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Carreira Logística

Não se constrói economia sem pessoas e sem logística

É cada vez mais preocupante a exclusão dos valores humanos nos ciclos econômicos e, como não dizer, nas nossas relações pessoais. Esse valor humano está deixando de ser o elo principal para se tornar secundário, ou até inexistente em muitos sistemas econômicos.

Gradativamente, as pessoas estão deixando de ser “a razão” para ser “um meio”. Exploradas politicamente, religiosamente e economicamente as pessoas estão sendo desprezadas nos projetos que deveriam contemplar segurança, bem-estar e qualidade de vida. Exemplos como sinais de trânsito que priorizam os carros e não os pedestres, ou políticas que promovem a desigualdade e desamparam os menos favorecidos estão, cada vez mais, se tornando usuais em prol de um crescimento econômico contraditório, pois sem as pessoas não há sustentabilidade na economia.

Esse é um ingrediente perigoso na receita de uma economia sólida. A ideia de fazer o melhor pelas pessoas é o curso forte e seguro para a evolução econômica que desejamos alcançar. Se nós estamos aprendendo como as empresas devem tratar seus clientes, por que a economia não funciona de forma a garantir que sua maior representatividade seja, de fato, respeitada? Se algumas empresas com marcas antes inatingíveis estão caindo, nossa economia não corre riscos idênticos com as mesmas falhas que trazem as mesmas consequências?

Vivemos numa década de mudanças absolutas. A tecnologia vem avançando de forma mais que acelerada, mas continuamos sustentando e agravando os mesmos problemas de abastecimento, de usos inadequados, de incapacidade e de omissão da esfera pública responsável pela macrologística. Razão pela qual já vem sendo difundida a ação de investimentos nessa área pela iniciativa privada. Ou seja, no mundo todo há dinheiro sobrando para investir em infraestrutura, e essas deficiências passarão a ser sanadas por quem se sente mais prejudicado, financeiramente, com a ineficiência do poder público. Embora haja uma legislação complexa, essas dificuldades parecem não ser superadas por outro caminho senão com a concessão dos meios de solução para os problemas de transportes que, por exemplo, com seus congestionamentos e fragilidade do transporte público, representam perdas incalculáveis para a economia.

O Brasil perde até 15% de sua produção de grãos durante o transporte e no processo de armazenagem. Isso representa milhões em toneladas e bilhões em dinheiro. Só possuímos 11% da capacidade de armazenagem de produção de grãos. Economicamente, isso significa que produzimos, carregamos e perdemos produção e valor, pois não temos como administrar o escoamento a fim de garantir o melhor tempo e preço de mercado. O nosso carro-chefe da economia vai se perdendo pelas estradas esburacadas e ferrovias insuficientes combinando com portos desestruturados. Um plano para contornar essa situação seria o aumento dessa capacidade de armazenagem, como fizeram os Estados Unidos, nosso maior concorrente, que armazena uma safra para escoá-la no momento certo para sua logística e para os preços de mercado cobrindo inclusive os custos com a gestão dos estoques, e a concessão da malha ferroviária que o país desprezou ao longo dos anos. Não é um plano instantâneo, ele levaria no mínimo cinco anos.

O problema é que há o temor por parte da esfera pública em reconhecer incapacidades administrativas e criam-se impedimentos para a solução dos problemas. Enquanto isso, buscamos um meio de suportar e conviver com deficiências que nos tiram a qualidade de vida. Pior, sabemos o que é necessário, como mudar, quanto custa e os porquês de não ser feito. Por falta de recursos não é. Quem trabalha no meio sabe o tamanho do sofrimento como usuário e como profissional.

Acreditar numa economia sustentável é mais que concentrar palavras e desejos, apesar de serem precedentes às etapas do processo de desenvolvimento, palavras sem planos e desejos sem ações nos deixam estagnados e aprisionados pela fatia que detém o poder dado por nós. O crescimento econômico que, antes de tudo, deve acontecer para o bem das pessoas, inclui, sem dúvidas, soluções em infraestrutura para reduzir perdas e entraves.

É triste ouvirmos as explicações dos nossos representantes, ao longo de décadas, a respeito do baixo crescimento econômico. É como tentar justificar a fome com a despensa cheia de alimentos. O problema é a incapacidade ou falta de vontade de prepará-los.

