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Logística: o desafio da pontualidade (parte II)

Na primeira parte deste assunto que pode render livros e livros, falei sobre empresas que colocam profissionais de outras áreas para exercerem as funções de um setor de logística, sem o entendimento que a Logística hoje não é só transporte, sem dar importância à satisfação dos seus clientes, mesmo achando que dá, e no sabor amargo dos prejuízos pela falta de atualização nos mercados e falta de investimentos. Essas empresas assistem de dentro de uma sala de reuniões o aumento de suas devoluções e a mudança de seus clientes para a situação “inativa” sem aceitar qualquer alteração no âmbito de sua logística.

Na “guerra” dos mercados, são incontáveis as empresas que dispõem de vastas munições sem que haja uma arma que as utilize. Já vi empresas pagarem doze, quinze mil reais em um só frete de retorno com devoluções devido falhas na pontualidade e acharem que economizam por não terem um profissional de Logística ao qual pagariam cinco ou seis mil mensais. Sem contar com o problema gerado ao cliente, que não tem preço.

Nesta segunda e última – mas não definitiva – parte, insisto que com as inúmeras dificuldades que cercam a satisfação do cliente a empresa tem que se cercar de bons profissionais que conheçam do assunto, se planejem e tragam resultados. Há muito tempo não se concebe mais pensar que logística é uma exceção. Não há coerência em olhar para a receita da empresa e desprezar os fatores de geração desta. E aqui está o problema: Acha-se que só o setor de vendas gera receita, já setores como compras, almoxarifado e logística de uma forma geral geram custos. Isso parece tão primário, tão banal, mas é muito praticado nos dias atuais. Para muitos, ainda é uma grande confusão economizar ou deixar de gastar.

Numa entrega pontual, deixa-se de gastar ou se economiza? Eu diria que o efeito gerado por um trabalho bem feito ultrapassa essas fronteiras se partirmos para a análise dos efeitos contrários que foram neutralizados: Como não houve devolução ou qualquer renegociação de valores para compensar uma falha eu deixei de gastar; como realizei essa tarefa de uma forma planejada e controlada, obtive sucesso com minha frota (ou de terceiros) que estará disponível para novas tarefas, então economizei; ainda fui um bom fator gerador de receita, pois meu cliente ficou satisfeito. Se isso não funciona assim, acabo por neutralizar o setor de vendas, deixar o estoque injustificável, diminuir o fluxo e aumentar os custos da produção.

Tudo isso parece ser o básico, mas não custa lembrar-se disso em cada planejamento para que se possa entrar no clima e estancar as possibilidades de fracasso. Erros acontecem porque desprezamos pequenas coisas por estarmos acostumados com elas. Sei de exemplos cruéis disso na indústria onde 97% dos acidentes de trabalho ocorriam com funcionários “experientes”.

Não se pode deixar de admitir que, na hora do sufoco, conta-se sempre com o “Pé-de-chumbo” – aquele motorista que julgamos o “Salvador da Pátria” que, muitos, por meio de remédios, atravessam a noite reduzindo o tempo e aumentando as chances de dar algo errado, sentenciando a incapacidade de planejamento e organização a um prejuízo maior e, às vezes, incalculável com perdas humanas por essas estradas afora.

As funções de um motorista vão além da direção. São deles a função do arremate, eles também representam a imagem da empresa cujo cliente só tem contato por telefone. Infelizmente, são os que menos participam de cursos de capacitação, pois muitos líderes elaboram jogadas esplêndidas e desprezam os artilheiros. Ainda se escolhe uma transportadora pelo preço e não pelo diferencial no atendimento, organização e compromisso. Estimula-se o não investimento em qualidade. Colocam-se bons produtos dentro de qualquer baú e o resto vira suor em busca de soluções dos problemas que se ajudou a criar.

Claro que a missão da Logística sempre implicará em agregar valor ao produto, mas muitas vezes, não abraçar certas reduções de custos reafirma essa implicação. Para a Logística, há dois bens valiosíssimos: o produto e o cliente. A pontualidade é a maior e melhor forma de respeitar esses dois bens. E isso não pode ser feito de qualquer forma.

Enquanto se ver os clientes como os “chatos de galochas” e não como aqueles que pagam nossos salários, o bom atendimento a eles está comprometido. Infelizmente não os entendemos quando exigem aquilo que exigimos quando somos nós os clientes.

Valorização dos clientes, respeito ao seu produto, conhecimento da concorrência, conhecimento geográfico, investir no setor, um bom planejamento e uso da frota, acompanhar de perto as entregas como se fossem únicas, valorizar e respeitar seus motoristas são fatores primordiais que levam ao sucesso suas entregas. Contudo, isso ainda não significa que estejam no prazo acordado, pois são muitas as variáveis contra esse sucesso. Essas se multiplicam a cada vez que um desses fatores citados é desprezado.

