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Logística reversa: sentidos econômico, social e de sustentabilidade

Por Eduardo Lopes

Imagine a seguinte uma situação: operadores de coleta, seleção e armazenagem de resíduos sólidos uniformizados, equipados com dispositivos de segurança e de higiene, iPad ou celular e dirigindo um veículo especialmente projetado, produzido para esta finalidade e dotado de GPS. Esta figura exibe um bom status social e tem pelo menos curso de nível médio/técnico, CNH e demais documentos em ordem. Tem seguro-saúde e demais benefícios que a sua condição de risco exige. É acima de tudo, um cidadão. Já deu para notar que é muito diferente dos atuais “mendigos que vemos zanzando por aí.

Visto dessa forma a tentação agora é discutir aspectos de rentabilidade, retorno de investimentos, viabilidade de empreendimentos e tudo o mais que faz parte da atividade logística reversa. Não vou tratar aqui de outras especialidades da Logística Reversa como operações de “recall”, retorno de produtos enviados para efeito de demonstração e outros. Nossa atenção deve estar centrada na complexidade e dificuldade de proceder a coletas em ambientes dispersos. Sim, a maior dificuldade é coletar resíduos que se apresentam espalhados no meio urbano e até mesmo rural.

Eis aí o maior problema e que torna a Logística Reversa tão difícil de ser aplicada. Às vezes o custo de buscar e recolher tais objetos é tão alto que não justifica tanto esforço. Não se vai enviar um caminhão para buscar 5 ou 100kg de carga porque não se justifica. Então. O que fazer? Aqui vou expor algumas idéias e talvez uma resposta para esta questão.

O que fazer quando tudo está onde não sabemos?

logística reversa - sustentabilidade e economiaEm primeiro lugar devemos pensar em campanha educativa para gerar interesse em colaborar. Se a comunidade envolvida não tiver essa vontade, nada feito. Em segunda instância convém adotar e usar recursos web avançados como meios de manter os operadores conectados entre si e à gerência de operações, neste caso de logística reversa. Isto vai facilitar interação dos agentes e operadores mesmo estando espalhados por aí.
Por isto entendo que, para bons efeitos, a interação exige recursos que já existem e que podem ser disponibilizados pelas empresas. São recursos que facilitam acesso às fontes de informação, como por exemplo, onde existe carga de resíduos para coletar, que coletor está nas proximidades, qual é a natureza e o volume, quem faz a gestão do processo todo e vai por aí a fora.

Cooperativismo de Produção

Atenção, não é “cooperativa de catadores” porque isto não funciona. Numa cooperativa de produção grupos de pessoas se organizam em razão do interesse maior de produzir e efetivar negócios. O trabalho de coleta passa a ser secundário para eles próprios. Nem sempre os agentes de coleta e processamento têm conhecimento das atividades de seus pares e no entanto, em muitas circunstâncias este conhecimento pode ser fundamental. Ora é o interesse de aproveitar algum frete que possa ser compartilhado, ora é a disponibilidade para algum trabalho conjunto, também o uso comum de algum equipamento de transformação e assim por diante.

O problema continua sendo relativo ao isolamento dos agentes coletores mas isto pode ser resolvido na medida em que seu papel na sociedade em especial, na economia sustentável, segue sendo cada vez mais reconhecido.

Por isto pintei no início o retrato do novo agente operacional de reciclagem como cidadão dotado de cultura, portador de conhecimentos e práticas otimizadas. Desta forma estará também devidamente sindicalizado, associado e será, como todos, um contribuinte à administração e poder público.

A modalidade cooperativa de produção responde a esta aspiração.

A solução portal ou intranet

Este é um recurso extraordinário. Para quem não conhece um portal é como um site de dimensões mais amplas e mais completo. Dispõe de recursos para acesso via telefonia móvel, GPS, banco de dados, isto é, informações de toda ordem dispostas pela empresa interessada ou de diversas outras que estão relacionada com a questão. No caso da Logística Reversa o portal integra todos os envolvidos. Possibilita manter toda a turma de coletores bem informada e em contato permanente entre si, principalmente se estiverem organizados em cooperativas de produção

Um bom portal deve dispor uma organização espacial e de cenários de operações, pessoas envolvidas e equipamentos disponíveis. Também exibe um quadro de funções e atividades relacionadas como aspectos de saúde, de manutenção, de segurança, informações sobre legislação, roteiros e meios de coleta, armazenagem e transporte, indicadores sobre valores (custos e preços), assim por diante.

