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Logística

Os bastidores da logística operacional

O campo da logística operacional realmente não é fácil. Não que a logística estratégica também não reserve suas dificuldades àqueles que, teimosamente, respiram problemas com infraestrutura, com pessoal, com leis equivocadas e falta de visão e vontade políticas que fazem parte dessa “magia” chamada Logística. Mas, se a área estratégica é aquela que “planeja até enquanto se executa”, a operacional é aquela que “executa até enquanto outros dormem”.

logistica operacionalQuando se faz parte das duas áreas, como eu, é possível medir direitinho tudo o que representa cada uma dentro do processo. Assim como é possível perceber que uma está sempre em evidência enquanto a outra está sempre nos bastidores. Não que o sucesso as distinga, mas os reconhecimentos as separam.

Não, não há nada de errado com você que trabalha na área operacional. É assim mesmo. Não deveria ser, mas não é diferente em nenhum lugar do mundo. É uma área em que se pensa que as mãos são mais importantes do que a cabeça. O que não é verdade e também não me parece justo. Em todos os momentos o operacional é uma extensão importantíssima do estratégico. A constatação é simples: um planejamento não termina enquanto se realiza e é necessário raciocínio também enquanto se executa.

Um projeto pode ser dividido em até três partes importantes: o principal, os meios e os “possibilitadores”. Na Logística, a área operacional é a única que está presente em todas as partes. Como numa guerra, onde o principal é vencê-la, os meios são representados pelas conquistas de territórios e os “possibilitadores” podem ser vistos através do confronto direto com o inimigo. O “poderio operacional” está forte no confronto direto, está presente na ocupação… Mas, o sucesso da operação parece sempre ser brindado apenas pelos oficiais.

Envolvida diretamente com as dificuldades de pessoal, de equipamentos, de rotas e suas particularidades que vão desde a precariedade de nossas estradas até as leis equivocadas e o controle do trânsito caótico de nossas cidades, a logística operacional, por muitas vezes, sequer é consultada em certas tomadas de decisões. O papel de apenas executar tarefas não representa o que o operacional realmente significa para o sucesso dos projetos, para o alcance das metas. É que, infelizmente, no Brasil desenvolve-se mais a cultura do mérito para aquele que está em evidência enquanto quem realmente faz fica meio esquecido por trás das cortinas. Como na música, não é comum conhecermos os compositores de canções maravilhosas interpretadas por cantores em evidência. Logo as associamos ao cantor e cometemos grande injustiça com o talento daquele que compôs.

Esse exemplo na música nos confunde sobre inteligência e evidência e nos revela que nas logísticas estratégica e operacional essa “separação” nada tem a ver com inteligência, já que o compositor seria o inteligente na situação e este fica esquecido ou desvalorizado. Tem a ver mesmo com a evidência daqueles que captam os méritos para si deixando de fora o restante da equipe. No entanto, inteligência e evidência são importantes para todos os mercados. E na Logística não deveria ser diferente. Essas partes, estratégia e operação, são apenas para direcionar tarefas e responsabilidades dentro de um projeto que busca o mesmo resultado com o empenho e o mérito de todos e para todos.

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Gestão Logística

Como a UPS lida com o mau tempo?

O período de Natal é sempre crítico para as empresas de entrega expressa, pois eles tem uma data limite para entregar milhões de encomendas. Para a UPS não é diferente, pois fazer as entregas a tempo não é apenas oferecer um bom serviço, é questão de lucro e receitas. O Wall Street Journal mostrou que a UPS paga uma multa por entregas fora do prazo mesmo quando a causa é uma tempestade ou qualquer outro evento climático além do controle da empresa.

ups aviaoOs transportadores de carga geralmente cobrem o custo do serviço quando uma encomenda não chega no destino a tempo, então a neve, gelo, chuva e neblina podem gerar sustos em suas planilhas de receitas. A UPS sabe que a semana do Natal é a mais ocupada e corrida do ano, e estima ter carregado 120 milhões de pacotes, 6% a mais que na mesma semana do ano anterior. Para cada pacote atrasado a UPS arca com algo entre US$5 e US$30 do seu lucro, de acordo com o porta-voz Mike Mangeot.

E como eles lidam com uma enxurrada de pacotes e o inverno do hemisfério norte nesta época do ano? Primeiro, eles tem uma equipe de meteorologistas e outros funcionários monitorando constantemente o tempo e criando planos de contingência. Mas eles também tem uma vantagem operacional na forma de capacidade extra.

Um “painel de situações de emergência” na parede lista as cidades e regiões onde a UPS tem pilotos e aviões a espera, preparados para resgatar volumes, ou pacotes presos em qualquer lugar devido a problemas mecânicos ou de visibilidade que tornam a aterrisagem difícil.

A empresa afirma que seu “programa de ociosidade de emergência” resgata anualmente mais de 1 milhão de encomendas que, se atrasassem, custariam à UPS mais de US$20 milhões em receitas.

Por volta das 22h, chega um chamado de uma equipe da UPS em Wichita (Kansas, EUA). Chuva torrencial estava afetando um equipamento em um avião que deveria decolar em meia hora.

O jato, carregado com carga em Wichita, deveria viajar até Springfield (Illinois), onde pegaria mais encomendas e continua até Louisville, chegando ao hub à 1:16 a.m. com tempo para que as encomendas pegassem seus vôos em conexões para todo o país.

Com algo em torno de 6 mil pacotes potencialmente presos em Wichita e Springfield, a equipe de contingência da UPS enviou um jato vazia que estava voando de Laredo (Texas) para Louisville para resgatar as encomendas em Wichita, e também enviaram um outro avião extra para Springfield, de acordo com Steve Merchant, gerente do departamento de contingência. As 2 a.m., todos os pacotes estavam em Louisville.

Este é um bom exemplo de uma resposta operacional ao risco. A matéria não fala, no entanto, quantos aviões ou equipes estão alocadas ao programa de resgate. No entanto, se eles economizam US$ 20 milhões por ano com o programa, isso já justificaria um bom investimento apenas pela questão financeira. Se além disso ainda considerarmos custos mais obscuros como a satisfação e a boa vontade do cliente em continuar com a UPS (que são muito difíceis de quantificar), o programa de resgate ficará ainda melhor na foto!

Baseado no texto “How UPS hedges against bad weather” de Martin A. Lariviere, publicado no blog The Operations Room. Tradução e adaptação feitas por Leandro Callegari Coelho e autorizadas pelos autores exclusivamente para o Logística Descomplicada.

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Desempenho Gestão Logística

Série: Administrando a Produção 3 – Pesquisa Operacional e Teoria das Filas

pesquisa operacional e teoria das filasFinalizando a Série Administrando a Produção, hoje apresentaremos a Pesquisa Operacional e a Teoria das Filas.

Se você perdeu os dois primeiros artigos, confira: o primeiro tratou do sistema Vendor Managed Inventory e sobre a Teoria das Restrições; o segundo falou do Just in Time e do Kanban.

Veja agora o que são e pra que servem a Pesquisa Operacional e a Teoria das Filas.