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Logística: o desafio da pontualidade (parte I)

Cada vez mais empresas que ascendem ao mercado mais competitivo ou que traçam planos de expansão de seus negócios se depararam com um ponto muito discutido, cobrado e pouco entendido: a pontualidade nas entregas de seus produtos. As reuniões se repetem e nada parece explicar o porquê de tanta insatisfação, devoluções e as dificuldades em fechar novos negócios e, pior, manter o atendimento aos clientes que, aos poucos, vão deixando de ser fiéis.

Nesse caminho, já se pode destacar a correta ação de se reunir e estudar o caso e o pensamento errado de que um cliente pode permanecer fiel enquanto se está em reunião. Tempo é importante e sempre curto. Essas reuniões não podem ser repetitivas para que não se passe a trazer os fatos para dentro de uma normalidade. E a “fidelidade” devido a uma boa condição de pagamento, a um bom relacionamento e até mesmo pela qualidade dos produtos de nada adianta se não há uma boa equipe para “marcar o gol” na hora certa, e essa hora é do cliente, não é nossa.

Muitas empresas não compreendem que os clientes marcados em seus sistemas como “inativos”, o são por consequência de uma logística cheia de falhas. E quando essa logística não existe é só uma questão de tempo para um cliente fiel mudar o adjetivo e o local de seus futuros negócios. Hoje quem é fiel diante da falta de pontualidade em uma entrega que lhe cause danos?

Será mesmo tão difícil compreender essa questão dentro de sua empresa? Você já observou que são muitos os fatores de insucesso para uma simples entrega? Corrigindo: Não existem “simples entregas”. Qualquer atendimento ao seu cliente é fator de estudo e acompanhamento. A dona de casa só não deixa derramar o leite se estiver perto e vigilante e, acima de tudo, saber que é leite e conhecer sua reação na fervura.

Podemos não saber qual a reação de um produto no mercado, mas temos a obrigação de acompanhar para que sua reação cause a melhor das impressões. Esse é um dos maiores fatores do fracasso de um produto: Investir na qualidade e no marketing e desprezar a logística. Se a logística da sua empresa ainda é daquelas que emprega os chamados “Jack” – Jack não deu certo ali, Jack não deu certo aqui… – e vai colocando a satisfação do seu cliente em segundo, terceiro plano… Pode preparar mais cafezinho porque as reuniões serão rotineiras.

Claro que a chave para uma empresa que profissionalizou seu setor de logística é outra. Seus desafios ainda são maiores, pois se cria assim, uma relação de extrema responsabilidade com a satisfação do cliente. Com certeza, até hoje ainda não inventaram algo tão ameaçador para essa satisfação do que a qualidade e a pontualidade.

Em outros artigos, por algumas vezes, abordei a questão da qualidade de nossas rodovias e portos, do comportamento de muitos motoristas, problemas com frotas e das muitas diferenças entre mercados que possuem uma logística diferente. Isso é saber que é leite que está na panela – insisto nesta metáfora –, já deixá-lo derramar é a simples acomodação que vem por se achar que um desses fatores é incontornável. É preciso saber que o cliente também está em meio a essas dificuldades e quando ele compra um produto quer estar comprando uma solução, não um problema.

Não se pode também esquecer aqueles clientes que esperam uma entrega em três dias de algo só possível em cinco. Nessa hora uma boa conversa faz parte, mas acima de tudo, um bom plano para que os cinco dias não virem sete ou dez. Dessa forma, trabalha-se o planejamento e a organização do seu cliente que logo lhe retribui com pedidos bem mais alinhados com a realidade.

A globalização trouxe a sanhuda condição de enxugar custos e de preparação para um atendimento mais perto da primazia. Consequentemente, os clientes estão mais exigentes nos mercados internos e colocando contra a parede aqueles que não atendem quesitos mínimos, que dirá uma falha na entrega. Então, muitas empresas vêem suas devoluções aumentarem assustadoramente e não entendem que se seus clientes não cumprirem contratos com terceiros seu produto volta e a razão pode ser um “problema de qualidade” ou luto pela morte de seu papagaio, quando o real motivo foi logístico.

Prejuízo com o frete (ida e volta) e a demanda de tempo de outros setores para a reconquista da venda já seriam motivos suficientes para qualificar seu setor logístico. Mas muitas empresas ainda estão na contramão dessa lógica quando misturam a logística com outros setores. Na verdade, são outros setores que precisam estar na logística para que essa deixe de ser apenas o setor de transportes – Isso já está mais que ultrapassado, como o fato da produção vender e vendas entregar.