A gestão integrada do processo de reciclagem deve ser muito bem feita e exige perfeita definição de relacionamentos e hierarquia, canais de comunicação e de reciprocidade bem estruturados e desimpedidos. Todo o processo de colaboração entre os implicados, pessoas ou empresas, demanda regras bem definidas elaboradas em consenso. Isto pode ser feito por colaboração em cadeia tal como se faz em redes sociais.

Enfim, existem novos recursos e a sua adoção só depende da boa vontade de gestores do processo de Logística Reversa.

Por Eduardo Lopes: designer para desenvolvimento de novos produtos e consultor, palestrante e facilitador em treinamentos para gestores; dispõe de um esquema completo para modelagem de portais corporativos – SGR, Sistema Geral de Referência.

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As classes sociais e a desigualdade no Brasil

Leia também sobre as implicações econômicas do crescimento da economia do Brasil em:

Brasil: 6ª potência econômica no ranking do PIB mundial

Ainda existem muitas dúvidas sobre a classificação das classes sociais no Brasil, e nesta matéria iremos não apenas explicar como é feita esta separação mas também oferecer ao leitor a possibilidade de calcular a sua classe social e comparar com o resto dos leitores, ao responder nossa enquete ao final do texto.

Por Leandro Callegari Coelho e Ludmar Rodrigues Coelho *

Há algum tempo não podemos mais falar em pirâmide de classes sociais no Brasil. Se antigamente as classes D e E continham a maioria da população, formando uma grande base, hoje encontramos um losango de classes sociais, com o inchaço da classe C nos últimos anos, vinda de uma migração das classes menos favorecidas.

Os dados abaixo refletem pesquisa realizada com 1500 pessoas em 70 cidades (incluindo nove regiões metropolitanas), na última semana de 2010. A pesquisa está disponível para download ao final do texto.

Apenas no ano de 2010, 19 milhões de pessoas deixaram as classes DE e 12 milhões subiram as classes AB. Há 5 anos, as classes A, B e C somadas representavam apenas 49% da população, enquanto em 2010 elas somavam 74%. Sobram apenas 26% para formar a velha base da pirâmide, que começa a tomar forma mais igualitária. Repare na tabela e no gráfico abaixo como as classes DE vêm perdendo massa, e como a classe C vem aumentando.

Distribuição da população por classe social

[table id=37 /]

gráfico da evolução das classes sociais no brasil

Repare também como mudou a distribuição da “pirâmide” de 2006 para 2010, se insistirmos em colocarmos as classes DE na base.

pirâmide das classes sociais no brasil em 2005 e 2010

 

Mas se fizermos o gráfico baseado no tamanho, repare como a diferença é mais marcante:

nova pirâmide das classes sociais no brasil 2005 e 2010

A chamada classe C ou a Classe Média Brasileira teve o acréscimo de 19 milhões de pessoas no ano de 2010, passando, assim, a ter 101 milhões de brasileiros e representando 53% da população do País.

Desigualdade social

De acordo com dados de 2005 da CIA, o Coeficiente de Gini do Brasil é de 56,7. Este coeficiente mede a desigualdade na distribuição de renda, sendo que se ele for igual a 100 indica distribuição totalmente desigual e igual a 0 indica total igualdade na distribuição da renda. Como comparação, países como Suécia, Dinamarca, Finlândia e muitos outros europeus tem este coeficiente abaixo de 30. No mesmo patamar do Brasil estão Guatemala, Colômbia, Honduras, Zimbábue e Haiti.

Outra indicação da distribuição de renda, além do Coeficiente de Gini, é a relação entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres da população. Neste caso, enquanto as melhores relações são menores que 10 (chegando a níveis tão bons quanto 4), no Brasil a relação é de 49,8 (ainda de acordo com dados da CIA). Esta relação é comparável à de países como Guatemala, Venezuela e El Salvador.

Como são calculadas as classes sociais?

A classificação de classes sociais utilizada no Brasil segue o estabelecido no Critério de Classificação Econômica Brasil, ou Critério Brasil. O Critério Brasil define as classes sociais em função do poder de compra e consumo de determinados itens. Se uma família tem acesso a cada um dos itens, ela ganha pontos, que são somados e comparados com uma tabela. A classe social desta família é determinada pelo número de pontos que ela conseguir somar, e existem 7 classes econômicas diferentes (A1, A2, B1, B2, C, D, E).

Em qual classe social estou?

Some os pontos que sua família atinge utilizando as tabelas a seguir:

[table id=38 /]

Tendo seus pontos somados, compare com as faixas de corte abaixo para determinar qual a classe social de sua família:

[table id=39 /]

A tabela acima é a que determina em qual classe social cada família está, e não as rendas médias apresentadas em algumas pesquisas. A renda pode representar uma família de 2 pessoas ou de 10 pessoas, por isso há muita divergência. O importante é conhecer se aquela família tem acesso aos bens e serviços descritos acima.