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Carreira

Competências para liderar

As empresas exigem cada vez mais competência de seus profissionais, porque reconhecem que pessoas fazem a diferença nos momentos cruciais de mudança. Mas, afinal, o que é competência? Competência é a reunião de um conjunto de conhecimentos (saber), habilidades (saber fazer) e atitudes (querer fazer).

As competências mais apreciadas atualmente pelas organizações são a capacidade empreendedora, saber trabalhar sob pressão, trabalhar em equipe, ser comunicativo, criativo, inovador, saber negociar, planejar, organizar e liderar; ser assertivo na hora de tomar decisões, com flexibilidade e agilidade em situações inesperadas.

Muitas vezes, pessoas diferentes têm conhecimento semelhante e, no entanto, não obtêm os mesmos resultados, uma vez que é necessária também a habilidade específica para realizar o que se sabe. O desenvolvimento das competências envolve a mobilização de fatores cognitivos, atitudinais e operacionais.

É por meio do processo de aprendizagem que se desenvolvem as competências. Para Peter Senge, autor do livro A Quinta Disciplina, “o futuro das organizações – e nações – dependerá cada vez mais de sua capacidade de aprender.” Os resultados vêm mais rápidos e são mais duradouros quando existe dentro das organizações um processo de educação continuada, que integra teoria e prática com vivências diversificadas.

Segundo uma pesquisa da Xerox, os trainees mais motivados absorvem em torno de 24% do conteúdo trabalhado em sala de aula. Por outro lado, quando devidamente acompanhados no trabalho, absorvem 88% do que foi lhes ensinado. Daí conclui-se que investir para ter líderes coach e contratar consultores externos para consolidar a aprendizagem e a implantação de mudanças são medidas importantes e necessárias para empresas que querem fazer as coisas acontecerem.

Liderar é fazer as coisas através de pessoas. Os líderes organizacionais devem se conscientizar de que ‘a liderança à moda antiga’, autoritária e agressiva, torna-se problemática. Gera um ambiente de medo, desconfiança e competição interna, que reduz a colaboração e a cooperação. Com frequência, ambientes de alto absenteísmo e rotatividade contam com ‘capatazes’ e não com líderes.

No passado, o chefe que detinha o conhecimento tinha poder. Hoje, tem poder o chefe que dissemina o conhecimento que possui. O líder coach conduz os colaboradores visando os resultados e o desenvolvimento da organização. Sabe ensinar, reforçar qualidades, esclarecer, construir estratégias em parcerias, estabelecer metas e prazos viáveis, incentivar o comprometimento e a superação, dar o exemplo – para só então, cobrar os resultados.

Vivemos numa época de descontinuidades e mudanças em que pessoas e empresas que não mudam ‘dançam’. Precisamente por esta necessidade de uma nova postura na forma de gerenciar, que tantos gerentes na década de noventa viram-se no ‘olho da rua’, trocados por uma nova geração de jovens recém-saídos das escolas técnicas e universidades, com menos conhecimento das tarefas, porém com maior foco no desenvolvimento e comprometimento das pessoas.

Colocar o foco nas pessoas faz toda a diferença. Gerentes são bem pagos para serem multiplicadores de resultados. Quando se envolvem demais na execução de tarefas do dia-a-dia, sobra pouco tempo para monitorar o desempenho da equipe. O que conta são os resultados obtidos através do desenvolvimento e motivação das pessoas e não do trabalho abnegado e solitário de quem é pago para gerenciar.

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Gestão

Gestão sem segredos

Sobre pessoas e processos

Como é próprio às decisões de um gestor, responda rápido: Com a divisão da gestão em três partes distintas compreendendo custos, pessoas e processos e você tendo que escolher uma para atuar, qual seria sua escolha? Pense.

Não pense que esse conflito é apenas para um gestor propriamente dito. Embora sua função não seja a de gestão, você passa, às vezes sem perceber, por esse processo de escolha todos os dias em seu ambiente de trabalho e familiar.

gestão sem segredos - gestão pessoas e processosNão há dúvidas de que todas as partes, que ainda possuem suas subdivisões, sejam de extrema importância, mas a questão do que se considera mais importante é o que pode lhe colocar ou lhe tirar da linha do sucesso. Não há surpresa nenhuma em saber que o mais importante é o mais difícil de gerir dentro de cada divisão. Em especial, lembre-se que no início, meio e fim se apresenta a mais complexa presente em tudo: pessoas.