Não têm fórmulas mágicas para o atendimento pontual. A essência é considerar cada entrega como única. O restante, os princípios do bom e velho PDCA (Plan-Do-Check-Act) praticados por alguém voltado à Logística trarão boas soluções. A tarefa não é das mais fáceis, mas é das mais necessárias, primordiais eu diria, para o sucesso da empresa com a manutenção diária da satisfação de seus clientes.

Logo que as empresas começaram a profissionalizar o setor de logística, a frase “Se a produção não atrasou e se sua carga não sinistrou, sua logística falhou” surgiu para justificar alguns erros na parte final dos processos logísticos… Essa frase faz parte do passado. A Logística hoje está planejando e acompanhando a produção e agindo de forma eficiente sobre condições primárias que geram sinistros. Poucas empresas sabem disso, mas muitos dos seus clientes já sabem. E aí, sem querer ser redundante, “não adianta chorar sobre o leite derramado”.

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Geral Gestão Logística Transportes

Mais qualidade no transporte turístico

Quando se aproximam das férias de final de ano nas agências de turismo aumenta a busca por pacotes de viagens por pessoas que querem desfrutar os seus dias de descanso usando o transporte rodoviário ou aéreo. Inicia-se então um trabalho intensivo para apresentar a melhor opção ao turista, com a esperança da fidelização e a garantia de que nas próximas férias use o mesmo serviço.

turismoAlém de proporcionar momentos agradáveis e férias inesquecíveis, o turismo contribui para o crescimento de várias áreas econômicas, gera empregos, desenvolve pólos cultural e artístico. Vários nichos são beneficiados pela atividade, os quais interligados sustentam regiões inteiras e faz com que se desenvolva um efeito cascata no fomento de outras áreas, como o transporte rodoviário por fretamento, as hospedagens, os serviços de alimentação, os pontos turísticos, centros comerciais etc.

Para se ter uma ideia, só na cidade de São Paulo, segundo dados do São Paulo Convention Bureau, são recebidos, por ano, 10 milhões de visitantes, entre brasileiros e estrangeiros. Seja para tratar de negócios ou a lazer e aproveitar o que a cidade tem a oferecer em cultura, gastronomia e diversão, são milhares de pessoas a mais em circulação gerando negócios, empregos e renda.

Outro ponto essencial para o turismo regional é o transporte por fretamento, pois com o serviço é possível deslocar grupos de pessoas de um local a outro e garantir a segurança e a integridade física delas, desde o embarque, os percursos e o desembarque.

O sistema de transporte, acima de tudo, deve garantir o conforto do turista em todos os momentos. Assim como todas as outras atividades turísticas, o setor deve manter um padrão de qualidade para proporcionar a volta do turista em outra ocasião. O serviço hoteleiro também deve ser bem executado, a alimentação tem que ser saborosa, o atendente da loja precisa ser bem treinado para atender o turista com qualidade que entra para comprar uma lembrancinha. Todos estes eixos devem estar alinhados para que todas as recordações do turista sejam agradáveis.

Da mesma forma, a contratação do transporte por fretamento, que levará o turista para conhecer os pontos turísticos ou para percorrer médias ou longas distâncias, caso não se apresente devidamente trará como consequência uma série de clientes descontentes. Por isso mesmo, as operadoras de turismo têm o dever zelar pela contratação de transportadoras que ofereçam a melhor prestação de serviços.

Mas, como averiguar a qualidade das empresas de transporte que prestam o serviço de fretamento turístico? Busque junto às agências e órgãos reguladores as autorizações e condições para sua atuação e circulação. Verifique se há qualquer fato que desabone a companhia. Acompanhe de perto como e em quais condições o turista será transportado. Toda a qualidade da atividade turística, muitas vezes, está sobre quatro rodas, que podem garantir a volta do turista no próximo verão.

Por Regina Rocha – Advogada, bacharel em turismo rodoviário e diretora executiva da FRESP – Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo

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Comércio Exterior - COMEX Desempenho Gestão da Cadeia de Suprimentos Logística Supply Chain Management Transportes

Ranking de infraestrutura – portos são grande gargalo

A falta de infraestrutura ainda é o principal problema portuário brasileiro

A falta de infraestrutura ainda é o principal problema portuário brasileiro. Apesar de alguns avanços, os últimos balanços do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) revelam que as obras portuárias já concluídas representam 25% da carteira pública de R$ 5,3 bilhões prevista para o setor. Paralelamente, recente estudo do Fórum Econômico Mundial classificou a qualidade da infraestrutura portuária brasileira na 130ª posição em um ranking de 142 nações. Atrás de todos os países do BRICS (que reúne, além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e de dois dos principais parceiros comerciais vizinhos – Argentina e Chile. Este último ostenta uma orgulhosa 37ª posição.

