado é o segredo para um “casamento” de sucesso. Muitas boas ideias nascem na arte e morrem na ciência.

Entendendo, resumidamente, a arte é uma expressão humana e a ciência é um sistema de conhecimentos lógicos. Se pudermos transformar esses dois substantivos em verbos vamos aproximar a arte (sentir, criar e fazer) da ciência (estudar, conhecer e evoluir).

Não há como negar que a arte precisa aflorar para dar consistência à ciência. Precisamos sentir, primeiramente. É aquele instinto, aquele planejamento… Afinal, somos preenchidos por sentimentos que, no mercado, algumas empresas sobrevivem deles enquanto outras desconhecem ou desprezam. No pessoal e no profissional, quando conduzidos da forma correta, são eles que nos movimentam, nos mantém motivados e nos são vitais à evolução.

A logística é holística. Ou seja, é própria do universo e sintetiza unidades em totalidades organizadas. Ela surge da simples necessidade de existir em nossas vidas. Dessa forma, podemos classificá-la como uma arte que complementa a ciência. Ela está entre as poucas profissões que necessitam extremamente dessa união.

Tenho visto muitos conceitos sobre logística e fico com dó dos alunos diante da necessidade de absorver quatro, cinco ou mais linhas sobre modelos que definem a logística. Em uma de minhas palestras, assumindo a necessidade de ser arte antes de ser ciência, defino a logística como “a arte de suprir com soluções todas as atividades de uma organização”. Simples e ao mesmo tempo complexa quando nos voltamos ao sentido de cada palavra. Experimente ver no “Aurélio” os significados de arte, suprir, solução, atividade e organização.

Com isso não venho afirmar que entrar no campo da logística é para um grupo seleto, pois na verdade, a necessidade já existe dentro de cada um e o desenvolvimento disso sim, lhe torna, com efeito, um privilegiado. Ou ultrapassar limites sem esquecer a ética, diminuir custos dentro de um cenário sem estrutura e apresentar soluções quando já era enxergado o fim, não é um privilégio?

Quando se percebe que a logística é uma necessidade do ser humano, não se consegue entender empresas que desprezam esse campo e perdem, e fecham, por não conseguirem enxergar que são a totalidade de um grande capital humano e, dessa forma, não valorizar e não desenvolver a arte da logística na essência de seus processos é negar sua formação e desprezar sua razão maior.

Com certeza, podemos afirmar que a logística tem sua representatividade no mercado afetada pela incapacidade crescente de se entender e de se respeitar os seres humanos e da cruel associação entre lucro e atendimento de necessidades. O lucro é uma consequência do atendimento das necessidades humanas e não uma razão. Estamos, há muito tempo, nos focando nas consequências e não nas razões. Disso, extraímos alguns questionamentos: Quanto tempo se perdeu por não apoiar um sistema logístico com uma melhor infraestrutura? Quanto se deixou de se desenvolver devido ao desprezo pela logística? Quanto perde o planeta pela demora da conscientização da nova e boa logística reversa?

Se enxergarmos a logística só como uma ciência ela não convencerá o planeta de que seus estudos apontam soluções para a diminuição de custos sustentavelmente. O mundo sabe e sente, há muito tempo, que a preservação do planeta está ligada a uma série de métodos e procedimentos de responsabilidade de todos e pouco vem sendo feito para estagnar essa situação. Enxergar a logística também como uma arte representa o impulso natural do ser humano para a real necessidade que nos obriga às mudanças. A logística é o melhor instrumento para isso. Por isso precisamos de profissionais que a sinta como uma arte e a desenvolva como ciência.

Portanto, você participa da logística ao vê-la como ciência e se envolve ao vê-la como arte. Como já dito, ambas as formas são necessárias, pois uma complementa a outra: A arte produz ideias e a ciência as viabiliza emprestando seus conhecimentos.

Boas ideias logísticas para você.

 

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Glossário Descomplicado

O Logística Descomplicada inovou e criou o Glossário Descomplicado, uma nova página onde você encontrará definições e conceituação de alguns termos utilizados em logística.

O Glossário Descomplicado é uma página em constante contrução, isto é, ele vai crescer e se atualizar com o tempo. Se você tem alguma dúvida de um termo ou gostaria de sugerir alguma palavra para constar no nosso glossário, entre em contato!

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