Para não usar de retórica, na prática, não há como escolher. Essas partes estão extremamente ligadas e uma depende da outra. Daí, voltamos à sua resposta: Se você escolheu uma por não se identificar com outra, as chances de trazer seu projeto para o sucesso diminuíram, pois você já o colocou em perigo. Em muitos casos, o sucesso desses projetos se mostra em contra-sensos. Aquilo que mais odeia deve ser o mais amado; aquilo que mais se é fraco merece uma maior dedicação para ser fortalecido.

Muitos líderes se perdem no caminho por tratarem essas partes de uma forma igual. A compreensão sobre custos é muito diferente da compreensão que se dedica às pessoas e o conhecimento sobre processos não é nada do que “achamos” conhecer sobre pessoas. Essa confusão se dá a depender da visão que se tem sobre a importância das pessoas dentro dos processos. Não cabe mais lidar com pessoas da mesma forma que se lida com processos. Parece simples, mas é de prática dificílima. As empresas modernas estão, cada vez mais, tendo que aprender a distinguir TPM (tendências, processos e métodos) de uma TPM (tensão pré-menstrual) ou RI (rendimentos e investimentos) de uma RI (relação interpessoal).

Os líderes aprendem que nem todos rendem o esperado ao trabalhar sob pressão e que isso não significa que o sucesso da equipe esteja comprometido. Pessoas têm chaves para a criatividade, para a produção, para a atenção e para a reação que são “ligadas” das mais diferentes formas. Feliz é o gestor que sabe lidar com isso e entende que pressionar é muito diferente de acuar. Ele precisa absorver algumas coisas e não propagá-las. Isso não é ser “o protetor” é ser “o transformador” que extrai de uma adversidade a melhor maneira conjunta para soluções em um ambiente despoluído. Sem ilusões. Sem terror.

Fico triste quando vejo empresas oferecendo vagas em que uma das exigências é “trabalhar sob pressão”. Como se para isso os atributos pessoais pudessem ser todos transformados em um único fim. Isso é acuar. Fuja disso! A pressão quando é oferecida pelo mercado lhe traz desafios e isso é uma maravilhosa possibilidade de crescimento, mas quando essa pressão é oferecida pela empresa pode estar se revelando uma desorganização e acomodação. Competitividade não se alcança assim. Ela já lhe chama para apagar seu “incêndio” e tolhe seu crescimento quando lhe tira o tempo para conhecer os processos e inová-los. Pessoas pensam, processos fluem.

A concepção de que podemos, em sua plenitude, gerir pessoas é o que nos mostra o caminho do fracasso. Motivá-las, evidenciar suas características positivas, encorajá-las a mudar seus aspectos negativos e aprender e ensinar dentro desse complexo mundo da convivência, são excelentes ingredientes para a fórmula do sucesso. O respeito pelo espaço pessoal e familiar completa essa fórmula. O que deixa para um bom gestor de pessoas um grande desafio de alcançar metas sem deixar de ser pessoa. Colocando-se nessa condição, ele passa a entender que cada um possui seu universo de ações e reações diferentes – inclusive dele próprio. Isso é ser audaz e forte sem perder a sensibilidade. Lembro que liderar é uma virtude assim como ser liderado também o é.

Então, por que muitas empresas procuram “obrigar” pessoas quando seria melhor, pelos seus propósitos, “conduzir” seus processos? É muito mais vantajoso envolver as pessoas no processo. E isso é muito simples. Você só precisa passar conhecimento às pessoas e não simples tarefas. Se você passar o porquê e para quê fazer, já estará envolvendo-as ao processo e, muitas vezes, irá enriquecê-lo com a liberdade do “como” fazer. Daí se mensura sua importância dentro do processo e já não há mais a necessidade de “colar” em uma ou outra pessoa para que entregue as tarefas a ela incumbidas pois o próprio processo se encarrega disso. É triste saber que em muitas equipes só o líder detém o direito e a obrigação de pensar quando todos ganhariam ao entrar na eficácia e desenvolveriam processos mais eficientes. Claro, tudo depende de comprometimento. Mas, o profissionalismo não se reconhece fora de processos.

Portanto, o sucesso de uma boa gestão está no que não se consegue gerir plenamente – nas pessoas. E aí estão todas as portas para a criação, desenvolvimento, inovação, motivação e todas as maravilhas de um processo de aprendizagem que nunca finalizaremos. Isso permite que continuemos caminhando, nos movimentando – como andar de bicicleta: nunca se esquece e se parar, cai. E nessa caminhada vamos nos destacando e contribuindo para o destaque de outros. Vamos melhorando como profissionais e como pessoas, dentro da verdadeira razão de sermos humanos.