No relatório do fórum, intitulado “The Global Competitiveness Report 2011-2012″, o quesito infraestrutura é um dos 12 pilares para avaliar a competitividade de uma nação. O tópico é desmembrado em qualidade dos portos, dos aeroportos, das rodovias, das ferrovias, oferta de assentos em aviões, fornecimento de eletricidade e telefonias fixa e móvel.

ranking de infraestrutura Brasil

Segundo o presidente da Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima (Fenamar), Glen Gordon Findlay, os acessos marítimos têm melhorado com o Programa Nacional de Dragagem (PND), mas o mesmo não ocorre com a parte terrestre. Em Santos, por exemplo, a movimentação de cargas cresceu 135% nos últimos dez anos (fechou em 96 milhões de toneladas em 2010), mas nenhuma nova opção de entrada ao porto foi criada.

Levando em conta que 85% das mercadorias movimentadas acessam ou deixam o cais santista de caminhão – quase 5 mil carretas circulando diariamente -, não são raros episódios de filas quilométricas ultrapassando os muros do porto e chegando até a Via Anchieta.

Sem rodovias e ferrovias em condições e número suficientes, a entrega e retirada das cargas nos portos aumenta, gerando um efeito cascata no tempo de viagem dos navios. Muitos armadores, porém, não esperam a mercadoria atrasada, pois têm contratos com terminais estipulando dia e hora para atracar. Assim, o dono da carga retardatária tem de enviá-la ao porto seguinte – pagando o preço da ineficiência do sistema.

Num país continental em que o uso da cabotagem (navegação entre portos domésticos) é incipiente – cerca de 13% da matriz de transporte -, o cenário beira o caos na época de pico dos embarques.

No porto de Paranaguá (PR), no período de escoamento da safra de grãos, filas de caminhões e de navios são costumeiras. O tempo médio de espera para atracação dos navios é de oito a dez dias. Contudo, no pico da safra, chega-se a verificar períodos de até 25 dias, de acordo com levantamento feito pela Fenamar a pedido do Valor. O custo médio diário de um navio para grãos do tipo panamax (de porte médio) é de US$ 25 mil.

Em Aratu (BA), por exemplo, extremamente demandado pela indústria de fertilizantes, os navios graneleiros têm sofrido demora média de sete dias para atracar. O prejuízo anual com pagamento de sobre-estadias varia entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões.

Em Fortaleza (CE) os tempos de espera melhoraram no mês passado. Em todos os tipos de cargas houve queda. Em setembro, a média para uma embarcação que transporta líquidos atracar foi de 14 horas. A dos porta-contêineres foi de duas horas.

Apesar das especificidades de cada porto e das cargas que movimentam, o problema das filas está presente nos principais complexos. A solução, além da melhora dos acessos, passa pela desburocratização dos processos aduaneiros, que são ainda piores quando as importações aumentam. As cargas desembarcadas levam mais tempo para deixar os terminais marítimos, ocupando os espaços destinados às mercadorias de exportação.

A empresa Hamburg Süd, armador de contêineres líder no transporte com a Costa Leste da América Latina, registrou em 2010 custos adicionais de US$ 118,1 milhões em razão das ineficiências portuárias. Perdeu 62.120 horas em atrasos na atracação dos navios e cancelamentos de escalas.

Para a empresa, a solução passa pelo aumento da oferta de terminais marítimos. No intervalo de dez anos finalizado em 2010, diz a Hamburg Süd, a movimentação de Santos cresceu nove vezes mais do que a oferta de novos berços de atracação – nenhum novo terminal com berços dedicados à movimentação de contêineres foi criado. Os dois novos terminais em construção em Santos, que praticamente dobrarão a atual oferta do porto para carga conteinerizada, só devem ficar prontos no fim de 2012. Mas nenhum deles foi objeto de licitação pública.

Hoje, uma licitação para arrendar uma área no porto de Santos leva, na melhor das hipóteses, 577 dias. São 17 órgãos fiscalizando ou intervindo diretamente no processo. Ao mesmo tempo, a demanda de cargas não para de crescer. No primeiro semestre do ano o volume de contêineres movimentados nos portos cresceu 18,8% sobre o mesmo período de 2010, chegando a 3,6 milhões de Teus (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), conforme relatório da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

Fonte: Valor Online, por Fernanda Pires

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Logística Transportes

A corrupção nos transportes

O que você e os setores perdem com essa prática

Nos últimos dias, mais um escândalo de corrupção veio minar, ainda mais, as estruturas do já deficiente Ministério dos Transportes. Não cabe aqui citar os já conhecidos nomes nem detalhar as tão noticiadas ações de corrupção tão praticadas nessas divisões. Cabe apenas mencionar que o antigo DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagens), atual DNIT (Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes) foi extinto devido às sérias e comprovadas ações de corrupção. O que se repete, com maior intensidade e monta no DNIT. Qual será o próximo nome para que continuemos a sofrer com esse câncer da corrupção que mata nosso desenvolvimento?

