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Logística nas catástrofes

O mundo assiste às catástrofes naturais que desafiam governos e setores humanitários, de infraestrutura e de logística integrada a minimizar os impactos devastadores nas vidas dessas pessoas.

logistica humanitariaNão há nada que nos deixe mais orgulhosos do que ver o poderio logístico atuando no apoio às vítimas de catástrofes. E estamos vendo, cada vez mais, essas operações que envolvem cidades, estados e países numa concentração de pura logística, de feitos indescritíveis tornando aquela mesma logística que se intensificou nas guerras uma ferramenta valiosíssima para o socorro, para a reconstrução das vidas dessas pessoas que, assim como muitos de nós, e justificável, não enxergam a importância de uma logística bem estruturada diante do estarrecimento e do desespero.

E como age essa logística sem estradas, com inundações, tempestades e deslizamentos? Como fazê-la sem pousos de aeronaves, sem meio nenhum de locomoção para distribuir água e alimentos, por exemplo? Ultimamente, devido à devastação de áreas inteiras, a técnica do “inventário pré-posicionamento” (técnica utilizada pela logística humanitária que consiste na seleção de locais para armazenagem) é comprometida e as dificuldades são multiplicadas. Salvar essas vidas é a maior certeza de que Deus é pela Logística e de que o desespero se combate com planejamento também, mesmo nesses eventos inevitáveis.

Vimos o estado da Califórnia se reerguer; vimos o Japão reconstruir aeroportos e estradas em sessenta dias; vimos e estamos vendo o Haiti que, quase quatro anos depois, sofre com os impactos dos seus terremotos e longe, bem longe, de voltar àquela vida já difícil na época. Vimos o Brasil com suas tragédias naturais se arrastar na burocracia ao ponto de perecer as cargas destinadas às vítimas e a rapidez nos desvios de donativos que nunca chegaram para o socorro dessas vidas. Por que tanta diferença? Isso não é só questão de cooperação e de vontade política. Isso é planejamento logístico. São desafios que só percebemos quão grandes quando nos envolvemos diretamente.

Brasil, Estados Unidos, Japão, Haiti e recentemente Filipinas – que sofre com desastres ao longo de sua história – têm suas diferenças geográficas, políticas e econômicas que determinam a eficácia e a eficiência de um plano de ação. Assim, muitas vidas são perdidas não só pelas adversidades, como também, pela falta dessa força logística.

Nessa hora, sim! Entra toda a questão da falta de interesse. Seja da falta de interesse do poder público em educar e formar mentes nesses países para usufruir posterior e oportunamente e a falta de interesse da ONU (Organização das Nações Unidas) que parece não entender que um país rico precisa de um apoio momentâneo enquanto que um país pobre precisa de uma ajuda mais intensa e duradoura, pois a retomada a normalidade se dá de forma bem mais lenta; embora não signifique que seja mais cara do que a ajuda dada ao primeiro. Infelizmente, as formas de fazer política e logística se confundem. Mas a Logística sempre se sobressai.

Até se pode represar um rio, contudo, assim como a Logística, sempre achará um caminho. As necessidades vão se desenhando e as soluções vêm acompanhando. Claro que poder financeiro diz muito nessa hora, mas a criatividade, a persistência e a entrega não têm valor menor.

A Logística está em cada etapa: no auxílio às vítimas com remédios, comida e água; na limpeza e reconstrução e, infelizmente, na lida com os corpos para se evitar epidemias e possibilitar, quando possível, um pouco de dignidade aos que se foram e aos que ficaram para testemunhar a força da natureza e a ação ou omissão do homem.

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Matriz GUT: gravidade, urgência, tendência

Quando conversava sobre a necessidade da aplicação do óbvio na Administração e do uso da Curva ABC, me martelava a cabeça a Matriz GUT, também aplicada para priorizar ações, só que sob a ótica da “Gravidade”, da “Urgência” e da “Tendência”; como era óbvia a utilidade de seu emprego e, mesmo sendo tão simples, por que ainda é tão pouco utilizada na Logística?

gravidade-urgencia-tendenciaNão pretendo entrar em detalhes de sua construção que é descrita em vários outros artigos. Minha intenção aqui é incentivar o uso deste tipo de ferramenta bem conhecida, mas ignorada no nosso dia a dia apesar da sua abrangência e facilidade de aplicação. Como dizia um antigo chefe: “é fácil, fácil, não requer prática, nem sequer habilidade”.

Por falar em abrangência, a título de elucubração, proporia até uma nova matriz onde GUT corresponderia a “Gasto”, “Utilidade” e “Tempo”, ou melhor ainda, uma matriz GUTGUT, onde fossem atribuídos pesos a cada um de seus seis fatores. Neste caso, embora pudéssemos ter na relação uma das propostas com maior peso em gravidade ou maior urgência ou ainda maior tendência de piorar; uma outra, que demandasse pequeno custo e curto tempo de aplicação e/ou fosse de muita utilidade (talvez até pré-requisito para outras ações), possivelmente, com base na análise ponderada geral, seria então a prioritária.

Existem ainda diversos outros fatores que podem ser relevantes, tais como: “Governabilidade”, “Impacto” e “Oportunidade” (GIO), passíveis de consideração e não presentes nas matrizes citadas anteriormente. Nossa governabilidade sobre as ações, a avaliação de que grau o momento é oportuno e a percepção do nível do impacto (positivo ou negativo) sobre cada stakeholder podem ser decisivas para a escolha das opções.

Chamo a atenção que tenho tomado o cuidado para não usar os termos: “problema” e “solução”, uma vez que a aplicação deste tipo de matriz, não se restringe a priorizar rol de problemas ou rol de soluções, pois tem uso significativo, não só no MASP e como complementar à análise das 5 Forças de Porter e Matriz SWOT, no suporte à formulação de estratégias, mas também, na definição e priorização de propostas de projetos e de investimentos. Sendo neste último caso, utilizada com frequência a Matriz BASICO (Benefícios para organização; Abrangência de pessoas beneficiadas; Satisfação interna, Investimento necessários, Clientes efeitos percebidos e Operacionalidade da ação), semelhante na construção e nos objetivos da nossa matriz que já poderia estar sendo chamada de GUTGUTGIO. (OBS: não resisto em sugerir uma olhada nos métodos NGT; CPS; QFD; TRIZ e Matriz Pugh, voltados para Serviços – projetos e processos).

Retomando o foco, é fundamental definirmos fatores e parâmetros indicados em conformidade com os nossos objetivos e, a partir daí, relacionar os problemas ou soluções ou projetos etc., atribuindo pesos maiores correspondentes àqueles fatores mais críticos ou significativos à nossa realidade, formando uma matriz que, quantificada, propiciará a avaliação com maior clareza e objetividade.

Finalmente, insisto na necessidade da aplicação cotidiana das técnicas consagradas de gestão, neste caso, adaptando e utilizando efetivamente uma ferramenta que nos auxiliará de forma sistematizada e ponderada (em toda extensão do seu significado) na tomada de decisão. Vamos exercitar esta prática, crie suas matrizes! A falta de tempo é desculpa dos que o perdem por falta de método (Albert Einstein).

Por: Wilson W. A. D’Ávila  –  Administrador com especialização em Gestão da Qualidade.