Agora que você já sabe a sua classe social, responda a enquete abaixo e veja como você se situa dentre os leitores do site:

[poll id=”19″]


Fontes: Pesquisa O Observador Brasil 2011, CIA 1 e 2.

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Leitura Recomendada

Competência social – uma questão de atitude

competência social - uma questão de atitudePossuir habilidades interpessoais é fundamental para qualquer profissional que deseje ser bem sucedido, e isto é cada vez mais exigido no mundo empresarial. Como forma de promover a melhora na qualidade dos profissionais de gestão e logística, algumas recomendações de leitura deste espaço já abordaram questões como liderança, a arte para falar em público e ética profissional. Se você ainda não viu, clique nos links e conheça, porque vale a pena!

Vergonha por não saber como agir em determinadas situações socioprofissionais e falta de traquejo social não são mais perdoados no mundo globalizado. A construção da imagem das empresas depende cada vez mais da postura e atuação das pessoas que nela trabalham, tanto no dia a dia das operações como em situações que surgem em função de viagens e relacionamentos de negócios.

Quem nunca se perdeu quando foi apresentado a alguém e não sabia se abraçava, dava um beijinho ou um cordial aperto de mão? Como chamar seu interlocutor: senhor, prezado, você? Como portar-se em almoços de negócios? Até mesmo entrevistas de seleção exigem cada vez mais habilidades sociais.

Com tiradas engraçadas e sugestões inteligentes, o livro Competência Social: Mais que Etiqueta, uma Questão de Atitude não tem a pretensão de ser uma bula com regras rígidas sobre o assunto, mas um guia para ajudar o leitor a se sair bem em situações complicadas. Casos como o de uma pessoa que derrubou um copo de vinho na mesa durante um jantar elegante são analisados com bom humor, mostrando como se sair bem em situações similares.

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Tendências da logística e supply chain para 2010

sucessoArtigo de autoria de Leandro Callegari Coelho, publicado no portal INBRASC.

Mais um ano chegou ao fim, e depois de olhar para trás e avaliar tudo o que passou, é hora de olhar para o futuro, traçar novas estratégias, e ver o que o mercado nos traz. Ao longo deste ano, compartilhei algumas ideias e sugestões de melhorias através de matérias como esta, aqui no INBRASC. Abordamos, desde janeiro, questões como flexibilidade logística, previsão de demanda, controle de estoques, agregação de valor, como melhorar o lucro, questões ambientais e indicadores de desempenho.

Agora, olhando para frente, tentarei identificar quais serão as tendências do setor logístico e de supply chain para os próximos anos.

Essa análise será feita usando três pilares: (1) consciência; (2) os investimentos que já foram feitos, e; (3) o desafio de se morar em grandes cidades.

O primeiro pilar diz respeito à consciência ecológica e social, a preocupação com o futuro do local onde vivemos: seja nossa rua, a comunidade ou o planeta. Os inúmeros debates mundiais que acontecem nesse tema são prova de que o assunto veio para ficar, e em breve todos os setores estarão engajados: seja por consciência própria, seja por pressão da comunidade e dos consumidores. Assim, a logística precisa se preocupar em conseguir melhores processos com a logística reversa, maior efetividade dos sistemas de roteamento a fim de diminuir os custos de transportes, e maior preparo dos sistemas produtivos para evitar desperdícios.

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A história das coisas

Este vídeo merece ser visto com muita atenção. Apresenta diversos exemplos de fluxos logísticos: fluxos de materiais, fluxos financeiros, de informação… apresenta de maneira muito simples o que temos feito com o meio ambiente e com a sociedade de forma geral.

Mas o vídeo também possui um viés muito forte, e é preciso prestar atenção para não se deixar levar por argumentos fracos e frágeis, sem embasamento.

Sou muito cético quanto à algumas conclusões do filme, mas gosto muito de diversas explicações, e espero que vocês, amantes da logística, também possam aproveitar algumas partes.

Chama-se “A história das coisas”, e mostra como da extração e produção até a venda, consumo e descarte, todos os produtos em nossa vida afetam comunidades em diversos países, a maior parte delas longe de nossos olhos.

Lembrando que o filme é longo (20 min) e que por isso ele está divido em 3 partes. Confira abaixo:

Para ver as outras 2 partes do vídeo, clique abaixo e veja a matéria completa. Lembre-se de deixar sua opinião para os demais leitores do site.