O DNIT se lamentou há pouco tempo que seu orçamento seria insuficiente para tantas necessidades que nossas rodovias apresentam. De R$ 9 bi chegaríamos aos R$ 30 bi anuais nos próximos oito anos para que fossem atendidas as necessidades básicas. Não precisa fazer muita conta para sabermos que, só nos últimos dez anos, as verbas seriam suficientes para duplicar os trechos mais importantes das BR’s, deixar perfeitamente trafegável os demais trechos implantados e ainda sobraria para as implantações tão necessárias ao escoamento de cargas, hoje limitado pela pouca ou muita corrupção. Sabe o que é pior? Quantas vidas se perderam devido a essa corrupção tão presente nas estradas de todo o nosso Brasil?

Não adianta mais mudar de nome. Tem que mudar de atitude. Um setor tão vital ao crescimento econômico do País não pode ser administrado com esses fins interesseiros, seja politicamente ou de forma pessoal. Sabemos que isso é de difícil erradicação, mas como fazer se é de extrema necessidade?

corrupção nos transportes - DNITQuanto mais impostos são pagos (só nesse ano superaremos em mais de 13% o ano passado) se percebe o uso danoso contrário ao curso do desenvolvimento de que tanto necessitamos. Só no ano passado, em seis meses, uma única modalidade de corrupção (sim, são muitas modalidades) desviou mais de R$ 780 milhões. Suponhamos aplicar a regra de três na atual situação com o plano orçamentário em R$ 30 bi. Chegaríamos aos R$ 2,6 bi desviados ao ano. Repito: só nessa modalidade. Daria para diminuir significativamente o custo de manutenção de frotas, o estresse nas roteirizações, o tempo e a qualidade nos ciclos de abastecimento e, o mais importante, os acidentes de cargas e passeios que, com frequência, ceifam vidas.

Com estradas em melhores condições elevaríamos o PIB (Produto Interno Bruto) tornando o País mais rico e elevaríamos a taxa de crescimento anual em cerca de um quarto percentual. Mais empregos e melhores perspectivas de vida e de mercado numa tradução simples.

Os frequentes escândalos são mais danosos do que imaginamos. Eles não só freiam o desenvolvimento como nos privam de soluções, muitas vezes simples. Isso parece estar tão incorporado ao nosso sistema que somos incapazes de mensurar nosso crescimento sem essa mazela. Não é difícil saber que ganharíamos muito em qualidade de vida já que nosso trabalho e vida pessoal seriam muito mais fáceis de administrar. Talvez a incapacidade de lidarmos com isso nos leve a incorporar, de forma tão natural, à nossa rotina. Um grande erro.

Não há como crescer sem uma boa infra-estrutura de transportes. O atual governo sabe disso e vive um momento delicado. Nós sabemos disso e pouco se pode fazer. Nossos concorrentes sabem disso e têm mais facilidades em competir conosco – e ganhar. O preço é alto. E, pior, isso desencadeia várias atitudes, as quais abordarei futuramente, como a corrupção dentro de outros segmentos e uma em especial: a corrupção dentro da logística.

Mas para que possamos discutir esses assuntos delicados, precisamos saber de onde vem e como acontece isso. Por mais assediado que seja um determinado setor, a corrupção não nasce nele. Nasce numa pessoa que espalha a obtenção de vantagens e, impunemente, planta essa facilidade na intenção de alguém sem ética e sem moral.

Há poucos dias percorri mais de dois mil quilômetros em rodovias federais. Foi o suficiente para ver a precariedade, acidentes fatais e pessoas alheias a tudo isso. Já não se fala dessas dificuldades. A vida segue. Mesmo que esse assunto seja chato e repetitivo, não podemos parar de abordá-lo. Não podemos nos convencer de que isso é normal. Quero me convencer de que podemos mudar isso para que eu possa continuar fazendo a minha parte – um pequeno, porém existente, pedaço de um todo.

Responda a essa pergunta: O que seria diferente na sua vida se as estradas fossem melhores?

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Colaborações

Confiabilidade humana previne falhas na indústria

Entrevista com o engenheiro Celso Luiz Figueiroa, consultor da Aremas, por Isabela Pimentel.

Com o avanço dos sistemas tecnológicos, a interação entre homem e tecnologia foi modificada, especialmente no ramo industrial, em que o trabalhador, é peça integrante do processo.

