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Terremotos, vulcões e outros riscos para as cadeias de suprimentos

Você lembra do vulcão da Islândia que em abril de 2010 lançou cinzas na atmosfera e fechou o espaço aéreo europeu, causando atrasos e prejuízos para milhares de pessoas? Se você quer lembrar desta história, veja nossa matéria daquela semana Vulcão, caos aéreo na Europa e a logística. Não foram apenas pessoas em férias que tiveram sua rotina afetada. Como você pode imaginar, muitas empresas sofreram com os atrasos e algumas pararam sua produção por falta de matéria-prima.

No terremoto que abalou o Japão na última sexta-feira (11/mar/2011), a situação não foi diferente. Além das vidas perdidas, houve muitos danos materiais além de aeroportos e estações de trem fechadas. Grandes fábricas de carros suspenderam suas atividades em decorrência da catástofre. O mercado norte-americano deve sofrer um desabastecimento de alguns modelos da Toyota em função desta suspensão.

Uma das tendências dos últimos 20 anos é de buscar fornecedores no mundo todo e comprar de poucos deles. A justificativa é muito boa. Ao escolher fornecedores ao redor do mundo é possível encontrar preços mais baixos, tecnologia melhor e as melhores técnicas. Ao comprar de poucos fornecedores você evita variação dos produtos e pode concentrar-se em melhorias, tanto no design do componente quanto no seu processo de produção. Mas essa estratégia também significa tornar-se mais vulnerável a riscos tão peculiares (e improváveis) quanto um vulcão ou um grande terremoto.

como evitar os riscos em cadeias de suprimentosPoderíamos listar infinitos riscos, e estes não seriam dos mais perigosos: um vulcão abaixo de uma geleira que resolva lançar cinzas na atmosfera formando uma enorme nuvem de fumaça que cubra a Europa – além de improvável tem uma duração limitada. As conseqüências deste problema também são limitadas: talvez a perda de 7 ou 10 dias de produção. É algo significativo mas nada comparável ao caso em que a fábrica do seu fornecedor é totalmente queimada e vira cinzas! Em outras palavras, os riscos que realmente preocupam são aqueles que afetam a cadeia de suprimentos por um longo período – tornados, inundações, terremotos, incêndios e movimentos civis que paralisam as cidades me parecem muito mais perigosos do que uma parada de algumas semanas.

O primeiro passo para gerenciar estes riscos é identificá-los – você não consegue gerir o que não conhece. (Ou em outras palavras, é mais difícil gerenciar as “incertezas desconhecidas” do que as “incertezas conhecidas”.)

O segundo passo é estabelecer um sistema de monitoramento – quando você saberia que um fornecedor da sua cadeia de suprimentos teve sua produção interrompida? Nós todos ficamos sabendo do vulcão da Islândia, mas quando você ficaria sabendo sobre um incêndio em um grande fornecedor? Quando mais rápido você conseguir essa informação, mais rápido você poderá ir para o terceiro passo…

O terceiro passo é ter um plano de contingências. Você tem outras fontes potenciais de fornecimento? O que você pode fazer para diminuir a extensão da interrupção do fornecimento?

Concluindo, o risco de interrupção em fornecimento é real, mas não significa que você não deva buscar alguns poucos fornecedores no mundo todo. Basta ter um (bom) plano!

Baseado no texto “Volcanos and other risks” de Gerard Cachon e Christian Terwiesch, publicado no blog Matching Supply with Demand. Tradução e adaptação feitas por Leandro Callegari Coelho e autorizadas pelos autores exclusivamente para o Logística Descomplicada.

Por Leandro Callegari Coelho

Leandro C. Coelho, Ph.D., é Professor de Logística e Gestão da Cadeia de Suprimentos na Université Laval, Québec, Canadá.

4 respostas em “Terremotos, vulcões e outros riscos para as cadeias de suprimentos”

Concordo que é importante desenvolvermos sempre novos fornecedores, mas há também as restrições, como o segredo industrial, o diferencial em seu produto, dos quais não podemos aumentar de forma exponencial o n° de fornecedores.

O conselho é de avó, mas é atual e pode ser aplicado no mundo empresarial: "Não devemos colocar todos os ovos no mesmo cesto".

Não podemos depender de poucos fornecedores !

bom dia

apesar de na ultima decada ter ocorrido muitos desastres naturais, principalmemte aqui no Brasil, será que estamos aprendendo com nossos erros? sera que a logistica esta sendo realmente aplicada como deveria em sua função basica, ai vem a pergunta:

o que esta faltando e profissionais capacitados nas funções de gerenciamento,principamente organizacional ou sera que a logistica nao esta sendo eficiente na sua função basica de planejar e abastecer , pq a logistica humanitaria nao evoluiu ou a politica impede que ela trabalhe corretamente?

grande abgraço amigos

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