Sei que nem todos concordam, pois na prática o mercado desperta mais a nossa agressividade do que nossa compreensão. Será que isso já não é reflexo dos nossos conceitos de gestão com sucesso? Do que não entendemos que o poder da gestão é apenas emprestado pelo outro? O que fica é o que realmente somos com nossos defeitos e qualidades. Estamos todos dentro do mesmo processo de aprendizagem.

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Leitura Recomendada

O desafio da administração dos recursos humanos

Muitos dos profissionais de logística acabam tendo que gerenciar muito mais do que estoques, fluxos de produtos e sistemas de informação. Eles precisam gerir uma equipe de profissionais que o ajudarão a obter sucesso nas atividades diárias.

O trabalho em equipe sem dúvida faz parte das atividades logísticas, pois estávamos falando de uma atividade de integração de diferentes setores e até mesmo de diferentes empresas. Assim, a administração dos recursos humanos passa a ser uma área importante para o profissional que quer ascender na carreira e chegar a um posto em que ele terá que liderar uma equipe.

livro administração de recursos humanosA indicação de leitura de hoje é o livro Administração de Recursos Humanos, que já está na sua 14ª edição e só por isso já seria garantia de ser um excelente material. São mais de 500 páginas que colocarão à disposição dos estudantes o entendimento de como as organizações podem obter vantagem competitiva sustentável por meio das pessoas. O papel dos gerentes de RH não está mais limitado a funções relacionadas a serviços, como o recrutamento e a seleção de empregados. Atualmente, os gerentes de RH assumem um papel ativo no planejamento estratégico e na tomada de decisões em suas organizações, e isto não é diferente na área logística.

Temas críticos tais como a avaliação de desempenho pessoal, gerenciamento da remuneração e recompensas de incentivos são tratados com a profundidade que merecem. Temas clássicos como treinamento e seleção também são discutidos, com a inclusão das novas abordagens gerenciais que os assuntos merecem.

Questões mais estratégicas como o desafio da gestão de recursos humanos e o planejamento necessário nesta gestão também estão incluídos nos 14 capítulos deste livro, que pode ser encontrado no Submarino, na Cia dos Livros ou na Livraria Saraiva.

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Leitura Recomendada

Transporte de mercadorias e pessoas no Mercosul

livro sobre transporte de mercadorias no mercosulQuem trabalha com comércio exterior sabe da importância dos acordos bilaterais e dos mercados comuns tais como o Mercosul. Não apenas facilitam o deslocamento de pessoas e mercadorias, mas tornam mais ágeis os processos comerciais.

Quando estes negócios são feitos numa área do tamanho do próprio Mercosul, questões logísticas começam a vir à tona. É relativamente fácil transportar mercadorias dentro da Europa, com países pequenos mas alimentados por rodovias, portos e ferrovias. Agora imagine o pesadelo de transportar equipamentos de Manaus até Buenos Aires (Argentina), ou de Fortaleza até Assunção (Paraguai). É preciso fazer da multimodalidade algo real e eficiente.

Estes e outros assuntos são abordados no livro Transporte Internacional de mercadorias e pessoas no Mercosul, que aborda com grande ênfase o transporte multimodal, as resposabilidades dos operadores deste transporte e os limites de responsabilidade em cada um dos países membros do bloco (fundamental conhecer isto para quem trabalha com comércio exterior nesta região).

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A história das coisas

Este vídeo merece ser visto com muita atenção. Apresenta diversos exemplos de fluxos logísticos: fluxos de materiais, fluxos financeiros, de informação… apresenta de maneira muito simples o que temos feito com o meio ambiente e com a sociedade de forma geral.

Mas o vídeo também possui um viés muito forte, e é preciso prestar atenção para não se deixar levar por argumentos fracos e frágeis, sem embasamento.

Sou muito cético quanto à algumas conclusões do filme, mas gosto muito de diversas explicações, e espero que vocês, amantes da logística, também possam aproveitar algumas partes.

Chama-se “A história das coisas”, e mostra como da extração e produção até a venda, consumo e descarte, todos os produtos em nossa vida afetam comunidades em diversos países, a maior parte delas longe de nossos olhos.

Lembrando que o filme é longo (20 min) e que por isso ele está divido em 3 partes. Confira abaixo:

Para ver as outras 2 partes do vídeo, clique abaixo e veja a matéria completa. Lembre-se de deixar sua opinião para os demais leitores do site.