Apesar do intenso processo de substituição de mão-de-obra por operações realizadas por máquinas e controladas por softwares, a complexidade dos sistemas exige um constante monitoramento e gerenciamento das ações humanas, especialmente na condução de operações de alto risco.

Os estudos da confiabilidade humana permitem que os operadores se adaptem ao modo de operação, de forma segura ao sistema, detectando as variabilidades que estão fora do controle, com o objetivo de preveni-las. Essa metodologia permite identificar e prever falhas e possibilita o planejamento de sistemas sócio-técnicos seguros.

Neste sentido, o curso de confiabilidade humana permitirá às organizações a redução do número de falhas humanas em processos, através da análise da confiabilidade. Os estudos na área são importantes também no desenvolvimento de novos produtos, segurança de sistemas industriais, elaboração de testes de validação, ensaios técnicos para componentes e sistemas e gestão de qualidade.

Neste sentido,

1)    Em que ramos os conceitos de confiabilidade humana são mais utilizados, por quê?

Nos ramos onde o risco envolvido é maior como Aviação, Geração de Energia Nuclear, produção de Petróleo e Gás, Transmissão elétrica, mineração, transporte ferroviário, siderurgia.

2)    Que setores, no Brasil, são mais carentes da utilização destes conceitos?

Petróleo e Gás (pela dimensão do setor no Brasil), Geração e Transmissão elétrica, mineração, Ferrovias e Siderurgia/ metalurgia. Todos tem estudos sobre o assunto de várias fontes, mas as ações são descoordenadas, e há excesso de modelos.

3)    Quais as principais aplicações da confiabilidade humana?

Revisão de procedimentos, processos e análise de riscos envolvidos em tarefas.

4)    Como a confiabilidade humana pode gerar ativos para as empresas?

A Confiabilidade Humana não é só reduzir falhas mas também o sucesso de soluções criadas pelos humanos onde a tecnologia tem várias lacunas. A redução das falhas aumenta a produtividade e a criatividade para absorver as deficiências e variabilidades dos sistemas dá robustez e aumenta a capacidade do sistema como todo. Existem vários relatos de empresas que conseguem resultados acima de 20% da capacidade máxima do Ativo.

5)    Em processos industriais de alto risco, como são feitos os estudos de confiabilidade humana?

Existem 3 linhas principais de abordagem pela empresa: Introduzir os conceitos de confiabilidade humana na política da empresa, no seu Sistema Integrado de Garantia (Qualidade, Segurança, Meio Ambiente, Saúde); Análise de como as tarefas mais críticas são efetivamente realizadas identificando as restrições as quais o executante é submetido; Avaliação psicológica do grupo e a percepção das exigências as pessoas.

6)    Como funciona o curso de confiabilidade humana?

São cursos de 16 a 24 horas em que são discutidos os conceitos relacionados aos mecanismos de falha humana, linhas de abordagem sobre o assunto, os fatores que influenciam o desempenho humano, os métodos de avaliação das falhas mais usados, ações para o aumento da confiabilidade humana com exercícios aplicados a indústria, e aplicação dos métodos para desenvolver procedimentos centrados no usuário.

7)    No cenário atual, de extrema utilização de softwares nos processos, qual a importância de voltar os olhos para a qualificação do profissional,nos estudos de confiabilidade?

A confiabilidade humana trata a interface homem máquina pelos princípios da Psicologia Cognitiva, área que estuda os processos na mente de Percepção, Atenção, Memória e Aprendizagem, então o desenvolvimento de softwares e sua interface com o usuário são parte importante do foco deste trabalho. A qualificação é tratada como o ajuste para executar uma tarefa, assim a tarefa pode ser simplificada ou ser complexa em virtude da qualificação de quem irá executar a tarefa, que é determinante do ambiente de trabalho existente no setor analisado, ou das políticas das empresas. Quanto a qualificação daqueles que vão projetar sistemas ou vão gerenciar equipes, esta é essencial para compreender o mundo atual com a sofisticação cada vez maior dos ambientes, e a confiabilidade é uma das suas vertentes de conhecimento necessárias para se apreender.

8)    Como a engenharia de confiabilidade pode evitar recalls e perdas financeiras com produtos? Há dados sobre?

A ação da Confiabilidade Humana não tem sido direcionada neste sentido, sobre falhas de produtos finais.

9)    Qual aplicação da confiabilidade humana na área de saúde?

E na área de manutenção e segurança do trabalho? Os Erros M[edicos tem sido objeto de estudo de todos os grandes autores, e certamente o sistema brasileiro necessita de melhor orientação quanto ao gerenciamento do risco neste ambiente, porém não temos sido demandados, provavelmente por desconhecimento de que existem conceitos já bem sedimentados sobre o assunto. A manutenção de equipamentos não aparece com grande representação na quantidade de eventos negativos, porém os estudos na área de aviação demonstram claramente que quando ela é um contribuinte determinante no evento os impactos são maiores, pois colocam o operador da máquina em uma situação na qual não foi treinado. Em Segurança no trabalho são grandes as aplicações, pois em todos os acontecimentos o humano é ator do processo que levou ao acidente.

10) Que profissionais mais necessitam conhecer os conceitos de confiabilidade humana, porque?

Gestores do Alto Escalão das empresas, e os gestores mais próximos ao operacional (gerentes de processo, coordenadores, supervisores, líderes de equipe), e engenheiros de confiabilidade que pretendem usar os métodos. É interessante que todos na empresa tenham o conhecimento, porém os executantes das tarefas tem pouco poder de mudança das restrições que são criadas para eles.

11) Você poderia citar um caso bem sucedido de utilização dos conceitos de confiabilidade humana?

Temos um único caso nosso publicado aqui no Brasil, pois as empresas não costumam publicar externamente o assunto. Apresentado no Congresso Nacional de Manutenção, em 2009, Recife, os resultados do nosso trabalho com a Petrobrás refino, sobre os efeitos do homem na manutenção e operação de bombas centrífugas, particularmente no reparo destas. A empresa conseguiu reduzir as perdas de produção em sua unidade na Bahia, e obteve uma redução de custos de manutenção sobre este equipamento maior que 40% devido as mudanças na forma de trabalhar, especialmente de medir os componentes das bombas e de comunicar as informações entre as equipes envolvidas. A empresa tinha aproximadamente 600 bombas do modelo analisado. O trabalho foi desenvolvido em conjunto com o SENAI-BA que estabeleceu uma novo curso específico para bombas centrífugas.

12) Como a confiabilidade humana atua no desenvolvimento de produtos e no processo de gestão de qualidade?

A área de projetos de produto tem sido objeto de estudo da confiabilidade humana através de conceitos como produto Centrado no Usuário, ou centrado na Tarefa. Há um conjunto de conceitos `anti-falha` humana ou a prova de erros bem definido que facilita a relação com o usuário, tornando esta relação amigável. Na gestão da qualidade o que se trabalha é a compreensão das limitações humanas nos processos. Assim a padronização e o treinamento neste padrão, ações muito usadas na qualidade, são posteriores ao repensar das atividades e a compreensão do trabalho como ele realmente é executado, permitindo aos gestores desenvolver processos ajustados a capacidade humana.

13) Cite exemplos de setores que usam estes conceitos de forma ampla.

Aviação, Geração de Energia Nuclear, alguns setores de Mineração e Operação Off Shore de extração de petróleo.

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Cursos e Eventos

Curso online grátis: D-Olho na Qualidade – 5S para os pequenos negócios

O SEBRAE oferece cursos gratuitos para você aperfeiçoar ou aprender em áreas de sua atuação.
O conteúdo do curso D-Olho na Qualidade: 5Ss para os pequenos negócios está distribuído em 7 módulos: Módulo 1 – Introdução; Módulo 2 – Preparando o Ambiente; Módulo 3 – Implantando o D-Olho; Módulo 4 – Praticando o descarte e a organização ; Módulo 5 – Praticando a Limpeza e a Higiene ; Módulo 6 – Praticando a ’ordem mantida’ ; Módulo 7 – Perpetuando a prática.
Objetivos

Solução educacional que busca desenvolver condições de conhecer e praticar o método D-Olho (descarte, organização, limpeza, higiene e ordem mantida), a fim de implementá-lo na organização, trazendo novos hábitos para o desenvolvimento do trabalho diário das pessoas, melhorando o bem-estar físico, mental e social de todos.
Carga horária

Este curso tem carga horária equivalente a 16 horas. O tempo disponível para completar os estudos é de 30 dias. Nesse período, o participante determina seu ritmo de estudo, sendo recomendável dedicar em média 3 horas e 45 minutos por semana, não ultrapassando a média de 50 minutos por dia.
Público-alvo

Empresários e gerente de MPE’s que tenham, pelo menos, o Ensino Médio Incompleto; Quem já tem um pequeno negócio e quer aplicar os 5S na sua empresa; Quem precisa repensar a organização do seu empreendimento ou setor.

Inscrições

O curso é gratuito. O interessado deverá ter acesso regular à internet e acessar o site http://www.ead.sebrae.com.br para fazer a matrícula.  No decorrer do curso, você contará com o apoio e a orientação de um tutor experiente no assunto, que fará o acompanhamento de cada aluno, além de sanar dúvidas e estimular a discussão de temas importantes para o empreendedor. Durante o curso, o aluno também terá a oportunidade de interagir com outros participantes. Leia, ainda, as notícias da página, pois sempre há novas informações interessantes.

Conteúdo Programático
Estrutura Curso
Introdução
Estrutura Módulo 1
Integração e visão geral do curso
Origem e significado do programa D-OLHO na qualidade
Preparando o ambiente
Estrutura Módulo 2
Preparando o diagnóstico
Implantando o D-OLHO
Estrutura Módulo 3
Sucessos e insucessos na implantação do D-OLHOo na Qualidade
Praticando o descarte e a organização
Estrutura Módulo 4
Descarte
Organização
Praticando a Limpeza e a Higiene
Estrutura Módulo 5
Praticando a Limpeza e a Higiene
Planejamento de limpeza e higiene na empresa
Praticando a Ordem Mantida
Estrutura Módulo 6
Construindo a ordem mantida
Perpetuando a Prática
Estrutura Módulo 7
Perpetuando o sucesso
Perpetuando na Prática
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Demanda Desempenho Logística Transportes

O que fazer quando acabam as cartas?

O que devemos esperar de um sistema postal se as pessoas pararem de enviar cartas (ok, ninguém mais envia cartas!), propagandas, revistas e outros documentos físicos? Se você é o gestor de um sistema de envio postal, você já está pensando nisso (correios de vários países e empresas de entregas expressas de documentos). Na Nova Zelândia, já estão pensando nisso (New Zeland Herald, 9/jun/2010). Algumas opções que estão considerando incluem: (1) fazer entregas de cartas dia sim, dia não; (2) acabar com entregas aos sábados; (3) aumentar os preços; (4) desenvolver um sistema de dois níveis – o nível premium custaria mais caro mas seria entregue antes; e (5) usar o correio eletrônico para fazer o correio tradicional mais eficiente.

Uma redução no volume total não seria um problema se o serviço postal estivesse acima do volume necessário para atingir a eficiência máxima. Aparentemente, o sistema postal da Nova Zelândia não está neste nível e portanto um decréscimo no volume vai fazer cair ainda mais a eficiência. Considerando que a Nova Zelândia tem aproximadamente 4 milhões de pessoas espalhadas entre duas grandes ilhas, isto nem é uma surpresa. Mas há razões para acreditar que isto seja um problema até mesmo para países maiores e mais densamente povoados (como o Brasil) – entregar de porta em porta é um trabalho que requer um processo intensivo, assim se as casas não recebem cartas em cada entrega isto significa que o número de quilômetros dirigidos por unidade de carta aumenta (reparem como este é um indicador de desempenho importante para este serviço).

Vamos considerar algumas das sugestões colocadas acima:

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Leitura Recomendada

Estatística e Logística: qual a relação?

livro estatistica geral e aplicadaMuitas pessoas se perguntam se há muita matemática no dia-a-dia do profissional de logística. Outras se indagam se o curso de logística é difícil ou complicado por conta dos números.

Minha resposta é que são os números que fazem da logística uma área tão interessante, pois a gestão deixa de ser apenas qualitativa e opinativa, e passa a ser uma ciência (quase) exata. Lembre-se de várias matérias que já passaram aqui pelo Logística Descomplicada em que os números e fórmulas eram necessários: o Lote Econômico de Compras, os modelos de previsão, os gráficos de controle, dentre muitos outros.

Por isso, para um bom profissional de logística, é fundamental ter conhecimentos de matemática e de estatística. Por isso, hoje recomendo um livro de estatística aplicada, para ajudar os leitores a entenderem melhor esta área da logística.

O livro chama-se Estatística Geral e Aplicada e aborda o assunto desde início, sendo útil para aqueles que tem pouco (ou nenhum) conhecimento da área, mas chega a tópicos avançados que deixarão satisfeitos até os mais curiosos e amantes dos números. O livro é focado em aplicações do dia-a-dia dos recursos oferecidos pela estatística, e ao final de cada capítulo (são 15 no total) apresenta quase 200 exemplos e mais de 500 exercícios.

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Investimentos previstos em rodovias

buraco na estrada brasilRecente pesquisa indica onde estão localizadas as melhores e as piores rodovias federais. A pesquisa mostra qual o percentual de estradas é considerado como ruim ou péssimo, e indica que o estado de São Paulo possui a menor porcentagem de estradas nesta situação, enquanto a região Norte abriga estados com as piores estradas.

A pesquisa mostrou ainda que não apenas a estrada propriamente dita está ruim, mas dá informações sobre a segurança geral: 70,1% das placas estão desgastadas e não são perfeitamente visíveis. Em mais de 10% das placas há mato cobrindo total ou parcialmente a mesma; em torno de 10% dos casos não há placas indicando limites de velocidade e indicações gerais.